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Semana do Consagrado 2017
O QUE É UM/A CONSAGRADO/A
Ser consagrado é pôr tudo o que se é e se tem ao serviço de Deus, em favor dos irmãos. Consagrar a Deus a totalidade da sua pessoa por meio do seguimento dos conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência, implica submeter-Lhe os bens, o corpo e a vontade, e é sinal de acreditar que viver é estar com Ele como a Fonte da Vida.
Apesar de todo o cristão ser consagrado a Deus pelo batismo e receber a missão de viver na fidelidade a Cristo e à Igreja, faz parte integrante do dinamismo da fé o testemunho da radicalidade evangélica, isto é, da entrega total e sem reservas, como um sinal maior e mais eloquente de que vimos de Deus, somos de Deus e para Ele caminhamos: trata-se dos que receberam a vocação da especial consagração no sacerdócio, na vida religiosa ou na condição secular. (Cf. D. Virgílio do Nascimento Antunes, 08.12.2016)
A alegria, o encanto, a beleza, a capacidade de entrega, o testemunho de felicidade, a audácia da missão, a valentia da generosidade e a heroicidade de vidas dadas no silêncio da contemplação ou na vanguarda da missão, desenham o rosto da consagração do nosso tempo. (D. António Francisco dos Santos, 02.02.2010)
SEMANA DA VIDA CONSAGRADA
Por decisão da Conferência Episcopal Portuguesa, estamos a celebrar e a viver, mais uma vez, a Semana do Consagrado. Esta iniciativa tem-se concretizado, cada ano, nas dioceses e paróquias, e em todos os espaços eclesiais. Pretende-se que seja uma semana fecunda em tempos de oração e celebração, encontro e reflexão, a nível pessoal, familiar e comunitário, que valorize e promova o conhecimento e a abertura das comunidades cristãs a esta dimensão essencial da vida e da missão da Igreja que é a Vida Consagrada. Dar graças a Deus pelo dom da Vida Consagrada, pela sua presença na Igreja e no mundo, sobretudo em muitos lugares de fronteira e pedir ao Senhor que nos dê mais vocações de consagração, são outros dois objectivos desta Semana.
A Semana de Vida Consagrada na Paróquia de Almacave
Na sequência destes objectivos, a coordenação da paróquia de Almacave pediu-me que programasse uma catequese sobre este tema.
Assim, no Sábado, dia 28 de Janeiro, os adolescentes do 7º ao 9º ano de catequese reuniram-se na mesma sala, com a presença dos seus catequistas – cuja apoio foi precioso – e começaram por preparar perguntas sobre o que gostariam de saber sobre a minha vida de consagrada. Depois, iluminados pela vocação de Moisés, tiveram um momento de oração orientada, em silêncio, em que se perguntaram “QUE MISÉRIAS VERÁ DEUS NO SEU POVO, NOS DIAS DE HOJE?”. Depois perguntaram a Deus, em silêncio, cada um no seu coração, como Moisés perguntou: “QUEM SOU EU PARA LIBERTAR O TEU POVO, SENHOR?”, e procuraram escutar a resposta de Deus, como fez com Moisés; “EU ESTAREI CONTIGO”.
Após este momento denso, em que, pelo silêncio e atitude de recolhimento dos jovens, se intuiu a seriedade com que rezaram, passei a dar o meu testemunho de vida (com auxílio de imagens de um PowerPoint), escutando primeiro as suas perguntas. Procurei que ficassem bem claras as condições para a descoberta da própria vocação: o desejo de ajudar e o amor aos que precisam, a participação em formações que aumentam os conhecimentos cristãos (no meu caso, além da catequese, e da leitura de bons livros, foi sobretudo a participação num Curso bíblico que me esclareceu muitas dúvidas de jovem e aumentou a minha fé), a vivência dos sacramentos da eucaristia e da confissão que produzem uma conversão constante, purificam o coração e fazem crescer a fé, a oração com a Bíblia e não só, a inserção na paróquia (como catequista, no grupo de jovens e/ou no coro, etc.) e o acompanhamento espiritual por alguém de confiança que ajude regularmente o/a jovem a confirmar se aquilo que julga ser sinal de Deus o é ou não.
Terminámos a sessão com um novo momento de oração, em que os jovens foram convidados a pedir a Deus que os ajude a escutar o Seu chamamento, a seguir os Seus caminhos de Vida, Paz e Amor, e a estarem prontos para dizerem também SIM, se Deus quiser que também sejam consagrados.
DIA DO CONSAGRADO/A
A Semana do Consagrado/a termina no dia 02 de Fevereiro, Dia do Consagrado a nível mundial. Neste dia celebra-se liturgicamente a festa da Apresentação do Senhor, “momento indicado para celebrar a vocação e a missão dos consagrados (…) porque foi o momento de consagração de Jesus no templo de Jerusalém, (que) não se limitou a um mero cumprimento de um ritual religioso por parte de Maria e de José, mas quis ser um gesto de total entrega e de absoluta confiança no projecto de Deus acerca de Jesus, Seu Filho.” (D. António Francisco dos Santos, 02.02.2010)
Como o domingo que neste ano ocorre na Semana do Consagrado, é o dia 29, os consagrados da diocese de Lamego reuniram-se para participarem na celebração eucarística festiva das 10h, no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, celebrando assim o Dia do Consagrado. A Missa foi presidida pelo Sr. Bispo D. Jacinto que, na sua bela homilia, a todos estimulou à fidelidade a tão grande dom, citando S. João Paulo II e o Papa Francisco. Não terminou sem ler um belo e profundo poema de D. António Couto que, na impossibilidade de estar, se fez presente deste modo.
Irmã Teresa Maria de Frias
Serva de Nossa Senhora de Fátima, in Voz de Lamego, ano 87/12, n.º 4397, 31 de janeiro de 2017
O ESSENCIAL DA VIDA: CONSAGRADOS DA DIOCESE EM REFLEXÃO
Numa altura do ano pastoral de intensa actividade, apesar de alguns não terem podido mesmo deixar as suas responsabilidades, vinte e três consagrados dos vários Institutos da nossa diocese responderam ao chamamento: no dia 14 de Maio, vivermos um dia mais dedicado à oração.
Tivemos o nosso Bispo D. António Couto como animador dos tempos de reflexão, ao qual ficámos especialmente gratos pela sua disponibilidade, generosidade e dedicação.
A reflexão foi muito significativa: para nos centrar no essencial da vida, o Senhor Bispo começou por dizer que S. Pedro nos manda dar “a RAZÃO da nossa esperança” e não “as razões”, em discussões inúteis, senão mesmo prejudiciais, porque todos temos razões diferentes. E “a razão da nossa esperança” é Cristo. Somos chamados a dar Cristo.
Quando o anjo aparece a Zacarias, pai de João Batista, vem para lhe dizer que a sua oração tinha sido ouvida pois a sua esposa ia ter um filho. Mas, na Anunciação a Maria, Jesus surge em cena por pura dádiva de Deus. Não vem cumprir nenhum pedido: adianta-se a isso. Jesus é o Filho dado. Ler mais…
O ANO DA VIDA CONSAGRADA NA DIOCESE DE LAMEGO
O ANO DA VIDA CONSAGRADA NA DIOCESE DE LAMEGO
Ser sempre amor em cada dia, ao Teu dispor (1)
O Ano da Vida Consagrada – caminho precioso e abençoado – atravessou o seu zénite, enquanto as vozes dos consagrados e das consagradas de todas as partes do mundo exprimem a alegria da vocação e a fidelidade à sua identidade na Igreja, testemunhada às vezes até ao martírio. (…) O papa Francisco chama-nos, com solicitude, a dirigirmos o olhar da nossa vida para Jesus, mas também a deixarmo-nos olhar por Ele, a fim de “redescobrir, cada dia, que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova”. Convida-nos a exercitar o olhar do coração porque “o amor autêntico é sempre contemplativo” (2). (…) Somos convidados, portanto, para um caminho harmonioso que saiba fundir o verdadeiro, o bem, o belo, lá onde algumas vezes parece que o dever, como ética mal entendida, assuma o controlo. (…) a ler dentro das coisas (3), à meditação, para realizar “a obra da arte escondida que é a história de cada um com Deus e com os irmãos, na alegria e no afã de seguir Jesus Cristo na quotidianidade da existência”(4).
A CIRP/CNISP – Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal/Conferência Nacional dos Institutos Seculares em Portugal – nacional, a equipa da CIRP/CNISP diocesana, pelos seus estatutos, deve estimular os Institutos de Vida Consagrada à integração na pastoral diocesana, procurar a animação espiritual dos consagrados e incrementar as relações entre os diversos Institutos existentes na diocese, contribuindo assim para esta “Beleza suprema” de que a Vida Consagrada deve dar testemunho.
O Ano da Vida Consagrada, na nossa diocese, iniciou com a renovação deste secretariado diocesano, que integrou novos elementos. Esta equipa foi muito bem acolhida pelos consagrados e não só, o que se manifestou na activa colaboração de todos com a equipa, nas suas iniciativas, ao longo do ano.
Foi no encontro do Senhor Bispo D. António Couto com os consagrados das comunidades das paróquias de Lamego, a 05.03.2015, no âmbito da sua visita pastoral ao arciprestado, que foi feita à equipa a proposta de se elaborar um desdobrável com informações sobre o carisma de cada Instituto existente na diocese, uma frase dos fundadores, a missão e os contactos, para ser distribuído pelos jovens e pelas paróquias durante o Ano da Vida Consagrada. Ler mais…
D. António Couto no Encerramento do Ano da Vida Consagrada
- O texto do Evangelho de Lucas proclamado e ouvido no Domingo IV do Tempo Comum (Lucas 4,21-30) retoma e continua o «discurso programático» de Jesus na Sinagoga de Nazaré, iniciado no Domingo III. Neste 1.º SÁBADO da sua vida pública, Jesus entrou na Sinagoga, LEVANTOU-SE para fazer a leitura litúrgica dos Profetas (Isaías) e SENTOU-SE para fazer a instrução com base na Lei (Deuteronómio): «HOJE foi cumprida (passivo divino!) esta Escritura nos vossos ouvidos».
- O que Jesus faz é o procedimento tradicional do judeu piedoso em dia de SÁBADO, e as palavras que diz são também antigas. Dizendo as Palavras da Escritura e nada acrescentando de novo, Jesus assume-se como «FILHO DA ESCRITURA». As gentes de Nazaré olham, num primeiro momento, este Jesus com apreço e admiração, mas rapidamente passam a uma atitude hostil para com ele, apontando-lhe outra «paternidade»: «Não é este o “FILHO DE JOSÉ”?»; «o que ouvimos dizer que FIZESTE em Cafarnaum, FAZ também aqui na TUA PÁTRIA».
- Mas, neste SÁBADO INICIAL, Jesus NÃO FAZ nada de semelhante àquilo que fará nos outros SÁBADOS. Este SÁBADO INICIAL reclama aquele SÁBADO FINAL em que Jesus também NADA FAZ: passá-lo-á inteiramente deitado no sepulcro! E a própria Paixão é exactamente o contrário de uma manifestação de poder: é antes passividade e impotência de Jesus! Ele, que tinha salvado outros, não se salvará a si mesmo! Mas neste SÁBADO INICIAL Jesus continua também a não dizer nada de novo. Cita dois provérbios: «Médico, cura-te a ti mesmo» e «nenhum profeta é bem aceite na sua pátria», sendo que os provérbios são património de todos e de ninguém. Reclama depois a obra de dois Profetas antigos, Elias e Eliseu, para mostrar que também eles NADA FIZERAM para as gentes da SUA PÁTRIA: Elias sai da sua pátria para socorrer uma viúva de Sídon, e Eliseu cura o sírio Naamã, um estrangeiro que o vem procurar na sua pátria. Também Jesus saltará fronteiras e atenderá estrangeiros. Bem ao contrário, Israel e as gentes de Nazaré: cegos, não acolheram a ESCRITURA de ontem como Palavra para eles «HOJE», do mesmo modo que no FILHO DE JOSÉ não souberam ver o Profeta, aquele que, como a Escritura, traz a Palavra. Quebram dessa maneira o laço de união entre o FILHO e a PÁTRIA, terra dos pais. E para vincar melhor a rejeição desta herança que é o seu FILHO, expulsam-no para fora da cidade. Pior ainda, tramam a sua morte: matando o FILHO, renegam a própria paternidade, perdendo assim a sua própria identidade. Perdendo-se, portanto. Da admiração inicial à rejeição final.
Consagrados | Renovação dos Votos religiosos
Integrada na Semana do Consagrado – que, neste ano, decorrerá de 26 de Janeiro a 2 de Fevereiro -, no próximo domingo, dia 31 de Janeiro, o Senhor Bispo D. António Couto, presidirá à Eucaristia das 11h30, na Sé de Lamego. Nesta Eucaristia, os consagrados da Diocese presentes renovarão os seus votos religiosos e serão chamados a colaborar especialmente na animação da liturgia.
Todas as pessoas estão convidadas a participar nesta celebração, dando graças ao Senhor pelo dom que este chamamento de especial entrega ao Senhor é, para todas as vocações, de apelo de seguimento de Jesus segundo ao conselhos evangélicos de pobreza generosa, de castidade segundo o estado de vida e de obediência à vontade do Senhor nos caminhos deste mundo.
No final deste Ano da Vida Consagrada, a Igreja de Lamego pede ao Senhor por todos os consagrados para que renovem sempre o seu entusiasmo por Cristo, pela Igreja e pelo mundo, e por todas as famílias e paróquias, para que sejam verdadeiros espaços em que as crianças e jovens a quem Deus chama a uma vida de consagração total possam desabrochar e dizer um SIM sem reservas ao Senhor.
Irmã Teresa Maria de Frias, Serva de Nossa Senhora de Fátima,
secretária da CIRP diocesana,
in Voz de Lamego, ano 86/10, n.º 4347, 26 de janeiro de 2016
ANO DOS CONSAGRADOS | Editorial Voz de Lamego | 26 de janeiro
A Edição da Voz de Lamego, na semana dos Consagrados, 26 de Janeiro a 2 de Fevereiro, dá destaque, a partir da primeira página, ao Ano de Vida Consagrada. Também o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, centra o Editorial no ano dos consagrados, sublinhando que o tempo de semear continua.
Há outros temas de interesse, entre os quais se pode destacar a celebração do Padroeiro da Diocese, São Sebastião, no passado dia 20 de janeiro, na Sé de Lamego, disponibilizando-se a HOMILIA de D. ANTÓNIO COUTO, e as Jornadas do Clero nos dias 18 e 19 de janeiro, que tiveram como conferentes o nosso Bispo e o Pe. Carlos Carneiro, sacerdote Jesuíta.
ANO DOS CONSAGRADOS
Aproxima-se o encerramento do Ano da Vida Consagrada convocado pelo Papa Francisco e proposto aos Consagrados como oportunidade para “olhar com gratidão o passado”, “viver com paixão o presente” e “abraçar com esperança o futuro”.
Na nossa diocese, com uma presença cada vez mais reduzida, os Consagrados viveram tal itinerário com alegria, não apenas nos encontros que protagonizaram ou na divulgação dos respectivos carismas, mas sobretudo pelo empenho com que participam na vida diocesana. A sua presença e serviço, tantas vezes discretos, são sempre apreciados e vistos como sinal do Senhor atento e disponível.
Num tempo marcado pelo secularismo, onde a cultura dominante tem a marca da cristofobia e do anti-católico, rejeitando a dimensão social da fé, os Consagrados são um sinal de Deus e representam a geografia da oração, do apostolado e da caridade, participando na edificação da Igreja e na concretização da sua missão evangelizadora.
Os Consagrados protagonizam uma grande liberdade pessoal, afastando-se de ideologias dominantes e optando por uma vida que não está em voga, sem aplausos. Mas é, certamente, uma forma bela de viver a vida “escondida com Cristo em Deus” (Col 3,3), de ser “sal e luz do mundo” (Mt 5, 13-16) e de encarnar o espírito das bem-aventuranças.
A história ilustra bem a fidelidade criativa dos Consagrados diante de vicissitudes e circunstâncias nem sempre favoráveis. Tal como ontem, também hoje lhes é pedida uma resposta diante dos desafios que se colocam. Com humildade, sem fórmulas mágicas, o importante é não cair em pessimismos contagiosos ou em ilusões triunfalistas. A todos anima a certeza de que Deus não abandona a Sua Igreja.
Termina o Ano da Vida Consagrada. Mais do que balanços, importa a consciência do dever cumprido. O tempo de semear continua.
in Voz de Lamego, ano 86/10, n.º 4347, 26 de janeiro de 2016
D. António Couto aos Consagrados: Seguir Jesus no Caminho
No sábado passado, 24 de outubro de 2015, reunimo-nos cerca de trinta consagrados no Santuário de Nossa Senhora da Lapa, para vivermos uma manhã de reflexão com o nosso Bispo D. António Couto. Este encontro teve o seu momento culminante na Eucaristia, à qual se seguiu um almoço de partilha fraterna entre todos os presentes.
No final, saímos mais ricos e agradecidos, em especial ao Senhor Bispo e também às Irmãs que servem neste santuário, pelo acolhimento e generosidade com que nos receberam.
A reflexão do Senhor Bispo centrou-se no episódio do cego de Jericó (Mc 10, 46-52), evangelho do domingo XXX do Tempo Comum.
Com o pedido insistente do cego, que, quando o mandaram calar, ainda gritava mais por Jesus, Marcos ensina-nos que a nossa oração deve ser insistente e persistente. Ao vê-lo, Jesus disse-lhe, Que queres que Eu te faça? porque nós temos que dizer a nossa vida a Jesus. Marcos ensina-nos, assim, a rezar.
O cego, ao atirar fora o manto, no qual recolhia as moedas, atirou fora tudo o que tinha: ficou sem nada, deu um salto e foi ter com Jesus, o Único que tem soluções fortes para a vida humana. Ficou logo a ver e passou a seguir Jesus no caminho. Estava à beira do caminho e entra no caminho vocacional da missão de Jesus.
Em Mc 10, 35-45, João e Tiago que iam com Jesus no caminho também estavam cegos, ao quererem sentar-se em bons lugares, quando Jesus lhes ensinara que deviam procurar o último lugar. E os outros dez apóstolos, indignados com o pedido destes dois, também eram cegos, e nós com eles, quando nos consideramos melhores que os outros, por sermos consagrados.
Em Mc 10, 28, o evangelho mostra-nos outro cego: Pedro que se dirige a Jesus, dizendo, Nós deixámos tudo e seguimos-Te! Como nós por vezes, Pedro sentia-se com méritos sobre os outros, como se Deus tivesse que nos pagar o que nos deve…
O homem rico (Mc 10, 17-22) é alguém que tão depressa entra no caminho de Jesus, como sai dele, tal como acontece às vezes connosco, inconstantes, quando as coisas não nos correm bem, o que ocorre normalmente pelo apego a alguma coisa.
Como a nós, que também sabemos bem Quem Jesus é, mas tantas vezes nos colocamos à frente d’Ele e não O deixamos andar, nem falar nas nossas vidas – e ninguém pode evangelizar sem ser com Jesus – em Mc 8, 29, Pedro respondeu certo à pergunta de Jesus – E vós, quem dizeis que Eu sou?- mas, de facto, não sabia bem Quem Ele era, pois, logo a seguir, em Mc 8, 32, repreende Jesus quando este lhes fala da Sua Paixão. Jesus responde, Vai para trás de Mim, Satanás! porque Pedro se tinha posto à frente do caminho de Jesus, tinha-se atravessado à frente. Jesus chama-o a tomar o seu lugar de discípulo.
Destes vários cegos, o único que vai vendo alguma coisa é o cego de Jericó…
No seu evangelho, Marcos nunca menciona a palavra discípulo, mas discípulos, pois quer ensinar-nos que o evangelizador não vai sozinho, pois só em comunidade pode viver. A nossa missão é a de arranjar outros evangelizadores, pois qualquer pessoa se pode transformar num evangelizador. O cego não sabia a doutrina nem os mandamentos…
Segui-l’O verdadeiramente é ir buscar outros. Ao ouvir os gritos do cego, Jesus pára: comunga da situação daquela pessoa que ali está, ensinando-nos a fazer o mesmo. O Senhor Bispo terminou a sua reflexão, pedindo-nos insistentemente para irmos à procura das pessoas, começando pelas que se aproximam de nós, sabendo acolhê-las, entusiasmando-as por Cristo e pelo seu evangelho, como Jesus nos ensinou a fazer, para que haja muito mais gente dedicada ao evangelho.
Irmã Teresa Frias, Serva de Nossa Senhora de de Fátima, CIRP diocesana
in Voz de Lamego, ano 85/48, n.º 4335, 27 de outubro
Santa Teresa de Jesus | Tempo de caminhar
Em 28 de Março de 1515 nasceu em Ávila, Teresa de Cepeda y Ahumada, mais conhecida como Teresa de Jesus. Desde então e até aos nossos dias passaram-se cinco séculos; no entanto, a passagem do tempo não fez desaparecer a sua figura, antes a foi engrandecendo. A sua existência ficou marcada temporal e geograficamente na Espanha do século XVI. Apesar disso, apesar de ser filha da sua época, Teresa foi capaz de romper as estreitas margens espacio-temporais que lhe foram impostas para se fazer companheira de caminho do homem e da mulher dos nossos dias. A nós, que vivemos no século XXI e não conhecemos a Madre Teresa de Jesus em vida. Mas podemos reconhecê-la viva nas suas filhas, as Carmelitas, e nos seus escritos.
Por trás de uma intensa actividade funcional, Teresa de Jesus fechou os olhos para esta vida em Alba de Tormes em 4 de Outubro de 1582. Cansada e doente, entregava a sua alma a Deus, não sem antes pronunciar as célebres palavras: «É tempo de caminhar», palavras que exprimem não só o estilo de vida de uma mulher, qualificada depreciativamente como «inquieta e andarilha», com a condição peregrinante de todo o ser humano. Agora e sempre, é tempo de caminhar. Convencida disso, Teresa de Jesus não só nos anima a seguir caminhando, apesar dos obstáculos e dificuldades que possam sobrevir, mas até a não e nunca perder de vista a meta do caminho: essa meta não é outra senão a verdade, e a sua consecução justifica sobejamente os trabalhos e penalidades sofridas. A este respeito, é muito eloquente que, nos tempos modernos, outra grande mulher, Edith Stein, confessará ter encontrado a verdade lendo a Vida de Santa Teresa de Jesus.
Esta mulher, andarilha de tosco burel, deixou uma folha inesquecível em todas as ordens da vida. Prova disso é a veneração e estudo da sua figura sob as mais diversas perspectivas ao longo dos cinco séculos passados desde o seu nascimento aos nossos dias. Ávila e Alba de Tormes são os marcos que assinalaram a trajectória vital e espiritual de Teresa de Cepeda e Ahumada. Na fria e amuralhada cidade castelhana espreitou a luz pela primeira vez, e na Vila Ducal ribeirinha de Tormes deu o último suspiro rodeada pela comunidade carmelita que ela mesma tinha fundado.
Estamos a terminar um ano cheio de celebrações e homenagens. Instâncias estatais, autonómicas, provinciais e locais deram a este acontecimento uma inusitada relevância. As mais altas hierarquias eclesiásticas, tendo em primeiro lugar o seu mais alto representante, o Papa Francisco, estiveram implicadas no centenário teresiano. A ordem carmelita, por seu lado, acolheu com satisfação e legítimo orgulho o patrocínio de um evento de singular importância para uma comunidade que deu suficientes mostras de grande espiritualidade, fortaleza, sabedoria e entrega por todo o mundo.
Teresa mostra a cada um de nós essa capacidade ilimitada para imaginar, admirar, maravilhar, espantar, estranhar-se tanto perante fenómenos da natureza como diante dos mistérios sobrenaturais e mostrar o seu assombro nessa dupla vertente. Expressões como «é coisa de ver» repetem-se com frequência e ilustram esse espírito aberto à admiração de quantas coisas Deus colocou sobre a face da terra, desde as mais pequenas criaturas até às grandes obras da natureza, prova da magnificência divina. Essa capacidade de assombro e de busca, que costuma ficar fixa na adopção de um claro estilo de admiração no seu discurso, exercita-a igualmente quando se trata da palavra de Deus, dos mistérios divinos, dos livros sagrados, do carácter insondável da alma humana e, sobretudo, da figura de Cristo, o seu grande interlocutor.
As obras de Santa Teresa podem ter distintos níveis de leitura, Podemos ficar nas componentes autobiográfica, literária, com a mensagem religiosa, com o valor testemunhal dos seus escritos, etc. O mais importante é que os textos teresianos supõem uma valiosa contribuição para a literatura mística, tanto pelo desdobramento de recursos de estilo como pela carga espiritual do conteúdo. Sob o ponto de vista da comunicação, soube trasladar com grande mestria a mensagem das suas experiências pessoais. O domínio demonstrado das imagens, figuras e símbolos coloca-a a uma altura semelhante à de S. João da Cruz.
Segundo L. Pérez López, Deão da Catedral de Santiago (de Compostela)
(Tradução de P.e Armando Ribeiro), in Voz de Lamego, ano 85/45, n.º 4332, 6 de outubro
Ano da Vida Consagrada | Testemunho da D. Fernanda
Neste dia de Festa da Senhora dos Remédios, os consagrados de Lamego foram convidados a participar na Procissão. Foi uma feliz ideia, mas notou-se a falta de participantes das Instituições; talvez porque parte avisados à última da hora.
Neste ano da vida consagrada, há que unir esforços e testemunhar ao mundo as razões de viver, numa entrega a Jesus, ao serviço dos irmãos: pela causa do Reino, liberdade e gratuidade. “Ninguém ama o que não conhece.”
E o Senhor continua a chamar, porque Deus é sempre o mesmo de todos os tempos…
O Papa Francisco pede-nos para sermos fiéis ou dóceis ao Espírito Santo, sendo coerentes na nossa vida, com coragem, vigilância e firmes na fé…
No longo percurso da Procissão, senti que estar ali era uma graça de Deus, acompanhada por tão grande multidão: adultos, idosos, jovens e crianças. Vindos de longe e de perto, alguns choravam, esperando para verem passar a Mãe e os abençoar…
Perante tudo isto pensava: quem sou eu para ir aqui no meio desta assembleia? Senti alguma responsabilidade, mas ao mesmo tempo ia elevando ao Céu uma prece por todos. Em especial pelas famílias, que tantas dificuldades enfrentam. Sim, a família tem que retomar os verdadeiros valores, e sobretudo viver a presença de Deus, colaborando com Ele na criação de novas vidas, formando e educando os filhos para que a sociedade se valorize e assim o mundo se torne melhor… O mundo que Deus criou belo para o homem ser feliz. É das famílias cristãs que nascem as vocações para o matrimónio, o sacerdócio ou a vida consagrada.
Que a Senhora dos Remédios a todos abençoe, a cada um na sua missão, na fidelidade e esperança em Deus que é a nossa força.
Maria Fernanda Costa, Instituto Secular das Cooperadoras da Família,
in Voz de Lamego, ano 85/42, n.º 4329, 15 de setembro
Bicicleta de 12 lugares com religiosos a pedalar por Portugal
A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) apresentou hoje um ‘velocípede de 12 lugares’ do Ano da Vida Consagrada, em Vila Nova de Gaia. “Para além de ser um excelente e saudável meio de transporte, de (des)encontros, este velocípede de 12 lugares evocará outro grupo de apóstolos. Vai congregar consagrados(as) que desejem e puderem afetiva e efetivamente pedalar pelos caminhos lusitanos humano-divinos”, explica o presidente da CIRP.
Segundo o responsável, a bicicleta de 12 lugares é um “sinal itinerante” que “ousa facilitar novos diálogos” nos lugares da vida quotidiana dos cidadãos. Neste contexto, os Institutos Religiosos e Seculares querem “ousar romper preconceitos” sobre quem são e o que fazem testemunhando a “genuína fraternidade, a desafiante multiculturalidade” e a “enriquecedora complementaridade na diversidade” através da “alegria” de seguirem Jesus Cristo.
Em pleno Ano da Vida Consagrada, vivido com o lema ‘Vida Consagrada na Igreja Hoje: Evangelho, Profecia e Esperança’, os religiosos vão manifestar a sua “dedicação ao próximo, exercitando a gramática da proximidade e contagiando o abraço de Deus para todos/as e para cada pessoa”, acrescenta o padre Artur Teixeira.
Confiantes na “proteção de Nossa Senhora de Fátima”, a meta desta viagem é o santuário mariano da Cova da Iria, onde esperam chegar a 7 de fevereiro de 2016, coincidindo com a peregrinação nacional de encerramento do Ano da Vida Consagrada em Portugal.
Uma iniciativa que pretende especificamente até 2 de fevereiro de 2016 ajudar institutos religiosos e seculares a concretizarem três grandes objetivos: “Fazer memória agradecida do passado; abraçar o futuro com esperança e viver o presente com paixão.”
in Voz de Lamego, ano 85/39, n.º 4326, 25 de agosto