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Entrevista VL com Filomena Matias
O restaurante A Tasquinha do Matias, é um espaço simples, mas altamente recomendável pela boa comida que apresenta, dos petiscos regionais aos substanciais milhos à lavrador, a marrã à tasquinha e o cozido à portuguesa. Para conhecer A Tasquinha do Matias, tem de conhecer Filomena Matias Pinto, a proprietária.
Filomena Matias Pinto é conhecida pelo amor que tem pela aldeia, carinho das pessoas e, como é obvio, pelos milhos no pote. Milhos no pote, prato esse que já foi premiado no concurso gastronómico “7 maravilhas à mesa” com o 3º lugar.
“Estes milhos fazem com que tenhamos as pessoas que temos.”
“Eu quando vim da suíça, precisava de emprego, já tinha 40 anos, e, por isso, era complicado arranjar emprego. Foi aí que pensei em arriscar na tasquinha que a minha mãe já tinha há algum tempo, tasquinha que, com a viragem do euro, a minha mãe não conseguiu gerir.
De 2000 até 2005 a tasquinha esteve fechada, e não podia ser assim. Esta torre e esta paisagem mereciam ter visibilidade, tinha de arranjar uma forma para que isso acontecesse.”
“Comida normal não ia fazer com que as pessoas fizessem o desvio para visitar esta ponte e torre romana, a torre e ponte de Ucanha.”
Torre e ponte de UCANHA
O monumento mais icónico de Tarouca é a torre e ponte de Ucanha, a mais bela ponte medieval Portuguesa e está classificada como Monumento Nacional desde 1910.Se na idade média muitas pontes com torres fortificadas foram erguidas, quase todas desapareceram, a que esteve associado a existência da sua proibição a partir de 1504, pelo rei dom Manuel I. Em Portugal ainda existem fortificadas, a ponte de Ucanha que está em perfeito estado de conservação.
“No início servia 20 refeições diárias, isto ao fim-de-semana, só ontem servi 302 refeições.
Temos gente de todo o lado, algarve, Alentejo, porto, Guimarães, Braga, Gerês. De abril a outubro foram 72 autocarros, cheios, até à Ucanha, à tasquinha do Matias.
“Fizemos 200 Km para comer os seus milhos e ainda temos a viagem de volta” – são estas palavras que compensam todo o trabalho diário. “
Foram já algumas figuras publicas que tiveram o prazer de conhecer a Sr. Filomena, uma das celebridades foi mesmo o presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
“Ele adorou os milhos e também me adorou a mim” – disse a proprietária da tasquinha do Matias em gargalhadas.
“Ainda me manda cumprimentos pelos jornalistas”.
Qual foi a refeição mais marcante que serviu até hoje?
“Foi uma refeição com a Maria João Abreu e o Fernando Mendes, fizeram questão de atuar, e fazer um pouco de comédia aqui no restaurante. Essa foi, sem dúvida, uma das refeições mais marcantes. Houve mais uma que me tocou muito, um cliente que era cego quis fazer o pedido de casamento à sua namorada aqui, colocámos tudo conforme foi pedido e assim foi, tão gratificante…”
in Voz de Lamego, ano 91/36, n.º 4618, 21 de julho de 2021
Editorial Voz de Lamego: Jonas foi lançado ao mar

Estaremos ainda no mesmo barco?
Há mais de um ano, em 27 de março de 2020, o Papa Francisco subia a praça do São Pedro, num momento extraordinário de oração, lançando diversos desafios. Estamos todos no mesmo barco, sob uma tempestade que a todos surpreendeu. A pandemia do novo coronavírus colocou a descoberto muitas fragilidades. “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades… Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos”.
Desta pandemia sairemos melhores ou piores, mas não iguais. A esperança é que esta tempestade nos fizesse sentir verdadeiramente irmãos, para que todos se sentissem em casa, no mesmo barco, sob o mesmo céu e a caminhar sobre o mesmo chão. Havia quem profetizasse um tempo novo, em que tudo seria diferente, exultando a certeza de que ficaria tudo bem. Exultaram os ambientalistas (desencarnados da vida), pois o ambiente tornou-se mais respirável. Alguns (quase) sugeriram que o ser humano está a mais na terra!
Há muito tempo…
Deus chama Jonas e envia-o à grande cidade de Nínive, uma terra estrangeira, para dizer aos seus habitantes que estão à beira da destruição. Jonas hesita e segue, de barco, noutra direção, pouco interessado no destino dessa cidade. Abate-se uma grande tormenta e os tripulantes lançam sortes para saber de quem é a culpa, que recai em Jonas. Pegam nele e deitam-no ao mar. E a tempestade acalmou. Jonas acabará por cumprir a missão a que estava chamado por Deus e anuncia a necessidade de conversão.
Jonas tornou-se pesado. Não tanto do corpo, mas da consciência. Para ele, Nínive ser destruída ou salva seria igual. Não se lembra que o chão é o mesmo e estão debaixo do mesmo Céu. Também aqui a imagem do barco é sugestiva. Alguns pensarão que a desgraça dos outros não os atinge ou que sucesso alheio fere a sua paz. Na verdade, Jonas ficou irritado quando verifica que a cidade não foi destruída, pois os seus habitantes souberam mudar de vida!
“O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança” (Papa Francisco).
Se estamos no mesmo barco, cuidemos para que não se afunde. Passado mais de um ano, e quando as coisas parecem encaminhar-se para a bonança, nomeadamente com a vacinação, olhamos para o lado e vemos que alguns estão em belos camarotes, protegidos do sol e da chuva e com seguranças à porta; outros estão no convés a espreguiçar-se à espera de serem servidos; outros estão no porão a trabalhar no duro, alguns foram lançados borda fora, excluídos, por se recear que o barco tivesse peso a mais!
Ao tempo de Jesus, ouvimos por estes dias, com poucos recursos, cinco pães e dois peixes, é possível alimentar muitas pessoas. O milagre da multiplicação revela-se na partilha. No nosso tempo, a multiplicação é facilitada pela ciência e pela técnica, não faltam recursos, mas há muitas pessoas a morrer à fome, a mendigar uma côdea de pão, sem casa, sem acesso nem à educação nem à saúde. Não falta a multiplicação, nem o excesso, falta a solidariedade.
Quando uma pessoa passa privações, vendo a opulência dos vizinhos, mais tarde ou mais cedo vai sentir inveja, revolta, e vai perceber que talvez não esteja a usufruir daquilo a que tem direito pelo trabalho ou pelas riquezas do solo que habita. Um país (ou continente) por vacinar, vai promover a replicação dos contágios…
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/37, n.º 4619, 28 de julho de 2021
Editorial Voz de Lamego: Pobres sempre os tereis

As palavras de Jesus nada têm de resignação ou demissão, pelo contrário, revelando tristeza, são uma crítica e um desafio ao compromisso sério e concreto. Somos responsáveis uns pelos outros e sobretudo pelos mais pequeninos. A opção preferencial pelos mais pobres não é um verbo de encher, é um compromisso que radica nas palavras e na vida de Jesus. O que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a Mim que o fazeis (cf. Mt 25, 40). Não se trata de transformar as pedras em pão, mas de fazer com que o pão de cada dia seja multiplicado e partilhado para que chegue a todos. E, se somos filhos do mesmo Pai, cabe-nos agir, sempre, como irmãos, procurando que a ninguém falte o necessário (cf. Atos 2, 45; 4, 34-35).
Esta aldeia global democratizou modas e estilos de vida, esbateu diferenças culturais, mas também incentivou grupos e povos a agir pela liberdade e pelos direitos humanos fundamentais. Globalizou-se o bem e o mal, numa mistura nem sempre benéfica para as populações mais vulneráveis. Como tem referido o Papa Francisco, os meios de comunicação social e as redes sociais, em vez de levarem à afirmação da identidade pessoal, social, religiosa, integrando as diferenças e a multiculturalidade, conduzem, muitas vezes, à segregação, na procura do que é idêntico, a integrar grupos (sectários) que pensam da mesma forma, a fechar-se e radicalizar-se ainda mais.
Pobres sempre os tereis… Não basta encher os lábios de propósitos ou simplesmente responsabilizar os outros por situações de carência e de miséria. Ao aproximar-se o final da Sua vida, Jesus encontra-se em casa de Marta, Maria e Lázaro. E como Maria tivesse ungido os Seus pés com uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, Judas Iscariotes, e por certo os outros discípulos, murmura contra tal desperdício (cf. Jo 12, 8). Jesus re-situa as opções e prioridades.
Há pessoas que subestimam a riqueza “material” da Igreja, alienável a favor dos pobres! Sem aprofundarmos essa temática, que tem várias vertentes, seria de perguntar se essas pessoas, que olham para esta riqueza material, cultural, arquitetónica, alguma vez se predispuseram a fazer a parte que lhes compete e se exigem o mesmo a governantes, a multimilionários, pessoas e empresas com capital incalculável!
Há bens que não se podem alienar, mas, por outro lado, esses bens, bem geridos, ajudam a criar e/ou manter estruturas de apoio aos mais pobres. O Papa Francisco afirma que os museus do Vaticano permitem receitas para ajudar os “mendigos” de Roma e responder a solicitações que chegam de todo o mundo.
Sei, por experiência própria, como pároco, que aqueles que colaboram com a Igreja e no “adorno” dos seus edifícios, são os primeiros a cooperar em campanhas solidárias, muitas vezes como aquela viúva do Evangelho que deu, não apenas do que lhe sobrava, mas do que lhe fazia falta para viver (cf. Mc 12, 41-44).
As responsabilidades podem ser diferentes, conforme as possibilidades, o poder económico-financeiro, a capacidade de influência sobre entidades, grupos, governos, multinacionais, mas ninguém pode excluir-se deste compromisso de atender às necessidades dos mais vulneráveis.
Não basta dizer aos outros que é preciso fazer alguma coisa, cabe a cada um, inserido em grupos e/ou comunidades, agir, comprometer-se.
Pobres sempre os tereis e se conseguirdes vê-los e ajudá-los… melhor! Dai-lhes vós mesmos de comer. Adorar a Deus e amá-l’O sobre todas as coisas implica-nos com todos os Seus filhos, com todos os nossos irmãos, não nos isola nem espiritualiza!
Em Portugal como na Europa, mais de 70 % da população adulta já está vacinada, pelo menos com uma dose, contra a COVID-19… em África, 3%… As migalhas dos países mais ricos ainda não saíram das suas mesas fartas!
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/36, n.º 4618, 21 de julho de 2021
Entrevista com Frederic Cardoso
Frederic Cardoso, clarinetista, obteve vários prémios em concursos nacionais e internacionais e dedica uma parte significante do seu trabalho à música da câmara e à música contemporânea.
Frederic Cardoso, clarinetista, obteve vários prémios em concursos nacionais e internacionais e dedica uma parte significante do seu trabalho à música da câmara e à música contemporânea.
Enquanto solista ou parte integrante de ensembles, estreou cerca de 130 obras em Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha e Holanda, sendo dedicatório de muitas delas. Neste âmbito apresentou-se em festivais como Ciclo Estado da Nação (Casa da Música, Porto), Festival Dias da Música Eletroacústica (Seia), Festival Mixtur (Barcelona, Espanha), e Donaueschingen Music Festival (Donaeuschingen, Alemanha).
A sua discografia inclui discos em áreas tão diversas como a música contemporânea, erudita, improvisada, pop e world music.
Colaborou com a Banda Sinfónica Portuguesa Fundação Orquestra Estúdio e Orquestra Filarmónica das Beiras. Ministrou também cursos de aperfeiçoamento em Portugal Continental e insular, tendo apresentado um fórum sobra a música Portuguesa para clarinete e eletrónica, como professor convidado, no Conservatório Real de Antuérpia (Bélgica).
Natural de Tarouca, Frederic é licenciado e Mestre em Interpretação Artística pela Escola Superior de Música e artes do espetáculo e Mestre em Ensino de Música pela Universidade do Minho. Atualmente encontra-se a finalizar o Doutoramento em Música- Especialidade de Interpretação na Universidade de Évora. O membro efetivo da Banda Sinfónica Transmontana é também professor de Clarinete e Orquestra de Sopros do Conservatório de Música de Paredes.

“Desde que comecei a tocar clarinete nunca tive dúvidas de que aquilo fazia parte de mim”
Frederic Cardoso Começou pela banda juvenil de Gouviães com influência direta do pai, mas não foi o Clarinete o seu primeiro amor, quando ingressou na banda juvenil, o seu instrumento era o solfejo. Só depois de alguns trabalhos e atuações é que foi forçado a escolher entre o saxofone e o clarinete, optando pelo clarinete. O músico diz que a escolha não foi difícil, e que não foi o som dos instrumentos que influenciou a sua escolha, mas sim o aspeto dos mesmos.
“Quando ingressei na academia houve um grande choque de ideias muito por causa do tipo de formação, o professor da academia implementou novos métodos e ideias às quais não estávamos habituados.”
Frederic frequentou a academia de música até 2003, candidatou-se à escola superior de arte de Mirandela posteriormente afirmando que, na altura, era o que mais se enquadrava ao seu trajeto e, a melhor forma de atingir todas as suas metas.
“Enquanto intérprete não preciso só de estudar o instrumento várias horas como também preciso de ter um papel de investigador, preciso de aprofundar o lado mais teórico.
Para uma obra preciso de estudar o contexto sociocultural, o contexto da época para depois conseguir otimizar a minha performance”
“O clarinetista Frederic Cardoso é um verdadeiro motor de um assinalável número de obras de câmara em que o seu instrumento tem parte destacada”
Fernando Lapa- Compositor
“Um clarinetista de grande personalidade e versatilidade”
Ada Gentile- Compositora
in Voz de Lamego, ano 91/34, n.º 4616, 7 de julho de 2021
Editorial: Poderá a pena de morte ser um direito humano?

Por estes dias surgiu a proposta do aborto passar a ser um direito humano. Subsequentemente, elimina-se a possibilidade de objeção de consciência.
O aborto, mais clandestino ou mais visível, era uma prática que não deixava tranquilo quem o praticava, em situações de exceção, de desespero, medo e dúvida. Avançou-se para a despenalização, para a mãe e para os que ajudavam (e ganhavam com isso). Em condição penalizadora já se encontrava aquela mãe, muitos vezes forçada pelas circunstâncias, pelo contexto familiar, social e cultural, ou porque tinha sido vítima de estupro. Por outro lado, a clandestinidade do aborto, como também no caso da toxicodependência, levava a correr muitos mais riscos para a saúde, além de encarecer a prática do mesmo, afastando das clínicas os que tinham menos recursos. Com estes argumentos compassivos, a despenalização surgia quase como uma bênção. De fora ficaram sempre os homens, que quando muito pegavam em algumas notas e esqueciam o assunto, e os que ganhavam a vida à custa da fragilidade alheia. Seguiu-se a liberalização. O que era excecional, passou a ser banal, democrático, enquadrado como um serviço de saúde. Hoje o aborto surge em paralelo com os métodos contracetivos. A mesma pessoa recorre aos SNS para o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto aborto. E sucessivamente!
As recomendações iniciais, levariam a mãe a uma consulta, a verificar as causas e, eventualmente, apontar soluções que não passassem pelo aborto, limitando às primeiras semanas. Reconhece-se a dramaticidade vivida por algumas mães ao olharem para o presente e para o futuro e para as condições em que trariam uma criança ao mundo, sem o apoio da família ou da comunidade. Uma visão demasiado moralista, que excluía, não ajudava em nada, como uma sociedade demasiado permissiva também não ajuda. Veio, posteriormente, através de um casal de cientistas a proposta que o aborto se estendesse até ao parto. Se na altura do nascimento da criança, os pais não ficassem satisfeitos, poderiam desfazer-se do bebé, matando-o. O argumento é de que não há diferença substancial entre um embrião, um feto e um bebé recém-nascido.
O Parlamento Europeu, seguindo a recomendação da deputado croata Predraf Matić, sustenta agora a possibilidade de o aborto ser considerado um direito humano fundamental, o que tem vindo a ser progressivamente defendido pelos organismos da O.N.U., recusando a recusa dos médicos e dos serviços por questões de consciência e/ou de religião. O Relatório Matić faz prevalecer os direitos das mulheres, subjugando o direito à vida.
Durante alguns anos, a pena de morte constou do Catecismo da Igreja Católica, como último recurso, caso não fosse possível pôr termo a uma situação de violência grave. Colocavam-se algumas questões paradoxais: como é que a Igreja é contra o aborto e é a favor da pena de morte? Nas duas situações estavam em causa a vida humana e a possibilidade de ser destruída. Com o tempo, percebeu-se que não havia justificação para a pena de morte, até porque, na atualidade, havia meios para afastar da sociedade, de forma segura e definitiva, os prevaricadores. A pena de morte voltou à discussão pública, em casos de gravidade, como homicídios. Poderemos assistir, dentro de pouco tempo, à solicitação para que também a pena de morte seja, não um castigo excecional, mas um direito humano fundamental? E que é que isso tem a ver com o aborto? Tem a ver com vidas humanas que, perante circunstâncias mais específicas ou mais genéricas, podem ser impedidas de prosseguir… O mandamento: não matarás, terá de ser refeito! Se quiseres matar terás a ajuda da sociedade, para que não te faltem os meios nem a ajuda necessária.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/35, n.º 4617, 14 de julho de 2021
Foto: Olivier Hoslet/EPA
Entrevista a Mavis Monteiro – Diretora do Colégio de Lamego
O final de junho marca o final de mais um ano letivo na maioria das escolas, depois de mais uma jornada faz-se o balanço do que correu bem, do que correu menos bem e do que se pode melhorar. O Colégio de Lamego não é exceção, apesar dos bons resultados estarem à vista de todos, o Voz de Lamego quis saber mais, e, para isso, nada melhor que entrevistar uma das principais responsáveis de todo o sucesso, a presidente do Colégio, Mavis Monteiro.
1. Há quanto tempo está à frente da instituição? Quais são as principais responsabilidades?
Assumi a presidência da direção do Colégio de Lamego, que partilho com o Dr. António Martins, professor no Colégio há já vários anos, em setembro de 2017.
As nossas principais responsabilidades são as próprias de um estabelecimento escolar, agravadas pela maior exigência de quem confia os seus educandos a uma escola privada e, no nosso caso, por termos alunos e alunas em regime de internato. Quem investe na educação dos seus filhos, confiando-os a uma instituição como o Colégio, exige qualidade e rigor em termos académicos, mas exige igualmente a transmissão e solidificação de valores que constituem a base de uma boa formação humana. Esta é a nossa primeira e principal responsabilidade: formar crianças e jovens capazes de assumir a sua responsabilidade social, individual e coletiva, colocando o seu saber e as suas competências ao serviço do desenvolvimento pessoal e da sociedade em geral. E esta responsabilidade é ainda maior por o Colégio de Lamego ser uma instituição secular de referência nacional. Ajuda-nos o apoio e colaboração dos Ilustres Mestres Beneditinos residentes no Colégio, bem como uma equipa de docentes com excelentes qualidades académicas e humanas.
2. Como descreveria o ambiente e o ensino da instituição?
O ambiente do Colégio é como o de uma família que se quer e dá bem, com um forte espírito de entreajuda e solidamente unida, apesar de, tal como em qualquer família, haver momentos menos bons e até difíceis. Ter alunos internos potencia ainda mais este ambiente. Estas crianças e jovens são como se fossem nossos filhos. Damos-lhes a atenção, o amor e o carinho de que tanto precisam, tal como repreendemos e dizemos “não” sempre que necessário e eles, tal qual verdadeiros irmãos, apoiam-se mutuamente e zangam-se mais do que é preciso para logo fazer as pazes.
Claro que o facto de sermos uma comunidade de pequena dimensão também contribui para este ambiente familiar. Todos se conhecem e o convívio entre os alunos dos diferentes anos e ciclos não só é possível como é uma realidade, contribuindo para o desenvolvimento de competências sociais que numa escola “grande” não é, de todo, possível. Aliás, a existência de alunos de diferentes nacionalidades permite um convívio natural e saudável com a diferença e a multiculturalidade, tão importantes no mundo global em que vivemos.
O desporto e a vida em contacto com a natureza, que o nosso pavilhão e a quinta do Colégio permitem e que tanto fomentamos, também contribuem para um ambiente unido e saudável.
No que respeita ao ensino, a competência, dedicação e empenho dos professores que compõem o corpo docente do Colégio garante o ensino de qualidade que atualmente nos caracteriza. Claro que a qualidade do ensino não garante, por si só, os bons resultados escolares, mas, reconhecendo as fragilidades que os “rankings” das escolas apresentam, acredito que foi o fator preponderante que permitiu que, no nosso concelho, o Colégio ficasse posicionado em 1.º lugar nos exames nacionais do ano anterior.
3. São estas instituições que acabam por fazer parte da imagem de uma cidade. O que acrescenta o colégio à cidade de Lamego? E a cidade, em que aspetos beneficia a instituição?
O Colégio de Lamego constitui uma oferta educativa diferente para as crianças e jovens da nossa cidade. É a opção para quem pretende um ensino mais personalizado e individualizado, naturalmente possível pelo número de alunos existente em cada turma e pelos apoios individuais que disponibilizamos; para quem precisa de um estabelecimento de ensino que garanta um horário alargado e em que os alunos estão permanentemente acompanhados; para quem pretenda que os seus filhos cresçam numa escola em que os valores morais, a inclusão e a convivência multicultural são uma realidade e fazem parte da sua formação ou, ainda, para quem simplesmente pretende que os filhos tenham as atividades extracurriculares no estabelecimento de ensino que frequentam. As atividades que o Colégio disponibiliza, já incluídas nas propinas, bem como as que são ministradas por entidades parceiras que vão ao Colégio, permitem que pais e filhos não precisem de se deslocar entre locais, assim minimizando o stress e a sempre difícil compatibilização de horários.
A partir deste ano letivo, o Colégio oferece ainda dois cursos profissionais até agora inexistentes no concelho e que constituem mais uma opção educativa para os nossos jovens.
Ao longo dos seus 162 anos de existência o Colégio de Lamego constituiu e continua a constituir um estabelecimento educativo de referência. Por aqui passaram figuras insignes do panorama nacional, como Aquilino Ribeiro, para falar do passado; Fernando de Almeida, atual Diretor do Instituto Nacional Ricardo Jorge, ou Armando Mansilha, rosto público da rede CUF, para referir o presente. Claro que há milhares de antigos alunos cujos percursos tanto nos orgulham; alguns, atuais docentes do Colégio, que disponibilizaram o seu tempo e a sua competência para ensinar aqueles que, à sua semelhança, escolheram o “velho casarão da Ortigosa” para a sua formação académica, assim contribuindo para “levar” o nome da cidade de Lamego a todo o território nacional e cada vez mais para além-fronteiras.
O espaço e a credibilidade que estamos a conquistar a nível internacional permitem dar a conhecer a nossa cidade e atrair estudantes que, quiçá, a escolham para o seu futuro pessoal e profissional.
Por sua vez, a cidade de Lamego, pela sua beleza natural, história, segurança e simpatia das suas gentes, inspira a uma maior certeza dos pais na decisão de escolher o Colégio para os seus filhos. Também a confiança que os órgãos autárquicos depositam na nossa instituição, concretamente na atual direção, que publicamente assumem e partilham, beneficia o Colégio na medida em que denota a nossa qualidade formativa.
4. Com certeza que existem alunos que a marcaram de uma ou de outra forma. Há alguma história que queira partilhar?
Sabe que a grande proximidade que existe com todos os alunos, desde o 1.º ao 12.º ano (sei o nome de todos, sem exceção), permite um acumular de histórias dos mais variados géneros e todas elas deixam a sua marca. A porta do meu gabinete está sempre aberta para receber os alunos e eles sabem disso… Desde histórias engraçadíssimas, próprias do “Flagrantes da Vida Real”, até às que partem o coração mais gélido, há tantas histórias dignas de partilha que é difícil escolher uma. Quem sabe um dia as possa compilar e publicar.
Apesar dos meus 54 anos e de três filhos já adultos, as histórias experienciadas com os alunos têm-me proporcionado uma permanente e gratificante aprendizagem pessoal. Já vivi inúmeras alegrias com os alunos, mas também já chorei por alguns e com alguns, tal qual sucede com os nossos filhos, só que, aqui, a responsabilidade pesa ainda mais porque são “nossos” sem o serem.
Contudo, podendo não ser as que nos marcam mais, as histórias que acabam bem são aquelas em que um aluno vem para o Colégio apenas por opção dos pais e passado algum tempo fica por vontade própria, ou quando parte genuinamente agradecido pelo caminho percorrido nesta casa ou com a imensa alegria de ver concretizados os seus objetivos.
5. Como asseguram a comunicação escola-família?
A nossa proximidade com a família permite uma comunicação regular e eficaz, através de qualquer meio de comunicação.
6. Quais os cursos disponibilizados pelo Colégio de Lamego?
O Colégio disponibiliza, para além do ensino básico, todos os cursos científico-humanísticos – ciências e tecnologias, línguas e humanidades, ciências socioeconómicas e artes visuais – e vamos iniciar, em 2021/2022, os cursos profissionais de Técnico Administrativo e Vitrinismo, ambos totalmente comparticipados e, como tal, sem qualquer custo para os estudantes que optem por esta via.
Para além destes cursos, o Colégio oferece também um Centro de Estudos, que funciona durante todo o ano letivo e Programas de Atividades para os períodos não letivos, ambos abertos a alunos de outras escolas.
7. Sente que os alunos saem daqui prontos para a vida profissional?
Sem dúvida! Os inúmeros casos de sucesso de antigos alunos falam por si.
O Colégio de Lamego sempre incutiu nos seus alunos os valores do trabalho, do rigor, do esforço e da resiliência e o lema beneditino, “PER ASPERA AD ASTRA”, continua a ser um dos princípios que rege a formação dos atuais alunos. Desde o 1.º ano que começam a perceber que os resultados dependem do trabalho, do empenho e do comportamento.
Fundamental a este processo formativo é a prática desportiva que fomentamos. As regras, o espirito de equipa, o treino, o esforço, o respeito pelos colegas e pelos adversários, o saber lidar com a derrota e a capacidade organizativa a que o desporto obriga, contribui de forma muito positiva para que os alunos adaptem os mesmos valores à sua vida académica e, mais tarde, à sua vida profissional.
Para ajudar a gerir a pressão que, desde cedo, muitos começam a sentir, estamos a iniciar um trabalho de educação emocional, transversal a todos os níveis de escolaridade.
Incutindo valores fundamentais e estimulando a autorregulação emocional, estamos certos de que estamos a criar as raízes necessárias para que os nossos alunos integrem e lidem da melhor forma com a vida profissional que escolherem.
Há poucos dias, um aluno que vai sair do país dizia-me, na hora em que se despediu, “Obrigado por me terem relembrado e feito reavivar em mim valores que já me tinha esquecido que existiam.” Senti que tínhamos cumprido a nossa missão! Mais alguém a quem tínhamos ajudado a ganhar asas para voar sozinho e para bem longe.
8. Muitas vezes, passamos mais tempo no local de trabalho do que em casa e, por isso, é importante haver um ambiente familiar com os colegas de profissão. Sente que o ambiente no Colégio é agradável, um ambiente familiar?
O que já referi a propósito do ambiente que se vive no Colégio abrange todos os nossos colaboradores. O espírito de cooperação e entreajuda nota-se nas mais pequenas coisas e há verdadeiras relações de amizade entre alguns. Nem a pandemia travou o companheirismo que sempre se fez sentir!
Estamos de corpo e alma no Colégio, dedicamo-nos a 100% aos nossos alunos e trabalhamos para um objetivo comum: a sua excelente formação académica e humana.
“Juntos somos Colégio!” é a expressão que carateriza e espelha a nossa forma de estar, viver e sentir o Colégio.
9. Quais são as expectativas do Colégio para daqui a dez anos?
Confiando no trabalho que temos desenvolvido e no seu reconhecimento por parte de toda a comunidade educativa, temos expectativas elevadas. Daqui a dez anos, esperamos, em primeiro lugar, manter connosco os alunos que estão atualmente no 1.º e 2.º anos de escolaridade e aumentar o número total de alunos, mantendo a qualidade de ensino existente. Depois, criar protocolos com algumas universidades, nacionais e estrangeiras, que permitam aos nossos alunos uma escolha mais informada e consciente para a sua vida académica futura; voltar a ter equipas campeãs nacionais de voleibol em vários escalões; ter uma quinta pedagógica em pleno funcionamento e os campos de futebol relvados e repletos de crianças e jovens.
E acreditamos que é possível! Afinal, “PER ASPERA AD ASTRA”.
in Voz de Lamego, ano 91/34, n.º 4616, 7 de julho de 2021
Editorial Voz de Lamego: Não te reconheço!

É uma expressão popular que ouvimos muitas vezes sobretudo quando a outra pessoa nos surpreende positiva ou negativamente ou, então, quando vemos que ela não reage da forma como estávamos à espera que reagisse perante uma adversidade. Neste tempo de pandemia, ouvimos muitas expressões semelhantes, pois nem sempre reconhecemos imediatamente as pessoas com máscara. Já nos aconteceu, talvez a todos, cumprimentar uma pessoa, trocar algumas palavras e ficarmos a refletir quem seria tal pessoa!
É bem conhecida a expressão de Jesus a Filipe: há tanto tempo que estou convosco e não me conheces? (Jo 14, 7-14). Na parábola do Juízo Final (cf. Mt 25, 31-46), aqueles que são benditos a entrar no Reino ficam surpreendidos e questionam quando é que realizaram o bem. A resposta do Rei é concludente: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes”. O Rei reconhece-os e acolhe-os porque também eles O reconheceram no cuidado aos irmãos. Em sentido contrário, são malditos (não-reconhecidos) aqueles que não O reconheceram nos irmãos: “Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (cf. Mt 25, 31-46).
A mesma expressividade na parábola das 10 Virgens, 5 prudentes e 5 insensatas. Como o noivo se demorasse, as virgens foram adormecendo. As sensatas levaram azeite de reserva, as insensatas não se precaveram. Quando o noivo se aproxima, as insensatas apressam-se a ir comprar mais azeite, mas quando regressam a porta está fechada. “Em verdade vos digo: Não vos conheço” (Mt 25, 1-13).
A pessoa enquanto tal é um mistério que nunca se expõe nem é exposta totalmente. Pelos perfis digitais, a pessoa diz e esconde muito do que é. Um amigo, um familiar, um colega de trabalho, pode parecer que se conhece bem, mas de repente…
Na Sinagoga de Nazaré, os amigos de Jesus acharam que O “conheciam” demasiado bem. Ele é o Filho de Maria e de José, o Carpinteiro. Conhecem os parentes e as ligações à comunidade, mas são surpreendidos pelas Suas palavras, pelos prodígios realizados e pela fama que, entretanto, tinha granjeado em outras terras.
Obviamente é bom e salutar que nos conheçamos e tenhamos consciência de que conhecemos bastante bem os nossos amigos e familiares, pois é sinal de proximidade, atenção e afeto. Conhecer bem pode, positivamente, ajudar a responder às necessidades, anseios e questões levantadas por eles. Negativamente, quando diminuímos a atenção e o cuidado, porque conhecemos, porque as reações são sempre as mesmas e assim as respostas também serão. Como exemplo paradigmático: casais que na conquista e no namoro procuram ser reciprocamente atenciosos, ouvintes, compreensivos… com o tempo deixam de surpreender e já não se centram tanto nas necessidades do outro mas mais nos gostos próprios…
Com ou sem máscara, com ou sem pandemia, a verdade é que deixamos de reconhecer algumas pessoas, positiva e negativamente, pelo que eram e por aquilo em que se tornaram. No tempo, somos sempre os mesmos, mas, simultaneamente, é bom e desejável que cresçamos, amadurecendo, aprendendo, como nos diz São Paulo, até à estatura de Cristo (cf. Ef 4, 13-15). O drama é quando crescemos e ficamos da nossa própria estatura, tornando-nos como Zaqueu antes de encontrar Jesus e se deixar ver por Ele (cf. Lc 19, 1-10). Zaqueu era um homem de vistas curtas e de pequena estatura, preocupado com os seus bolsos e com o seu umbigo, mas pelo caminho encontrou-se com aquele Mestre sábio e bom. Pôs-se em movimento, em bicos de pés, subiu a uma árvore… para descer da sua prepotência e sobranceria e caminhar ao lado de Jesus, acolhendo-o em sua casa e na sua vida.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/34, n.º 4616, 7 de julho de 2021
Entrevista com Miguel Duarte, Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego

Miguel Duarte disse-nos que quando aceitou o desafio para o cargo de Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego tinha como principal missão dar continuidade ao grande projeto que já tinha iniciado há mais de 20 anos.
O seu maior desafio é que a Escola tenha um papel determinante no desenvolvimento do território do Douro, ser um centro de inovação e competitividade na área da Gastronomia. O seu maior propósito é ter uma escola com o propósito de Educar e Formar para a Sustentabilidade o destino Douro, promovendo um consumo sustentável dos recursos endógenos da região.
“Estou há dois anos como diretor da escola, têm sido 2 anos atípicos, entrei com um desejo e ambição enormíssima, mas rapidamente vi tudo isso condicionado pela pandemia. Este é um setor de formação que é muito penalizado com a questão da pandemia porque a transição para o online só pode ser feita em algumas vertentes, pois seria impossível juntar a componente prática e o online”.
Apesar de todo o contributo que o diretor e a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro Lamego já deram à região, Miguel Duarte mostra que há vontade para contribuir muito mais, ajudar a resolver problemas da região e valorizá-la.
“Daqui a 10 anos espero ainda estar a trabalhar no setor, se possível, neste território. Com todos os projetos que temos em mãos espero que, num futuro próximo, esses projetos estejam a dar frutos e sejam reconhecidos, não só pelas pessoas que estão envolvidas, mas também para que, quem nos visita, possa desfrutar de um território mais coeso em termos territoriais, mas coeso a nível social e mais sustentável. Uma das minhas metas passa por valorizar esta região, que tem imenso para oferecer”.
Um dos grandes objetivos desta região é que haja um território que trabalhe em rede e, desde que a escola se instalou em Lamego, uma das coisas que tentou promover foi a ligação com o meio, privilegiando bastante a rede de contactos que tem, privilegiando os parceiros.
“O nosso sucesso é também o sucesso dos nossos parceiros. Temos uma ligação muito forte com as câmaras municipais, há uma relação bastante boa com a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, desenvolvemos também imensos projetos com a universidade de Trás-os-Montes na área da gastronomia e alimentação e ainda com todas as escolas profissionais do interior”.
A Escola de Hotelaria e Turismo do Douro Lamego conta agora com 270 alunos inscritos, muitos deles oriundos de outras cidades, que acabam por residir em Lamego.
“Muitos dos alunos estão deslocados da residência da família, o que faz com que os docentes tenham a preocupação de dar um acompanhamento mais personalizado aos alunos. Nas residências fazemos muitas sessões de cinema, leitura, teatro e muitas outras atividades. Fazemos isso para que os alunos sintam que têm aqui uma comunidade muito próxima deles”.
Miguel Duarte falou ainda das oportunidades que quer que os alunos da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro Lamego tenham. Grande parte das escolas do nosso setor estão situadas no litoral, havendo apenas três escolas no interior, mas isso não preocupa o diretor.
“O facto de sermos das poucas escolas do interior, faz com que pareça que estamos distantes do mundo global, o que não acontece. Hoje em dia nós conseguimos colocar Lamego e o Douro. É por isso que faço questão que os meus alunos participem em concursos e atividades, sei que, se participarem, são os melhores”.
Todo este esforço, para que os seus alunos se mantenham entre os melhores da sua área, tem dado frutos, tendo mesmo alunos a representar o país, fora de portas.
O aluno da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego, Gonçalo Graça, conquistou recentemente o primeiro lugar da categoria de Cozinheiro Aprendiz no concurso Interescolas 2021.
A prova foi organizada pelas escolas do Turismo de Portugal. Gonçalo Graça, que estuda no curso de Gestão e Produção de Cozinha, garantiu a sua participação nos Encontros Europeus da Associação Europeia de Escolas de Hotelaria e Turismo que se vai realizar na Estónia.
O concurso Interescolas teve lugar no início deste mês de junho, contando com a participação de 12 escolas e perto de 100 alunos que competiram durante três dias na Escola de Vila Real de Santo António, no Algarve. Em prova estiveram 12 categorias ligadas às áreas de formação ministradas nas escolas de hotelaria e turismo do país.

O diretor, Dr. Miguel Duarte, está otimista em relação ao próximo ano letivo e apela a todos os que realmente gostam da área de hotelaria e turismo a juntarem-se à equipa da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego.
As candidaturas à Escola de Hotelaria e Turismo do Douro Lamego estão abertas, até 20 de julho, através de um processo online e gratuito, disponível em escolas.turismodeportugal.pt, para alunos nacionais e estrangeiros.
Cozinha, Pastelaria, Restauração e Bebidas, Hotelaria/Alojamento são alguns dos cursos disponíveis, com uma forte componente ligada ao desenvolvimento pessoal, às soft skills e à preparação dos jovens para uma ação ambiental e socialmente responsável. No último ano, 93% dos candidatos conseguiu colocação no Curso/Escola da sua primeira opção.
No próximo ano letivo, é também reforçada a aposta na capacitação das empresas e formação dos profissionais em novas áreas emergentes do turismo, como o Turismo Literário, Turismo de Luxo, Turismo de Saúde e Bem-Estar, bem como, no segmento da alimentação saudável, com uma nova oferta em Cozinha e Pastelaria Vegetal.
Perante os desafios dos últimos meses, a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro Lamego tem vindo a introduzir mudanças significativas na sua organização e metodologia de formação, adequando-as à mudança digital acelerada que pauta o setor. Em 2021/2022, a Escola irá continuar a apostar no processo de transformação digital que consolidará as soluções de ensino à distância, a produção de suportes pedagógicos digitais e de apoio ao estudo.
Para preparar os profissionais do futuro com competências adequadas às exigências do setor do turismo, que acrescentem valor às empresas, que atuem com responsabilidade, ética e sustentabilidade e que assegurem um serviço de qualidade focado nos clientes e no desenvolvimento de experiências únicas, é essencial rever modelos e conteúdos, utilizar a tecnologia e os recursos digitais, mas também, criar projetos colaborativos com outras escolas e outras entidades e, sobretudo, com as comunidades locais e as empresas.
Neste sentido, a EHTDL procura dinamizar conteúdos nas áreas do digital, da sustentabilidade, da gestão, do marketing e vendas, novos conteúdos cognitivos nas áreas da análise de dados, do pensamento crítico e analítico e nas áreas colaborativas, gestão das emoções, da ética, da comunicação e relação social, da flexibilidade e adaptabilidade, da criatividade e autoaprendizagem.
Têm, igualmente, vindo a adicionar novos suportes tecnológicos e digitais, como softwares colaborativos, plataformas educativas e suportes digitais a processos de aprendizagem autónoma, mas também, criado parceiras colaborativas com outras escolas e universidades, empresas e as comunidades locais, ultrapassando as barreiras físicas da escola e estruturando um novo conceito de escola, enquanto comunidade de aprendizagem.
Paralelamente, têm vindo a ser introduzidas novas metodologias de educação-formação, com projetos piloto de aprendizagem baseada em projetos, de aprendizagem experiencial e de aprendizagem integrada, onde a formação deixa de estar focada na transmissão de conhecimento para estar focada na geração de competências através da resolução de situações concretas, do envolvimento em projetos reais, na resolução de questões identificadas nas empresas e nas comunidades. Através da concretização de experiências reais, os alunos vão desenvolvimento competências efetivas de pensamento analítico, de tomada de decisão, de liderança e de comunicação, adaptando-se e aprendendo a ser flexíveis, relacionais, focados nas soluções, empreendedores e inovadores.

O novo ano letivo 2021/2022 será focado na capacitação das equipas, em que se pretende enriquecer a Bolsa de Formadores com mais talento, em que será feito um reforço das parcerias nacionais e internacionais com outros níveis de ensino, e um maior investimento em novos meios e recursos digitais e tecnológicos para consolidar a área de inovação da escola.
Os grandes desafios da Escola nos próximos anos:
A EHTDouro Lamego pretende ser uma alavanca no desenvolvimento do território do Douro
- Apoiar o Douro como um Pólo de Inovação e Competitividade.
- Ajudar a tornar o Douro como um Território Ambientalmente Sustentável e Socialmente Inclusivo.
- Apoiar o Douro como um Território em Rede, suportado em parcerias institucionais.
Projeto Centro Enogastronómico do Douro
- Valorizar o património cultural do Douro através da promoção da Gastronomia enquanto marca distintiva da Região.
- Preservar e promover a autenticidade dos produtos locais na gastronomia através da sua qualificação.
- Manter viva a tradição de uma gastronomia que foi criada com os produtos da terra respeitando a lógica da sazonalidade.
- Contribuir para a preservação da memória culinária do Douro.
- Dar fôlego aos produtores locais contribuindo para a divulgação dos seus produtos e promovendo o enriquecimento local.
- Identificar a gastronomia Duriense em função das disponibilidades/necessidades locais e também das festas e tradições.
- Promover um encontro profícuo e cada vez mais ativo entre a gastronomia local e os vinhos do Douro.
Esperamos, assim, contribuir para a competitividade e qualidade do serviço prestado pelas empresas.
Queremos ser uma escola referência nas boas práticas “Km 0”, uma escola que trabalha em rede alargada com parceiros Institucionais e com os agentes económicos do setor.
Queremos ser uma escola Inclusiva e socialmente responsável e interveniente no seu ambiente territorial e agentes do setor do Turismo.
Seguindo sempre o nosso propósito “Educar e Formar para a Sustentabilidade o destino Douro, promovendo um consumo sustentável dos recursos endógenos da região”.
in Voz de Lamego, ano 91/32, n.º 4614, 23 de junho de 2021