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Archive for Dezembro, 2015

NATAL: Manifestação da misericórdia de Deus

Natal

«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1). Esta afirmação do profeta Isaías abre a liturgia da Palavra da noite de Natal. É assim que se apresenta ao mundo o nascimento do Salvador: uma luz que ilumina as trevas e que enche de esperança aqueles que a contemplam.

O Natal é luz. É uma irrupção da luz de Deus neste nosso mundo cheio de trevas. Trevas exteriores: violências, guerras, ódios, irmãos que não se perdoam, não se falam, não convivem, não se aceitam mutuamente.

E trevas interiores: ressentimentos, mágoas, abandono da oração, da confissão, da missa dominical, da formação cristã, das obras de misericórdia, da preocupação pelos que temos ao nosso lado.

Neste Ano Santo da Misericórdia, somos chamados a olhar para o “sinal” do Natal ― «um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12) ― como uma das manifestações mais maravilhosas da misericórdia de Deus para connosco.

Precisamos voltar a contemplar o mistério do nosso Deus que Se faz uma criança para que nos aproximemos d’Ele cheios de confiança.

Este mistério de misericórdia é, como diz o Papa Francisco, fonte de alegria, de serenidade e de paz. Três dons que o nosso coração anseia! E que, no meio da correria do dia-a-dia, parecem cada vez mais difíceis de alcançar.

Fomento desejos concretos de me aproximar de Deus neste Natal? De abrir as portas do meu coração para que Ele possa entrar? De estar mais atento àqueles que estão ao meu lado?

Que a luz deste Natal ilumine de verdade as nossas almas! Que o Menino Jesus encontre em cada um de nós um coração bondoso e aberto! Um coração que Ele possa encher de misericórdia para com todos aqueles que nos rodeiam!

 

Pe. Rodrigo Lynce de Faria, in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

Uma Carta para o Menino Jesus |Conto de Natal

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O André nasceu em Alhos Velhos, fruto indesejado duma jovem da rua e da noite, e de um consumidor de heroína que lhe prometeu “mundos e fundos”… e nunca mais apareceu.

A mãe, sentindo-se incapaz de dar ao filho o pão e a educação que ela própria não tivera, logo que pôde, colocou-o num cestinho e, ainda de noite, antes que a porta se abrisse e os funcionários entrassem, foi pô-lo à entrada de uma instituição acolhedora de crianças. Não vendo ninguém, afastou-se um pouco, postou-se na esquina da rua e ficou à espera para ver o que acontecia.

Chegada uma senhora, e ouvindo a bebé a choramingar dentro da cesta, olhou intrigada em todas as direcções e, não vendo ninguém, abriu a porta, subiu a escada e falou com a diretora. Daí a alguns minutos, desceu à rua, pegou na cesta e entrou de novo.

Passados meses, duas senhoras que tinham oficializado a sua relação perante o Estado, na Conservatória do Registo Civil de Porto Leão, onde viviam, vieram à instituição e, depois de um processo acelerado (era novidade a adoção de crianças no seu caso), ficaram com o André.

Quando chegou a hora de o menino entrar no Jardim Infantil da Santa Casa da Misericórdia da localidade, verificou que os pais dos outros meninos vinham trazê-los de manhã e busca-los à tarde: umas vezes vinha a mãe, outras vezes vinha o pai. Os pais, com os seus braços fortes, abraçavam os filhos com força, bamboleavam-nos com alegria e carinho, e metiam-nos no automóvel. E o Zé Pedro começou a ficar triste, pensando:

– Só eu é que não tenho pai! Só eu é que não tenho pai!

Chegado o Advento, e aproximando-se o Natal, a Educadora de Infância montou o presépio à entrada da salinha de trabalho, chamou as crianças, fê-las sentar num círculo, e falou-lhes do Natal e do Menino:

– Isto, meus meninos, é o presépio. É para nos lembrar a todos o que é o Natal e como nasceu Jesus. Foi assim, numa manjedoura, em palhinhas, que a mãe d’Ele o colocou quando nasceu.

– Então, a mãe não foi tê-lo ao hospital, como foi a minha mãe quando nasceu a minha irmã? – perguntou o Ricardo

– Não, Ricardo, naquele tempo (já lá vão dois mil anos), ainda não havia hospitais nem maternidades. Para mais, Nossa Senhora tinha ido de viagem a Belém, estava longe da sua casa, e não teve outro lugar melhor onde tivesse o Menino.

– Quem é aquele senhor que está ali ao lado, de joelhos, e todo curvado para baixo? – perguntou o André.

– Aquele é S. José, o “pai” do Menino. Daqui a uma semana, é o Natal. Vamos todos celebrar o nascimento de Jesus. Ele veio ao mundo porque é muito nosso amigo: veio ensinar-nos coias boas e veio trazer-nos coisas boas. Vocês querem escrever uma cartinha ao Menino, a pedir-lhe que vos traga alguma coisa especial, neste Natal?

-Eu quero! Eu quero! Eu também! – responderam todos.

-Então escrevam, e ponham aqui no presépio. E se algum não souber escrever, diz-me ao ouvido o que quer, e escrevo eu.

Na véspera de partirem para férias do Natal, a senhora abriu as cartas, uma a uma, para dar no dia seguinte a cada um a prenda que cada um pedira, em nome do Menino Deus.

A carta do André dizia assim:

Meu querido menino Jesus

Eu tenho tudo, tudo, tudo: roupa, brinquedos, rebuçados, chocolates…tudo, mas não tenho pai nenhum.

Não tenho um pai que me ralhe, que jogue à bola comigo, que me leve às cavalitas…

Se és tão bom como me dizem, dá-me um pai igual ao teu. Não quero mais nada. Não preciso de mais nada. Obrigado.

Assino: andré leal antunes borges

            Rua do Pôr do Sol, 43 – Porto Leão.

             Telemóvel: 912 777 007

Pe. Correia Duarte, in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

NATAL EM MISSÃO | Almacave Jovem

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Este ano o grupo Almacave Jovem decidiu comemorar o seu Natal de uma forma ainda mais preenchida do que os anos anteriores. Não havia melhor forma de inaugurar esta semana natalícia com o grande Sarau Cultural no passado sábado, que já vai na sua II edição, e que contou com a participação e empenho de diversos talentos do grupo Almacave Jovem. Com o tema “Histórias da nossa História”, o sarau desenrolou-se de acordo com a história do Almacave Jovem, apresentando ao público as diversas formas que este grupo já teve, as suas diferentes atividades, os seus diferentes elementos, mas sempre com as mesmas motivações e os mesmos propósitos. Começando com a dança, passando pela música, o teatro, a comédia, terminamos o Sarau com um pequeno momento de Oração que nos uniu ainda mais ao público. Um dos momentos mais altos da noite foi a homenagem que prestamos ao nosso grande amigo Manuel João que já não está entre nós, entre lágrimas e boas lembranças, recordamos atentamente as palavras que ele sempre nos transmitia, “Vivemos para sermos felizes”.

Este Sarau iniciou assim uma semana de grande atividade no grupo. Comemorando a solidariedade, a fraternidade e a misericórdia. No dia 21 estaremos presentes numa reflexão com o tema “Na senda do Ano da Misericórdia” no Convento das Irmãs Dominicanas, já a nossa tarde vai ser passada na Associação “Portas p’rá vida”, sabemos que é urgente criar laços e dar-nos mais às pessoas e foi isso que nos levou a planear esta atividade. Os dias 22 e 23 vão ser dedicados aos doentes da nossa paróquia. As nossas visitas são frequentes mas o nosso sentido de Missão deve, primeiramente, começar pelos nossos doentes, e esta época é a perfeita para consolidar este espírito. Na véspera de Natal, o nosso dia vai ser dedicado aos doentes que estão hospitalizados, escolhemos sempre este dia porque achamos que devemos levar sorrisos e esperança a quem passa uma noite tao bonita como a de Natal de forma tão debilitada. Já depois do Natal, a nossa missão continua, mas também temos momentos lúdicos entre nós e de grande partilha. No dia 21 fazemos a nossa típica Ceia de Grupo, e ainda no dia 28 uma Caminhada Natalícia. Por fim, no dia 31 celebramos a eucarística com os reclusos do Estabelecimento Prisional de Lamego.

É com grande responsabilidade que devemos encarar esta semana de Natal em Missão, porque além de “sal na Terra”, nós queremos ser luz porque, como diz o Papa Francisco, “Um Natal sem luz não é Natal. Que exista a luz na alma, no coração; que exista o perdão aos outros; que não existam inimizades, que são trevas. Que exista a luz de Jesus, tão bela.”

Grupo Almacave Jovem, in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

Homenagem a Monsenhor Cândido de Azevedo

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Visitei-o a última vez, pelos Santos, no Lar da Misericórdia de Sernancelhe. Já não parecia o mesmo, condicionado como estava pela doença. Em pouco mais de um mês, a 13 de Dezembro, o P. Cândido Azevedo entregou a alma ao Criador.

Bem conhecido no arciprestado, na diocese e no país, o Padre Cândido era uma das figuras que sempre prestigiaram a presença e acçao da Igreja. Uma das qualidades que mais o impunham era o seu culto da palavra. Além dos dotes naturais no uso do verbo, falado ou escrito, havia nele um impulso de procura, de saber mais, de investigar, que fazia dele uma fonte de informação no campo da história local (e não só) e das artes, o que significava encontrar nele um interlocutor fácil, disponível, agradável e útil.

Conheci-o e convivi com ele durante vários anos de formação no seminário, durante as férias. Com ele contei sempre nos momentos difíceis e dolorosos do percurso. Como pastor, foi sempre zeloso, dedicado e reconciliador.

Um encontro com ele significava sempre o conhecimento de algo de novo, mediante a narração de qualquer episódio, a referência a algum personagem ignorado do comum dos mortais. Com humor, com espirito crítico, enraizado em princípios sólidos, construía as suas narrativas cheias de arte e sabor, com que se comprazia e deleitava os ouvintes. Para além da retorica que por vezes o dominava, sob a capa de bairrismo, escondia-se um amor à sua terra pátria e à sua língua materna que o enchiam de orgulho, em comparação da mediocridade e a ignorância de alguns que não se dispunham a escutá-lo.

No entusiasmo do seu discurso ninguém o superava. Sempre igual a si mesmo, era capaz de se comover em alguns dos seus sermões ou homilias. O seu zelo pastoral estendia-se às lições de catequese nas paróquias, à presidência dos actos litúrgicos e das procissões, servindo-se, para as deslocações, nos primeiros anos, de uma lambretta. É justo lembrar estes exemplos de uma identidade sacerdotal que, do tempo anterior ao Concilio Vaticano II até aos dias de hoje, soube manter a sua fidelidade à Igreja. Entre outros, há um gesto que ele tinha com o grupo de seminaristas de Penso na década de 50, que não deve ser ignorado e que era o de os convidar para o pequeno-almoço, a seguir à Missa.

Nos encontros de reflexão e de programação, deixei de o acompanhar, mas imagino como ele sempre terá participado, enquanto arcipreste responsável, de forma activa, interessada e critica. Quando se apercebia das dificuldades, havia nele um impulso que o fazia “explodir” e isto era, por vezes, um apelo à correcção, outras vezes, um convite à diversão.

 No campo cultural, ao qual ele era particularmente sensível, o P. Cândido deve ter tido um peso maior do que aquele que se pensa. Por mim, creio que sobretudo a ele se ficou a dever o relevo que hoje tem em Sernancelhe a memória do P. João Rodrigues e do Abade Vasco Moreira. A ele se fica a dever o Museu com o seu nome, a monografia sobre a igreja românica de Sernancelhe, assim como a monografia sobre a casa da Ordem de Malta, além de muitos artigos, publicados geralmente na «Voz de Lamego». De modo particular, recordo a sua presença em Roma, como membro do grupo sernancelhense de visita ao Vaticano.

Homens como o Padre Cândido fazem falta na sociedade e na Igreja: antes de quebrar que torcer, mesmo com defeitos! Ele pode ser apresentado como exemplo do homem de Fé, capaz de abraçar com alegria a Ciência. Nele se abraçam a Religião, a História e a Arte. Para ele chegou a hora de Deus. Esperemos que não tarde a hora do reconhecimento agradecido dos homens!

A. PINTO CARDOSO, in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

Seminário Maior de Lamego | Dia de Festa

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A 18 de Dezembro, na capela do Seminário Maior de Lamego, celebraram-se as instituições dos Ministérios de Leitor e Acólito. Recebeu a instituição do Ministério de Leitor o Vítor Carreira, seminarista do 5º ano, e do Ministério de Acólito o Luís Rafael e o Diogo Rodrigues, seminaristas do 6º ano.

A celebração foi presidida pelo Bispo de Lamego, D. António Couto, concelebraram o Bispo Emérito, D. Jacinto Botelho, o Vigário Geral, o Pró-Vigário, o Reitor do Seminário Maior de La mego e o Vice-Reitor do Seminário de Resende e Prefeitos dos mesmos Seminários, os párocos dos seminaristas e das paróquias de estágio dos seminaristas mais velhos, algumas das congregações e ordens religiosas da nossa diocese, os seminaristas maiores e suas famílias.

Durante a homilia, o Sr. D. António lembrou a alegria para toda a diocese em ver os jovens que se formam no Seminário Maior de Lamego a dar mais um passo, aproximando-se da mesa da Palavra e da mesa do Altar. Não esquecendo de elucidar os seminaristas agora instituídos da importância das funções que a Igreja lhes confiava desde então, lembrando o papel das mesmas nas primeiras comunidades cristas, rematou com uma palavra de incentivo para todos os seminaristas maiores, para que sigam os mesmos passos e sem aproximem de Cristo deixando Cristo abeirar-se deles. Aludindo também ao Evangelho e ao tempo de Advento, encorajou todos os presentes para serem e se deixarem ser habitação de Jesus, esse Senhor que vem ao nosso encontro.

À Celebração Eucarística seguiu-se o jantar de Natal do Seminário. A noite terminou com a exibição de algumas peças musicais alusivas ao Natal apresentadas pelos seminaristas, pelas religiosas e pelo Pe. Marcos Alvim. O mesmo sacerdote conseguiu despertar bastantes gargalhadas com alguns truques de magia que também trouxe a cena. Já o Cón. José Manuel Melo, que engendrou um jogo com cordas, conseguiu trocar as voltas aos cérebros daqueles que participaram no jogo e bastantes rizadas àqueles que de fora se animavam com a confusão e trapalhada dos primeiros que procuravam resolver o “quebra-cabeças”.

Foi sem dúvida uma noite animada e com espírito natalício, onde todos reunidos como irmãos rezaram, partilharam a refeição e estiveram em comunhão. O espírito natalício foi para os presentes ainda mais ornado pela alegria de testemunharem os passos dos seminaristas que caminham para o sacerdócio na espera de que o Senhor Jesus continue a chamar jovens que se disponham a santificar-se a servir a Igreja.

João Pereira, in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

NATAL. CURVAR-SE | Editorial Voz de Lamego | 22 de dezembro

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Em vésperas de Natal, o Jornal Diocesano, Voz de Lamego, faz eco da sociedade e da Igreja, com textos, reflexões, notícias centradas especialmente nesta quadra de Natal.

O Editorial, do Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, fala do Curvar-se próprio de Deus que vem e de cada um de nós para servimos o outro.

NATAL. CURVAR-SE

A Igreja da Natividade, que encontramos em Belém, foi declarada património da humanidade em 2012 e é uma referência para os cristãos, não apenas pela sua antiguidade (326), mas sobretudo porque no seu interior, segundo a tradição, podemos encontrar a gruta onde Jesus nasceu.

E é nesta bela, grande e histórica igreja, considerada a mais antiga do mundo, com tanto para contar e mostrar, que uma particularidade chama a atenção dos visitantes: a porta de entrada. Isto porque é muito baixa: tem apenas 125 centímetros de altura.

Como é que uma igreja tão antiga, tão importante e tão visitada tem uma porta de entrada tão baixa? Diz-se que foram os cruzados que, numas das remodelações feitas, optaram por diminuir a entrada existente. A razão seria para garantir que ninguém pudesse entrar montado a cavalo!

Assim, exceptuando as crianças ou pessoas muito baixas, todos têm que curvar-se para entrar na Igreja da Natividade.

O Natal convida o crente a curvar-se, não para ser humilhado ou dominado, perder de vista o horizonte ou confessar-se incapaz, mas para contemplar a ternura de um Deus que se revela na fragilidade e suavidade de uma criança. Curvar-se, não para que lhe batam, explorem ou carreguem desmesuradamente, mas para contemplar um Deus próximo, misericordioso e atento que conta connosco para ser acolhido e anunciado.

Mas curvar-se pode significar, também, o sair da pose habitual e o assumir de limites e imperfeições, sentindo-se próximo e solidário de quantos caminham. Porque, se na igreja da Palestina ninguém entra sem se curvar, no Natal não se entra sem deixar algumas posturas.

Também a misericórdia, cujo ano estamos a viver, exige protagonistas dispostos a curvarem-se: para a receber e agradecer, para a testemunhar e oferecer.

Um Santo Natal.

in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

Cáritas Diocesana e a Tarifa social na fatura da Luz

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A EDP associou-se à Cáritas Portuguesa, num projecto aberto a todos as outras empresas do sector energético, para a divulgação da tarifa social e promoção da adesão a todos os clientes, em situação de carência, que ainda não tenham tarifa social. Para tal, a EDP criou uma série de materiais promocionais sobre a tarifa social, bem como um sistema simplificado de adesão à tarifa social, que fará com que os beneficiários possam aderir, no momento do atendimento social, à tarifa social. Para isso as pessoas que efectuem o atendimento social terão à sua disposição um formulário para preencherem com os dados do beneficiário, uma linha de apoio telefónico para obtenção de esclarecimentos e um endereço de e-mail para enviarem a digitalização dos formulários. Em anexo envio um folheto da EDP onde, na página 1, se explica o que é a tarifa social e na página 2 se explica o funcionamento deste sistema simplificado.

Após um pequeno programa piloto a EDP vai arrancar com este projecto a nível nacional, já em Janeiro de 2016, com as seguintes actividades:

– formação sobre a tarifa social e o modo de funcionamento deste projecto, dada pela EDP, a todos os que efectuem atendimento social. A formação será dada em cada uma das Dioceses, caso haja uma participação elevada de representantes da Diocese, através das suas paróquias.

 Caso contrário a EDP utilizará a divisão do país em áreas  (área Norte, Centro, Sul, Lisboa e Vale do Tejo), escolhendo-se para cada área um ponto central onde será dada a acção de formação para as Cáritas Diocesanas e respectivas  paróquias:

– envio de material de comunicação sobre esta campanha.

Depois da formação todos aqueles que efectuem atendimento social ficarão aptos a utilizar o sistema simplificado criado pela EDP e a disseminar essa informação.

Mas, para que a EDP possa planear as acções de formação, é necessário que nos indiquem:

– quantos representantes dentro das vossas Paróquias estarão interessados em participar neste projecto e aceder à formação ministrada pela EDP.

Para que a nossa Cáritas Diocesana possa aderir a este  projecto, será necessário que nos indiquem se estão ou não interessados nesta formação.

Para que o projecto se possa iniciar em 2016 é necessário que nos enviem esta informação, idealmente, até dia 29 de Dezembro.

 

Cordiais saudações Natalícias

A Presidente da Cáritas Diocesana de Lamego

Isabel Duarte Mirandela da Costa

in Voz de Lamego, ano 85/55, n.º 4343, 22 de dezembro

Mensagem de Natal de D. António Couto

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ENCANDEADOS POR JESUS

Neste Natal vai até Belém

Vence o mal com o bem

Na tua história

Entrará o Rei da glória

Não deixes ir embora

O único rei que não reina desde fora.

  1. No Livro de Isaías 42,1-4, perícope conhecida como «Primeiro Canto do Servo», Deus apresenta o seu Servo com um conjunto de notas de singular mansidão, de que realço, em 42,2: «Não fará ouvir desde fora a sua voz». Comentando este passo em Difficile liberté. Essais sur le judaïsme, Emmanuel Levinas, com a sua habitual argúcia e finura, diz do Messias que «é o único rei que não reina desde fora». Entenda-se: não empunha a espada, não impõe a força, não lança impostos, não age por decreto. Traz consigo um domínio novo, que se insinua mansamente e sana a nossa velha e estafada humanidade desde dentro, desde o coração.
  1. É nesse novo coração iluminado que se acende a música dos anjos nos campos de Belém. Atónitos, os pastores decantam essa luz e trauteiam essa música. É assim, em bicos de pés e cântaros de luz, pássaros de dança e música estelar, que vão até Belém. Encontram o amor que os embalava. Levam-no de volta para os campos. Os pesados guardas, se bem que interpelados, nada entendem (cf. Cântico dos Cânticos 3,3-4; 5,7). Ídolos metalizados. Insensíveis. Inúteis. Nenhuma música inebria as estátuas de alegria.
  1. O Natal é intransitivo. O mapa desenrola-se por dentro. Alta tensão, toda a atenção no coração. Só o Amor pode dissolver este nevão. Só o Bem pode vencer o mal (cf. Romanos 12,21). O Bem não combate. Se combatesse, já não seria Bem. Seria mal. Mais mal, portanto, adviria. Só o Bem pode vencer, sem combater, este combate. Só o Amor. O Amor ama também o mal. É aí que o vence.
  1. Entremos por aí. Escreveu recentemente o Cardeal Karl Lehmann, Arcebispo de Mogúncia (Mainz), em Carta Pastoral à sua Diocese, por ocasião dos 1250 anos da morte de São Bonifácio, Apóstolo da Alemanha: «Tornámo-nos um mundo velho. Deixámo-nos vencer pelo cansaço […]. É necessário um radical revigoramento missionário da nossa Igreja. Não se trata apenas de reformar as estruturas. É preciso começar por cada um de nós. Se não estivermos entusiasmados pela profundidade e pela beleza da nossa fé, não podemos verdadeiramente transmiti-la nem aos vizinhos nem aos filhos nem às gerações futuras. […] É necessário também ganhar outras pessoas para a nossa fé cristã e arrastar os cristãos que cederam ao cansaço ou que até abandonaram a Igreja […]. Devemos difundir verdadeiramente o Evangelho de casa em casa, de coração a coração».
  1. Nesta Carta Pastoral, o Cardeal Lehmann traça um quadro realista de uma Igreja que parece envelhecida e cansada, mas aponta também, com mestria e clarividência, as coordenadas que devem moldar o rumo do futuro: não basta reformar por fora estruturas e edifícios; é preciso reformar por dentro, mudar o coração, acendê-lo com a luz nova de Cristo e do seu Evangelho. É preciso conversão pessoal e pastoral. É preciso Natal.
  1. E Quem é o Natal? É um imenso caudal de luz e de alegria, hemorragia de Jesus. Há quem pense amansá-lo e enlatá-lo, domesticá-lo, e depois tomá-lo em pequenos comprimidos, mais ou menos à razão de um por dia. Mas o Natal não se pode comprá-lo ou aviá-lo por receita. Nem cumprimentá-lo, quer com a mão esquerda quer com a direita. O Natal não tem regra ou etiqueta. Não se pode semeá-lo na jeira ali ao lado. Não se pode trocá-lo por qualquer bugiganga à venda no mercado. Este vendaval, que se chama Natal, só podemos deixá-lo entrar por nós adentro aos borbotões, até que rebentem os portões, e caiam um a um todos os botões. Também o mofo e o verdete que há nos corações serão levados na torrente, e também tudo o que apenas é corrente, banal ou indiferente.
  1. O Natal é Jesus. Por isso também, meu irmão de Dezembro, vai até Belém. Põe-te a caminho da Paz e do Carinho. Experimenta abrir o coração à Concórdia. Abraça a Misericórdia. Celebra agora o nascimento do único Rei que não reina desde fora.
  1. Desejo a todos os meus irmãos, sacerdotes, diáconos, consagrados/as e fiéis leigos, doentes, idosos, jovens e crianças das 223 Paróquias da nossa Diocese de Lamego, e da Igreja inteira, um Santo Natal com Jesus sempre no meio e um Novo Ano cheio de Misericórdia. Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, «Ide, e fazei da Casa de meu Pai Casa de Oração e de Misericórdia»!

Vem, Senhor Jesus. Bate à nossa porta. Encandeia a nossa vida.

Lamego, 20 de dezembro de 2015, IV Domingo do Advento

+ António, vosso bispo e irmão

Monsenhor Cândido Azevedo nas Mãos de Deus |1927-2015

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(Em Tabuaço, na casa do Pe. Manuel Pinto Afonso, entretanto também falecido em 2011)

14 de maio de 1927 – 13 de dezembro de 2015

A sua saúde tinha vindo a deteriorar-se nos últimos meses. Em junho último estivera internado e fora-lhe diagnosticado um tumor cancerígeno. Apesar dos tratamentos efectuados no IPO de Coimbra, a sua vida terrena extinguiu-se no domingo passado, dia da memória litúrgica de Sta. Luzia e ocasião de festa na Sarzeda, uma das suas paróquias. Na sexta-feira, dia 11, fora a Coimbra para mais uma consulta, mas ficou internado, tal a sua debilidade, e ali faleceu dois dias depois.

Cândido António Lemos de Azevedo nasceu em Sernancelhe, no dia 14 de Maio de 1927, e era filho de António de Deus Azevedo e de Maria Augusta Vieira de Lemos. Frequentou os nossos seminários diocesanos, em Resende e Lamego, e foi ordenado presbítero por D. João da Silva Campos Neves, na capela do Seminário, a 22 de Julho de 1951.

A sua missão pastoral levou-o, nos primeiros anos de sacerdócio, às paróquias de Casteição, Paipenela, Vila da Ponte, Granjal e Penso. Em 1962 deixa esta última e toma posse de Ferreirim. No dia 19 de Abril de 1973 foi nomeado arcipreste de Sernancelhe por três anos, mas os mandatos foram sendo sucessivamente renovados. No dia 02 de Outubro de 1979 foi nomeado pároco de Sernancelhe, onde se manteve até à sua morte.

A eucaristia exequial, na igreja matriz de Sernancelhe, na tarde do dia 14, foi presidida por D. Jacinto Botelho e contou com cerca de 40 sacerdotes e muitos fiéis que encheram por completo aquela igreja que o Padre Cândido tão bem conhecia e a quem dedicou uma importante publicação. Na homilia, o nosso bispo emérito enunciou muitas das qualidades que todos lhe reconheciam: o seu amor à Igreja, a sua dedicação a Sernancelhe, a sua devoção mariana, os seus dotes oratórios, o enorme saber acumulado, a sua frontalidade e generosidade.

O nosso jornal Voz de Lamego publicou muitos artigos deste seu colaborador, para alegria dos seus leitores e amigos, ficando sempre o desejo de ler mais. Bem haja.

Nos próximos dias talvez venhamos a receber textos de homenagem e saudade enviados por amigos e admiradores que nos poderão ajudar a recordar e a agradecer os seus dons.

A nossa oração.

in Voz de Lamego, ano 85/54, n.º 4341, 15 de dezembro

Monsenhor José Gomes nas mãos de Deus |1925-2015

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26 de março de 1925 – 10 de dezembro de 2015

José do Nascimento Gomes nasceu na freguesia de Penela da Beira, no dia 26 de março de 1924. Filho de Joaquim Maria Gomes e de Ana da Ascensão Seixas, foi o mais novo dos 5 filhos do casal e o único rapaz. Na igreja matriz de Penela da Beira recebeu o sacramento do batismo a 3 de junho de 1925 e, na mesma freguesia, recebeu a instrução primária. Depois frequentou os seminários diocesanos de Resende e de Lamego, sendo ordenado sacerdote a 22 de agosto de 1948, pelo bispo de então, D. Ernesto Sena de Oliveira. Foram ordenados, no mesmo dia, 7 condiscípulos. Um destes veio a ser ordenado bispo para a diocese de Bragança – Miranda, D. António José Rafael.

Iniciou a sua vida paroquial nas paróquias da Prova e do Aveloso do concelho de Mêda, onde esteve 3 anos. Em 1951, D. João da Silva Campos Neves pede-lhe para assumir o múnus pastoral da paróquia de Ervedosa do Douro, no concelho de São João da Pesqueira, com a missão de construir uma residência paroquial. Em Ervedosa do Douro, uma das suas irmãs que o acompanhava morre queimada devido a uma máquina de fazer hóstias. Em 1961, no dia 1 de outubro, o mesmo bispo pede-lhe que assuma a responsabilidade pastoral da paróquia de São João da Pesqueira. Confia-lhe também a responsabilidade de arcipreste da zona pastoral de São João da Pesqueira, que exerceu durante quase 50 anos. Nos anos de 1971/72, já a pedido de D. Américo Henriques, acolheu na paróquia de São João da Pesqueira, um diácono para a primeira experiência de estágios diaconais na diocese de Lamego. Recebeu na sua paróquia aquele que é hoje o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.

No dia 17 de agosto 2009, o Papa Bento XVI concedeu-lhe o título de Monsenhor, pelos méritos da sua ação pastoral nas paróquias ao longo de 61 anos. Em setembro de 2010, a seu pedido, é dispensado da paroquialidade de São João da Pesqueira, pelo bispo D. Jacinto Botelho. Passa os últimos anos da sua vida com estadias alternadas entre a sua terra natal, Penela da Beira e a cidade de Almada, junto de familiares.

Enquanto pároco, foi também professor de música e assumiu, sempre que necessário, a paroquialidade de várias comunidades do concelho de São João da Pesqueira, como aconteceu a 19 de abril de 1973, em que foi nomeado pároco de Vale de Figueira a Velha por 3 anos, e a 4 de janeiro de 1978, quando foi nomeado pároco de Vilarouco e Valongo dos Azeites.

Deus chamou-o para junto de si no dia 10 de Dezembro de 2015, quando estava em Almada. O seu corpo veio, no dia seguinte, para São João da Pesqueira, onde foi celebrada eucaristia em sufrágio da sua alma. Ao fim da tarde foi trazido para Penela da Beira onde ficou câmara ardente, na igreja matriz.

No sábado, dia 12, realizou-se o seu funeral, tendo presidido à eucaristia exequial D. Jacinto Botelho, em representação do bispo de Lamego, D. António Couto. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Penela da Beira.

A nossa oração.

in Voz de Lamego, ano 85/54, n.º 4341, 15 de dezembro