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Festas dos Remédios hoje a votos na RTP1

A RTP1 celebra hoje a cultura popular do distrito de Viseu e as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios são candidatas às 7 Maravilhas da Cultura Popular portuguesa. Vanessa Oliveira e José Carlos Malato conduzem a emissão que dará a conhecer o conjunto de manifestações populares e religiosas que fazem d’“A Romaria de Portugal” uma festa de características únicas em todo o mundo. Durante o programa, o público pode votar nas Festas dos Remédios, através do nº 760 20 77 97, para superar a etapa de hoje do concursoe seguir para as meias-finais.
O ponto alto dos festejos das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios é a Majestosa Procissão de Triunfo, na qual os andores são puxados por juntas de bois, segundo uma tradição sancionada, em 1952, pela Sagrada Congregação dos Ritos. Lamego é mesmo o único local do mundo católico onde a imagem da Virgem é transportada por animais.
A maravilha do distrito de Viseu que recolhe a preferência dos portugueses será anunciada no final do programa que a RTP1 transmite a partir de Castro Daire.
Ricardo Pereira |
CM de Lamego – Gabinete de Comunicação ricardo.pereira@cm-lamego.pt |
Editorial da Voz de Lamego: sulcos de esperança
Para semear ou plantar alguma coisa é necessário criar sulcos, regos, rasgos na terra. Temos vindo a escutar, no Evangelho de domingo, parábolas que falam da semente lançada à terra e que encontra solos diversos, ou semente boa que resiste apesar do joio, ou o grão de mostarda, pequena semente que virá a tornar-se uma árvore grandiosa. Em todas as circunstâncias, Deus age, espera, usa de benevolência e de paciência.

O nosso Bispo, D. António Couto, em reunião promovida pela coordenação pastoral da Diocese, de que damos notícia nesta edição do jornal, ao tomar a palavra, referiu-se aos sulcos de esperança, lembrando que as sementes precisam desses sulcos para germinarem, crescerem e darem fruto. Estes tempos de pandemia são também tempos dos sulcos da esperança. Tempos marcados pela adversidade, mas nem por isso deixam de ser tempos de esperança. Teremos que, no meio da desgraça, encontrar a graça e a presença de Deus. Deus não está ausente. Haverá lugar ao esforço, sacrifício e até lágrimas, mas, simultaneamente, não deixemos de preencher os sulcos de esperança e de alegria.
No lema episcopal do nosso Bispo – Vejo um ramo de amendoeira – baseado numa passagem de Jeremias (1, 11-12), em que ele é interpelado por Deus a ver para lá do inverno, para lá dos tempos de agrura e de dificuldade, surge de algum modo a mesma perspetiva. Em pleno inverno, a amendoeira flori, resplandecente, apesar do frio, do tempo adverso para flores e frutos. Refere D. António: “A amendoeira é uma das poucas árvores que floresce em pleno inverno. Ao responder [ao Senhor]: «Vejo um ramo de amendoeira», Jeremias já ergueu os olhos da invernia e da tempestade e do lodo e da lama e da catástrofe e da morte que tinha pela frente, e já os fixou lá longe, ou aqui tão perto, na frágil-forte-vigilante flor da esperança que a amendoeira representa”.
Esta é a missão da Igreja, Bispo, padres e leigos, mostrar que os sulcos cavados na terra têm neles a semente da esperança, da alegria e da festa. Daí também, nesse contexto, a necessidade de não ficarmos à espera que passe a pandemia. Urge transparecer a esperança e a alegria e a certeza de que este também é tempo de Deus. A palavra de Deus é um oxímoro, um contraponto à realidade atual, um desafio, uma provocação. O tempo é diferente, novo, mas ainda assim desafiante, comprometendo-nos como “agentes” da pastoral da graça e da esperança. Temos que responder perante as comunidades, perante as pessoas que Deus coloca nas nossas vidas e que formam as nossas paróquias. A Diocese viveu e viverá em caminho e em comunhão, mas dará passos novos, com uma mensagem de esperança, de graça e de beleza, avançando! O surto pandémico é um sulco que envolve sofrimento e lágrimas, mas é também um sulco grávido da presença e do amor de Deus.
Os responsáveis nacionais da catequese já apresentaram Orientações para a catequese da infância e da adolescência (acessíveis na página da Diocese: www. diocese-lamego.pt) para o novo ano pastoral, com o envolvimento de todos, pais, crianças, catequistas, párocos, comunidade, prevendo a catequese presencial e digital, apelando também a que novos elementos se comprometam como catequistas. A diocese de Lamego, departamentos e paróquias, está também a tratar disso… para que o caminho e a comunhão nos façam descobrir o rosto e a identidade da Igreja.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/34, n.º 4569, 21 de julho de 2020
Música: Vidas suspensas pela pandemia
Por Andreia Gonçalves
A música é a arte que inspira o mundo. E neste momento estamos privados de festas e romarias, de concertos e arraiais. A vida de muitos está suspensa e é por isso que o :Voz de Lamego foi perceber o que vai na alma das vozes daqueles que fariam das festas o seu sustento financeiro e realização pessoal até ao final do verão.
Tiago Sousa – vocalista

Vocalista dos “Império Douro”, músico e um dos fundadores dos “Guitarras D’ouro”.
Tudo parou mas eu consegui tirar pontos positivos mesmo dentro deste problema todo, tive tempo para compor, escrever, dedicar-me mais a fazer originais, também aproveitar pra estudar mais um pouco a guitarra.
Mas como é óbvio sinto falta do palco. Todo este cenário deixa- me um pouco triste, porque a música é uma arte que transporta muito sentimento para as pessoas quer na alegria quer na tristeza. E este tempo sem haver concertos deixa um vazio enorme.
Com as devidas regras e se toda a gente se proteger, corretamente, penso que as coisas poderão começar, novamente, a curto prazo, a andar. Não sabemos como vai ser o futuro mas temos de manter a esperança.
Márcio Pereira – cantor

Nos meses de março e abril a media seria de 13 concertos agendados. E de um dia para o outro a pandemia COVID-19 cancelou todos eles sem sequer estarmos à espera. Numa questão de horas, dias estes cancelamos propagaram-se para maio, junho, julho, agosto. E assim se perdeu a esperança de qualquer tipo de trabalho na área da música nesta época que se adivinhava tao rica na minha carreira.
Inicialmente a sensação foi de calma como se de umas ferias se tratasse. Mas rapidamente o sentimento passou a desespero. Tanto pela falta de dinheiro como por falta de trabalho, pois não se sabe quando poderei voltar á minha rotina normal.
No entanto foram saindo leis que nos dão alternativas ou soluções (dizem eles) mas não deixa de ser uma luz ao fundo do túnel. O segredo? Não desistir, persistir e acima de tudo readaptarmo-nos à nova realidade da forma mais profissional possível. O futuro? É a questão mais incerta que tenho neste momento. Tudo pode acontecer como não acontecer.
Filipe Sequeira – Cantor, vocalista kmusic e locutor de rádio

A pandemia veio prejudicar completamente o meio artístico. Um ano que prometia ser dos melhores, mas do dia pra noite, conseguiu ser dos piores. Ficamos todos sem trabalho, investimentos que ficaram sem efeitos, e tudo o que preparamos para este ano foi em vão.
Mesmo com todas essas dificuldades, eu continuei a trabalhar, e 2020, será dos anos especiais. Já me encontro em estúdio, com o José Carlos Monteiro, a gravar os meus primeiros singles. Com parceria do Zezito, onde já lançamos dois temas em conjunto, até um deles, gravamos um vídeo-clip na cidade de lamego.
Não será a pandemia que me irá assustar, porque tenho esperança, que para o ano, podermos voltar aos palcos e mostrar a nossa boa disposição. E dar ao público o carinho que nos merece. Sempre foi assim, e continuará a ser. Até porque a esperança é sempre a última a morrer.
Fábio Abrunhosa – Banda SPS – técnico de som

Depois que começou esta pandemia, vi tudo a ser adiado, todos os espetáculos que tinha. Mas com o passar do tempo, os espetáculos foram mesmo, cancelados, é claro não sabia quando isto acabaria….
Em termos financeiros, aquele extra que estava à espera e que já tinha destino, desapareceu.
Depois há́ a outra parte que é não pode mos estar juntos, pois tivemos muito tempo em confinamento.
Agora já́ é um bocadinho diferente.
A vida “artística”, não é só́ espetáculos!
É o convívio, o publico, a adrenalina, a confusão, a pressa para ter tudo pronto.
E que agora não se sente há́, sensivelmente, 4 meses.
Rúben Rodrigues – Empresário e técnico de som Grupo Arkádia

De facto, fora os espetáculos que representam 60% a 80% do meu suporte financeiro tenho um pequeno espaço comercial ligado, também, à música… Resumindo, em poucas palavras, fui afetado em 100%.
Pois, não há espetáculos, não há vendas, não há “som” para fazer, parei completamente, sendo empresário em nome individual, nem ajudas sequer foi possível ou existem sequer.
Com esta pandemia fiquei sem espetáculos e sem vendas, pois não se consegue vender nem instrumentos nem acessórios não havendo “música”… é isto reduzido ao que estamos neste momento a passar.
Contudo sempre com esperança que dias melhores virão e que o mais breve possível se consiga recompor tudo…
in Voz de Lamego, ano 90/33, n.º 4568, 14 de julho de 2020
Portugal meu canto – reportagem com Paulo Paradela
Andreia Gonçalves em reportagem sobre Paulo Paradela, que se encontra em Salvador da Baía, no Brasil

Paulo Paradela é um cantor natural da cidade de Lamego.
Feitas as contas tem seis álbuns de originais, o último dos quais um “best off” e fez também oito participações especiais noutros álbuns. Tudo começou no concurso de imitações “Chuva de Estrelas”, e depois no “Big Show Sic”, onde os distritos de Vila Real e Viseu torciam pelo intérprete, de voz intensa, afinada e melodiosa e “nossa”. As rádios também ajudaram no caminho de Paulo Paradela. E muitos foram os espetáculos, atuações e karaokes que o cantor realizou, através da empresa, que constituiu, para viver da música, há mais de duas décadas.
Agora, o cantor português é bandeira da cidade lamecense e um agente promotor da música portuguesa, e do nosso país, em Salvador da Baía, no Brasil. Confinado nesta fase, com as três filhas e a esposa fisioterapeuta, continua a história de amor lá do outro lado do oceano, que já conta mais de duas décadas. Teve a ideia de “cantar na varanda para os meus vizinhos para lhes dar um pouco de alegria. A ideia foi bem aceite e depois de alguns diretos para as minhas redes sociais, na varanda de casa, decidi continuar dentro de casa onde a qualidade do som era bem melhor”. O último dos quais este sábado (11/07) onde Paulo interpretou “os originais para que as pessoas desfrutem das músicas da minha autoria. Tenho tido feedback de tanta gente, dado entrevistas a rádios de países latinos, como por exemplo, Colômbia e isso faz-me estar em contacto com o mundo e promover a minha arte”.
Já foram muitos os espetáculos realizados no Brasil, através do consulado português, gabinete português de leitura, atuações de música ao vivo em restaurantes e festas privadas.
Quer regressar ao nosso país, pois diz ter saudades da família e dos amigos e quer que a filha mais velha frequente uma faculdade em Portugal. Até lá faltam dois anos de aventura no país descoberto por Pedro Álvares Cabral. “Salvador tem uma grande herança dos portugueses, na construção e ornamentação da cidade, a talha dourada das igrejas, entre outras coisas mas é um país completamente diferente”. E salienta que ” quem vai de férias não conhece o país real, onde a desigualdade social é abissal”.
“Portugal meu canto” é um espetáculo preparado para ser apresentado no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, mas adiado desde março último. Contudo, o cantor acredita: “quando isto passar voltarei a dar vida a este espetáculo de alma e coração”.
in Voz de Lamego, ano 90/33, n.º 4568, 14 de julho de 2020
Editorial da Voz de Lamego: O Evangelho de Nazaré e de Lampedusa

Completaram-se sete anos desde que o Papa Francisco se deslocou a uma das periferias da Europa, à Ilha de Lampedusa, lugar de refúgio de milhares de pessoas que abandonaram a sua terra em busca de uma vida melhor, a fugir da guerra, da pobreza, da perseguição. A Ilha italiana é um dos pontos de entrada para a Europa; e um lugar para manter “isolados” do mundo os que se atrevem a embarcar para um futuro incerto.
A eleição do Papa Francisco, oriundo da Argentina, define por si só, uma periferia que é colocada no centro da Europa, no centro do mundo, da sociedade e da Igreja. O então Cardeal Jorge Mario Bergoglio agita as águas na intervenção que faz no conclave que viria a elegê-lo, mostrando que a Igreja, para ser fiel a Jesus Cristo, tem de se descentrar e ser Igreja em saída, indo às periferias, não apenas geográficas, mas sobretudo existenciais. Uma Igreja autorreferencial tende a adoecer, tornando-se inútil, anquilosada, desnecessária. A Igreja está para Cristo como a Lua para o Sol. A lua não tem luz própria, mas é um astro luminoso porque espelha e projeta a luz do Sol. Assim a Igreja, não se anuncia a si mesma, mas a Cristo e ao Seu Evangelho de amor. Cabe-lhe viver, seguir e testemunhar Jesus, tornando-O acessível a todos.
Após a eleição, Bergoglio escolheu, como patrono e referência, São Francisco de Assis. Os pobres, a identificação a Cristo pela pobreza e pelo despojamento, e as questões ambientais… programa do Papa Francisco, com o seu dinamismo latino, e, obviamente, a identidade da Igreja que quer estar onde Cristo deve estar, junto dos mais pobres.
Escolheu para primeira viagem apostólica, a 8 de julho de 2013, a Ilha de Lampedusa para se encontrar com os mais pobres dos pobres, pessoas sem teto, sem pátria, sem um futuro definido e, ao mesmo tempo, para rezar por todos quantos morreram a tentar passar o mar atlântico.
Palavras incisivas do Papa: “neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença… acostumamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é assunto nosso! Foi-nos tirada a capacidade de chorar”. Pediu “perdão pela indiferença para com tantos irmãos e irmãs, perdão para aqueles que se acomodaram e se fecharam no seu próprio bem-estar, o que leva à anestesia do coração, perdão para aqueles que com suas decisões globais, criaram situações que levam a esses dramas”, para que o mundo tenha “a coragem de acolher aqueles que buscam uma vida melhor”.
Passaram sete anos. O Santo Padre assinalou o aniversário na passada quarta-feira, 8 de julho, na Eucaristia celebrada na Capela de Santa Marta, recordando a viagem como um desafio permanente contra a globalização da indiferença. Esta pandemia acentuou ainda mais as periferias, a pobreza, as desigualdades sociais, o isolamento dos mais vulneráveis… Em Nazaré, um carpinteiro, vive de forma simples, discreta e humilde, em família e em comunidade, até ao dia em que Se faz batizar, deixando-Se impelir pelo Espírito Santo, indo de terra em terra a anunciar a Boa Notícia da Salvação. Ninguém dava nada por Nazaré, mas é a partir daí que é lançada a semente do Reino de Deus. Será também da Galileia… que os apóstolos partem para outros mundos… De Lampedusa, mais uma etapa na revolução dos corações que se iniciou com Jesus.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/33, n.º 4568, 14 de julho de 2020
COVID-19: Testemunho de Ana Catarina Fernandes – Fisioterapeuta

Sou fisioterapeuta. Gosto de cuidar, do toque, do carinho e gosto muito de estar junto dos mais velhos. Acompanhei, e vivo, a realidade de ser fisioterapeuta num Lar de Idosos, naquele que também é o meu Lar. A minha casa. E pela primeira vez, durante estes meses, tive medo de cuidar. Dizendo melhor, tive medo de não os conseguir proteger. De um vírus que chega sem avisar, que não nos dá tempo de preparação e não nos ensina como devemos agir. Deste maldito vírus que tanto medo nos deixa. Que nos impede de tocar, de abraçar, que nos dá uma distância social de segurança e diz que nos devemos proteger “estando longe”.
“Estamos longe, para podermos estar todos juntos daqui a uns tempos”, dizia aos meus utentes, em jeito de justificar o porque de não poderem receber visitas, de não poderem sair do quarto, de verem as suas rotinas alteradas… dizia eu, como se fosse assim tão simples. Como se não custasse “estar longe”, dos filhos dos irmãos, dos netos. Como se fosse fácil de perceber o porque de terem de passar os dias confinados aos quartos. Como se fosse confortável que todos à sua volta circulassem com máscara, viseira, toca, luvas. Como se fosse assim tão simples entender, que nesta fase da vida, tenham de estar afastados para estarem protegidos. E foi aqui que percebi, eles são os verdadeiros heróis.
Pela resiliência com que aceitaram estes tempos. Pela forma como vivem a mudança. E foi aqui que senti, que não podia ter medo. E (re)descobri o porque de gostar tanto de estar e trabalhar junto dos mais velhos. Têm sabedoria e amor no olhar, sorriem com os olhos e veem muito para além das máscaras que temos na cara. Já viveram uma vida inteira e estão a ensinar-nos como devemos viver o NOVO dia-a-dia.
Ensinam-nos que devemos parar, que temos de aprender a valorizar mais, a agradecer mais e a ser mais. Que cada dia é um NOVO começo. Que tem de haver tempo, para estar, para sentir e para viver.
Ensinam-me todos os dias, sorriem-me todos os dias e eu? Eu fui abençoada com a sorte de fazer parte do NOVO dia-a-dia deles. De viver estes tempos com eles, no nosso Lar.
Hoje, passados estes meses, continuo a fazer o que mais gosto: a cuidar. Desejo que eles ainda possam viver muitos NOVOS dias junto daqueles que mais amam. E agradeço por me terem deixado tirar lições tão bonitas destes tempos tão difíceis que vivemos. Juntos.
Ana Carolina Fernandes, Fisioterapeuta / Cáritas Diocesana de Coimbra
in Voz de Lamego, ano 90/32, n.º 4567, 7 de julho de 2020
Andreia Gonçalves entrevista a professora Mónica Silva
“Os nossos alunos e o seu profissionalismo são a bandeira que nos representa e deixa orgulhosos”

A escola de Hotelaria e Turismo do Douro, situada em Lamego, está a comemorar duas décadas de existência. Tem capacidade para 300 alunos e um campus moderno e atual que pode visitar virtualmente em: https://bit.ly/2W4NzYA. Respondendo às necessidades de quem decide estudar neste espaço há um conjunto de potencial humano composto por formadores das mais diversas áreas e projetos nos âmbitos da sustentabilidade, responsabilidade social, voluntariado e saúde.
Neste sentido, faremos uma abordagem relativamente ao papel deste estabelecimento de ensino, ao longo dos últimos anos, com a professora Mónica Silva, da área de Cultura Geral, Diretora de Turma, Coordenadora dos projetos: Eco-Escolas, Educação para a Saúde e Biblioteca Escola, Embaixadora da Sustentabilidade, Mentora do Projeto Técnico Pedagógico da Escola, representante da Escola no Projeto Escola Inclusiva, Responsável pelo Grupo de Voluntariado e Representante da Escola na Rede de Bibliotecas do Concelho de Lamego.
Como tem sido a experiência de lecionar nesta instituição?
Em primeiro lugar pretendo agradecer o convite e a vossa valorização ao trabalho realizado na escola que represento com muito orgulho. Depois referir que têm sido 9 anos de grande orgulho, satisfação e realização pessoal e profissional. A Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego tem desenvolvido desde a sua criação um papel fundamental na história da região. Com cursos das áreas técnicas de Cozinha, Pastelaria, Restaurante, Bar e Alojamento tem permitido a formação de um potencial humano para a região, para o país e para o mundo. Os nossos alunos e o seu profissionalismo são a bandeira que nos representa e deixa orgulhosos. Como professora tem sido uma experiência maravilhosa contactar, já com algumas dezenas de alunos, formar para os valores humanos e soft skills e depois vê-los realizados profissionalmente é, para mim, uma grande alegria e até sensação de dever cumprido para com a sociedade.
A escola tem um lema de fazer “coisas simples, extraordinariamente bem”. Como se consegue por esta ideia em prática?
Este lema é fantástico e para por em prática eu utilizaria um cocktail: uma dose de profissionalismo, uma dose de orgulho, uma dose de vontade e empenho, duas ou três doses de amor , paixão, humildade e empenho pelo que se faz, mistura-se tudo e através de realizações simples focadas no objetivo principal que é a profissionalização dos nossos alunos, conseguimos fazer nascer “coisas” extraordinárias. E o resultado são os muitos prémios e certificações que os nossos alunos conseguem atingir. Acrescento ainda o papel dos projetos que desenvolvemos pois incutem e desenvolvem as soft skills para temas como por exemplo a sustentabilidade e a responsabilidade social que hoje nos nossos dias são essenciais para transformar as nossas atitudes e fazermos um mundo melhor. Creio que temos conseguido, temos levado muitos sorrisos a quem precisa com o nosso Clube de Voluntariado quando nos deslocamos às IPSS´s, Hospitais /Centros de Saúde, quando recolhemos alimentos para as campanhas do Banco Alimentar ou quando recolhemos roupa ou outro tipo de bens e depois entregamos a crianças, famílias e até ao canil de Lamego e mesmo quando participamos e nos unimos para campanhas a nível mundial de ajuda humanitária. Nesses momentos a nossa alma vem cheia de coisas boas e maravilhosas, pois recebemos muitos sorrisos, algumas lágrimas também, mas e principalmente damos e recebemos AMOR para conseguirmos continuar a nossa jornada.
Nos últimos tempos assistimos à necessidade da tele-escola. As aulas na vossa escola terminarão no final de julho, que balanço faz?
Como sempre, na nossa escola, toda a comunidade escolar que vai desde as funcionárias da limpeza até aos nossos alunos, está habituada a adaptar-se às situações. Somos empreendedores e arranjarmos soluções, nada pode parar, somos resilientes e muito persistentes. Portanto este período foi de grande esforço para todos, professores e alunos e encarregados de educação. Todas as dificuldades iniciais de acesso à internet, computador, etc… foram mitigadas com o grande apoio do Turismo de Portugal que atribuiu uma bolsa para despesas a todos os alunos subsidiados, emprestou computadores aos alunos que não tinham esses equipamentos, atribuiu um subsídio de refeição a todos os alunos pelo facto de estarem em aulas online e portanto logo no início todas as dificuldades foram sendo dissipadas. A nossa escola teve aulas online desde o início do confinamento até final de julho para as aulas teóricas e nos meses de junho/julho realizaram-se as aulas técnicas em regime presencial com todas as regras e recomendações da DGS e que estão todas a decorrer dentro da normalidade.
A necessidade de cursos profissionais impera no nosso país. E a área de turismo é um dos maiores valores desta região e não só. Quais são os cursos que despertam maior interesse aos alunos e porque acha que isso acontece?
O nosso país é um país direcionado para o Turismo o que implica que haja uma estratégia nacional de formação profissional. A escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego faz parte do Ministério da Economia, tutelada pelo Turismo de Portugal e foca a sua ação nos cursos de Cozinha/Pastelaria, Restaurante/Bar e Alojamento. Temos cursos de nível IV que atribuem a certificação de 12º ano e de Técnico de Cozinha e Pastelaria e Restaurante e Bar e cursos de nível V com formação pós-secundário nas áreas da Gestão e Produção de Cozinha, Gestão de Produção e Pastelaria, Gestão de Restauração e Bebidas e Gestão Hoteleira Alojamento. Deixe-me destacar e desmistificar a ideia que a população no geral tem relativamente aos cursos de Restaurante e Bar. A ideia tradicional é que vão tornar-se empregados de mesa e na maioria das pessoas desvalorizam esses cursos relativamente aos de cozinha/pastelaria porque os programas de televisão lhes dão muto destaque. Mas os cursos de Restante e Bar formam futuros profissionais para assumir cargos de chefes de sala, chefes de bar, soumelier, escanção, diretor de F&B, assessor de direção de hotel, entre outras. Convido a todos a visitarem as nossas instalações, a pedirem informações acerca dos curos de Restaurante e Bar e não ter medo de arriscar e ir em frente na escola de um curso que tem 90% de empregabilidade a nível nacional e internacional. São os trabalhadores das áreas da restauração que são o postal de visita do nosso país e por isso é importante ter um potencial humano com formação e só com esse profissionalismo, a nossa simpatia e a nossa dedicação que contribuímos para o desenvolvimento da economia do nosso país. “Fazemos coisas simples, extraordinariamente bem”.
Viagens e experiências únicas que gostaria de destacar destes últimos anos?
Eu adoro viajar e gostava de conseguir nos próximos 10 anos correr pelo menos metade de todos os países do mundo!! Destaco uma viagem que fiz à costa alentejana à praia de Odeceixe onde assisti a um magnífico por do sol e com a companhia certa me senti parte de um mundo maravilhoso e apreciei a beleza do nosso país. Respirei amor e alegria e voltarei para escrever o meu nome na enseada que é tradição e que não o fiz por vergonha na altura!! Adoro o nosso país, sempre que posso conheço locais novos, mas uma viagem de sonho é a Índia.
Obrigada pelo vosso convite e parabéns pelo vosso trabalho.
in Voz de Lamego, ano 90/32, n.º 4567, 7 de julho de 2020
Editorial da Voz de Lamego: Para que tenham vida em abundância!

É o programa de vida de Jesus. Não tem outro. Realizar a vontade do Pai. É o Seu alimento, o Seu propósito, a Sua vida. Qual é a vontade do Pai? Que ninguém se perca. Nem um só dos Seus filhos! E, por isso, Jesus é o enviado do Pai, fazendo-Se um de nós, tornando-Se um dos nossos. Por amor. Somente amor. Para nos reconduzir ao Pai. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para entrarmos na comunhão com o Pai, com a Santíssima Trindade, temos de nos assumir, antes de mais, como irmãos, filhos do mesmo Pai, deixando-nos mover pelo Espírito de Amor que estabelece e garante a comunhão.
No Evangelho de São João, Jesus apresenta-Se como o bom Pastor, que dá a vida pelas ovelhas, e como a Porta, pela qual entram as ovelhas. Jesus conclui dizendo: “Eu vim para que tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10, 10). O Seu discurso está em sintonia com a Sua postura, em cada olhar e em cada palavra, em cada gesto e em cada prodígio, Jesus traduz e concretiza o amor de Deus para connosco, para com todos, especialmente para com os mais desfavorecidos, pobres, doentes, pecadores, publicanos, camponeses e pecadores, mulheres e crianças, estrangeiros!
Jesus não desiste de ninguém. Não desiste de Judas, nem de Pedro, nem dos demais apóstolos; não desiste da mulher acusada de adultério nem da prostituta que lhe lava os pés com as lágrimas; não desiste de Mateus, chefe de publicanos, nem de Lázaro, o amigo que morreu! Jesus vai até ao fim, até onde tem de ser. Já o dissemos, a vida não é um absoluto, mas é um direito inalienável, que vem antes e está acima dos demais, é fundamento e substrato de todos os direitos e garantias. Absoluto, na vida de Jesus, na minha e na tua vida, porque somos Seus discípulos missionários, é o amor.
O amor faz-nos pobres, faz-nos servos, não por obrigação, mas por opção.
O amor faz-nos pobres… quem ama, dá e dá-se por inteiro, predispõe do que tem e do que é para que a pessoa amada se sinta agraciada. Vejam-se os pais em relação aos filhos… deixam de comer e de comprar roupa e calçado para que os filhos comam melhor e possam comprar aquela peça de roupa ou aquelas sapatilhas! Como não lembrar as mães que na hora da refeição não se sentavam à mesa, dizendo que já tinham comido para que não faltasse aos filhos…
O amor faz-nos servos… isto é, filhos! O filho do Homem veio para servir e não para ser servido! Já não vos chamo servos mas amigos! O filho do dono da casa serve os seus comensais e convidados. E não se sente secundarizado ou menosprezado, pelo contrário, o filho também é dono na casa. Como é que nos sentimos? Filhos (donos da casa) ou convidados? Se somos filhos amados é com alegria que acolhemos e servimos os “convidados”, as visitas! Como não recordar a parábola do Pai misericordioso e do filho pródigo? A um momento, cada um dos filhos se sentiu, em relação ao Pai, como empregado, não como filho! É o amor do Pai que salva, é o amor de nos sentimos filhos que nos salva. Preenchidos de amor, estamos disponíveis para nos gastarmos em prol da vida dos outros, independentemente das pandemias.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/32, n.º 4567, 7 de julho de 2020
Editorial da Voz de Lamego: Os extremismos segregam e desumanizam

Ainda focados na pandemia, mas com temáticas que emergem na sociedade e na cultura como tsunamis que destroem, criando divisões, perpetuando guerrilhas, ódios e vinganças, deixando vir ao de cima o lado lunar do ser humano, o seu lado mais instintivo e selvagem. Refira-se, como ponto permanente, que a vida não é branco e preto, não é linear, mas são várias as matizes que enformam cada pessoa e, por conseguinte, não há duas pessoas iguais e uma pessoa não é a mesma ao longo da vida. Por vezes, parece que a pessoa tem várias caras, ou máscaras! Não. É precisamente a mesma pessoa, mas com matizes e mutações várias.
Isto, todavia, não nos afasta de refletirmos sobre nós e de procurarmos ter um chão mais ou menos seguro, raízes e referências que nos permitem ser pessoas confiáveis (em quem se pode confiar). Há pessoas que nunca sabemos para que lado estão viradas, pois a variação de disposição, de humor, de trato é doentia. Não nos referimos aqui a pessoas com depressão, cuja doença é verdadeiramente desumanizadora, mas às pessoas ditas “sãs”! Destas, todos conhecemos, algumas que não são confiáveis, ora nos metem no coração ora nos rotulam, denegrindo-nos generosamente.
Um parêntesis, para dizer que a palavra “denegrir” nada tem de racista, ainda que alguns digam que deveria ser banida da língua portuguesa, pois pode ferir suscetibilidades! Nesse caso não poderíamos falar em trevas, em escuridão ou em obscuro, ou lado lunar ou em eclipse! Há pessoas a lutar contra o racismo que são verdadeiramente extremistas, racistas disfarçados e violentos, além de serem desmemoriados e aculturais.
Quem não vive como pensa acabará por pensar como vive (Gabriel Marcel). Para dialogarmos com alguém precisamos de estar seguros do nosso ponto de vista, de contrário será um “diálogo de surdos” em que ninguém se entende. Obviamente, se estamos seguros do caminho que percorremos e se sabemos para onde nos encaminhamos é mais fácil perceber o caminho dos outros e respeitar o percurso que eles escolheram. A intolerância e a arrogância convivem demasiado bem com a ignorância. Esta faz-me autocentrar-me, contando só o que eu digo, o que faço, tudo o que possa vir de diferente dos outros é estorvo ou é armanço.
Vem à memória aquele dia em que os discípulos proibem um homem que estava a falar e a curar em nome de Jesus só por não pertencer ao grupo dos discípulos. As palavras de Jesus são taxativas: “Não o impeçais, porque não há ninguém que faça um milagre em Meu nome e vá logo dizer mal de Mim” (Mc 9, 40).
O ideal de uma aldeia global, facilitada pelos meios de comunicação e pela mobilidade viária, aérea e marítima, está longe de ser um sonho cumprido. Globalizou-se a indiferença, mas também a violência, os extremismos, os nacionalismos. Os “ismos” ideológicos são segregadores, fazem com que as fronteiras sejam muros que excluem, afastam, dividem, e não lugares de encontro e de relação. À esquerda ou à direita, vanguardistas ou retrógrados, desengane-se quem pensa que um extremismo é mais saudável que outro só por estar no extremo oposto. Nestes extremismos, palavras “liberdade” ou “segurança” não passam disso mesmo. E isso vê-se entre nós, a liberdade apregoada radicaliza e expulsa do grupo quem discorda, não é possível a opinião própria. A segurança apregoada é fautora de ameaça e violência, combatemos com as mesmas armas!
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/31, n.º 4566, 30 de junho de 2020