Centenário das Aparições | Apelos do Céu
A expressão “mensagem de Fátima” é habitual nos textos ou alocuções que abordam a história do mais conhecido e visitado Santuário português. E é fundamental fazer tal referência, já que ali encontramos o mais importante das aparições, o que deve ser escutado, conhecido, transmitido, vivido…
O que se pretende enunciar, então, com a expressão “mensagem de Fátima”?
A resposta, simples, dirá que tal expressão apareceu e existe para designar o conjunto de interpelações e revelações que podemos encontrar nos acontecimentos e afirmações que os pastorinhos nos transmitiram. Tal conteúdo foi fixado por escrito aquando dos interrogatórios feitos aos três videntes, bem como nas “Memórias” da Irmã Lúcia.
A leitura de tais relatos permite aceder à “mensagem de Fátima”, mas a sua plena compreensão exigirá outras leituras e reflexões, de forma a permitir compreender todo o seu alcance e actualidade. O que de maneira simples, ao jeito daquele tempo e segundo as capacidades humanas dos seus autores foi dito e escrito pode e deve ser objecto de estudo e debate para melhor ser contextualizado e percebido.
Ao longo destes cem anos muito foi sendo dito e escrito sobre o assunto, sendo de louvar o esforço dos últimos tempos para analisar, aprofundar e divulgar tal mensagem. Neste particular, vários têm sido os colóquios, os estudos e as publicações sobre o tema, mostrando uma realidade muito mais profunda e actual que a simples análise ao fenómeno humano que reúne grandes massas ou as habituais imagens que nos mostram atitudes dos crentes.
Já sabemos que tais “revelações” nada acrescentam à Revelação que a Sagrada Escritura e a Tradição, mas se a Igreja as considera dignas de crédito, então o conteúdo deve ser tratado com atenção e estima.
Como olhar, então, as aparições de Fátima?
Utilizando uma expressão de D. Virgílio, actual bispo de Coimbra e antigo reitor daquele santuário mariano, as aparições podem ser contempladas como “portadoras de fortes apelos do Céu” para este tempo e neste lugar que são os nossos, quando a humanidade arrisca perder-se ou cortar os laços que a unem a Deus criador.
Tal como já aqui se escreveu e é do conhecimento geral, as aparições aconteceram num momento da história em que a perda de fé parecia universal, o ateísmo se afirmava e a guerra aniquilava milhões. Fátima surgiu nesse contexto como “grito de Deus” que se fez ouvir pela voz “doce e suave” de Maria.
E é neste contexto que se podem ler as palavras de Nossa Senhora, contidas na “mensagem de Fátima”, acerca da paz, a visão do inferno, os apelos à penitência e à oração pela conversão dos pecadores, os incentivos ao amor à Igreja figurada na pessoa do Santo Padre.
Por Maria chegaram ao mundo os “apelos do Céu”, com uma mensagem de misericórdia da parte de Deus.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/14, n.º 4399, 14 de fevereiro de 2017