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Archive for Abril, 2015

Movimento da Mensagem de Fátima | Encontro de Reparadores

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Encontro com um Grupo de Mensageiros Reparadores

No passado sábado, dia 25 de abril, da parte da manhã no Seminário Maior de Lamego, o Movimento da Mensagem de Fátima realizou mais um Encontro de Mensageiros Reparadores.

Participaram alguns Mensageiros que, tal como muitos outros, se esforçam diariamente por responder ao apelo do Anjo e de Nossa Senhora, durante as aparições aos Pastorinhos, para que se faça reparação pelos pecados com que Deus é ofendido.

A reparação é um conceito presente na Mensagem de Fátima, um sentido de responsabilidade coletiva pelo pecado e que inspira a vida destes Mensageiros reparadores num esforço permanente de conversão, devoção dos cinco primeiros sábados, oração diária do rosário, interseção pelos pecadores, de penitência, de sacrifício e do viver em graça na amizade com Deus.

A Reparação à luz da Mensagem de Fátima, foi o tema explorado pela D. Teodolina Silvestre. A formação espiritual e o são convívio entre Mensageiros são sempre e, também, um bom motivo para estes encontros.

O Assistente diocesano, senhor Padre Vasco Pedrinho, lembrou que a Reparação vem totalmente ao encontro da mensagem do Evangelho – viver o Evangelho e transmiti-lo aos outros deve ser um desafio para todos. E, terminou citando o Papa Francisco em “Evangelii Gaudium”, no ponto 264: O encontro pessoal com o amor de Jesus que nos salva: “Se não sentimos o desejo intenso de comunicar Jesus, precisamos de nos deter em oração para Lhe pedir que nos volte a cativar”.

O Secretariado Diocesano, in Voz de Lamego, n.º 4311, ano 85/24, de 28 de abril de 2015

VALORIZAR A VIDA | Editorial Voz de Lamego | 28 de abril

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Como destaque na capa, o Dia do Trabalhador, com a chamada de atenção para a dignidade e para o direito ao trabalho. Como nos tem habituado, a Voz de Lamego é enformada por notícias, reflexões, acontecimentos. Nas páginas centrais, a Visita Pastoral de D. António Couto no Arciprestado de Lamego, desta feita à Paróquia de Cepões.

O Editorial, com que nos presenteia o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor do Jornal Diocesano, convida a valorizar a vida, constatando as diversas agressões gratuitas à vida de milhares de pessoas, o terrorismo, o radicalismo religioso…

VALORIZAR A VIDA

A desejada e conseguida divulgação de imagens e palavras protagonizada por radicais islâmicos que teimam em impor-se pela força, sujeitando populações à sua forma de pensar e de agir, vai revelando a perseguição atroz que, entre outros, os cristãos estão a sofrer por aquelas terras que continuamos a julgar longínquas. Tal como aconteceu no norte de África, também por ali tendem a desaparecer os cristãos e a serem destruídos os sinais da sua presença e passagem.

Por estes dias, em França, a polícia deteve um indivíduo que pretendia atacar católicos naquele país, tendo em sua posse armas para concretizar um atentado em igrejas. O mesmo estudante é suspeito de ter assassinado uma jovem mãe a quem terá tentado roubar o carro. Como reagir perante tais ameaças? Os bispos franceses divulgaram uma nota apelando aos católicos para evitarem o pânico e dizendo que a melhor resposta seria manter a prática religiosa, sem ceder à tentação do medo que tais indivíduos pretendem ver crescer.

O que se pensava poder acontecer longe, com os outros, pode afinal estar a aproximar-se rapidamente. Apesar da atenção e vigilância das autoridades, impedir todas as tentativas pode ser impossível. Como poderá um país defender-se de actos assim, praticados por alguns daqueles que, tantas vezes, acolhe, trata, forma e quem sempre fornece meios para serem livres de pensar, dizer e de se movimentarem?

Apesar de serem actos isolados e de constantemente ecoar o apelo ao diálogo, a verdade é que será sempre muito difícil dialogar com quem protagoniza tal fanatismo e dá tão pouco valor à própria vida. E se não amam a própria vida, que valor atribuirão à vida dos outros, dos que pensam e percorrem caminhos diferentes?

 

in Voz de Lamego, n.º 4311, ano 85/24, de 28 de abril de 2015

ULTREIA ARCIPRESTAL | Paróquia de Alvite | CURSISTAS

Ultreia Alvite

A ultreia, como tempo de encontro com aqueles que partilharam a experiência de um cursilho de cristandade, constitui-se um elemento importante para renovarmos os nossos compromissos, e partilharmos as dificuldades e as alegrias que experimentamos na vivência do nosso ideal.

Reconhecendo a sua importância, reunimo-nos no passado domingo, dia 19, no salão Paroquial de Alvite, num encontro alargado a todos os que fazem parte deste movimento e que vivem no Arciprestado de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço. O acolhimento caloroso dos cursilhistas de Alvite, o bom tempo e a cerca de centena e meia de participantes proporcionaram uma tarde muito bela e rica em partilhas.

No encontro estiveram presentes os membros do Secretariado Diocesano do Movimento bem como alguns Párocos nomeadamente o Sr. Padre Bráulio que dirigiu o encontro começando pelo acolhimento inicial com cânticos e cumprimentos, passando à parte da oração, e entregando assim a Deus os bons frutos da ultreia. Como é habitual, fomos brindados por dois rolhos apresentados por dois cursilhistas da paróquia de Alvite que nos fizeram refletir sobre o tema da família e nos mostraram, através das suas experiências pessoais, que a presença de Deus no lar é fundamental para ultrapassar os desafios, as dificuldades e as alegrias que a vida nos dá e que com Ele partilhamos. A profundidade dos rolhos impulsionou alguns cursilhistas que, através do seu testemunho, foram mostrando como este Deus que conheceram melhor no cursilho se tem tornado participante das suas vidas e presença na sua família. O encontro terminou com um momento de convívio onde podemos saborear o belo lanche que o grupo de ultreia de Alvite nos preparou e que acompanhou com muitos reencontros, conversas e gargalhadas de muita alegria.

A ultreia serviu também para divulgar e apelar a todos os cursilhistas que se empenhem no crescimento do movimento levando outros irmãos a saborear, pela primeira vez, a experiência magnifica do cursilho de cristandade, aproveitando o próximo cursilho de Senhores que se irá realizar no primeiro fim de semana de Maio iniciando no final do dia de 5.ª feira 30 de abril e encerrando no domingo 3 de maio.

Sara Guia, in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

D. ANTÓNIO COUTO em VILA NOVA DE SOUTO D’EL REI

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Admonição inicial do Pároco,

na Eucaristia de encerramento da Visita Pastoral

 

Ex.mo e Reverendíssimo Sr. D. António Couto:

Na qualidade de Pároco de Vila Nova de Souto d’El-Rei, saúdo V.ª Ex.ª Reverendíssima e quero manifestar, em nome de todos os paroquianos, nesta Igreja Matriz, a nossa gratidão pela honra e a graça que nos confere a sua presença. Encontra-se no meio de nós para presidir à Eucaristia e proceder à administração do sacramento do Crisma a 23 jovens.

Os sinos repicam hoje festivamente para anunciar que a nossa Paróquia recebe a graça de um novo Pentecostes. Neste ano de 2015, Deus dá-nos a oportunidade de receber um sacramento que torna mais forte a fé dos jovens e os ajuda a serem testemunhas do amor de Cristo nos mais variados ambientes que os rodeiam. Os 7 dons da sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus vão ajudar estes jovens no seu crescimento, em ordem à construção do Reino de Deus nesta comunidade. Seja bem vindo Sr. Bispo, a esta parcela da Igreja diocesana.

O templo é pequeno hoje, para albergar todos os fiéis. Estão presentes os pais, padrinhos, familiares e restantes paroquianos, desde Arneirós e Lamelas até Juvandes e Póvoa. Os padrinhos foram escolhidos pelos próprios crismandos, e serão para eles a referência de uma vida consentânea com a sua fé.

Está Vossa Reverendíssima numa Paróquia que o estima, generosa no contributo material e espiritual, solidária com o seu Pároco na oração e em caminhada permanente de comunhão com Deus e os irmãos. Hoje a tradição religiosa dos mais velhos junta-se ao dinamismo da fé dos mais jovens, mas todos na mais recta intenção de construir uma Igreja viva, que cumpra sua missão de mãe e mestra da verdade, que seja um átrio de fraternidade, lugar de encontro e reconciliação, apostólica e solícita para com todos.

Estes jovens são os aliados naturais de Cristo e serão apóstolos de outros jovens. Amam a Igreja, e na reflexão que fizeram durante os encontros de preparação para o Crisma, auxiliados pelos seus catequistas, fizeram a descoberta feliz de que Deus os chama ao testemunho e à fortaleza das suas convicções religiosas. Eles querem ser soldados de Cristo, capazes de sempre O confessar diante dos homens. N’Ele encontram o sentido pleno para as suas vidas.

O grupo coral também hoje mais numeroso, constituído por elementos de toda a Paróquia, organizou-se para apoiar estes jovens, com cânticos plenos de beleza artística. Todos, sem excepção, se empenharam para que esta sua visita e, de modo particular, esta Celebração Eucarística, fosse digna, festiva e jubilosa.

                                                                         Pe. Assunção Ferreira, cónego,

in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

DIA DO DESERTO | MMF | PENEDONO

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O MOVIMENTO DA MENSAGEM DE FÁTIMA

EM DIA DE DESERTO

O MMF reuniu com os seus mensageiros e outras pessoas interessadas, para viverem mais um “Dia de Deserto”.

Viver um Dia de Deserto não é alienar-se dos problemas ou alhear-se das realidades concretas da vida, mas sim purificar-se e robustecer-se espiritualmente para ser melhor e fazer melhor. O deserto é no contexto bíblico, o lugar do encontro íntimo e intenso com Deus. Caminhar no Deserto é abrir as janelas da alma e acompanhar Maria ao encontro de seu  Filho Jesus Cristo  Ressuscitado, o  nosso Salvador.

Em 18 de Abril, o dia acordou  chuvoso e frio e os mensageiros caminharam das várias paróquias da  Diocese para o Santuário da Virgem Mártir Santa Eufémia, de Penedono, que mesmo com o seu restauro inacabado, nos acolheu  de braços abertos. Dentro do Santuário, sentiu-se o aconchego e o calor humano de adultos e jovens que encheram por completo o Santuário. Deixaram os seus locais de conforto para, no silêncio da montanha e em ambiente de retiro, ouvir com atenção as palavras sábias e sensatas do orientador, Sr. Padre Aniceto, que desenvolveu com palavras simples, mas profundas,  o tema proposto para este dia: “Santificados em Cristo, Morto e Ressuscitado”.

O conceito bíblico do termo  Santo  (separado do mundo),  refere-se a Deus, porque só  Ele é Santo, só Ele é Criador, só Ele está acima do pecado e da maldade do mundo. Deus é perfeitamente Bom. Também nós somos chamados a sermos santos… a Deus agrada a nossa santificação. Pelo batismo recebemos a semente que nos faz crescer na fé, na esperança e na caridade. Nós os cristãos somos chamados a ser perfeitos como o Pai Celeste é perfeito (Mt 5, 48).

O orientador falou-nos  também dos meios que temos ao nosso alcance para nos convertermos à Santidade. Um dos caminhos é a “Escola de Maria” – Maria é modelo de santidade, na simplicidade e humildade, na fé e na confiança, na vida simples da sua casa de Nazaré.

Depois de um farnel partilhado, fez-se a caminha da “VIA LUCIS”, o sol reapareceu por entre as  nuvens  e viveu-se um momento muita fé, na alegria contagiante  da Ressurreição do Senhor.

Seguiu-se um tempo de Adoração a Jesus Eucaristia e de Reconciliação. O dia terminou  com o  momento alto da nossa fé e da vida cristã: a celebração da Eucaristia, celebrada e muito participada  por todos.

Partimos cada qual mais enriquecido pelo encontro, pela oração e partilhada, pelos  ensinamentos e afetos  recebidos, e também pela esperança dum tempo que há-de ser melhor, se todos nos esforçarmos por amar a Deus sobre todas as  coisas e ao próximo como a nós mesmos.

O Secretariado, in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

Mensagem do Papa Francisco para a XXX Jornada da Juventude

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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A XXX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

«FELIZES OS PUROS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS»

(Mt 5, 8)

Queridos jovens!

Continuamos a nossa peregrinação espiritual para Cracóvia, onde em Julho de 2016 se realizará a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude. Como guia do nosso caminho escolhemos as Bem-aventuranças evangélicas. No ano passado, reflectimos sobre a Bem-aventurança dos pobres em espírito, inserida no contexto mais amplo do «Sermão da Montanha». Juntos, descobrimos o significado revolucionário das Bem-aventuranças e o forte apelo de Jesus para nos lançarmos, com coragem, na aventura da busca da felicidade. Este ano reflectiremos sobre a sexta Bem-aventurança: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8).

1. O desejo da felicidade

A palavra «felizes», ou bem-aventurados, aparece nove vezes na primeira grande pregação de Jesus (cf. Mt 5, 1-12). É como um refrão que nos recorda a chamada do Senhor a percorrer, juntamente com Ele, uma estrada que, apesar de todos os desafios, é a via da verdadeira felicidade.

Ora a busca da felicidade, queridos jovens, é comum a todas as pessoas de todos os tempos e de todas as idades. Deus colocou no coração de cada homem e de cada mulher um desejo irreprimível de felicidade, de plenitude. Porventura não sentis que o vosso coração está inquieto buscando sem cessar um bem que possa saciar a sua sede de infinito?

Os primeiros capítulos do livro do Génesis apresentam-nos a felicidade maravilhosa a que somos chamados, consistindo numa perfeita comunhão com Deus, com os outros, com a natureza, com nós mesmos. O livre acesso a Deus, à sua intimidade e visão estava presente no projecto de Deus para a humanidade desde as suas origens e fazia com que a luz divina permeasse de verdade e transparência todas as relações humanas. Neste estado de pureza original, não existiam «máscaras», subterfúgios, motivos para se esconderem uns dos outros. Tudo era puro e claro.

Quando o homem e a mulher cedem à tentação e quebram a relação de confiante comunhão com Deus, o pecado entra na história humana (cf. Gn 3). Imediatamente se fazem notar as consequências inclusive nas suas relações consigo mesmo, de um com o outro, e com a natureza. E são dramáticas! A pureza das origens como que fica poluída. Depois daquele momento, já não é possível o acesso directo à presença de Deus. Comparece a tendência a esconder-se, o homem e a mulher devem cobrir a sua nudez. Privados da luz que provém da visão do Senhor, olham a realidade que os circunda de maneira distorcida, míope. A «bússola» interior, que os guiava na busca da felicidade, perde o seu ponto de referência e as seduções do poder e do ter e a ânsia do prazer a todo o custo precipitam-nos no abismo da tristeza e da angústia.

Nos Salmos, encontramos o grito que a humanidade, desde as profundezas da sua alma, dirige a Deus: «Quem nos dará a felicidade? Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto!» (Sal 4, 7). Na sua infinita bondade, o Pai responde a esta súplica com o envio do seu Filho. Em Jesus, Deus assume um rosto humano. Com a sua encarnação, vida, morte e ressurreição, redime-nos do pecado e abre-nos horizontes novos, até então inconcebíveis.

E assim, queridos jovens, em Cristo encontra-se a plena realização dos vossos sonhos de bondade e felicidade. Só Ele pode satisfazer as vossas expectativas tantas vezes desiludidas por falsas promessas mundanas. Como disse São João Paulo II, «Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos; é Ele quem vos impele a depor as máscaras que tornam a vida falsa; é Ele quem vos lê no coração as decisões mais verdadeiras que outros quereriam sufocar. É Jesus quem suscita em vós o desejo de fazer da vossa vida algo grande» (Vigília de Oração em Tor Vergata, 19 de Agosto de 2000: L’Osservatore Romano, ed. portuguesa de 26/VIII/2000, 383).

2. Felizes os puros de coração…

Procuremos agora aprofundar como esta felicidade passa pela pureza de coração. Antes de mais nada, devemos compreender o significado bíblico da palavra «coração». Na cultura hebraica, o coração é o centro dos sentimentos, pensamentos e intenções da pessoa humana. Se a Bíblia nos ensina que Deus olha, não às aparências, mas ao coração (cf. 1 Sam 16,7), podemos igualmente afirmar que é a partir do nosso coração que podemos ver a Deus. Assim é, porque o coração compendia o ser humano na sua totalidade e unidade de corpo e alma, na sua capacidade de amar e ser amado.

Passando agora à definição de «puro», a palavra grega usada pelo evangelista Mateus é katharos e significa, fundamentalmente,limpo, claro, livre de substâncias contaminadoras. No Evangelho, vemos Jesus desarraigar uma certa concepção da pureza ritual ligada a elementos externos, que proibia todo o contacto com coisas e pessoas (incluindo os leprosos e os forasteiros), consideradas impuras. Aos fariseus – que, como muitos judeus de então, não comiam sem antes ter feito as devidas abluções e observavam numerosas tradições relacionadas com a lavagem de objectos –, Jesus diz categoricamente: «Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. (…) Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má-fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios» (Mc 7, 15.21-22). Ler mais…

I Jornadas Jurídico-Pastorais | Matrimónio e Família

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O Matrimónio e a família: aspectos bíblicos e canónicos

A Vigararia Judicial da nossa diocese organizou as I Jornadas Jurídico-Pastorais para abordar o tema “O matrimónio e a família: aspectos bíblicos e canónicos”. O encontro decorreu no Seminário Maior, em Lamego, e contou com cerca de cinco dezenas de participantes, alguns vindos de dioceses vizinhas.

A abertura da jornada esteve a cargo do Cón. Doutor Joaquim Assunção Ferreira, Vigário Judicial da diocese de Lamego, que saudou a presença de todos, apresentou os conferencistas e justificou a temática do evento apontando para o lema pastoral da diocese no ano em curso, “Ide e construí com mais amor a família de Deus”, bem como para a preparação que a Igreja vive em ordem à próxima Assembleia sinodal que terá lugar em Roma, no próximo outono, sobre a realidade familiar.

Iguais perante Deus

O nosso bispo, D. António Couto, com uma abordagem bíblica, guiou-nos através de várias passagens da Escritura onde o matrimónio e a família se destacam. Começou por percorrer o capítulo 7 da Primeira Carta aos Coríntios, onde S. Paulo, escreve sobre os direitos e deveres dos esposos, apontando para igualdade entre homem e mulher e prescrevendo a importância de um acordo comum no que à sexualidade se refere.

Paulo, um judeu convertido à fé cristã, afasta-se do pensamento onde nasceu e cresceu e propõe uma prática diferente da judaica, para quem a mulher “era um ser menor a quem não era permitido ter vontade própria”. Dito de outra maneira, Paulo “leva o Evangelho ao chão matrimonial”, numa abordagem sem precedentes, propondo uma paridade que promove homem e mulher, de acordo com a Criação, e libertando-se da crítica de misoginia com que, às vezes, é mimoseado.

De seguida, leu e comentou duas passagens evangélicas, Mc 10, 2-12 e Mt 19, 3-11, onde Jesus é questionado sobre a prática judaica do divórcio, assente numa passagem do livro do Deuteronómio (24, 1). Jesus recorda o relato da Criação, sublinha a “dureza de coração” dos homens que levou a tal prática e descreve a prescrição de Moisés (acta de divórcio) como acto que visa proteger a mulher.

A última passagem citada veio dos dois primeiros capítulos do livro do Génesis, a propósito da Criação do Homem e da Mulher e da união de ambos como algo pretendido pelo Criador, mas também como necessário para ambos, de forma a excluírem a solidão e a poderem mutuamente contar com alguém que sabe “estar ao lado de…”. Homem e mulher são uma unidade, “são dois lados” de uma mesma realidade: destruir um dos lados acarreta destruir também o outro.

Aspectos canónicos

O Vigário Judicial do Tribunal Patriarcal de Lisboa, Padre Doutor Ricardo Jorge Alves Ferreira, abordou os aspectos canónicos, possibilitando uma aproximação ao Direito Canónico vigente e abrindo perspectivas para um diálogo que se estabeleceu depois. A este propósito, atendendo à linguagem técnica em causa e à importância do tema, já pedimos à Vigararia Judicial da nossa diocese que escreva sobre o assunto.

Partilha de uma experiencia

Após o almoço, o Vigário Judicial do Tribunal Interdiocesano Vilarealense, Mons. Fernando Dias de Miranda, dirigiu-se à assembleia para tratar o tema “O Tribunal eclesiástico ao serviço da pastoral diocesana”, partilhando a experiência deste serviço protagonizado conjuntamente pelas dioceses de Bragança, Lamego e Vila Real.

Estas foram as primeiras jornadas de outras que, certamente, se seguirão. Felicitamos os seus organizadores, nomeadamente o Padre José Alfredo Patrício que, tal como referiu o Sr. Vigário Judicial da nossa diocese, se desdobrou em múltiplos contactos e afazeres para que tudo estivesse devidamente pronto.

in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

 

CEP – algumas conclusões

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Assembleia da conferência episcopal portuguesa

Algumas notas

Os Bispos portugueses estiveram reunidos em Assembleia Plenária de 13 a 16 de abril de 2015, em Fátima.

Em sintonia com os apelos do Papa Francisco, a Assembleia manifestou preocupação pela perseguição aos cristãos em vários países do mundo, sobretudo no Próximo Oriente e recentemente no Quénia, o que deveria exigir uma atenção redobrada por parte de todos na defesa da vida, dos direitos humanos e da liberdade religiosa.

Na proximidade de um tempo de eleições em Portugal, a Assembleia refletiu sobre a necessidade de a sociedade portuguesa assentar numa base comum de valores sociais e humanistas. Causas essenciais como o respeito pelo bem comum, pelos princípios da solidariedade e da subsidiariedade, pela vida empresarial criadora de trabalho e da riqueza, pela justa promoção social dos pobres, pelo apoio aos mais frágeis, em particular os nascituros, às mães gestantes e às famílias deveriam constar nas propostas concretas e consistentes dos partidos e candidatos.

Os bispos portugueses esperam que os que se propõem servir politicamente o País se pronunciem também sobre a salvaguarda da vida humana em todas as suas fases, a valorização da vida familiar e da educação dos filhos, o trabalho e o emprego, a saúde e a segurança social, o acompanhamento dos que emigram, a integração dos imigrantes e o diálogo sociocultural inclusivo.

A Assembleia aprovou uma Nota Pastoral sobre a «Visita da Imagem Peregrina às Dioceses de Portugal», que vai decorrer de maio de 2015 a maio de 2016 no âmbito do programa de preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Os Centros Sociais Paroquiais, enquanto instituições de solidariedade social, foram objeto de longa reflexão, quanto à sua autonomia, gestão, eclesialidade e sustentabilidade, tendo em conta a sua situação concreta e as orientações da Igreja. Em ligação com esta temática, a Assembleia aprovou um modelo de Estatutos para os Centros Sociais Paroquiais e outros Institutos da Igreja Católica, a serem utilizados por cada Centro e Instituto, para adequar os seus Estatutos ao novo Decreto-Lei nº 172-A/2014, de 14 de novembro, e admitindo adaptações em cada diocese.

Com o mesmo objetivo de poderem adequar os seus Compromissos (Estatutos) à mesma legislação, a Assembleia aprovou um novo Compromisso-modelo para as Irmandades da Misericórdia.

in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

OUSAR RESPONDER | Editorial Voz de Lamego | 21 de abril de 2015

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A edição desta semana da Voz de Lamego abre com destaque para os trágicos acontecimentos do Mediterrâneo, com centenas de pessoas a tentar chegar à Europa, à procura de uma vida melhor, também vítimas do tráfico e da ganância, daqueles que com promessas fáceis colocam estas centenas pessoas na rota dos naufrágios, que já matarem milhares de pessoas.

Destaque nas páginas centrais para a Visita Pastoral de D. António Couto à Paróquia de Vila Nova de Souto d’ El Rei (Arneirós), no Arciprestado de Lamego, nesta semana de Oração pelas Vocações, de que o Editorial faz eco. Muitos outros temas, reflexões, notícias, acontecimentos próximos.

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 52.º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES: Aqui.

Para ambientar a leitura desta edição, o Editorial do seu Diretor, Pe. Joaquim Dionísio.

OUSAR RESPONDER

A 52.ª Semana de Oração pelas Vocações, sob o tema “Seguir Jesus, Caminho de Beleza, Vocação & Santidade”, começou antes de ontem. Uma iniciativa anual que data de 1964 e que, desde 1971, termina no IV Domingo de Páscoa, também conhecido como Domingo do Bom Pastor.

Uma iniciativa que convida à reflexão: quando falamos de “vocação” falamos dessa realidade que toca todo o ser humano no mais íntimo da sua liberdade. A vocação, no quadro da vida cristã, é um apelo único e pessoal de Deus, inscrito em cada homem por Ele criado. E todos são convidados a responder-lhe na liberdade do amor, em vista da própria felicidade.

Mas uma iniciativa que apela, também, à oração: para que a liberdade humana, esclarecida e estimulada pela ação do Espírito Santo, descubra o seu caminho.

Por outro lado, e neste contexto, falar de vocações é fazer referência a todos quantos se consagraram de forma particular ao serviço da Igreja que peregrina no mundo, aos religiosos e ministros ordenados que, ao longo dos séculos, foram chamados e enviados. Contemplando a missão protagonizada e o serviço prestado, como não louvar e agradecer, ontem como hoje, tais vidas?

E mesmo se a grande maioria não consta da lista eclesial dos santos, não é tema de livros biográficos ou não está retratada em monumentos humanos, como não agradecer os inumeráveis dons e frutos de santidade?

Apesar dos limites e fragilidades, das dificuldades e do sofrimento na diversidade de vocações assumidas, como não sublinhar tantas vidas doadas de forma discreta e eficiente? Quantos testemunhos protagonizados com alegria e serenidade, em plena disponibilidade e gratuidade?

Por isso, Senhor, aos que chamas para continuar a aventura, concede-lhes discernimento e confiança, para que ousem responder ao Teu apelo e avancem firmemente, servindo todos os que encontram no caminho.

in Voz de Lamego, n.º 4310, ano 85/23, de 21 de abril de 2015

Mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 52.º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

26 de Abril de 2015 – IV Domingo de Páscoa

Tema: O ÊXODO, EXPERIÊNCIA DA VOCAÇÃO

Amados irmãos e irmãs!

O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, chama-as, alimenta-as e condu-las. Há mais de 50 anos que, neste domingo, vivemos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Este dia sempre nos lembra a importância de rezar para que o «dono da messe – como disse Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). Jesus dá esta ordem no contexto dum envio missionário: além dos doze apóstolos, Ele chamou mais setenta e dois discípulos, enviando-os em missão dois a dois (cf. Lc 10,1-16). Com efeito, se a Igreja «é, por sua natureza, missionária» (Conc. Ecum. Vat. II., Decr. Ad gentes, 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário, suscitando em nós o desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa vida e gastá-la pela causa do Reino de Deus.

A oferta da própria vida nesta atitude missionária só é possível se formos capazes de sair de nós mesmos. Por isso, neste 52.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, gostaria de refletir precisamente sobre um «êxodo» muito particular que é a vocação ou, melhor, a nossa resposta à vocação que Deus nos dá. Quando ouvimos a palavra «êxodo», ao nosso pensamento acodem imediatamente os inícios da maravilhosa história de amor entre Deus e o povo dos seus filhos, uma história que passa através dos dias dramáticos da escravidão no Egipto, a vocação de Moisés, a libertação e o caminho para a Terra Prometida. O segundo livro da Bíblia – o Êxodo – que narra esta história constitui uma parábola de toda a história da salvação e também da dinâmica fundamental da fé cristã. Na verdade, passar da escravidão do homem velho à vida nova em Cristo é a obra redentora que se realiza em nós por meio da fé (Ef 4, 22-24). Esta passagem é um real e verdadeiro «êxodo», é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a orientação decisiva da existência para o Pai.

Na raiz de cada vocação cristã, há este movimento fundamental da experiência de fé: crer significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade e rigidez do próprio eu para centrar a nossa vida em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente a caminho, sabendo que Deus indicará a estrada para a nova terra. Esta «saída» não deve ser entendida como um desprezo da própria vida, do próprio sentir, da própria humanidade; pelo contrário, quem se põe a caminho no seguimento de Cristo encontra a vida em abundância, colocando tudo de si à disposição de Deus e do seu Reino. Como diz Jesus, «todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19, 29). Tudo isto tem a sua raiz mais profunda no amor. De facto, a vocação cristã é, antes de mais nada, uma chamada de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um «êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus» (Bento XVI, Carta enc. Deus caritas est, 6).

A experiência do êxodo é paradigma da vida cristã, particularmente de quem abraça uma vocação de especial dedicação ao serviço do Evangelho. Consiste numa atitude sempre renovada de conversão e transformação, em permanecer sempre em caminho, em passar da morte à vida, como celebramos em toda a liturgia: é o dinamismo pascal. Fundamentalmente, desde a chamada de Abraão até à de Moisés, desde o caminho de Israel peregrino no deserto até à conversão pregada pelos profetas, até à viagem missionária de Jesus que culmina na sua morte e ressurreição, a vocação é sempre aquela ação de Deus que nos faz sair da nossa situação inicial, nos liberta de todas as formas de escravidão, nos arranca da rotina e da indiferença e nos projeta para a alegria da comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso, responder à chamada de Deus é deixar que Ele nos faça sair da nossa falsa estabilidade para nos pormos a caminho rumo a Jesus Cristo, meta primeira e última da nossa vida e da nossa felicidade.

Esta dinâmica do êxodo diz respeito não só à pessoa chamada, mas também à atividade missionária e evangelizadora da Igreja inteira. Esta é verdadeiramente fiel ao seu Mestre na medida em que é uma Igreja «em saída», não preocupada consigo mesma, com as suas próprias estruturas e conquistas, mas sim capaz de ir, de se mover, de encontrar os filhos de Deus na sua situação real e compadecer-se das suas feridas. Deus sai de Si mesmo numa dinâmica trinitária de amor, dá-Se conta da miséria do seu povo e intervém para o libertar (Ex 3, 7). A este modo de ser e de agir, é chamada também a Igreja: a Igreja que evangeliza sai ao encontro do homem, anuncia a palavra libertadora do Evangelho, cuida as feridas das almas e dos corpos com a graça de Deus, levanta os pobres e os necessitados.

Amados irmãos e irmãs, este êxodo libertador rumo a Cristo e aos irmãos constitui também o caminho para a plena compreensão do homem e para o crescimento humano e social na história. Ouvir e receber a chamada do Senhor não é uma questão privada e intimista que se possa confundir com a emoção do momento; é um compromisso concreto, real e total que abraça a nossa existência e a põe ao serviço da construção do Reino de Deus na terra. Por isso, a vocação cristã, radicada na contemplação do coração do Pai, impele simultaneamente para o compromisso solidário a favor da libertação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres. O discípulo de Jesus tem o coração aberto ao seu horizonte sem fim, e a sua intimidade com o Senhor nunca é uma fuga da vida e do mundo, mas, pelo contrário, «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 23).

Esta dinâmica de êxodo rumo a Deus e ao homem enche a vida de alegria e significado. Gostaria de o dizer sobretudo aos mais jovens que, inclusive pela sua idade e a visão do futuro que se abre diante dos seus olhos, sabem ser disponíveis e generosos. Às vezes, as incógnitas e preocupações pelo futuro e a incerteza que afecta o dia-a-dia encerram o risco de paralisar estes seus impulsos, refrear os seus sonhos, a ponto de pensar que não vale a pena comprometer-se e que o Deus da fé cristã limita a sua liberdade. Ao invés, queridos jovens, não haja em vós o medo de sair de vós mesmos e de vos pôr a caminho! O Evangelho é a Palavra que liberta, transforma e torna mais bela a nossa vida. Como é bom deixar-se surpreender pela chamada de Deus, acolher a sua Palavra, pôr os passos da vossa vida nas pegadas de Jesus, na adoração do mistério divino e na generosa dedicação aos outros! A vossa vida tornar-se-á cada dia mais rica e feliz.

A Virgem Maria, modelo de toda a vocação, não teve medo de pronunciar o seu «fiat» à chamada do Senhor. Ela acompanha-nos e guia-nos. Com a generosa coragem da fé, Maria cantou a alegria de sair de Si mesma e confiar a Deus os seus planos de vida. A Ela nos dirigimos pedindo para estarmos plenamente disponíveis ao desígnio que Deus tem para cada um de nós; para crescer em nós o desejo de sair e caminhar, com solicitude, ao encontro dos outros (cf. Lc 1, 39). A Virgem Mãe nos proteja e interceda por todos nós.

Vaticano, 29 de Março – Domingo de Ramos – de 2015.

Franciscus PP.