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D. António Couto: A missão vai fazer a diferença
In Público
O Papa Francisco é “uma escolha que pode trazer mudança, na maneira de ser e das tradições da Igreja”, antevê ao PÚBLICO o bispo de Lamego, D. António Couto. Para além de ser o primeiro sul-americano, primeiro jesuíta e primeiro Francisco, o novo Papa surpreendeu, às primeiras palavras, ao pedir a bênção do povo e baixar a cabeça para a receber.
D. António Couto, que antes da reunião magna dos cardeais, manifestara o desejo de que o novo líder da Igreja Católica viesse da América Latina, confessa-se “muito feliz” por isso e pela “ideia de missão, muito forte” que acredita que vai trazer. Ao mesmo tempo, mostra-se curioso por saber “qual Francisco” Jorge Bergoglio quis honrar, se o italiano de Assis, se o jesuita Xavier. Provavelmente os dois, por uma comum “forte ideia de missão”. Francisco de Assis, fundador da ordem dos Franciscanos, diz, “mudou o mundo, era próximo das pessoas e dirigia-se-lhes com carinho”. Francisco Xavier, jesuíta que partiu de Lisboa para a Índia, foi o “apóstolo dos tempos modernos, o seu maior missionário, viveu com simplicidade, no Oriente, onde morreu”, acrescenta.
Por seguir o percurso de Jorge Bergoglio, especialmente desde que esteve no conclave que nomeou Bento XVI, o bispo de Lamego sublinha que o novo Papa é um homem “habituado a estar muito perto das pessoas e gosta de estar no meio delas”, está convicto de que “vai quebrar a distância, a barreira de segurança que o separa das pessoas”. Garante que “estar distante não é o seu estilo” e o que vai ser difícil à Igreja será fazê-lo “resistir” a não chegar às pessoas. “Veremos se a Igreja conseguirá manter todos os seus protocolos”, comenta. D. António Couto sublinha ainda que a América Latina é uma das zonas do globo onde a Igreja “está pujante e cheia de vida, onde ficam os dois maiores países católicos do mundo, o Brasil e o México”. Acresce a Argentina, sobretudo depois dos últimos 25 anos, período durante o qual o catolicismo “cresceu muito e foi buscar muita força à ideia de missão”. A mesma que acredita que vai agora fazer a diferença, a partir de Roma.
D. António Couto: Francisco pode ser «uma lição para o Mundo»
Lisboa, 13 mar 2013 (Ecclesia) – O bispo de Lamego disse hoje ser bom para a Igreja ter um Papa que vem da Igreja “viva e missionária” da América Latina, como Francisco.
“Termos um Papa que vem da Argentina, esse mundo rejuvenescido e pujante de vida, pode ser uma lição para o Mundo”, afirma D. António Couto, em declarações à Agência ECCLESIA, após a eleição do cardeal Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires.
“A Argentina é dos países que mais evoluiu na ideia e concretização da missão, tendo uma Igreja muito dinâmica”, acrescentou.
O prelado, que já tinha ouvido falar do arcebispo de Buenos Aires como uma pessoa “simples e próxima dos fiéis” acredita que este será um pontificado “próximo e missionário”.
A preferência de D. António Couto era a eleição de um Papa latino-americano, pelo que não ficou “surpreendido” mas “muito feliz” e crente de que o Papa Francisco irá “ajudar a Igreja”.
Quanto ao nome escolhido, o bispo de Lamego diz ser um “santo nome”.
“Pode ser por influência de São Francisco de Assis, pela sua humildade, beleza e fraternidade que já hoje foi citada, mas também acredito que possa ser por São Francisco Xavier, o maior missionário da época moderna e jesuíta, como este Papa é”, observa.
D. António Couto refere ainda que não sabe qual dos dois santos “pesará mais na vida” do novo Papa mas acredita que “qualquer um dos exemplos aponta para a renovação”.
O fumo branco saiu hoje da chaminé colocada sobre a Capela Sistina a partir 19h06 locais (menos uma em Lisboa).
O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, foi eleito no quinto escrutínio da reunião eleitoral iniciada esta terça-feira, à porta fechada, pelas 17h34 (hora de Roma).
Francisco I tem menos dois anos do que Joseph Ratzinger quando este foi eleito em abril de 2005, aos 78 anos.
O agora Papa emérito, de 85 anos, renunciou por causa da sua “idade avançada”.
SN