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Celebração do Crisma na Zona Pastoral de Penedono
No dia 23 de maio, na vigília da solenidade do Pentecostes, o Bispo de Lamego – D. António Couto, conferiu o sacramento do Crisma na igreja matriz de São Pedro de Penedono a 78 jovens. Esta celebração reuniu jovens da zona pastoral de Penedono das seguintes paróquias: Antas, Aveloso, Beselga, Granja, Penedono, Penela da Beira, Póvoa de Penela, Prova, Seixo e Souto. Foi a primeira vez, que nesta zona pastoral se realizou o sacramento do crisma em união de paróquias.
D. António Couto, apelou aos jovens crismandos a deixarem-se abanar pelo vento do Espírito Santo a exemplo dos apóstolos no dia do Pentecostes e a terem a esperança tal como os israelitas em Tel Aviv.
Esta experiência de união paroquial, vivida pela recepção do sacramento do crisma, congregou algumas centenas de cristãos para a realidade da comunhão eclesial interparoquial.
Pe. Luciano Moreira, in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
D. ÓSCAR ROMERO | Igreja beatifica arcebispo assassinado
No passado sábado, em Roma, o Papa Francisco presidiu à cerimónia de beatificação de Óscar Romero, o arcebispo de S. Salvador, capital de El Salvador, América Latina, assassinado no dia 24 de Março de 1980, enquanto celebrava a eucaristia. Uma beatificação desejada por muitos e adiada durante ano, mas que o Papa Francisco agora concretizou.
A beatificação significa o reconhecimento de alguém como fiel testemunha (é este o sentido da palavra “mártir”) da vida e da mensagem de Jesus Cristo. Um reconhecimento em duas etapas principais: a beatificação que reconhece bem-aventurado, uma felicidade que vem da vontade de viver segundo os Evangelhos, e a canonização, a plena aceitação da santidade e a sua apresentação definitiva como modelo a seguir para os cristãos da nossa época.
Mais uma etapa
Sobre a figura deste bispo martirizado muito se escreveu já. Mas, na proximidade da sua beatificação, apareceu nas bancas mais um livro: “”Óscar Romero. O amor deve triunfar”, de Kevin Clarke, das Paulinas, cuja leitura nos permite conhecer melhor a vida deste bispo, bem como as circunstâncias em que a sua vida se desenrolou e a sua morte aconteceu.
Em El Salvador, a causa da sua beatificação foi aberta em 1993, mas a ortodoxia e a lealdade de Romero à Igreja só seriam “confirmadas” em Julho de 2005. Trinta e cinco anos após o seu assassinato, os devotos de “San Romero” estão mais perto de o ver nos altares.
Às possíveis causas para tanta demora não serão estranhas algumas reticências levantadas por aqueles que sempre tiveram dúvidas sobre a ortodoxia de teologia da libertação, questionando se não existiriam motivações políticas associadas a motivações espirituais. Uma confusão que se desfaz quando se conhece a realidade em que tal teologia nasceu e se desenvolveu e quando são dadas oportunidades aos seus interlocutores para se explicarem. O que sucedeu com o actual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que, enquanto professor, passou algumas férias no Peru e se tornou grande amigo e admirador de Gustavo Gutiérrez, considerado o “pai” da teologia de libertação.
Um testemunho
Precisamente, este peruano e actualmente dominicano G. Gutiérrez, deu o seu testemunho a propósito da beatificação de Oscar Romero, a quem o povo rapidamente canonizou e a quem o bispo Pedro Casaldáliga proclamou de imediato “San Romero da América Latina”.
No texto escrito, G. Gutiérrez diz que Romero “não procurou o martírio. Encontrou-o no caminho da sua fidelidade ao compromisso para com Jesus Cristo”. Apesar de avisado do risco que corria, escolheu não abandonar o seu povo. E até no dia do seu funeral houve distúrbios e mortes de inocentes e só algumas horas depois, quase às escondidas, o seu corpo foi sepultado na catedral.
Para este dominicano, O. Romero foi, antes de mais, um pregador atento e meticuloso que escrevia as suas homilias, cuja “voz era ouvida em todo o país”. E na sua pregação “reclamava uma sociedade justa, respeitadora de todos os cidadãos, porque só assim, segundo a Bíblia, poderia haver paz. A sua pregação continha, para lá disso, uma insistência no que respeita aos direitos dos pobres e dos oprimidos, como o fazia Jesus”. Uma perspectiva com a frescura do evangelho, mas que se revelou cara. Com efeito, “a morte do arcebispo foi resultado de um assassinato, crime provocado pela sua atitude firme de pastor que não se calou diante do mau tratamento imposto ao seu povo, vítima de injustiças e mentiras quotidianas”.
Óscar Romero não se escondeu do perigo nem pintou a realidade de tons neutros. O próprio afirmava: “Seria muito fácil ser servidor da palavra sem incomodar ninguém, uma palavra muito espiritual, uma palavra sem compromisso com a história, uma palavra que pode ecoar em qualquer parte do mundo, mas que não seria de nenhuma parte do mundo”.
O bispo martirizado escolheu ser o pastor próximo do seu povo e a sua palavra quis incarnar o Evangelho na vida do povo e de todos. O seu testemunho permanece vivo e o seu exemplo continua, certamente, a ser seguido por muitos onde a Boa Nova se faz vida e onde a vida dos mais fracos é defendida.
JD, in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
Falecimento do Pai do Mons. José Guedes
Deus, nosso Pai, rico em misericórdia, chamou a Si o Pai do Monsenhor José Guedes.
O Senhor Bispo, D. António Couto, celebrará Missa de sufrágio pelo Senhor Manuel Guedes, no dia 11 de junho, na Sé Catedral de Lamego, pelas 15h30.
Ao reverendo Pe. José Guedes as condolências do presbitério de Lamego, sob presidência do nosso Bispo, e certamente das comunidades que serviu e que serve, mormente a Paróquia de Santa Maria de Almacave, na cidade de Lamego. Que a nossa oração e amizade seja um hino de louvor e de ação de graças para com o nosso Bom Deus, que deu a vida terrena e agora eterna ao nosso irmão Manuel Guedes.
Paróquia de Sé | TESTEMUNHO DE UMA CRISMANDA
O meu nome é Liliana.
Os meus pais não são crentes, por isso não tive uma educação cristã.
Já passei por imensas experiências menos boas, inclusive a nível de saúde, mas sempre senti que Deus, Nossa Senhora e os anjos não me abandonaram; sempre me senti «levada ao colo» quando atravessava esse deserto de escuridão e sombras.
Decidi fazer a Confirmação aos 29 anos. A minha catequista foi uma excelente orientadora, meiga e gentil. Sempre respeitou as minhas limitações que tenho, sobretudo quando os temas me sensibilizavam demasiado, como aconteceu com o filme sobre a vida de Jesus em que vi muita da atualidade em termos de crueldade, atrocidades e outros acontecimentos que todos os dias nos entram pela casa nos noticiários.
Fizemos várias reflexões, um retiro, meditamos sobre o nosso papel na comunidade e o significado da nossa fé e como nos pormos ao serviço dos outros.
E o meu 30.º aniversário foi (imaginem só!) no Domingo de Ramos! Foi o 2.º melhor aniversário da minha vida, foi um renascer…
A minha madrinha de Crisma, com muito gosto, é a minha catequista, a Carolina.
E não se esqueçam – Deus dá as batalhas mais difíceis aos seus melhores soldados (Papa Francisco).
in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
Peregrinação da Zona Pastoral de Resende a Santa Maria de Cárquere
Decorreu no dia 24 (4.º domingo de maio) a Peregrinação da Zona Pastoral de Resende a Santa Maria de Cárquere presidida pelo nosso Bispo, D. António Couto. Mais uma vez, cumpriu-se a tradição dos nossos antepassados e fomos em massa ao Santuário da Mãe agradecer as graças que por seu intermédio nos vão sendo concedidas.
As celebrações começaram, pelas 10h15, com as procissões das quinze paróquias do concelho que caminharam para o lugar da celebração entoando a ladainha dos santos e cânticos de louvor a Maria. Chegados ao local, deu-se início à eucaristia da Solenidade do Pentecostes. O Senhor Bispo, nas palavras que nos dirigiu na homilia, convidou-nos a acolher com serenidade os dons do Espírito Santo como Maria e a disponibilizar-nos para deixar que Deus atue nas nossas vidas pela ação do mesmo Espírito. Como no Pentecostes foram vencidas as fronteiras que a separação das línguas tinha estabelecido entre os povos, assim nós, como membros desta Igreja que nasce do Pentecostes, devemos ser construtores desta “família de Deus” que tem por base a relação da nossa filiação divina e da fraternidade universal. Na resposta ao plano de pastoral diocesano, o Senhor Bispo desafia-nos a construir “com mais amor” esta família diocesana à qual pertencemos, tornando-nos mais irmãos e, levados ao colo de Maria, melhores filhos de Deus.
Durante a celebração foram confirmadas seis dezenas de jovens provenientes das comunidades paroquiais do concelho. Como aos apóstolos no dia de Pentecostes, também os jovens foram convidados a deixar que o Espírito Santo os fizesse sentir mais irmãos e membros da família dos filhos de Deus e construtores da fraternidade, quebrando todas as fronteiras que nos dividem ou separam.
De regresso ao seu templo o andor de Santa Maria percorreu o espaço da celebração campal pelo meio da multidão que acenava com lenços brancos despedindo-se da Mãe, entoando cânticos de louvor e dirigindo-lhe preces pelas nossas comunidades, por cada um de nós e pela sua Igreja.
A celebração terminaria pelas 13h e decorreu num espírito de verdadeira homenagem à Mãe de Deus e nossa. O espaço natural com sombra abundante tornou-se acolhedor para que todas as pessoas pudessem sentir-se bem sob o manto azul do céu e acariciados bela brisa suave do Espírito Santo.
Mais uma vez, a Peregrinação da Zona Pastoral de Resende a Santa Maria de Cárquere se tornou num marco importante da vida pastoral do nosso concelho e principalmente da vivência do mês de Maio como o mês mariano por excelência. Que Maria tenha sentido a sinceridade da nossa gratidão e continue a abençoar-nos e a cumular-nos com as suas graças.
Pe. José Augusto Marques,
in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
II Encontro de EMRC Lamego
O concelho de São João da Pesqueira acolheu o II Encontro de alunos de Educação Moral e Religiosa Católica da Diocese de Lamego no dia 22 de maio (sexta-‐feira). Este encontro de alunos de EMRC planeado pelo SDER Lamego contou com a presença de mais de quatrocentos alunos que vieram dos concelhos de Sernancelhe, Tarouca, Mêda, São João da Pesqueira e Foz Côa.
O concelho de São João da Pesqueira acolheu o II Encontro de EMRC. O acolhimento foi feito junto à Escola Profissional e o quartel dos Bombeiros Voluntários. Após o acolhimento de todas as escolas participantes, os alunos da Escola Profissional guiaram os alunos numa pequena caminhada por São João da Pesqueira. A primeira paragem deu-‐se na praça da República para a foto de grupo. De seguida, rumamos ao museu do Vinho para uma visita, para conhecermos melhor a cultura e a tradição do Douro.
As atividades desportivas e radicais realizaram-‐se junto ao rio Douro, em
Ferradosa, possuidora de uma paisagem que as palavras não conseguem descrever. Uma tela pincelada com a vinha, o rio, os barcos de turismo, o comboio e a ondulação típica da paisagem deste local. Escalada, slide, insufláveis, dança e outras atividades ocuparam o resto da manhã dos alunos.
Como um dos objetivos era promover o convívio, os alunos realizaram um
almoço partilhado. A Escola Profissional de São João da Pesqueira preparou um almoço, um manjar digno de um grande evento, para todos os professores, motoristas de autocarros, Proteção Civil, Bombeiros e dinamizadores das diversas atividades.
À tarde, realizou-‐se um concerto musical com a participação do Pe. Marcos
Alvim, a Academia de Música de Sernancelhe e as Escolas de Mêda e Foz Côa. Um momento divertido e descontraído. Contamos também com a presença de D. António Couto, bispo de Lamego.
Um dia diferente na vida destes alunos, uma marca para recordar mais tarde. Aproveitamos para agradecer a excelente organização ao município de São João da Pesqueira, na pessoa do vice-‐presidente, Dr. Vitor Sobral, que desde o primeiro dia acolheu este projeto de braços abertos e nos proporcionou com toda a sua equipa e instituições do seu município (Escola Profissional, GNR e Bombeiros Voluntários) um dia memorável. Obrigado.
Sem dúvida, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica é uma marca na nossa vida.
Mário Rodrigues Professor de EMRC,
in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
PIEDADE POPULAR | Editorial Voz de Lamego | 26 de maio
O nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, no Editorial desta semama da Voz de Lamego, situa-nos e contextualiza-nos com estes meses que se estendem sobretudo de maio até setembro, com peregrinações, festas em honra de santos populares. O desafio será sempre, para todos os cristãos, de educar a fé, recentrando-a no Evangelho, em Jesus Cristo e em tudo o que possa aproximar as pessoas e servir os mais frágeis.
Aí está um bom começo iniciar a leitura desta edição da Voz de Lamego, com diversas reflexões, notícias, anúncio de eventos, aproximando-nos uns dos outros, neste chão da Diocese de Lamego, aberta ao mundo, à sociedade…
PIEDADE POPULAR
A piedade popular, presente nas devoções, festas e peregrinações, continua a ser uma realidade viva, um facto social e um meio de evangelização. De tal forma que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou, em 2002, o “Directório sobre a piedade popular e a liturgia. Princípios e orientações”.
A piedade é um dos sete dons do Espírito Santo, pelo qual o crente vive o seu amor a Deus. Mas é também o reflexo da relação com Deus, feita de afeição e de respeito. O adjetivo “popular” traduz essa maneira simples e sensível de viver a fé, traduzindo seguimento e confiança através do que é corpóreo, sensível e simbólico para apresentar a vida e as necessidades concretas das pessoas. Se é verdade que o termo “popular” pode ser usado depreciativamente por alguns, em oposição a um certo elitismo defendido, a sua utilização neste contexto quer significar apenas “uma espiritualidade encarnada na cultura dos simples, que nem por isso é menos espiritual” (Documento de Aparecida, 263).
Assim, falar de “piedade popular” é fazer referência a festas em honra dos santos padroeiros, a novenas, rosários, vias-sacras, procissões, promessas, peregrinações ou a velas acesas pelas mais diversas intenções… traduzindo e expressando a fé do povo simples em Deus.
Certamente que existem riscos que podem levar a confusões entre o fundo religioso e as formas de criatividade popular, a fé com a superstição, a oração com o vago sentimento de espiritualidade, a chama da fé com o fogo-de-artifício ou o folclore atrativo…
Mas também é verdade que a piedade popular continua a favorecer e a tornar possível a proximidade de alguns com Deus e com a Igreja. E, também por isso, será importante estar atento para a promover e evangelizá-la para a proteger.
in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
DIA DA FAMÍLIA DIOCESANA | 27 de junho | Escadório dos Remédios
Vai realizar-se, pela primeira vez nestes moldes, o DIA DA FAMÍLIA DIOCESANA, no próximo dia 27 de junho de 2015, sábado, na Carreira Central do escadório de Nossa Senhora dos Remédios. Em anos anteriores, o Dia da Igreja Diocesana celebrava-se na solenidade de Cristo Rei, congregando, na mesma celebração, a Dedicação da Igreja Catedral e a apresentação do Plano Pastoral. Neste ano pastoral foi desdobrado em três acontecimentos diferentes: apresentação do Plano Pastoral no final de setembro ou início de outubro, Dia da Igreja Catedral, encostado ao dia 20 de novembro, no domingo seguinte, solenidade de Cristo Rei e o dia propriamente dito da Igreja Diocesana, no verão, como tempo e espaço de encontro, convívio, festa, com as paróquias, movimentos eclesiais, secretariados diocesanos, seminários e consagrados.
Este ano, o encontro realiza-se nos Remédios, com o apoio logístico do CTOE, onde estacionarão os autocarros.
9h30 – Acolhimento
10h00 – Caminhada do CTOE à Carreira Central
Auto da Família
12h30 – Celebração da Eucaristia
13h30 – Partilha de Farnéis
Tarde mais lúdica… música… Jograis… canções…
16h00 – Celebração mariana / Celebração do Envio
Estas as informações já disponíveis. Haverá tendas temáticas, dedicadas aos Arciprestados, Paróquias, Consagrados, Seminários, Secretariados, Escuteiros… Haverá também “tasquinhas”, facilitando no “comes e bebes”.
XXX Jornada Diocesana da Juventude | Momentos em vídeo
No passado dia 16 de maio, a XXX Jornada Diocesana da Juventude, no Santuário de São Torcato, Paróquia de Cabaços, na Zona Pastoral de Moimenta da Beira, Arciprestado de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço, Diocese de Lamego. Jovens de diversas paróquias da Diocese, com a presença de alguns sacerdotes, e com a inestimável presença amiga e próxima do nosso Bispo. O vídeo faz-nos recordar e visualizar aquele encontro importante. O IDE de D. António Couto não cessa de nos provocar e de nos enviar, a todo o chão desta mui nobre Diocese de Lamego.
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA | Ano Santo
No passado dia 11 de abril, na véspera da vivência do Domingo da Misericórdia (II Dom. Pascal), o Papa Francisco tornou pública a Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, “O rosto da misericórdia” (Misericordiae vultus). No sentido de divulgarmos este Ano Santo da Misericórdia, aqui ficam algumas breves e incompletas notas sobre a referida Bula, cuja leitura e meditação se recomendam.
Jubileu
O termo jubileu evoca o Ano Santo dos judeus, palavra que significa “toque de trompa”, porque tal ano era anunciado por este instrumento. Na Bíblia distinguem-se o “ano sabático” e o “ano jubilar”.
O ano sabático é o último ano de um período de sete anos. O agricultor semeará os seus campos e colherá os produtos dele durante seis anos, mas, no último ano, deixá-los-á em pousio e o que eles produzirem espontaneamente será abandonado aos indigentes e aos animais do campo. Neste mesmo ano, os escravos serão libertados.
O ano jubilar é o que termina as sete semanas dos sete anos (7×7=49). É anunciado ao som da trombeta, deixam-se então os campos incultos, libertam-se todos os escravos, perdoam-se todas as dívidas e devolvem-se ao proprietário ou aos seus herdeiros todos os bens fundiários comprados (Lev 25, 10. 23 e seguintes).
Na Igreja católica, o primeiro ano jubilar foi decretado por Bonifácio VIII para o ano de 1300. Estava previsto para todos os começos de século, em seguida passou para todos os cinquenta anos e, finalmente, todos os vinte e cinco anos. O início e o fim do jubileu são assinalados pela abertura da porta sagrada, em Roma.
A misericórdia divina
Jesus Cristo “é o rosto da misericórdia do Pai” (n.º 1) que “precisamos sempre de contemplar”, porque é “fonte de alegria, serenidade e paz” (n.º 2). A misericórdia de Deus “não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras” (n.º 6).
Por isso, falar de misericórdia é ter presente “o caminho que une Deus e o homem” que “nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (n.º 2), porque a “misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa” (n.º 3).
Lema do Ano:
“Misericordiosos como o Pai” (n.º 14)
Algumas datas
11/04/2015 – Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia
08/12/2015 – Início do Ano Santo da Misericórdia
15/12/2015 – Abertura da Porta Santa, na Basílica de S. João de Latrão, catedral da diocese de Roma. No mesmo domingo, abertura da Porta da Misericórdia em todas as igrejas catedrais do mundo, bem como noutras igrejas de referência ou santuários
Quaresma de 2016 – envio dos “missionários da misericórdia”, sacerdotes a quem o Papa concederá a faculdade de perdoarem até os pecados reservados à Sé Apostólica.
04 e 05/03/2016 – Iniciativa “24 horas com o Senhor””, um tempo ininterrupto de adoração em todas as dioceses.
20/11/2016 – Encerramento do Ano Jubilar
Objetivos
“Há momentos em que somos chamados, de maneira mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos um sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes” (n.º 3).
“Chegou de novo, para a Igreja, o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão. É o tempo do regresso ao essencial… o perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde coragem para olhar o futuro com esperança” (n.º 10).
Por isso, “o tema da misericórdia exige ser reproposto com novo entusiasmo e uma ação pastoral renovada” (n.º 12).
“Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos, em suma, onde houver cristãos, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia” (n.º 12).
Reconciliação
O Papa dedica algumas palavras ao sacramento da confissão, convidando todos os baptizados a aproximarem-se para “celebrar e experimentar a misericórdia de Deus” e insistindo junto dos confessores para que sejam “um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai” (n.º 17).
Durante a próxima Quaresma, o Papa anuncia também o envio de “missionários da misericórdia”, sacerdotes a quem dará “autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, dizendo aos bispos para convidarem e acolherem “estes missionários” (n.º 18).
Obras de misericórdia
“Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7) é a bem-aventurança destacada pelo Papa, na esperança de que suscite particular empenho por parte dos fiéis (n.º 9).
Convidando a “ir às periferias”, às “situações de precariedade e sofrimento”, evitando a “indiferença que anestesia” ou o “cinismo que destrói”, o texto papal recorda-nos as obras de misericórdia corporal (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos) e espiritual (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas e rezar pelos vivos e defuntos), esperando que a sua leitura e meditação “acorde as consciências adormecidas” (n.º 15).
Desejo final
“Neste Ano Jubilar, que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e a perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar ‘Lembra-te, Senhor, da tua misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre’ (Sl 25, 6)” (n.º 25).
JD, in Voz de Lamego, n.º 4314, ano 85/27, de 19 de maio de 2015