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JUBILEU DA MISERICÓRDIA | CÁRITAS
A palavra “caritas” não é estranha à maior parte das pessoas, mesmo daquelas que não estão familiarizadas com o vocabulário eclesial. Porque associam a palavra a campanhas de solidariedade e porque, desde há muito, dizer “caritas” é sinónimo de ajuda concedida.
A Cáritas é uma das mais amplas redes humanitárias do mundo e conta, actualmente, com 162 membros em 201 países. No caso de Portugal, existem 20 Cáritas Diocesanas em todo o nosso território, incluindo Açores e Madeira.
A primeira organização Cáritas nasceu na Alemanha, em 1897, mas só em 1928 se forma a “Caritas Catholica”, cujo ritmo é perturbado pela II Guerra Mundial (1939-1945). E é só no ano de 1951 que treze países, incluindo Portugal, se associam e criam a Cáritas Internacional com missão de trabalhar para construir um mundo melhor, especialmente para os pobres e excluídos e procurando dar resposta a situações de emergência resultantes de catástrofes naturais ou de calamidades públicas.
A Cáritas portuguesa foi criada depois da II Guerra Mundial e teve como primeira actividade o acolhimento de crianças refugiadas. A par dessa missão, e até 1975, participou na distribuição de géneros alimentares enviados por outros países.
Após a revolução de Abril, a Cáritas procurou participar na promoção social, na criação de emprego, na criação de equipamentos sociais, na formação de agentes e na intervenção junto dos centros de decisão.
Actualmente, a Cáritas vive uma fase de consolidação da autonomia das Cáritas diocesanas, procura contribuir para o aparecimento de grupos de acção social nas paróquias e vai-se integrando na pastoral social da Igreja. Recentemente, a Cáritas Portuguesa, que é membro da Cáritas Europa, assumiu a estrutura de Organização Não Governamental de Desenvolvimento (ONGD).
A Cáritas apresenta-se como serviço da Igreja para a realização da acção caritativa e social do povo de Deus e como instrumento da comunidade para realizar com eficácia a dimensão da partilha. Encarrega-se de que esta acção caritativa seja organizada e tem, ainda, como tarefa o desenvolvimento da acção social, a coordenação e animação das iniciativas de colaboradores e de voluntários e a promoção da solidariedade com outros povos.
A comunicação social faz referências, muitas vezes, a acções e propostas da Cáritas nacional, bem como a alguns números e estudos que vai divulgando.
A Cáritas Diocesana de Lamego, a que preside uma Direcção nomeada pelo bispo diocesano, tem a sua sede no antigo Centro Apostólico, no Largo dos Loureiros, Lamego, onde se atende quem procura ajuda. Mas, embora localizada em Lamego, a Cáritas Diocesana está ao serviço das 223 paróquias da diocese. A articulação ou presença em todas elas pode não ser fácil ou possível, mas através dos párocos ou de grupos paroquiais, a Cáritas Diocesana existe para toda a diocese. Não apenas pelos bens que possa partilhar, mas também pela informação prestada e pela formação proporcionada.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
Celebração do Crisma em Ervedosa do Douro – 2006
Passaram já três anos, desde a última visita Crismal, Ervedosa Douro, novamente em clima de Festa com trinta e um jovens que ao longo de dois anos de caminhada se prepararam para receberem o sacramento do Crisma, das mãos de D. António Couto, Bispo da nossa Diocese.
Com estes jovens estiveram também alguns dos adultos, que quiseram dar mais este passo na confirmação da sua fé e da sua pertença à Igreja.
Todos receberam o impulso para a missão, na liberdade e na coragem.
Ficou um forte apelo aos crismados: que sentissem o Crisma como início de uma nova etapa das suas vidas, e não um fim, ao serviço da Igreja e do mundo, da unidade e da paz; que fossem sensíveis ao chamamento de Deus, incluindo o chamamento para a consagração por inteiro ao serviço da Igreja.
“Não acredito que o Espírito Santo que chamou os Apóstolos e, ao longo dos séculos, tantos e tantas à consagração total ao Evangelho, não continue hoje a chamar.
Parabéns a toda a comunidade e de um modo especial aos crismados…
Cristo espera e conta com todos vós.
Pe. Luís Seixeira, in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
TAIZÉ, UM OÁSIS DE PAZ E MISERICÓRDIA
Em Taizé, tal como se acolhem jovens com idades entre os 15 e os 29 anos, também é possível acolher adultos com mais de 30 anos de idade. Contudo, devido ao grande número de jovens e às condições muito simples de acolhimento que são oferecidas,
os adultos podem participar individualmente ou como casal, levando os seus filhos, ou então em pequenos grupos organizados com o máximo de 7 pessoas. Neste ano em que se celebra a XXXI Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia (Polónia), e pelo facto de um grupo dos nossos jovens participar neste grade acontecimento jubilar para a juventude de todo o mundo, a Paróquia de Almacave organizou a peregrinação anual a Taizé de 31 de julho a 7 de agosto apenas com um grupo de adultos da comunidade paroquial.
Porquê esta aventura de peregrinar até Taizé?
Ir a Taizé é ser acolhido por uma comunidade ecuménica marcada por duas aspirações: avançar numa vida de comunhão com Deus através da oração e assumir a responsabilidade de ser fermento de paz, de confiança e de misericórdia no nosso meio e no mundo em que vivemos. Em Taizé, a oração comunitária, os cânticos, o silêncio e a meditação pessoal podem ajudar a redescobrir e aprofundar a presença de Deus na nossa vida e a encontrar uma paz interior, uma nova razão de viver ou de acreditar profundamente que é possível, um dia, tornar o nosso mundo mais fraterno, sem medos e mais belo para os outros, tal como o sonhou o Irmão Roger, fundador desta comunidade Ecuménica.
Estar em Taizé é fazer a experiência de uma vida simples e pobre, partilhada com os outros sem preconceitos sociais. A partir daqui, esquecemos um mundo repleto de stress, futilidades e de temores, e encontramos uma comunidade que nos transmite uma paz espiritual difícil de antever. Estar em Taizé é estar num mundo à parte, sem isolamentos. As pessoas que encontramos, sejam de outros países, de outras culturas ou de diferentes confissões religiosas conseguem sempre transmitir alegria, tranquilidade, esperança, fé, paz e simplicidade. Ao contrário do que seria de esperar, a vida em Taizé não é monótona: as orações comunitárias três vezes ao dia são indispensáveis, as reflexões da palavra são enriquecedoras e o trabalho de voluntariado tem sempre a marca do servir o outro. Regressamos sempre à nossa Paróquia com vontade de sermos semeadores da paz e da simplicidade que ali vivemos e recebemos. Mas também com um desejo enorme de voltar a beber da Fonte da Vida que jorra em Taizé.
FS, in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
Passeio Paroquial Vila Nova de Paiva e Fráguas – 2016
A viagem decorreu com a normalidade característica destas viagens. Os dois autocarros encontraram-se junto ao restaurante «As Cubatas» junto a Albergaria-a-Velha para uma primeira paragem de descanso, café… e seguimos para o parque eo pequeno Santuário de La Salette, obra de há cerca de um século.
Mas este santuário é a sequência deu ma pequena capela construída em 1870 no mesmo local devido à interpretação como milagre, de uma chuvada, em Julho, no decorrer de uma procissão pedindo chuva. Só depois, devido à popularidade do culto na capelinha se construiu esta capela-santuário de que admirámos sobretudo as linhas góticas, os vitrais e a rosácea. Os vitrais, vistos do interior, são uma pequena maravilha.
À volta, ladeando a capela, um parque bem espaçoso em que não falta um lago com barquitos, patos, peixes… mesas de pedra, árvores exóticas e as apetecidas sombras neste tórrido mês de Julho.
Esperou-se que o santuário ficasse livre para que, pelas 12h30, fosse celebrada, pelo nosso pároco, a solene missa dominical.
Já as barrigas davam horas, o almoço soube a pouco. É a parte mais interessante, segundo muitos. À volta da mesa conversa-se, partilham-se as iguarias dos farnéis cuidadosamente embalados e trazidos. É este convívio que torna estas viagens mais interessantes aproximando as pessoas. Alguém dizia mesmo que, sem a partilha do farnel, o passeio paroquial quase não teria sentido. E isto leva o seu tempo! É que um lanche assim partilhado quer-se bem saboreado!
Daí que no trajecto seguinte, em direcção ao Mosteiro de Arouca, não faltasse quem cambaleasse embalado pelos solavancos do autocarro. Paragem rápida com visita à igreja convidando a uma visita mais demorada sobretudo ao museu de arte sacra.
A subida pachorrenta até à capela de Nossa Senhora da Mó fez calafrios a alguns pelos precipícios que rodeavam a estrada íngreme. De beleza medieval, nela se encontra pequena imagem, pensa-se que do século XVI, devidamente resguardada. Saliente-se aqui, tal como no Santuário de La Salette, a vista panorâmica.
E a viagem assumiria, a partir daqui, com um sentido mais apaixonado. Dividiam-se as opiniões. Enquanto uns achavam melhor continuar o convívio abrindo de novo os farnéis, o melhor da festa, outros já só pensavam em ver a final do Europeu 2016. Depois de várias tentativas de aparcamento não se descobriu um lugar apetecível e, depois de olharmos para os Passadiços do Paiva convidando a uma visita, acabámos por chegar ao destino bem a tempo de ver na TV o Portugal-França, a final do Europeu de Futebol.
Manuel Proença, in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
Passeio Anual da Freguesia de Samodães
Realizou-se no passado sábado, dia 16 deste mês de Julho o tradicional passeio da freguesia que este ano nos levou até ao Santuário de Nossa Senhora da Penha de França situado na província de Salamanca- Espanha.
Pelas 7 horas de uma bela manhã solarenga iniciamos a nossa viagem com um forte espírito de boa disposição e curiosidade em conhecer o destino escolhido pela Junta de Freguesia, organizadora deste passeio.
Acompanhou-nos o nosso querido pároco – Padre Victor, que durante o percurso nos foi dando algumas explicações sobre os lugares a visitar, alternando a sua presença nos dois autocarros.
Como nos esperava um dia longo e árduo, recheado de visitas e caminhadas, tivemos de, bem cedo, começar a carregar baterias para superar todos estes desafios. Não havia fastio, as arcas de alguns abriram-se e deixaram no ar um agradável aroma testemunho de um apetitoso farnel. Outros, não dispensaram o Snack e o delicioso cafezinho da manhã, aquele que seria o último em terras portuguesas. Ler mais…
D. António Couto em Visita Pastoral em Ferreirim e Macieira
Entre os dias 21 e 24 de Julho, o Sr. Bispo D. António Couto, brindou com a sua presença as Paróquias de Ferreirim e Macieira (Sernancelhe). Foi com alegria que estas duas Paróquias, presididas pelo Sr. Padre Diamantino Duarte, receberam de coração aberto e humildemente tão nobre Senhor.
A visita pastoral teve início na Paróquia de Santo Estevão – Ferreirim, na quinta-feira. O programa iniciou com a visita às empresas da localidade e ao Lar do Sagrado Coração de Maria. Nesta IPSS, onde foi recebido em união e amor, visitou as instalações, almoçou e dirigiu algumas palavras de conforto aos utentes. Ao fim da tarde reuniu com os corpos gerentes desta instituição e com a Comissão Fabriqueira, terminando o dia num jantar com a presença destes, da Junta de Freguesia e da Direção da Banda Musical. Houve ainda uma reunião com os crismandos.
Já na sexta, ainda na Paróquia de Ferreirim, o Sr. Bispo visitou a Igreja de Paroquial, as capelas do Mártir São Sebastião, Nossa Sra. da Consolação e de Santa Barbara, e o cemitério. Visitou também a sede da Banda Musical 81 onde foi presenteado com uma pequena demonstração do que é o trabalho desta Banda Musical. Reuniu ainda com a Junta de Freguesia e terminou o dia num lanche convívio com a comunidade no recinto de Nossa Senhora da Consolação. Ler mais…
Jornadas Mundiais da Juventude – 2016
Para os mais atentos e que ouvem dizer que os nossos jovens já estão nas JMJ pode ficar a dúvida: mas que estão eles a fazer na Polónia, se as JMJ só começam dia 26?
E os jovens já foram há mais de uma semana! Pois é! São as pré-jornadas Consideradas um período de preparação, adicional aos retiros e preparações que já cá tiveram, os jovens vão mais cedo para terem oportunidade de conviver com comunidades cristãs com as quais se combinou previamente o seu acolhimento e atividades a realizar, essencialmente religiosas e solidárias, e para poderem trocar experiências de vivência cristã, aprendendo e ensinando, e, em particular no caso das comunidades emigrantes de portugueses, levando muita , muita alegria, daquela boa, falada em português!
Antes da Polónia, a travessia de França permitiu a dois grupos, que foram em datas diferentes, contactarem com as comunidades de Compiégne (o primeiro grupo) e Lyon (o segundo grupo), tendo em ambos os casos sido recebidos pelas comunidades católicas portuguesas com alojamento, refeição, missa e vigília, tudo acompanhado de muito carinho e alegria de parte a parte.
Na Polónia, o acolhimento foi feito na diocese de Katowice, cuja comunidade disponibilizou acolhimento familiar, dando oportunidade aos jovens de contactarem mais de perto com a realidade diária da vida de uma família católica polaca. Além das actividades que cada família levava a cabo com os jovens que tão generosamente recebeu, as atividades comuns incluíam as habituais da diocese (mais intensas no final de semana) e a realização de uma peregrinação a pé a um santuário mariano situado no meio de uma verdejante floresta; houve também tempo para visitar o campo de concentração de Aushswitz, com oração e reflexão.
Algumas actividades foram partilhadas com peregrinos alemães que também se encontram en Katowice. Foi com emoção que os jovens se aperceberam do carinho do povo polaco por Nossa Senhora de Fátima, de quem o Papa polaco João Paulo II era muito devoto.
Esperamos que no regresso alguns destes jovens queiram dar o seu testemunho para os nossos leitores, pois certamente trazem muitas e diferentes experiências para contar.
A abertura oficial das JMJ realizar-se-á com a Santa Missa na terça feira, sendo posteriormente as manhãs ocupadas com catequese, este ano a cargo da nossa diocese ( para o setor português), e as tardes com atividades variadas, que vão desde o acolhimento ao Santo Padre (quarta e quinta), via- -sacra (sexta), vigília (sábado) e, finalmente, a Missa de Envio no domingo, com saída de Cracóvia ao final da tarde.
No regresso, os jovens irão ainda ser recebidos em Paris pela Congregação do Espírito Santo, na sua Casa Mãe. Na Sé, continuamos a rezar pelo bom sucesso desta peregrinação, diariamente, na missa das 6 e meia.
I.M., in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
ESTRADA – CAMINHO | Editorial Voz de Lamego | 26 de julho de 2016
A edição da Voz de Lamego destaca, como entrada, a abertura do Vale do Varosa, inserida na Rede de Monumentos, e à participação dos jovens da Diocese de Lamego nas JMJ 2016, Mas muitos outros motivos para ler o Jornal da Diocese, com reflexões, artigos de opinião, com notícias da diocese e da região. Destaque para os passeios paroquiais, para a celebração do Crisma em Ervedosa do Douro, para a Visita Pastoral de D. António Couto em Ferreirim e Macieira, na Zona Pastoral de Sernancelhe. Ma iniciemos o nosso caminho pelo Editorial do nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio:
ESTRADA – CAMINHO
A mais recente revista “Cáritas” traz-nos uma entrevista à escritora portuguesa Lídia Jorge. Numa das respostas, a propósito de uma sua peça de teatro, em que dois jovens assumem protagonismo, a escritora afirma que “os jovens são naturalmente migrantes e nómadas, através de estradas muito largas, mas não conseguem encontrar caminho”.
A afirmação pode aplicar-se a tantos jovens que, apesar da formação adquirida e da informação disponível, nem sempre conseguem ter, profissionalmente, a sua vez nesta sociedade competitiva e veloz.
Mas a afirmação também pode levar-nos a pensar na imensidão de possibilidades (estrada larga) e na realização pessoal (caminho). Isto é, assumir-se migrante e nómada pode não ser suficiente. Porque, mais importante do que a largura da estrada, é encontrar o caminho. E este pode ser mais estreito, apresentar curvas, ser exigente…
A experiência, a observação ou as notícias mostram-nos que, nas estradas largas, transitam pessoas cheias de capacidades, com percursos conseguidos, sem grandes privações, apoiados nas suas opções… Mas não é invisível, em muitos, um certo descontentamento e insatisfação reveladores de algum vazio e causas de uma alegria ausente.
Por outro lado, todos os dias há pessoas que surpreendem pela opção tomada e pelo caminho seguido, demonstrando vontade e decisão. Talvez lhes fosse mais fácil e cómodo continuar na estrada larga, mas sentem que só a escolha do caminho os realizará.
A vida concede oportunidades para repensar a via percorrida, proporcionando meios e ocasiões para reajustes, os tais pormenores que podem fazer a diferença.
E, apesar das ajudas e contributos possíveis, cabe a cada um a responsabilidade de encontrar o caminho no meio da estrada larga.
No final, o importante até nem será a distância que se percorreu, mas a intensidade com que se caminhou.
in Voz de Lamego, ano 86/37, n.º 4373, 26 de julho de 2016
Sacerdotes da Diocese no XI CLERICUS CUP
Nos dias 4,5 e 6 de Julho realizou – se a XI Clericus Cup, organizada pela Diocese da Guarda, na Vila de Penamacor. Em competição estavam 8 equipas, representativas de várias Dioceses Portuguesas.
A Diocese de Lamego assinalou a sua presença, sendo representada pelos Padres Amadeu Castro, José Filipe, Luís António, Tiago Cardoso, Jorge Henrique, Ricardo Barroco. Os Sacerdotes relembraram o elemento da equipa e irmão Padre Manuel João, para o qual Deus tinha outra agenda, parafraseando as palavras do Sr. Bispo da diocese da Guarda, D. Manuel Felício, na Eucaristia.
Mais importante que a classificação obtida, é a amizade e fraternidade que se solidifica entre os participantes, realçando a união e o convívio sadio entre os padres.
A XI Clericus Cup foi vencida pela Diocese de Viana do Castelo!
Pe. Filipe Pereira, in Voz de Lamego, ano 86/36, n.º 4372, 19 de julho de 2016
JUBILEU DA MISERICÓRDIA: Santas Casas da Misericórdia
Como o próprio nome indica, estamos diante de um edifício humano com portas abertas para acolher e cuidar e que, por causa do bem praticado, recebeu a denominação de “Santa Casa”.
Na nossa diocese existem Santas Casas da Misericórdia em, praticamente, todas as sedes de concelho e são sinónimo de instituição particular de solidariedade social. A maior ou menor dimensão de cada uma, bem como a visibilidade onde existe e intervém virão dos serviços prestados, do património gerido, dos locais de trabalho criados, da participação na vida local… Algumas já contam centenas de anos e outras apenas algumas dezenas. Mas sempre com o mesmo objectivo: contribuir para o bem comum.
A instituição remonta à fundação, em 1498, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por frei Miguel Contreiras, com o apoio da rainha D. Leonor. A instituição surgiu da remodelação da Confraria de Caridade Nossa Senhora da Piedade, destinada a enterrar os mortos, visitar os presos, acompanhar os condenados. Curiosamente, tal fundação acontece no mesmo ano em que Vasco da Gama chegou à Índia. Se este contribui para dar “novos mundos ao mundo”, a Santa Casa visava apoiar a vida num mundo nem sempre justo e atento.
A Rainha D. Leonor, viúva de D. João II, dedicou-se aos doentes, pobres, órfãos, prisioneiros e artistas, e patrocinou a fundação da Santa Casa, instituindo aquilo que hoje se diria ser a primeira ONG (Organização Não Governamental). A criação de Santas Casas por todo o reino constituiu o principal instrumento de acção social da coroa portuguesa, tornando-se, em muitas regiões, sinónimo de amparo, cuidados, casa aberta para cuidar da saúde ou para abrigo e asilo, cuja inspiração se encontra nas Obras de Misericórdia.
Em 1975, as Misericórdias foram espoliadas de um dos eixos principais da sua actividade, a hospitalar. Mas a vida continuou e a adaptação foi acontecendo, chegando-se a um modelo de cooperação que permite o seu contributo para aquilo que se designa por “Estado social”. De acordo com dados existentes, as Misericórdias, em Portugal, apoiam directa e diariamente, cerca de 150.000 pessoas através de serviços vários que abrangem crianças, jovens, idosos, pessoas portadoras de deficiência, vítimas de violência e maus tratos, etc.
A Santa Casa de Misericórdia é uma Irmandade que tem como missão o serviço das catorze obras de misericórdia que surgiu para suprir lacunas. É verdade que alguns dos nossos políticos nem sempre convivem pacificamente com isto, mas a verdade é que tais estruturas se mantêm porque são úteis e necessárias.
As Misericórdias são de erecção canónica (criadas por Decreto do Bispo diocesano), com excepção da de Lisboa, a única estatal.
Importa também deixar uma palavra a todos quantos se esforçam por gerir de forma eficiente tais instituições, promovendo a prática das Obras de Misericórdia e tudo fazendo para que continuem no tempo a cumprir a missão que lhes deu origem.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/36, n.º 4372, 19 de julho de 2016