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Editorial Voz de Lamego: Rainha da Paz, dai-nos a paz!

A paz é como um frasquinho de cheiro, frágil, preciosa e frágil. Precisa de muitos cuidados e de uma vigilância constante. Uma aragem e pode desfazer-se em instantes o que demorou anos, décadas, a construir. Desde Caim que a terra recolhe o sangue dos irmãos, são mortos pais, filhos, maridos, esposas, vizinhos, pelos mais variados motivos e sem motivos nenhum. O genocídio na Ucrânia é só mais um episódio da prepotência, dos sonhos megalómanos de um homem e/ou de uma ideologia, do egoísmo e sobranceria, prevalecendo a lei do mais forte, recorrendo à força, à violência e chantagem. Aquele adágio célebre “queres a paz prepara-te para a guerra”, infelizmente, evoca um princípio malévolo, parecendo que só estamos bem a lutar, a ver quem é o maior e assegurar-nos que na batalha seguinte sairemos vencedores. O medo e a desconfiança em relação ao outro, levam-nos a criar muros e fronteiras, a “armar-nos” para o que der e vier.
«Volta a pôr a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam na espada pela espada perecerão» (Mt 26, 52). No Jardim das Oliveiras, como na Cruz, Jesus sabe que a violência não resolve, só gera mais violência. A agressão contra uma pessoa, não é apenas contra uma pessoa, é contra a humanidade, é contra Deus, para quem todos somos filhos, portanto irmãos. E, porque gera ódio e violência em outros membros da família e/ou da comunidade, gera o propósito de saldar “dívidas” durante décadas. A invasão russa vai abrir feridas que levarão gerações a sarar. Amordaçar, coagir, matar, ameaçar, separar famílias, destruir-lhes as habitações, os campos, obrigá-las a fugir, gerará escravos, mas nunca a paz. Dividir para governar! A paz, preciosa e frágil, está a sangrar em abundância.
Vamos iniciar o mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, na invocação de Nossa Senhora de Fátima. Este ano, maio começa no próximo domingo, dia em que em Portugal se comemora o Dia da Mãe. Na mensagem para este dia, a Igreja em Portugal quer prestar a sua homenagem a todas as “mães coragem de todos os dias, as que nunca desistem de cuidar, proteger e ensinar a crescer saudáveis os seus filhos”, lembrando especialmente as mães ucranianas.
A nossa referência e modelo é Maria. É a Senhora da Paz, que nos dá o Príncipe da Paz. E para cuidar desta PAZ, Maria, com São José, tem de fugir para Egito, para uma terra estrangeira, como tantas mães em fuga com os seus filhos para cidades e países distantes.
O velho Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, tinha profetizado: “Uma espada trespassará a tua alma” (Lc 2, 34-35). Príncipe da Paz, Jesus é morto como malfeitor. Maria pouco pode fazer. Aparentemente o amor saiu derrotado, só Deus nos mostrará que o amor vence. O amor é pobre e frágil, porque se predispõe a dar a vida pelo outro, ao jeito de Jesus. Mas só o amor nos salvará. Só o amor de Jesus nos salva.
Na mensagem de Fátima é recorrente o apelo à oração pela paz, desde logo nas aparições do Anjo: Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo (primavera de 1916); «De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação… atraí, assim, sobre a vossa Pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal» (verão de 1916). É também um pedido constante de Nossa Senhora, nomeadamente na primeira, na terceira, na quinta e sexta aparição. «Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra… Quero que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer… Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar… O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz». A construção da paz passa por todos. Por mim e por ti. Peçamo-la a Deus, para que inspire o coração de todos os homens e que Maria reze connosco a paz.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/24, n.º 4655, 27 de abril de 2022
Editorial da Voz de Lamego: Bendito é o fruto do teu ventre, Jesus

“A fragilidade humaniza a vida”, tematiza a vivência de mais uma Semana da Vida, proposta pela Igreja que caminha em Portugal, num contexto sui generis, de grande preocupação em defender, proteger e cuidar da vida, bem acentuada pela pandemia do novo coronavírus. Quem diria que aqueles que há poucos dias estavam apressados a legislar sobre direitos à morte estejam hoje a suspender direitos e liberdades a quem possa colocar em causa a saúde e a vida dos outros!
Para o cristão – seja onde for, na família, no desperto, na cultura, na política – é sempre oportuno a defesa e a promoção da vida, desde a sua conceção até à morte natural, não desistindo de encontrar respostas, ajudas, de comunicar esperança, de ser um apoio, privilegiando afetos e proximidade, aliviando a dor, procurando um sentido, mesmo que provisório, para continuar a viver bem. A morte boa não é uma opção de quem ama a vida, a opção é uma vida boa. Sem ser um valor absoluto, a vida é o primeiro dos direitos, é um valor fundante das liberdades, dos direitos e as garantias. Mais fácil é desistir. Cristão é confiar em Deus, entregar a Deus o esforço e a dedicação, e com Deus aliviar a carga que possa pesar sobre os demais.
A vida nem sempre é fácil. E há momentos em que as trevas são mais densas, como no tempo que atravessamos, mas nem por isso as pessoas ponderam desistir e, quando isso acontece nos outros, reclamam por vigilância, cuidado, respeito, responsabilidade pelos mais velhos, pelos que estão na linha da frente, na saúde, na alimentação, na manutenção da ordem, nas farmácias… respeito pelas normas! A liberdade, seja a 25 de abril ou a 25 de novembro, seja a 1 de maio ou a 10 de junho, não vai avante sem a discussão da responsabilidade e do compromisso de cuidarmos uns dos outros, mesmo que tentemos e consigamos arranjar exceções para nós!
Dentro da Semana da Vida, nos dias 12 e 13 de maio, haverá uma multidão de fiéis com os olhos colocados no Santuário de Fátima, que encherá de oração, de bênção e das intenções dos devotos, mas cuja presença física de milhares de pessoas, em nome da saúde de todos, no respeito pelas normas sanitárias e pelos avisos reiterados ao distanciamento social, contará com um número muito reduzido de pessoas, os celebrantes, funcionários do Santuário, os que ajudam na celebração e na transmissão da mesma para o mundo inteiro. A fé exige o serviço à vida, o cuidado pelos outros.
A vida nova que se gera em Isabel e que germina em Maria está envolvida no mistério de Deus. Isabel já tinha vivido tempo demais na desolação da infertilidade, mas Deus surpreende-a. Maria não sonhava com o que estava para vir, a alegria e o sofrimento atroz que a aguardariam, e Deus surpreende-a com um sonho, um projeto de vida que a envolve com a humanidade inteira.
Maria é a Senhora da esperança e da alegria, com ela Deus faz com que a humanidade seja enxertada no Seu sonho de amor e de paz, de bênção e de comunhão.
«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 2, 42). Esta é a maior esperança e o fundamento de toda a alegria: Deus connosco. E luz para caminharmos neste tempo.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/24, n.º 4559, 12 de maio de 2020
Pendilhe – Festa em honra de Nossa Senhora de Fáitima
Os dias 20 e 21 de maio foram marcado, na Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, pela celebração da Festa em honra de Nossa Senhora de Fátima.
Como já tem sido hábito, todos os dias do mês mariano é meditado o terço em honra de Nossa Senhora de Fátima na igreja matriz e realizada a novena nos dias que antecedem as celebrações fortemente vivenciadas pela população da freguesia. É um momento em que as celebrações são realizadas com o apoio e empenho de todos, como sejam a recolha de flores para a elaboração da passadeira, a participação ativa na Eucaristia ou a preparação de figuras e encenações bíblicas a ser representadas no decorrer das procissões.
Este ano a tradição foi mais uma vez cumprida… No início da noite de sábado, a Procissão das Velas pelas ruas da freguesia permitiu a meditação e reflexão, que iam sendo iluminadas pelas velas dos fieis levando na frente a imagem da nossa Mãe do Céu. Domingo, iniciamos o dia com a Eucaristia, na qual alguns jovens da paróquia realizaram a Profissão de Fé, permitindo que aos braços de Maria, todos professássemos a fé que com gosto procuramos vivenciar. A tarde foi trabalhosa, pois era nosso objetivo realizar a tradicional passadeira para a Procissão do Adeus que decorreu contando com a participação ativa de todos.
Que Nossa Senhora abençoe todos aqueles que, foram nomeados para a organização desta festa, os elementos que procuraram animar e participar ativamente nas celebrações e a toda a comunidade.
Grupo Cultural Católico Pendilhense
in Voz de Lamego, ano 87/31, n.º 4416, 13 de junho 2017
Papa Francisco entre nós
Os portugueses rejubilaram com a presença, as palavras e os gestos do Papa Francisco e, certamente, que o Sumo Pontífice se sentiu bem entre nós e não se arrependeu de ter vivido um dia do seu pontificado em terras lusas, à sombra de Nossa Senhora de Fátima e na companhia de milhares e milhares de peregrinos.
O povo crente acorreu, indiferente ao frio e à chuva, à falta de espaços para pernoitar ou às possíveis ameaças terroristas e encheu o Santuário, as ruas de Fátima e os acessos àquela cidade. A Mãe contemplou o amor dos filhos devotos, o mundo testemunhou o fervor das multidões e o Papa sentiu-se em casa.
Depois da breve oração e do silêncio que se seguiram à sua chegada ao Santuário, o Papa regressou para a recitação do Terço, antes da procissão de velas, e proferiu uma alocução onde convidava os crentes a bem situarem o lugar de Maria na Igreja e na vida do crente. Apontando para o único Senhor, Maria deve ser vista como Mãe solícita que leva a Jesus Cristo, como modelo de fé que mantém viva a esperança, como exemplo de discípula que assume a missão e se compromete com a humanidade. Maria é a Mãe que não cessa de convidar para a oração e de apelar à conversão, ao mesmo tempo que convoca todos para caminhos de paz e para o seguimento do Filho.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/27, n.º 4412, 16 de maio de 2017
Citações do Papa peregrino para os peregrinos do mundo
- Maria é “mestra da vida espiritual”, a “primeira que seguiu Cristo pelo caminho “estreito da cruz”, a “bendita por ter acreditado” e não a “senhora inimitável”, não a “santinha” a que se recorre para obter favores a baixo preço”, não “uma Maria melhor do que Cristo”.
- . “Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia.
- Naturalmente a misericórdia de Deus não nega a justiça”.
- “Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. (…). A humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes”.
- “A Virgem Mãe não veio aqui (a Fátima) para que a víssemos; para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o céu”. Veio para advertir “para o risco do Inferno da vida sem Deus”.
- Fátima é um manto de luz que nos cobre”, que cobre qualquer lugar da terra “quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe”.
- “Queridos peregrinos, temos Mãe, temos Mãe! Agarrados a ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus”.
- Jesus “levou para junto do Pai a humanidade – a nossa humanidade!”, que assumira através de Maria “e nunca mais a largará”. Fundeemos a nossa esperança nessa humanidade (…). Uma esperança que nos sustente sempre”.
- “Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e ai os levou a adorá-lo”.
- “Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas. Sob o seu manto, não se perdem. Dos seus braços virá a esperança e a paz que necessitam e que suplico para todos os meus irmãos no baptismo e em humanidade, de modo especial para os doentes e pessoas com deficiências, os presos e desempregados, os pobres e abandonados”.
- Os cristãos devem desencadear “uma verdadeira mobilização geral contra a indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada”.
- A igreja “brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.
- “Amados peregrinos, diante dos nossos olhos, temos Jesus escondido mas presente na Eucaristia, como temos Jesus escondido mas presente nas chagas dos nossos irmãos e irmãs doentes e atribuladas”.
- “Queridos doentes, vivei a vossa vida como um dom (…) Não vos considereis apenas receptores da solidariedade caritativa, mas senti-vos inseridos a pleno título na vida e na missão da Igreja” (…). Não tenhais vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja”.
- “Peço a todos para se unirem a mim, como peregrino da esperança e da paz: que as vossas mãos em oração continuem a apoiar as minhas”.
in Voz de Lamego, ano 87/27, n.º 4412, 16 de maio de 2017
Papa rejeita imagem de Nossa Senhora como «Santinha»
Francisco convida peregrinos a ver a Virgem Maria como «Mestra da vida espiritual»
O Papa Francisco afirmou hoje em Fátima que a Virgem Maria deve ser vista como uma referência para a vida espiritual dos católicos e não como uma “santinha”.
Na sua segunda intervenção em solo português, o Papa questionou os peregrinos reunidos na Cova da Iria sobre a imagem que têm de Nossa Senhora: “A ‘bendita por ter acreditado’ sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma ‘santinha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço?”.
Francisco participou esta noite na Benção das Velas e na Oração do Terço no santuário, num percurso em papamóvel durante o qual saudou com alegria as centenas de milhares de peregrinos presentes.
O Papa argentino percorreu inclusivamente os últimos metros a pé, até à Capelinha das Aparições, e dirigiu depois a palavra a todos os presentes.
Francisco sublinhou a importância da recitação do terço e convidou os peregrinos a ver na Virgem Maria uma “mestra da vida espiritual”, ou seja “a primeira que seguiu Cristo pelo caminho estreito da cruz” e não “uma Senhora inatingível e, consequentemente, inimitável”.
Francisco apresentou uma reflexão sobre a figura da Virgem Maria, “que deu um rosto humano ao Filho do eterno Pai”.
“Na verdade, se queremos ser Cristãos, devemos ser marianos”, afirmou, citando uma intervenção de Paulo VI.
O Papa rejeitou “sensibilidades” na Igreja Católica que apresentam Nossa Senhora “segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar”.
Após a oração do terço, introduzida por Francisco, o Papa segue para a Casa de Nossa do Carmo, onde fica hospedado em Portugal, até este sábado.
Na Cova da Iria, os fiéis prosseguem com a procissão de velas e a Missa presidida pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.
in Voz de Lamego, ano 87/27, n.º 4412, 16 de maio de 2017
Oração do Papa Francisco na Capelinha das Aparições
Salve Rainha,
bem-aventurada Virgem de Fátima,
Senhora do Coração Imaculado,
qual refúgio e caminho que conduz até Deus!
Peregrino da Luz que das tuas mãos nos vem, dou graças a Deus Pai que,
em todo o tempo e lugar, atua na história humana;
peregrino da Paz que neste lugar anuncias, louvo a Cristo, nossa paz,
e para o mundo peço a concórdia
entre todos os povos;
peregrino da Esperança que o Espírito alenta, quero-me profeta
e mensageiro para a todos lavar os pés,
na mesma mesa que nos une.
Salve Mãe de Misericórdia,
Senhora da veste branca! Neste lugar onde há cem anos
a todos mostraste
os desígnios da misericórdia do nosso Deus, olho a tua veste de luz
e, como bispo vestido de branco,
lembro todos os que, vestidos da alvura batismal,
querem viver em Deus
e rezam os mistérios de Cristo
para alcançar a paz.
Salve, vida e doçura,
Salve, esperança nossa,
ó Virgem Peregrina, ó Rainha Universal!
No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração, vê as alegrias do ser humano
quando peregrina para a Pátria Celeste.
No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração,
vê as dores da família humana
que geme e chora neste vale de lágrimas.
No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração,
adorna-nos do fulgor de todas as joias da tua coroa
e faz-nos peregrinos como peregrina foste Tu. Com o teu sorriso virginal
robustece a alegria da Igreja de Cristo.
Com o teu olhar de doçura
fortalece a esperança dos filhos de Deus.
Com as mãos orantes que elevas ao Senhor
a todos une numa só família humana.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria,
Rainha do Rosário de Fátima!
Faz-nos seguir o exemplo dos Bem-aventurados Francisco e Jacinta,
e de todos os que se entregam
à mensagem do Evangelho.
Percorreremos, assim, todas as rotas,
seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros
e venceremos todas as fronteiras,
saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus. Seremos, na alegria do Evangelho,
a Igreja vestida de branco,
da alvura branqueada no sangue do Cordeiro derramado ainda em todas as guerras
que destroem o mundo em que vivemos.
E assim seremos, como Tu,
imagem da coluna luminosa
que alumia os caminhos do mundo, a todos mostrando que Deus existe, que Deus está,
que Deus habita no meio do seu povo, ontem, hoje e por toda a eternidade.
(juntamente com os fiéis)
Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima! Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal, és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.
Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores, as verdades eternas
que o Pai revela aos pequeninos.
Mostra-nos a força do teu manto protetor. No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.
Unido aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor, a Ti me entrego.
Unido aos meus irmãos, por Ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.
E, enfim, envolvido na Luz que das tuas mãos nos vem, darei glória ao Senhor
pelos séculos dos séculos.
Ámen.
CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | Fátima e João Paulo II
Tal como referido na semana anterior, um dos Papas que mais de perto meditou a “mensagem de Fátima” foi João Paulo II (1978-2005), visitando o Santuário português por três vezes: 1982, 1991 e 2000. A sua ligação a Fátima intensificou-se após o atentado que sofreu no dia 13 de Maio de 1981, em Roma, e ao facto de ter atribuído a Nossa Senhora a graça de sobreviver. No ano seguinte veio a Fátima agradecer.
A devoção mariana do Papa S. João Paulo II era algo que sempre o acompanhara na vida. Quando foi nomeado bispo escolheu, para as suas armas episcopais, a letra M junto à cruz e a expressão “Totus Tuus”, como sinal de total entrega a Maria. E com frequência o então bispo e cardeal de Cracóvia era visto no Santuário da Virgem Negra de Czestochowa, a Rainha da Polónia.
Os esforços do Papa em cumprir todas as indicações que a Virgem deixou aos pastorinhos tiveram o seu ponto alto no acto de consagração que realizou em Roma, a 25 de Março de 1984, em união com todos os bispos do mundo. No dia seguinte, João Paulo II entrega ao Bispo de Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral, uma pequena caixa com “um presente para Nossa Senhora”. Era a bala que tinha atravessado o corpo do Papa e que está hoje encastoada no topo da coroa que Nossa Senhora.
No ano seguinte à consagração realizada em Roma, Gorbatchev é eleito na URSS e dá-se início à “Perestroika”. Dez anos após o atentado, João Paulo II volta a Fátima para agradecer à Virgem: o muro de Berlim já não existe e os países de Leste abriam-se à democracia. Neste contexto, o Papa vem a Fátima “a fim de agradecer a Nossa Senhora a protecção dada à Igreja nestes anos, que registaram rápidas e profundas transformações sociais, permitindo abrirem-se novas esperanças para vários povos oprimidos por ideologias ateias que impediram a prática da sua fé.”
Na audiência de 15 de Maio de 1991, logo após a visita a Portugal afirma: “Considero todo este decénio como dom gratuito que, de modo especial, devo à Providência divina. Foi-me concedido particularmente como um dever, para que ainda pudesse servir a Igreja, exercendo o ministério de Pedro.” Nessa audiência geral, dirigindo-se aos polacos, afirma: “há dez anos fui introduzido na experiência de Fátima vivida pela Igreja. Isto aconteceu na tarde do dia 13 de Maio: o atentado à vida do Papa. (…) Sei que a vida, a mim concedida de novo há dez anos, foi-me dada pela misericordiosa Providência de Deus. Não esqueçamos as grandes obras de Deus”.
No ano 2000, a propósito da beatificação de Francisco e Jacinta, João Paulo II, marcado pela doença e limitações físicas, volta a Portugal para chamar a atenção do mundo inteiro para a exemplaridade dos dois Pastorinhos. E é nesse contexto que autoriza a divulgação da terceira parte do “segredo de Fátima”, de que já aqui se falou.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/23, n.º 4408, 18 de abril de 2017
Horários da Peregrinação de Francisco a Fátima
Francisco passa 22 horas em Portugal, com três celebrações na Cova da Iria, encontros privados com autoridades políticas e bispos católicos.
O Vaticano divulgou hoje o programa oficial da “peregrinação” do Papa Francisco a Portugal, nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do Centenário das Aparições.
A viagem vai começar às 14h00 de Roma (menos uma em Lisboa), no aeroporto de Fiumicino, seguindo o voo papal para a Base Aérea de Monte Real, onde tem chegada previstas para as 16h20 locais.
Ainda em Monte Real decorre a cerimónia de boas-vindas e, às 16h35, um encontro privado com o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
Às 16h55, Francisco vai fazer uma visita à Capela da Base Aérea, onde rezaram Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991). Ler mais…
CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | APELO PROFÉTICO
Em texto anterior, aqui se recordou que a “mensagem de Fátima” traz “apelos do Céu” que procuram orientar a humanidade no caminho da paz, da adoração a Deus e da fraternidade. Nada inovando face ao Evangelho, a mensagem procura servir a fé com os humildes apelos que deixa para chegar mais longe e mais alto, anunciando um Deus próximo e compassivo e denunciando caminhos que afastam do amor de Deus e destroem pontes entre os homens.
As palavras que os Pastorinhos ouviram e nos transmitiram são uma interpelação que deve ser escutada e compreendida à luz das circunstâncias em que apareceu. Nesse sentido, e como no-lo recorda o atual bispo de Leiria-Fátima, “Fátima apresenta-se como um sinal de Deus para a nossa geração, uma palavra profética para o nosso tempo, uma intervenção divina na história da humanidade mediante o rosto materno de Maria”.
A propósito das “revelações privadas”, o teólogo K. Rahner referia-se-lhes como um “carisma”, um dom de Deus concedido a alguém para benefício de todos, vendo-as como um imperativo evangélico para ajudar a compreender e a avançar. E, como lembrou, em 1997, João Paulo II: “Esta mensagem destina-se de modo particular aos homens do nosso século, marcado pela guerra, pelo ódio, pela violação dos direitos fundamentais do homem, pelo enorme sofrimento de homens e nações e, por fim, pela luta contra Deus até à negação da sua existência”.
Daí que possamos escutar a “mensagem de Fátima” como um “apelo profético”, na medida em que algo de importante se diz a uma humanidade que apresenta expectativas e não esconde a sede de esperança que anima os seus membros. Assim, falar de profecia nada tem a ver com o desvendar do futuro, mas com o chamamento à vivência responsável do presente, tendo Deus por companhia e a salvação por horizonte.
Como bem recordou o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Card. J. Ratzinger, quando comentou a publicação da “terceira parte do segredo de Fátima” (13/05/2000), “é preciso ter presente que a profecia, no sentido da Bíblia, não significa predizer o futuro, mas aplicar a vontade de Deus ao tempo presente e consequentemente mostrar o recto caminho do futuro. Aquele que prediz o futuro pretende satisfazer a curiosidade da razão, que deseja rasgar o véu que esconde o futuro; o profeta vem em ajuda da cegueira da vontade e do pensamento, ilustrando a vontade de Deus enquanto exigência e indicação para o presente. Neste caso, a predição do futuro tem uma importância secundária; o essencial é a actualização da única revelação, que me diz respeito profundamente: a palavra profética ora é advertência ora consolação, ou então as duas coisas ao mesmo tempo”.
A celebração do Centenário das Aparições, a peregrinação àquele santuário, a leitura de algum texto alusivo… são, pois, uma oportunidade para escutar a “mensagem de Fátima” e o seu apelo profético que interpela e convoca.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/18, n.º 4403, 14 de março de 2017