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Archive for Outubro, 2018

Editorial da Voz de Lamego: Santos que nos batem à porta

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Sede santos como o vosso Pai celeste é santo. Interpelação de Jesus aos discípulos. Sede misericordiosos como o Vosso Pai do Céu é misericordioso. A santidade passa pela misericórdia, pela compaixão, pela ternura. A santidade não é, definitivamente, uma atitude passiva, de quem não faz bem nem mal, mas a decisão firme de seguir as pegadas de Jesus, fazendo-se próximo, apostando na docilidade, gastando-se a favor dos outros.

A vocação primeira do cristão é ser santo. Podemos dizê-lo de outra maneira: a vocação primeira do cristão é seguir Jesus, amar Jesus, viver Jesus, testemunhar Jesus. Ora, Jesus trouxe-nos a santidade de Deus, humanizando as relações entre as pessoas, devolvendo a dignidade aos excluídos daquele tempo, sarando os corações dilacerados pela discórdia, curando as enfermidades do corpo e da alma, espalhando ternura!

O Vaticano II veio sublinhar a vocação universal dos cristãos à santidade. Esta não é um “privilégio” ou compromisso dos religiosos ou dos padres e bispos, mas de cada e de todo o batizado: identificação da própria vida a Jesus Cristo. Mesmo que não possamos afirmar como o Apóstolo “Já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim” (Gál 2,20), esse há de ser o propósito de toda a nossa vida, presente nas nossas escolhas diárias. Na verdade, no batismo fomos introduzidos na santidade de Jesus, na vida divina, tornamo-nos novas criaturas, morremos para o pecado, fomos retirados às trevas e imersos na luz do Espírito Santo. É como “santos”, como eleitos, que nos pertencemos a Cristo e ao Seu Corpo que é a Igreja.

O Papa Francisco dirigiu à Igreja a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e exultai), de que já demos nota na Voz de Lamego, precisamente como chamamento à santidade no mundo atual. Um dos incisivos assenta nos santos que nos batem à porta ou que encontramos na nossa vida quotidiana, nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Diz-nos o Papa que “o Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus… Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’”.

Solenidade de Todos-os-Santos e comemoração dos Fiéis Defuntos: a fidelidade a Jesus conduzem à santidade.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 88/46, n.º 4483, 30 de outubro de 2018

Editorial Voz de Lamego – Fofoca, pecado que brada ao Céu

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Aos pecados que bradam ao Céu, o Papa Francisco tem acrescentado mais alguns e talvez por isso haja alguns cristãos que se sentem incomodados e o contestem mais abertamente.

Um desses pecados é a “economia que mata”, cuja preocupação são as percentagens e não as pessoas. A bolsa de valores cai um por cento e logo disparam os alarmes em todo o mundo. Morre um pobre à fome, são mortas dezenas de pessoas em disputas territoriais, ideológicas ou religiosas, afunda-se um barco de refugiados, e não se passa nada… uma pessoa na berma da estrada e já não toca o coração de quem passa, os samaritanos escasseiam e a comunicação social já não provoca. É mais um! São mais umas centenas. São números! A repetição de imagens violentas, das desgraças alheias, da curiosidade mórbida, já não choca e se choca é momentaneamente, depois cada um segue a sua vida. Os títulos dos jornais, invariavelmente fixam-se nas tricas políticas, nos rating’s, na bolsa de valores, nos escândalos financeiros ou na diversão desportiva. A erradicação da pobreza é possível, mas falta a vontade política.

Outro dos pecados que bradam ao céu e que o Papa Francisco tem denunciado é a “fofoca”, o boato, o disse-que-disse, a insinuação. É um pecado mortal, mata a relação com o outro, a sua honra e o seu bom nome. O Santo Padre tem insistido reiteradamente neste malefício nas comunidades e nas famílias. É feio, muito feio, participar na Missa e logo depois dizer mal do outro. É uma expressão popular, mas que resulta da experiência do Papa também no ambiente da Cúria romana. Quanto mal faz à família uma fofoca, um comentário, uma insinuação! Quanto faz mal às comunidades. “Às vezes falamos mal das pessoas enquanto esperamos o sacerdote” (Papa Francisco). Isso é feio, muito feio.

Na vida de Jesus Cristo existem situações em que a calúnia, as falsas acusações, os boatos vão minando a relação com as pessoas mais simples. Alguns fariseus e doutores da Lei vão lançando suspeitas sobre Jesus. É conhecida, por exemplo, a ocasião em que Maria e os seus parentes vão ao encontro de Jesus para O trazerem para casa, pois dizia-se que Ele estaria possesso.

Numa ou outra Carta, São Paulo queixa-se das palavras venenosas que alguns espalham nas comunidades, criando divisões e espalhando a confusão.

Ao longo da história da Igreja e da humanidade houve muita gente morta por causa de boatos, calúnias, insinuações, muitas pessoas que perderam o emprego, a família e que foram expulsos da sua pátria.

Fica a recomendação para mim e para ti, para todos, sacerdotes e leigos, mais avançados na idade ou mais imberbes: quando falarmos dos outros pensemos no mal que podemos semear ou no bem que podemos ajudar a multiplicar.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 88/45, n.º 4482, 23 de outubro de 2018

Tarde recreativa na Casa de São José com a Universidade Sénior

Foi com enorme satisfação, que o Centro Diocesano de Promoção Social, nomeadamente, a Estrutura Residencial para Idosos- Casa de S. José, recebeu no passado Sábado, dia 13 de outubro, a Universidade Jerónimo Cardoso de Lamego.

Este grupo, presenteou-nos com uma tarde de animação, convívio, e confraternização, que despertou os saberes do antigamente, assim como, a partilha de experiências, proporcionando reencontros entre colegas e fomentando novas amizades.

É de salientar, que este convívio proporcionou alegria, boa disposição e entretenimento entre utentes, familiares e colaboradores.

É com enorme gratidão, que a comunidade institucional, agradece à Universidade Sénior pela iniciativa, esperando futuramente a sua visita.

 

A Equipa Técnica, ERPI – Casa de S. José,

in Voz de Lamego, ano 88/44, n.º 4481, 16 de outubro de 2018

Editorial Voz de Lamego – Novidade do Evangelho e da evangelização

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O tom está dado. Viveremos um ano missionário extraordinário. O Papa definiu outubro de 2019 como mês missionário extraordinário. Os bispos portugueses, não querendo ficar atrás, propõem-nos um ano inteiro, de outubro a outubro.

Quanto tempo é necessário para tomarmos consciência da missão evangelizadora que a todos diz respeito enquanto batizados? A resposta seria: a vida toda! Na sua Carta Pastoral para este ano, o nosso Bispo dá o mote: “Anunciar o Evangelho é a vocação própria da Igreja”. Não há outro jeito, anunciar o Evangelho é uma “obrigação” de todo o cristão. Não há cristão que não esteja comprometido com a missão, isto é, com o anúncio do Evangelho. Somos discípulos missionários.

Em vésperas do Dia Mundial das Missões, a Diocese de Lamego, através da CEFÉCULT (Centro de Estudos Fé e Cultura), organiza uma conferência com D. António Couto, para esta sexta-feira, subordinada ao tema “Todo o cristão tem uma missão, todo o cristão é uma missão”.

No último ano pastoral, a acentuação foi colocada na caridade, como rosto indelével da Igreja. É uma acentuação inclusiva. A caridade leva-nos a anunciar Jesus e a libertação que Ele nos traz. E vice-versa, o anúncio do Evangelho agrafa a caridade, o serviço ao outro.

Queremos uma Igreja em saída, dessedentada, em busca das ovelhas dispersas e perdidas, uma Igreja que segue o Seu Senhor, que veio precisamente para aquelas multidões que eram como ovelhas sem pastor, para as reunir e congregar. É o mandato de Jesus: Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura.

Voltando-se mais para a Igreja, em três anos sucessivos, a Diocese não deixará de ser anunciada e rezada em prisma missionário, pois é a única forma de ser Igreja. É chamada e enviada em missão, aos de dentro, mobilizando-os e convertendo-os, e aos de fora, testemunhando a alegria do encontro com Jesus. Não em lógica prosélita, mas em dinâmica de desafio, interpelação, por atração! A todos, em todo o tempo, em toda a parte, a todas as pessoas.

Então é sempre a mesma coisa? Claro que não. É sempre a novidade de Jesus, do Seu Evangelho, da Sua vida como dom, vida oferecida e partilhada, e elevada. Quando os e-namorados repetem milhentas vezes “eu amo-te”, nunca é repetição, é sempre novo, é sempre música para os ouvidos e para o coração da pessoa amada. Preciso de ti! Vai correr tudo bem! Acredita em ti. Porquê dizer a mesma coisa, porquê a necessidade de ouvir o mesmo todos os dias ou várias vezes ao dia? Não bastava uma vez para sempre! E a Mãe ao dizer ao filho, a toda a hora, o quanto gosta dele, será uma repetição enfadonha?! Claro que não, a Mãe sente-o e precisa de o exprimir e o filho pode até achar de mais, mas ganha confiança, autoestima, sabe que pode sempre regressar aos braços e ao colo da mãe.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 88/43, n.º 4481, 16 de outubro de 2018

Falecimento da Mãe do Pe. Carlos Carvalho

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Senhor da vida e da morte, Deus chamou à Sua presença a Sra. D. Ermelinda de Jesus Rodrigues, Mãe do reverendo Pe. Carlos Manuel Rodrigues de Carvalho, Pároco de Antas (São Miguel), de Aveloso (Nossa Senhora do Pranto), da Beselga (Santa Cruz), de Ourozinho (Senhora da Assunção), de Prova (São João Baptista), de Seixo (Santa Maria Madalena) e de Sernancelhe (São João Baptista).

O Senhor Bispo de Lamego, D. António Couto, em nome do Presbitério de Lamego que encabeça e da Diocese de Lamego a que preside no pastoreio, manifesta a comunhão com o reverendo Padre Carlos e com os restantes familiares e amigos, confiando a D. Ermelinda à misericórdia benevolente de Deus Pai.

O funeral realizar-se-á no sábado, 13 de outubro, pelas 10h30, na Igreja Paroquial do Souto.

Unimo-nos em oração ao Pe. Carlos e, com  fé na ressurreição, confiamo-la a Deus na eternidade.

Abertura do ano catequético na Paróquia de Almacave

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Dado que, no final do ano não foi possível realizar a já habitual festa de Encerramento da Catequese Paroquial de Almacave, fez-se a opção de iniciar o ano catequético de 2018/2019, em festa com o convívio de toda a Comunidade de Almacave que se quis associar a este evento que decorreu no Parque Isidoro Guedes, no dia 6 de Outubro.

Foram centenas as crianças, as famílias e muitos lamecenses que estiveram presentes, tendo mesmo os Lobitos do acampamento LOBIDOURO estado presentes e participado na festa.

Se a Igreja deve ser alegria e, mais ainda, alegria do anúncio, neste Ano Missionário 2019, foi grato ver o espírito que ali reinava através de diversas atividades lúdicas da empresa Canários Infantis, que a todos foi atendendo com muito profissionalismo e carinho.

Na continuação, no Domingo dia 7 de outubro, decorreu a Eucaristia da receção aos catequizandos do 1º ano, com uma parte da totalidade dos inscritos. Muitas foram as famílias que os acompanharam e que depois estiveram presentes na reunião que se realizou no Centro Paroquial de Almacave onde, além dos diversos avisos, os catequizandos e as suas famílias tiveram oportunidade de conhecer as catequistas que os irão orientar, o espaço e as salas em que os seus filhos terão a sua catequese de iniciação.

O Coro de Pais e Filhos de Almacave continua a saga da sua missão acolhendo todos os familiares que se pretendam juntar e esperam continuar a fazer a animação da Eucaristia dominical das 10 horas, realizando-se os seus ensaios pelas 11 horas, no mesmo espaço e tempo em que os seus filhos se encontram, na Catequese.

Que Santa Maria Maior de Almacave abençoe o nosso Ano Catequético e ilumine a nossa Paróquia neste Caminho de Missão

Isolina Guerra, in Voz de Lamego, ano 88/43, n.º 4480, 9 de outubro de 2018

Editorial Voz de Lamego – A salvação não se nega a ninguém

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Expressão popular que sublinha a ligação mínima entre as pessoas quando a relação, mais próxima, mais pessoal, mais familiar, se quebrou. O vínculo de confiança e cumplicidade foi quebrado, mas não o que está na base da convivência social, humana e cristã.

Nas nossas aldeias, nas pessoas de mais idade, existe esta prática, esta consciência que “Bom dia” ou “Boa tarde” é o mínimo para uma pessoa decente, para uma pessoa de bem. O outro pode até não responder, fazer de conta, virar a cara para o lado, responder torto, dizer algum palavrão, mas a minha consciência leva-me a cumprimentá-la de qualquer jeito, mesmo que continue a desejar-me mal. E logo se acrescenta que essa é uma atitude cristã. O cristão não pode andar de costas voltadas para o outro.

Num primeiro momento, muitas vezes, é difícil cumprimentar o outro, ainda que a correr!

“Não lhe falo, não fala para mim, mas dou-lhe sempre a salvação, a salvação não se nega a ninguém. Primeiro não me respondia, agora já vai respondendo. Mas mesmo que não me respondesse, continuava a dar-lhes a salvação. Nós não somos animais. Temos contas a dar a Deus e Deus não quer que andemos de candeias às avessas. Claro que não seremos amigos, pelo menos como dantes. O que ela me fez não se faz a ninguém, nem ao pior inimigo! Mexer com a minha família, com o meu bom nome, isso é que não, mas não lhe quero mal, desejo para ela o que desejo para mim e para os meus. E se a visse numa valeta não deixaria de lhe deitar a mão. Não, nem pensar. Deus me livre! Seria o/a primeiro/a ajudar. Afinal, somos cristãos, somos irmãos. Foi isso que aprendi na doutrina. Foi isso que os meus pais sempre me ensinaram. Ajudar, fazer o bem sem olhar a quem e dar sempre a salvação. A salvação, a salvação não se nega a ninguém, a ninguém, mesmo que custe e que tenhamos que engolir em seco!”.

O estilo de Jesus vai ainda mais longe. Perdoar 70×7, perdoar sempre. Procurar reconciliar-se com quem nos fez mal e não apenas a quem fizemos mal. Perdoar é divino. Há quem diga que Jesus, na Cruz, teve essa dificuldade e por isso pede ao Pai que lhes perdoe, pois não sabem o que fazem”! Ele por agora ainda não consegue perdoar-lhes! Do Papa Francisco um apelo semelhante: se não conseguires ainda perdoar a tal pessoa, reza por ela, para que aos poucos Deus dilate o teu coração.

Uns dias depois do início do novo ano pastoral… se a salvação não se nega a ninguém, então o compromisso (obrigatório) de levarmos a salvação a toda a gente!

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 88/43, n.º 4480, 9 de outubro de 2018

Encontro de Cuidadores – Cuidar com dignidade

No passado dia 29 de Setembro, tal como foi anunciado no artigo anterior foi promovido o Encontro de Cuidadores, intitulado por “Cuidar com Dignidade” no auditório do Centro Paroquial de Almacave, com início às 9h30. O Sr. Padre José Fernando, responsável pela Pastoral da Saúde da Diocese de Lamego e também promotor deste Encontro, fez a respetiva apresentação dos oradores. O Sr. Bispo D. António Couto fez uma breve nota introdutória ao tema e ainda parabenizou o Centro Social Filhas de São Camilo pelos 25 anos de existência na Diocese de Lamego, pela assistência humana realizada aos utentes da mesma, sempre com o espírito de São Camilo.

O encontro contou como moderador o Sr. Doutor António Jácomo, sacerdote da Diocese de Viana do Castelo, Doutorado em Filosofia e Letras, investigador do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa, o mesmo fez o enquadramento geral dos temas a tratar no encontro, expondo vários conceitos ligados ao cuidar do sofrimento com arte.

De seguida tomou a palavra a Doutora Eugénia Magalhães, Psicóloga e Presidente do Instituto de Estudos Avançados Catolicismo e Globalização, nomeando alguns conceitos e princípios do envelhecimento positivo. Envelhece-se logo quando se nasce, não se trata de uma doença, pois há idosos cheios de esperança e com vivência espiritual. A oradora alertou para o facto de que se deve ter sempre em conta a história de vida do idoso, bem como a importância de o cuidador amar, pois só dessa forma conseguirá ser um bom cuidador. Ler mais…

Editorial Voz de Lamego: Somos insubstituíveis…

Ninguém é insubstituível. De insubstituíveis está o cemitério cheio!

Hoje, porém, gostava de refletir convosco outra máxima, que não contradiz a anterior, mas ajuda-nos a perceber que cada um de nós é parte essencial para a transformação da sociedade e da Igreja: ninguém é substituível. Somos insubstituíveis!

De um ponto de vista de tarefas, numa empresa, num grupo escolar, na Igreja, nos diversos grupos eclesiais, as pessoas são, até certo ponto, substituíveis. O equívoco é quando alguém se coloca numa perspetiva de sobranceria, endeusando-se. Se não for eu, ninguém faz e, se alguém faz, faz mal, não fica nada de jeito. Eu é que sei. Ora, isto não se verifica e o tempo ajuda a clarificar, pois surgirá alguém que faz com mais esmero e mais beleza. Todos conhecemos exemplos concretos. Alguém imprescindível numa comunidade, fazendo-se esperar, para que todos percebam que nada se faz sem ele. Por birra, ou para verificar a sua tese, deixou e as coisas não deixaram de se fazer. É quase como numa equipa de futebol, lesiona-se um jogador e outro aproveita a oportunidade para brilhar.

Mas onde é que somos insubstituíveis? Como pessoas, não há ninguém igual a nós. Somos únicos e irrepetíveis e, portanto, insubstituíveis. De um ponto de vista cristão, somos imagem e semelhança de Deus. Cada um de nós. Eu e tu. Em nenhuma circunstância somos redutíveis a outro. Ainda que vivêssemos apenas uns segundos, a nossa vida não seria em vão, uns segundos e já teríamos cumprido a vontade de Deus, deixando marcas em alguém!

Num momento em que a Diocese embarca num novo ano pastoral é tempo de renovarmos a nossa esperança, a nossa alegria, o nosso compromisso e tornarmo-nos imprescindíveis, não para tirarmos o lugar a alguém, não por acharmos que sem nós não há caminho, mas na certeza que Deus nos chama, que Cristo conta connosco. E cada um de nós pode fazer a diferença. O que eu não fizer, alguém o fará. Mas se eu o fizer vou pôr em andamento a minha identidade cristã. Todos somos necessários. Em Igreja, ninguém está a mais, mesmo que, aqui e além, a engrenagem esteja enferrujada, porque alguém se coloca à parte ou acima, emperre para se fazer notar mais um pouco! Em Igreja somos sempre poucos. Havendo alguém que não está, que não ajuda, que não esbanja os seus talentos a favor de todos, estaremos, inevitavelmente em défice, pois Deus conta com todos, comigo e contigo!

Não somos substituíveis uns pelos outros. Precisamos de todos. Precisamos uns dos outros. Não podemos chegar a casa do Pai deixando um irmão para trás. O nosso pai não é Jacob, é o próprio Deus!

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 88/42, n.º 4479, 2 de outubro de 2018