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Jubileu da Misericórdia: Consciência
No final da primeira carta enviada aos cristãos de Corinto, São Paulo deixa-lhes um apelo: “Estai vigilantes, permanecei firmes na fé” (1 Cor 16, 13).
A verdade é que, mesmo descuidando a vigilância (quedas, negações, distâncias, “saídas de casa”, uso da “lei de talião”…), Deus não desiste de cada um dos seus filhos e sempre espera uma tomada de consciência e um regresso humilde e confiante. É neste âmbito de pecador consciente, mas cheio de confiança na misericórdia divina, que o baptizado vive o sacramento da Reconciliação. Não se trata, pois, de uma tradição a cumprir ou de um dizer algo de si, mas de um encontro entre um Pai que ama e de um filho que tem consciência de que é amado.
A nossa liberdade é um dom que, como todos os dons, exige responsabilidade para não ser desbaratado. E é na ausência de tal responsabilidade (vigilância, firmeza) que o pecado pode acontecer. Tudo seria mais fácil se não fossemos livres! Mas que valor teriam então as nossas acções? Que valor teria uma decisão onde não existissem alternativas? A mesma liberdade que nos pode levar ao fundo também nos pode elevar. Dito de outra maneira, o “sim” é sempre valorizado pela possibilidade do “não”.
O jubileu é uma oportunidade para descobrir o valor e a beleza do sacramento da reconciliação. É verdade que se vai perdendo a dimensão penitencial da vida cristã, o que acarreta a perda de sentido da gratuidade da graça. O que é isso de precisarmos do perdão de Deus? O mesmo acontece no que respeita à salvação: salvos de quê e de quem? Como poderá alguém reconhecer a graça de ser perdoado na sua “divida” se nem sequer reconhece estar endividado para com alguém? Quando o homem já não se reconhece pecador, já não faz nada para evitar o pecado ou para o remediar.
Como facilmente se percebe, o sacramento da reconciliação supõe uma consciência devidamente formada. Tal como mostra a formação da palavra “consciência”, esta não é apenas fruto de esforços individuais, mas de um conhecer “junto”, em comunidade (família, educadores em geral, confessores, directores espirituais, amigos). Quando tal formação não existe corre-se o risco de se ficar por um “não mato nem roubo”, “não faço mal a ninguém” ou terminar com um “pedido de absolvição por tudo o que ficou por dizer”.
A consciência, que é definida como “voz de Deus em nós”, é instrumento de liberdade humana que procura o bem e a verdade. Ela revela a nossa identidade, gera um estilo de vida, indica uma maturidade pessoal, uma sensibilidade pela instância moral e social. Mas necessita de crescer, de ser formada e de se exercitar. Para não desaparecer ou ser deformada necessita da ajuda dos outros: Palavra de Deus, conselho, confronto leal e franco, do silêncio e da reflexão, da oração. A consciência é formada, educada, recta, verdadeira quando é “conforme à sabedoria do Criador (CIC 1783) e que essa educação é “tarefa para toda a vida” (CIC 1784).
No encontro com Cristo que salva, na escuta e na oração da sua Palavra, na relação com a comunidade eclesial, no confronto com os outros e com a realidade que o rodeia, o pecador encontra a sua própria imagem do filho amado e perdoado.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016
Matar… ou deixar morrer… ou ajudar a morrer
DE VEZ EM QUANDO…
No passado dia 06 do mês corrente de Fevereiro, o Movimento “Direito a morrer com dignidade” apresentou no Porto um manifesto a defender a eutanásia e o suicídio medicamente assistido, assinado por 110 cidadãos. Nesse manifesto, o Movimento defende a despenalização e regulamentação da morte medicamente assistida em Portugal e o direito de as pessoas, em pleno uso das suas faculdades mentais, mas perante um sofrimento profundo ou uma doença incurável, terem a liberdade de escolha, ou seja, a liberdade de decidirem morrer e de pedirem que as matem.
O referido manifesto veio trazer de novo para a ribalta da comunicação e para o campo da discussão, o problema da eutanásia.
Logo a seguir, no dia 15, a jornalista Fátima Campos Ferreira trouxe o tema para debate no programa “Prós e Contras”, programa que eu acompanhei com todo o interesse e atenção.
No dia 15 deste mês, reunido em Fátima, o “Conselho Permanente do Episcopado Português” (desta vez apareceu e funcionou) veio tornar claro que a Igreja defende e afirma que a vida humana é algo sagrado e inviolável que “tem sempre a mesma dignidade, em todas as suas fases, independentemente das circunstâncias, quer externas quer internas”. O cardeal patriarca de Lisboa dissera uns tempos antes que “entrar por aí (pela despenalização da eutanásia, tornando-a legal e livre),é entrar numa porta perigosa, de futuro imprevisível”. De facto, depois de se legalizar a matança de crianças inocentes, pretende-se agora legalizar a matança dos doentes terminais, e depois, podem seguir-se mais coisas…e assim se conseguir a “pureza e a sanidade total” da raça, ao jeito da limpeza de Hitler, da purga de Estaline e de outros semelhantes a eles.
O “Código Deontológico dos Médicos”, publicado em Diário da República a 13 de Janeiro de 2009, proíbe a todos os membros da Ordem “a ajuda ao suicídio, à eutanásia e à distanásia”. Ler mais…
EUTANÁSIA : ERRO DELES… ou meu.
Um grupo de pessoas que dizem ser importantes (???) da nossa sociedade reuniu-se para apresentar um manifesto a favor da eutanásia.
Ao ouvir a notícia pelos meios de Comunicação Social, confesso que fiquei indignado. Não imaginava que pessoas “importantes” – há quem diga que são intelectuais – viessem apresentar ao País que o que os move é o favorecimento da morte. País miserável este se se deixar arrastar por personalidades com semelhante “ importância” e semelhante “ intelectualidade”.
Gostaria de ver personalidades a pugnar pelo direito `a vida (não pelo direito à morte), a promover reuniões e congressos acerca de como viver dignamente e quanto mais tempo melhor! Que houvesse cientistas e que fossem incentivados por mais pessoas cultas (que não estas, obviamente) no sentido de tentarem descobrir a eliminação de mais doenças e de mais anos de vida! Isso sim. Agora, aparecerem-nos “ pessoas cultas”, cuja cultura que nos apresentam é a defesa para que as pessoas se matem ou deixem matar …, que passem bem, muito obrigado. Tais pessoas só podem caminhar para a derrota definitiva, mesmo que neste tempo histórico haja quem lhe bata palmas, satisfazendo o seu ego.
Reduzir o ser humano a um simples objecto, ou seja, coisificar o ser humano, não ter uma visão de transcendência, é tudo, menos cultura digna desse nome, ou então é cultura nivelada por baixo, ao sabor de consensos. Pior, perder a vergonha de considerarem o ser humano submetido a leis de grupo e negando-se o Direito e os direitos da pessoa humana, em geral, é alarmante. Ler mais…
Convívio Fraterno 1296: testemunhos
O meu convívio foi o 1296, que se realizou dos dias 5 a 8 de fevereiro de 2016. O local onde tudo aconteceu foi na obra Kolping, em Lamego.
O convívio fraterno é algo que não se consegue explicar, nem eu vou fazê-lo porque não posso. Quem quiser saber o que é, que experimente, não se irá arrepender. Mas, atenção, pois nem todos são capazes de perder dias de folia para se encontrarem com Deus. Nós, os convivas 1296 fomos capazes de deixar o mundo lá fora, para ir viver a festa com o nosso amigo Jesus Cristo (J.C).
No dia em que cheguei, dia 5, tudo era estranho e ao mesmo tempo curioso. Curioso devido ao que ouvia de antigos convivas, esses mesmos nunca contaram o que lá aconteceu, apenas diziam que era uma aventura a não perder, daí a estranheza. Neste mesmo dia senti algo inexplicável.
Nos dias seguintes, as manhãs estavam frias e chuvosas, mas nada me fez desanimar. A receção que nos faziam, a cada dia, era acolhedora, com muita alegria e assim sentíamos cada vez mais especiais. Durante estes dias, fui sentindo que muitas vezes deixo Deus de lado, que me esqueço Dele e que não lhe dou o valor que tanto Ele merece. As reflexões que fui fazendo fizeram-me pensar na minha vida, no valor que ela tem, na pessoa que sou para mim e para os outros e em Deus. Ler mais…
DIA DIOCESANO DE CATEQUISTAS | 20 de fevereiro
No passado dia 20 de fevereiro, no Centro Pastoral de Almacave – Lamego, realizou-se o encontro diocesano de catequistas da diocese de Lamego. Este ano, como estamos a viver o Ano Jubilar da Misericórdia, os catequistas tiveram a oportunidade de refletir sobre a sensibilidade que todo o cristão deve ter para com o seu próximo, para assim poder fazer a experiência da Misericórdia.
Assim, o encontro começou pelas 10h00 com a oração da manhã. Após termos louvado o Senhor, iniciamos a reflexão orientada pelo Sr. D. António Couto, Bispo da nossa diocese. O Sr. Bispo começou por realçar a importância do testemunho e ação eclesial do catequista.
Partindo do capitulo 2 do Livro de Daniel – história do sonho do rei Nabucodonosor – o Sr. Bispo, através da imagem da estátua com cabeça de ouro, braços e tronco de prata, ventre e coxas de bronze, pernas de ferro e pés de barro, apontou as imperfeições que compõem o homem da sociedade do nosso tempo: cabeça de ouro símbolo de poder, ambição, importância, orgulho, opulência, dinheiro, lucro; peito e braços de prata: sinal de sedução, luxo, prazer, vaidade; ventre e coxas de bronze e pernas de ferro: representam a guerra e a violência; pés de barro: mostram a inutilidade. Se a sociedade é imperfeita e não serve para nada, o que fazer? Mudar o material da estátua! Assim, na cabeça devemos colocar bom senso, grandes ideais, usar os olhos para vez a Beleza, usar o ouvidos para ouvirmos o Bem, o ar que nos entra pelo nariz é de todos e isso é sinal de fraternidade, usar a boca para comunicarmos – encontro com o outro. Devemos substituir a prata do peito e braços por um coração sensível, braços capazes de acolher, mãos abertas para poderem dar e receber. No ventre, coxas e pernas de ferro, devemos dar lugar à Misericórdia. Sendo o ventre humano um lugar frágil, não tem osso que o protege e psicologicamente é aí que sentimos de imediato as noticias alegres ou tristes, é aí que despertamos para a Misericórdia. É aí que sentimos o desejo da experiência da Misericórdia. Devemo-nos deixar tomar pela sensibilidade que nos vem de Deus, para que esta agite o nosso ventre e sejamos levados a agir já, no imediato, ao encontro do nosso próximo e usar a Misericórdia para com ele. Desta forma, como catequistas que somos, o Sr. Bispo desafiou-nos a tornar os catequizandos que nos são confiados a serem mais sensíveis, a estarem aptos a serem invadidos pela Misericórdia, a fim de poderem agir já, no imediato, ao encontro daqueles que mais precisam.
Pré-Seminário no Seminário Maior de Lamego | 20 e 21 de fevereiro
Nos passados dias 20 e 21 de fevereiro, realizou-se em Lamego um encontro do Pré-Seminário no Seminário Maior de Lamego, dirigido pelo Excelentíssimo Padre Vasco Pedrinho com a colaboração de João Pereira do 2.º ano de Teologia. Participando Adriano Pereira e Marcelo Moutinho. Sendo um fim-de-semana de reflexão, convivo e animação.
Iniciou-se no dia 20, pelas 10h00 da manhã, onde ocorreu o acolhimento e distribuição dos quartos, seguindo-se de uma reunião que contou com a presença inicial do Reitor do Seminário, Padre Joaquim Dionísio, onde demonstrou acolhimento, abertura das portas desta casa e votos de um futuro da nossa parte em ingressão no Seminário. Seguindo-se de uma breve reflexão sobre duas passagens da bíblia (Jo 1, 35-42 e Lc 5, 1-11), sobre o chamamento, o convite a entrar na barca do Senhor e com Ele navegar, mesmo que por vezes em aguas tenebrosas, caminhos estreitos, mas com fé inabalável com São Pedro. Seguindo-se depois o almoço ao meio dia e meio, contando com a presença de alguns Presbíteros e seminaristas. Durante a tarde visualizou-se um filme intitulado “Deus Não Está Morto” seguindo-se uma breve reflexão sobre o mesmo. Em seguida deu-se um encontro individual com o Senhor Padre Vasco Pedrinho, e preparação para a Via Sacra organizada pelos Pré-seminaristas e o João Pereira do 2.º ano. Depois da realização da mesma, houve o Jantar e finalizando a noite Rezamos Completas e fomos a uma Oração de Taizé, na Paroquia de Santa Maria Maior de Almacave organizada pelo grupo de Jovens, na qual está em pastoral, o seminarista Diogo Martinho, do 4.º ano.
No dia 21, iniciamos o dia com missa na Sé Catedral, presidida pelo Senhor Padre Vasco. No final fomos fazer uma visita as Irmãs Dominicanas de clausura.
Finalizando com o almoço e uma visita ao lar das Freiras de São Camilo, para congratular o Monsenhor Germano Lopes pelos seus 95 anos de idade realizados no passado dia 20 de fevereiro.
Dando-se por finalizado o fim-de-semana de pré-seminário, com energias renovadas, reflexões realizadas e ensinamentos para o futuro.
António Marcelo Mateus Moutinho, in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016
Retiro Quaresmal no Seminário Interdiocesano
Misericordiosos como o Pai
Como vai sendo costume pelo início da Quaresma, o nosso Seminário Maior Interdiocesano de São José, que é constituído pelos seminaristas das dioceses de Bragança-Miranda, Guarda, Lamego e Viseu, viveu o período de retiro espiritual. O Tempo da Quaresma é um tempo forte de reaproximação a Deus, pelas tradicionais vias de conversão: oração mais intensa, jejum e esmola. Retirar-se é, necessariamente, querer e começar a concretizar essa proximidade a Deus.
Os exercícios espirituais tiveram início com a celebração de Quarta-feira de Cinzas e foram, este ano, orientados por um padre mariano, Pe. João Carlos Rodrigues, no edifício DomusCarmeli em Fátima.
Durante o retiro meditou-se e rezou-se o tema da Misericórdia: partindo da Sagrada Escritura e ao longo de várias conferências o Pe. João foi trazendo luz a diversas passagens que demonstram a Misericórdia do Pai.
Ao longo de quatro dias, oração, formação e silêncio foram os pilares que construíram o retiro anual do Seminário Maior Interdiocesano de São José, uma oportunidade de reflectir sobre a temática do Ano Santo que estamos a viver e de experimentar a Misericórdia de Deus que apesar das nossas constantes faltas, está sempre disponível para perdoar.
O retiro terminou no sábado, dia 13 de Fevereiro, sob a protecção de Maria a Mãe de Misericórdia. No dia seguinte, toda a comunidade, como corolário do retiro, participou na celebração de Ordenação Diaconal de Ivo Fernandes da Diocese de Bragança-Miranda e membro da comunidade do Seminário Maior Interdiocesano de São José em Braga.
Diogo Jesus, in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016
Seminaristas percorrem última etapa formativa
O sexto ano do Seminário é o cume da formação do seminarista. Ao longo deste ano, depois de terminado o curso de Teologia, a formação passa a ser efetuada no próprio edifício do Seminário, pois reveste-se de um caráter mais prático e de preparação para o envio às comunidades. Assim sendo, já não se prende com um caráter de avaliação, mas em vista da preparação para a vida sacerdotal.
Esta formação só pode ser concretizada através do esforço dos sacerdotes da nossa diocese que nela colaboraram e colaboram. Neles, o seminarista vê aqueles que o precedem e que por isso o ajudarão naquilo que é o mais importante para o seu envolvimento com a Diocese e com o mundo atual, no seguimento de Cristo. Não poderemos esquecer a boa vontade dos sacerdotes presentes no I Semestre, bem como aqueles que de novo nos vêm ajudar na caminhada deste II Semestre. Desde a preparação para o ministério da Presidência e Comunhão, o conhecimento da História da Diocese, a análise dos vários Documentos do Magistério, a valorização das Técnicas de Comunicação, o estudo da Pastoral Comunitária e da Doutrina Social da Igreja, todas nos ajudaram na primeira parte deste nosso último ano. Neste segundo período de tempo debruçar-nos-emos sobre áreas como a Espiritualidade Sacerdotal, a Evangelização, a Missiologia, a Pastoral Catequética e o Direito Sacramental.
Assim, ao terminar o I Semestre, e ao iniciar um novo, queremos agradecer aos sacerdotes que nos acompanharam: Mons. Bouça Pires, Cón. José Manuel Melo, Cón. José Manuel Ferreira, Pe. João António Teixeira, Pe. João Carlos e Pe. Joaquim Dionísio a sua disponibilidade, a partilha de experiências e do seu saber, bem como damos as boas-vindas aos que nos vão ajudar nesta nova etapa, nomeadamente o Cón. Joaquim Assunção, o Cón. Manuel Leal e o Pe. Diamantino Alvaíde agradecendo a sua disponibilidade, bem como a do Cón. Melo e do Pe. Joaquim Dionísio que continuam a acompanhar-nos neste semestre.
Diogo Rodrigues | Luís Azevedo, in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016
Grupo Coral de Resende no Concerto Quaresmal na Penajóia
Numa tarde de chuva e frio como foi o dia 14/2/16, realizou-se pelas 15 horas, sendo uma pérola de ourivesaria de excepcional beleza que é a Igreja de Santíssimo Salvador da Paróquia de Penajóia – Lamego, II concerto do “Grupo Coral da Igreja Paroquial de Resende”. Este grupo com 36 elementos de ambos os sexos actuou no ambiente solene da “Quaresmal”. Foi acompanhado pelo “Orgão de Tubos”, dos fins do séc. XVIII, pelo José Augusto Pereira, reconhecido pelo seu talento musical.
Antes de começar o concerto foi proferido pelo prof. Aurélio Guedes Felisberto as boas vindas aos admiradores e grupo coral.
O maestro Joaquim Alves, com a sua incrível técnica, coloca-o à vontade em qualquer tipo de reportório, mesmo que exige mais preparação. É de tal forma impressionante que pensamos estar em presença de um ser de outro planeta.
E, apesar de quase uma hora ininterrupta de concerto, não foi preciso esperar muito para que os admiradores mostrassem ao que iam. Ao ouvi-los, ficamos de imediato rendidos aos primeiros sons das suas cordas vocais, ficando aquelas vozes no silêncio que tranquilizam o corpo e alma. A igreja rejubilava, reagindo de imediato aos primeiros acordes de cada tema. A alegria estava estampada nas faces de todas as pessoas.
Ao fim houve as prédicas habituais pelo maestro e pároco da freguesia. Foi oferecido umas garrafas do vinho da “Adega Cooperativa da Penajóia”.
Esta freguesia é um guardião de tesouros da natureza e de uma igualável riqueza paisagística e da biodiversidade. A natureza espreguiça-se com os escarpados socalcos e vinhedos, no sossego “Rio Douro”.
Viritato Lemos, in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016
DEBATE SOBRE EUTANÁSIA | Editorial Voz de Lamego | 23 de fevereiro
Nos últimos dias têm-se acentuado o debate (ou a falta dele) sobre a Eutanásia, pelo que a Voz de Lamego não fica indiferente a uma reflexão que muitos querem que termine antes de começar, usando a eleição representativa para impor aos outros leis que em sufrágio não atingiram votos para serem validadas, mas agrupando com outros também eleitos, ainda que não tenham apresentado programas eleitorais que previssem a produção de leis em ordem a facilitar a Eutanásia.
O Editorial do Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, propõe esta reflexão, lembrando-nos o caminho perigoso de expandirmos a cultura da morte ao invés de anunciarmos e vivermos o Evangelho da Vida.
Muitos outros temas se podem encontrar na edição da Voz de Lamego, que tem como destaque de capa o Dia Diocesano de Catequistas e a Semana Nacional Cáritas (21 a 28 de fevereiro).
Boa leitura.
DEBATE SOBRE EUTANÁSIA
O debate sobre a eutanásia está lançado e as opiniões já começaram a fazer-se ouvir. Numa sociedade cada vez mais velha e cansada, onde só a eficácia conta e os mais débeis são deixados sós e para trás, o assunto era inevitável e fará parte dos chamados “temas fracturantes” que alguns agentes políticos elevaram a “essenciais”.
Neste caso, trata-se da tentação de apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e pondo fim “docemente” à vida própria ou alheia. Nas palavras de João Paulo II, “Por eutanásia, em sentido verdadeiro e próprio, deve-se entender uma acção ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objectivo de eliminar o sofrimento. A eutanásia situa-se, portanto, no plano das intenções e no plano dos métodos utilizados” (O Evangelho da vida, n.º 65).
A pressão mediática será muita e talvez se consiga um referendo, mas, mais tarde ou mais cedo, lá será aprovado mais esse “avanço civilizacional”.
A propósito da dignidade humana, artigos de opinião vão aparecer, relatos emocionados terão destaque e o exemplo de outros países será divulgado. E o que é isso de direito a morrer com dignidade? O ser humano doente já não tem dignidade quando perde a esperança? Ou será que a dignidade depende do reconhecimento alheio?
Com um tema tão grave e complexo será suficiente ficar-se pela opinião ou será importante promover o debate? E será que se poderá procurar a verdade privilegiando o registo emocional?
Por outro lado, será que esta é mais uma decisão de uma sociedade que tenta, aos poucos, retirar da vida humana tudo o que é demasiado duro para ser assumido? Não estaremos a testemunhar a tentativa de se apresentar como um bem aquilo que objectivamente é um drama?
in Voz de Lamego, ano 86/14, n.º 4351, 23 de fevereiro de 2016