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32 anos da Rádio Clube de Lamego – Entrevista com Júlio Coelho

A Rádio Clube de Lamego celebrou o 32º aniversário, no dia 22 de maio.
“Quando era aluno aqui do liceu de Lamego colaborava com, na altura jornal paroquial, Varanda do Douro, o pároco da região bateu-me à porta para eu começar a escrever com regularidade para o jornal. Todas as semanas mandava um artigo para publicação”
Júlio Coelho afirma que “o bichinho da comunicação” nunca o abandonou e acabou por ser o fundador e diretor da rádio, já lá vão 32 anos. Aquando da fundação, em 1989, estava Portugal a iniciar um processo evolutivo. Por esta altura eram grandes as mudanças quer na política, quer na sociedade e na economia, um processo que marcou as rádios locais, sem deixar a Rádio Clube de Lamego de fora. Nesta época eram muitas as rádios que emitiam clandestinamente, aqui surgiu o grande impulso dos rádios piratas, no entanto a Rádio Clube de Lamego já era uma rádio legal.
“A rádio tinha um programa denominado como “Serões da aldeia”, que foi o ponto revolucionário. Ainda não existiam novelas nem outros programas para as populações das aldeias, e nós, todas as quintas-feiras deslocávamo-nos a essas mesmas aldeias, normalmente às juntas de freguesia, para passarmos os serões com a população, população essa que, religiosamente, sintonizava o 97.0 para ter a nossa companhia nas noites de quinta-feira. “
A Rádio é descrita por quem lá trabalha como uma rádio de companhia e sobrevivência. Um meio de comunicação local que dá voz aos ouvintes desde 1989. O diretor é Júlio Coelho e para os mais antigos ouvintes ele era quem tinha “a voz de rádio”. Situada em Lamego esta é uma das rádios mais conhecida no Interior Norte português.
“A rádio tem vindo a crescer de ano para ano, não há dúvida nenhuma, muito por causa dos ouvintes e dos nossos anunciantes. Eles são os principais obreiros deste projeto de rádio do qual a cidade de Lamego se orgulha”.
A Rádio Clube de Lamego nunca se ficou apenas por ares lamecenses, considerando-se a rádio do Douro, Trás-os-Montes e Beiras, tendo ainda feito a cobertura de vários eventos no estrangeiro.
O ainda diretor da rádio contou à Voz de Lamego que em 1995, a Rádio clube de Lamego marcou presença no Parc des princes, em Paris. “O que motivou a nossa ida a terras francesas foi a cobertura do jogo entre Sporting Clube de Lamego e os Lusitanos de Saint-Maur, que antecedeu ao encontro grande, SL Benfica VS FC Porto, a contar para a supertaça”.
Atualmente, continuam a sair do país para fazer a cobertura de vários eventos como a Expourense, um evento ligado à gastronomia realizado, como o próprio nome indica, em Ourense, uma cidade no noroeste de Espanha.
Júlio Coelho mostrou também ter boas perspetivas quanto ao futuro da rádio: “Queremos continuar a ser aquilo que temos sido até agora, queremos ser um veículo transmissor de notícias, tudo para trazer a informação para os cidadãos Lamecenses. Vamos continuar a estar atentos a tudo o que se passa na região com o mesmo rigor que sempre marcou a rádio, e que colocou a mesma ao nível a que se encontra, com a credibilidade que tem, e também com a aceitação que tem por parte das autarquias, das populações e por parte das instituições.
1. Quais seriam os principais capítulos da sua autobiografia?
Preocupação com o bem-estar da família e sociedade
2. Se pudesse dominar uma habilidade, qual seria?
Futebol
3. Quem é a sua maior inspiração?
Nossa Senhora dos Remédios/ Santo João Paulo II
4. Se todos os trabalhos pagassem exatamente o mesmo, qual seria o seu?
Camionista de longo curso
5. Uma aventura que gostasse de viver?
Salto de Paraquedas
6. O que mais toma o seu tempo?
Agricultura e vinicultura
7. Qual foi a melhor coisa que lhe aconteceu na vida?
Ter conhecido a minha mulher
8. Quem o conhece melhor?
Mulher e filhos
9. Mudaria alguma coisa em si?
Ter ainda mais atenção à sociedade de forma a conseguir ajudar os mais desfavorecidos
10. Maior desejo?
Fim desta pandemia/ Fim das guerras e conflitos
in Voz de Lamego, ano 91/28, n.º 4610, 25 de maio de 2021
Ceia do Senhor – Sé de Lamego – 9 de abril de 2020
Como expectável, a celebração do Tríduo Pascal foi muito diferente de anos anteriores, com igrejas praticamente vazias. Daí também a aposta na transmissão das celebrações para que mais pessoas pudessem sintonizar-se com os mistérios celebrados, ainda que afastados pelas circunstâncias do tempo presente.
Na quinta-feira santa, 9 de abril, a celebração da Ceia Pascal, presidida pelo nosso Bispo, D. António Couto, na Sé de Lamego, com transmissão nas páginas da Diocese e da Paróquia da Sé, em colaboração com a Rádio Clube de Lamego, que transmitiu via rádio e também em vídeo direto pela respetiva página no Facebook.
Menina da Rádio em entrevista à Voz de Lamego
Andreia Gonçalves conduziu a entrevista a Manuela Cardoso, Locutora da Rádio Clube de Lamego
Manuela Cardoso é dona de uma voz inconfundível e uma das grandes referências da rádio, na região. Trinta anos dedicados aos ouvintes traz-lhe uma enorme satisfação profissional e pessoal. Uma mulher apaixonada pelo seu trabalho, que gosta igualmente de viajar e conhecer outras culturas. Uma entrevista EXCLUSIVA, ao nosso jornal, para falar de comunicação e de momentos marcantes de 2019.
Quase 30 anos de rádio Manuela. Que balanço merece esta profissão pela qual é, verdadeiramente, apaixonada?
Trabalhar na rádio é algo tão belo, como tu sabes! O balanço não podia ser mais que positivo. Há sempre os momentos altos e outros menos bons, mas estes últimos foram os que me fizeram pensar, como se fossem pedrinhas, que são úteis para melhorar aquilo que está mal. São essas pedras que vão sendo necessárias para construir o castelo, o meu castelo. Por isso, o balanço é verdadeiramente positivo, passados estes 30 anos de rádio.
O teu pai é o responsável pelo despertar desta paixão. O que diz o professor Júlio Coelho por partilhar com ele este amor pela rádio?
Esta pergunta é difícil e deveria ser feita ao meu pai, porque é o responsável por esta minha paixão. O meu pai não é de verbalizar muito e, em termos de rádio, e daquilo que eu faço na rádio, ele tem uma forma especial de expressar o que lhe vai na alma. Essa forma é o olhar. Eu sinto a felicidade e a satisfação que sente, relativamente, ao meu trabalho através de um olhar.
Quando termino uma entrevista e um programa eu olho para ele e entendo que ele gostou do que ouviu, e esse olhar diz tudo! Talvez seja mais fácil para ele elogiar-me em conversas com outros, para mim, diretamente, não usa as palavras e não precisa…
O aquário continua a ser o seu local de eleição. Que tipo de programa ainda lhe falta fazer na Rádio Clube de Lamego?
Nos primeiros anos de rádio, eu achei engraçado usar o termo “aquário, e como sou do signo peixes e porque me sinto filha de peixe, achei que poderia usar sempre… e assim comecei os meus programas “Deste aquário vamos ao programa da manhã ou da tarde”. O aquário vai ser, sempre, o meu local de eleição.
Eu já fiz de tudo, nestes 30 anos, programas de música, discos pedidos, informação e entrevistas. Relembro, aqui, o velhinho cantinho infantil, que me dava muita satisfação, pois eu fazia as vozes dos personagens das histórias que eu própria contava, fazia questões, explicava temáticas. Gostava de o voltar a fazer, contudo penso que as nossas crianças vivem, agora, uma ligação às novas tecnologias que o programa teria de ser adaptado e nunca igual ao que fiz há 20 anos.
Relativamente a um novo programa, tenho uma ideia de fazer dos ouvintes os locutores. E quem sabe, um dia, o possa concretizar, sendo eu a ajudante e os ouvintes se tornarem locutores… não conheço ninguém que o tenha imaginado e acredito seria um bom desafio.
O auditório tem sempre uma ligação com o locutor que fala, diariamente, para ele. Sendo este bastante diversificado. Tens sentido que as pessoas continuam à espera da edição dos discos como há anos atrás? Sentes que há pessoas sozinhas a quem tu fazes companhia?
Obviamente, que sinto que cada vez mais as pessoas estão à espera dos discos pedidos, por incrível que possa parecer. Uma hora já é pouco, e penso que poderia alargar-se para 2 horas.
Na rádio não temos concorrência, por isso este é um programa que deve ser sempre feito.
Somos, realmente, a companhia de muitas pessoas que vivem sós e isoladas, mas também de outras que têm família em casa mas que não dispensam os programas de rádio que lhes fazem companhia ao longo da maior parte das horas do dia. Ler mais…