PASTORAL VOCACIONAL | Ardor apostólico contagioso
Nas últimas semanas, aqui foram publicados uns alguns textos sobre a importância e necessidade de uma pastoral ocupada e preocupada com a vertente vocacional. Porque, no fundo, toda a pastoral tem esta missão de anunciar aos homens e mulheres que são chamados e amados por Deus e que, por isso, não há vidas inúteis ou menos importantes. E se todos são igualmente chamados, a verdade é que também todos são igualmente responsáveis no anúncio desse chamamento.
Neste anúncio e neste recordar das responsabilidades de cada um, ocupam lugar importante os párocos, em virtude do acompanhamento pessoal e de grupo que podem protagonizar na comunidade cristã, tornando-se os primeiros promotores vocacionais. Uma missão que exige empenhamento na escuta dos fiéis, jovens ou adultos, para os ajudar no discernimento, mas também disponibilidade para o acompanhamento. Nesse sentido, nunca é demais formar e atualizar competências no campo da pastoral familiar, no voluntariado e na participação de fiéis leigos na promoção de uma cultura de vocações.
Assumindo a importância dos sacerdotes na missão eclesial de anunciar Deus que a todos ama e chama, aqui se sublinha e enaltece a vocação ao sacerdócio.
Neste particular, constatamos a sua diminuição na nossa diocese, onde os Seminários se esvaziam: as famílias não apoiam como antes, a baixa natalidade reduz os potenciais candidatos, uma identidade espiritual frágil e individualista, excessiva comunicação virtual, influências culturais que não favorecem esta opção, a radicalidade do compromisso assusta, alguma hostilidade e valores propagandeados… Diante das possibilidades que se oferecem aos jovens, o sacerdócio apresenta-se “pouco atraente”.
O Papa Francisco, comentando a escassez de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, afirma que, frequentemente, isso se fica a “dever à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam nem fascinam” (EG 107).
Acreditando na Providência divina, também nos devemos comprometer a protagonizar um sacerdócio alegre, empenhado e cumpridor, preocupado em escutar e conhecer para melhor acolher e acompanhar, possibilitando um convite pessoal a outros para seguir o Mestre.
Os nomeados com responsabilidades de animação vocacional também devem diversificar a sua acção e presença, procurando o contacto com os grupos juvenis, estando presentes nas diversas iniciativas que congregam os mais novos, mantendo contactos regulares que aproximem e motivem, propondo percursos, organizando encontros, tempos de oração, mostras vocacionais, acampamentos, retiros vocacionais, jornadas…
Nesta missão compartilhada, a tarefa pode ser modesta, vivida como um contínuo semear que desconhece a colheita, mas concretizando o mandamento de lançar as redes, procurando passar de um recrutamento de voluntários para uma promoção de vocações.
Comissão Diocesana Vocações e Ministérios,
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4304, ano 85/17, de 10 de março de 2015