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Castanha, potencial económico do Concelho de Penedono

Penedono é um dos concelhos do distrito de Viseu, situado nos limites da Beira Alta, possuidor de uma traça vincadamente medieval e que ostenta orgulhosamente um passado que remonta aos primórdios da nacionalidade. É aqui, por entre montes e vales, outrora calcorreados pelo “Insigne Magriço”, que se produz a melhor castanha martainha. Se em tempos remotos este fruto era a base da subsistência alimentar do povo Beirão e da Raia Transmontana, que a conservava utilizando técnicas ancestrais e consumia ao longo do ano, hoje, volvidos vários séculos, ei-la presente no quotidiano nacional e internacional assumindo o estatuto de Fruto Rei, que lhe confere uma notoriedade singular.

Sendo um concelho predominantemente agrícola, Penedono tem na sua produção de castanha o principal impulsionador da sua economia, sendo esta o garante da sustentabilidade de inúmeros agregados familiares.

Como tal, conhecedora da realidade concelhia, a Autarquia de Penedono, tem desenvolvido esforços na promoção deste fruto, acompanhando de perto as preocupações dos produtores e o trabalho desenvolvido no combate às pragas que assolam o castanheiro, nomeadamente a vespa da galha, a tinta e o cancro, promovendo o patrocínio financeiro de inúmeras largadas para o controle da vespa da galha que, segundo a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, se encontra controlada. Para além disso, a Autarquia de Penedono aposta numa estratégia de promoção da castanha, participando e realizando inúmeros eventos que têm como único propósito a exortação deste fruto tão querido dos portugueses. Neste ano de 2021, A Sra. Presidente da autarquia , Cristina Ferreira, numa ação de promoção da castanha martaínha do nosso concelho, que teve início a 24 de outubro, terá durante todos os fins de semana do mês de novembro, um assador de castanhas no  Centro Histórico, onde, quem nos visita, poderá saborear as deliciosas castanhas, assistir e participar em atividades  de índole cultural e visitar o Centro de Mostra e Divulgação de Penedono, um espaço físico onde pode encontrar produtos locais que vão desde a hortícola , mel, doçaria, artesanato e muito mais, produtos endógenos provenientes do saber ancestral dos Penedonenses.

 Penedono pode muito bem reclamar o estatuto de maior produtor de Castanha Martaínha, uma variedade que existe somente nesta região, sendo um fruto de montanha com particularidades bem específicas, quer seja no palato, na apresentação e mesmo na saúde, uma vez que possui capacidades nutritivas reconhecidas por inúmeros nutricionistas.

Castanha de Penedono para o mundo

Sendo a castanha a maior alavanca económica do concelho de Penedono, tem na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira um dos seus maiores dinamizadores na medida em que, esta instituição, não só comercializa a castanha, como a promove e proporciona apoio técnico aos seus associados.

Numa altura em que decorre a campanha de 2021, importa saber que, na campanha transata, a Cooperativa Agrícola rececionou e comercializou 400 toneladas de castanha, que tiveram como destino diversos mercados (95% vocacionados à exportação e 5% reservados ao mercado nacional).

A nível internacional, a castanha made in Penedono marcou presença nos Estados Unidos, Itália, França, Alemanha e Suíça, prova cabal de que este é um fruto verdadeiramente apetecível, fazendo as delícias não só de quem a descobre pela primeira vez, bem como alimentando o mercado da saudade.

Na campanha que agora decorre, a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira já rececionou cerca de 200 toneladas de castanha, pese embora, meteorologicamente, este tenha sido um ano atípico, com temperaturas muito baixas no período de verão. No entanto, a qualidade da castanha não terá sido afetada, uma vez que, no que concerne à quantidade, se estima que esta alcançará números bem próximos da campanha anterior.

Mecanização da apanha da castanha

A mecanização da apanha da castanha é uma realidade cada vez mais necessária, isto porque o seu cultivo padece do mal generalizado na agricultura de falta de mão de obra. Para além disso, sendo um produto sazonal e em que a apanha decorre num espaço temporal muito restrito (de outubro a meados de novembro), urge repensar os métodos de apanha da mesma.

Existem no mercado soluções mecânicas para o efeito que, felizmente, vão sendo adotadas por grandes produtores de castanha. É o caso do Sr. Paulo Neto que, ante a dificuldade em encontrar mão de obra, preparou os seus soitos para a apanha mecanizada, adquirindo uma máquina acoplada ao trator. Um investimento avultado, que se rentabilizou com o passar dos anos uma vez que, o trabalho que agora é realizado por ele e pela sua esposa, com a máquina, era efetuado por cinco ou seis mulheres durante um mês.

Para Paulo Neto, este é um excelente ano, ao contrário do que inicialmente se previa e, comparativamente com o ano anterior, a sua produção será idêntica, tanto em quantidade como em qualidade.

Porém, nem todos os produtores, devido às mais diversas circunstâncias, sejam elas económicas ou de índole social, optaram pela mecanização da apanha da castanha. Se por um lado se trata de um investimento avultado, só ao alcance de alguns, outros há que ainda mantêm, devido à idade, alguma resistência ao avanço do progresso. Mesmo assim, este será um progresso necessário, que certamente vingará com a sua implementação por novos produtores, uma realidade que vai sendo uma constante.

Na localidade de Bebeses encontramos o Sr. Diamantino, outro produtor de castanha que se mostra reservado com os resultados da campanha 2021, não por existir uma discrepância entre a qualidade e quantidade da castanha, mas sim pela dificuldade que tem em encontrar mão de obra para a apanha. Recorreu a uma das várias empresas de prestação de serviços agrícolas mas, mesmo essas, se debatem com o mesmo problema.

Quanto ao escoamento do seu produto, o Sr. Diamantino, não sendo sócio da Cooperativa de Penela da Beira, mostrou-se agradado com os preços praticados e, à semelhança de anos anteriores, não sentiu qualquer dificuldade no mesmo.

A comercialização da castanha não é um monopólio exclusivo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, existindo outros intervenientes, tais como comerciantes, devidamente habilitados, que compram diretamente ao produtor, para além de intermediários locais que a vão adquirindo, para posteriormente a venderem a retalho. Poderemos estimar que a produção de castanha em Penedono transcende, largamente, as 500 toneladas.

A castanha e a sua componente turística

Para além do aspeto económico, vital à economia Penedonense, a temática da castanha assume cada vez mais um papel primordial no setor do Turismo.

Se nos tradicionais meses de verão Penedono verifica picos de visitantes, atraídos pela sua história e pelo seu património edificado, é na época das castanhas, em pleno outono, que se verificam fluxos de visitantes próximos dos verificados na dita época alta de turismo.

Com paisagens únicas, de soutos com frondosos castanheiros, solos repletos de ouriços e castanhas em tons de ouro, Penedono torna-se destino de eleição dos amantes da natureza e das tradições que envolvem o fruto rei, como a apanha e os tradicionais magustos regados com a famosa jeropiga que, em sintonia, geram um verdadeiro manjar dos Deuses.

Ora, assim sendo, este fluxo de turistas tem repercussões económicas no tecido hoteleiro concelhio, pois aqueles que nos visitam planeiam atempadamente a sua estadia, de forma a vivenciar todo o processo de apanha da castanha.

A Quinta da Picoila, espaço de agroturismo, pertença da D.ª Isaltina Cabral, tem verificado um aumento de reservas de turistas para a sua propriedade. Aqui encontram um ambiente único de turismo rural onde podem desfrutar do maravilhoso espaço, passear pelos soitos, apanhar castanhas e sentir de perto a dinâmica característica desta época.

Importância da castanha na gastronomia local, em particular na doçaria.

Penedono, muito justamente, é conhecido hoje como uma zona onde se produz das melhores castanhas da variedade martainha. A castanha é consumida enquanto fresca e de uma forma sazonal, no período entre setembro e janeiro. A base alimentar das nossas castanhas já vem dos nossos antepassados, sendo estas muito multifacetadas nos usos culinários. É um alimento muito versátil, em termos de confeção, podendo comer-se cozida com erva doce, assada, como acompanhamento de pratos, na base de sopas ou na confeção de apetitosas sobremesas e bolos. O público mais informado já reconhece este conjunto de utilizações alternativas para a castanha, utilizando-a de forma mais corrente na sua alimentação.

Desde os tempos medievais que a cultura deste fruto é muito importante, quer como alimento, mas também primordial como um bem comercial.

Note-se que a castanha pode ser desfeita e reduzida a puré, transformar-se em “farinha” para bolos e pães ou até ser comida como um substituto da batata.

Muitas são as sugestões para o uso deste fruto de outono, dadas as suas propriedades que permitem a produção de diversos produtos, desde a castanha fresca até aos seus derivados sujeitos a transformação.

Destaca-se na vila de Penedono a Padaria e Pastelaria Castelo, situada no Bairro do Prazo, cuja proprietária D. Gina Andrade Aguiar confeciona vários doces bem conhecidos do nosso dia a dia, adaptando-os e introduzindo a castanha como elemento principal. Destacam-se o pastel de nata, a queijada, o brigadeiro, a tarte, o pudim e o bolo-rei, todos eles com o sabor único deste fruto.

Para a promoção da qualidade, diversidade e inovação da castanha, bem como de outras matérias-primas locais, a Câmara Municipal de Penedono promoveu, em novembro de 2014, e inserido no Mercado do Magriço, a 1ª edição do concurso “PENEDOCE” (cujo júri foi presidido pelo Chefe Hernâni Ermida).

Neste concurso, a textura, o aspeto visual, o sabor, o uso de outros ingredientes, todos de proveniência local, para além da castanha, bem como a criatividade demonstrada pelo artesão/pasteleiro na execução da iguaria, foram fatores tidos em conta. Assim, foram premiados os dois doces de castanha mais originais e bem conseguidos (o ouriço de castanha e o biscoito de castanha), quer pelo caráter tradicional ligado às raízes da doçaria regional, quer pelo aspeto inovador representado por uma nova e criativa abordagem e apresentação.

A versatilidade da castanha, na opinião de D. Gina Andrade Aguiar, foi umas das bases do sucesso da sua empresa nos últimos anos, muito por consequência de tal evento promovido pelo Município de Penedono.

A realização deste tipo de concursos, como o referido anteriormente, que tem como objetivo principal mostrar a criatividade e inovação do uso deste fruto na cozinha, promove também os pratos regionais à base do mesmo.

Continuará a ser objetivo futuro do Município apoiar e dar a conhecer a evolução de todos os produtos em redor deste fruto, para a promoção do concelho e do empreendedorismo local, bem como para a valorização do mesmo, através da sua qualidade e diferenciação.

in Voz de Lamego, ano 91/49, n.º 4631, 3 de novembro de 2021

Márcio Pereira: ambiciono sucesso, não a fama

Entrevista para a Voz de Lamego conduzida por Andreia Gonçalves

Márcio Pereira, natural da Penedono, é um cantor nacional, que já deu a conhecer o seu talento, voz e estilo próprio no primeiro álbum. Arrojado, aposta em vídeos para o lançamento das suas músicas e nos palcos não deixa ninguém indiferente.

Márcio, tens uma imagem forte e uma voz que marca. O que talvez poucos saibam é que, para além de arquiteto, também és professor de dança. Conta-nos tudo!

É verdade. Além de cantor sou também arquiteto e instrutor de zumba. Apesar de estar no mundo da música desde muito novo, foi no final do meu mestrado que surgiu a ideia/oportunidade de gravar o meu primeiro single. Desde aí, a minha carreira evoluiu naturalmente, obrigando-me a deixar a arquitetura em stand-by. Felizmente tenho conseguido conciliar com as aulas de Zumba, embora com um horário bem mais reduzido. Mas a vida é mesmo assim. Cada experiência no seu devido tempo e amanhã tudo pode mudar. Portanto todas as portas estão em aberto.

As rádios passam as tuas músicas, as televisões dão-te muitas possibilidades para te mostrares ao país. Gosta da exposição a que estás sujeito?

Tenho noção de que a minha música chega a muitas pessoas diariamente e a televisão leva também a minha imagem. Mas, para já, não sinto que esteja exposto nem que seja reconhecido em qualquer lugar. Acontece pontualmente o que para já é pacificamente suportável. Sinceramente tenho algum receio do mediatismo pois considero-me uma pessoa bastante reservada. No bom português, adoro estar no meu canto. Ainda recentemente uma grande artista portuguesa expôs a sua situação publicamente, o que acaba por mostrar às pessoas que os músicos também são pessoas “normais”. Por outro lado, a fama é o preço do sucesso. Ambiciono sucesso, não a fama.

Uma das tuas características é que tu não te iludes. Tens os pés assentes na terra. Isso faz de ti um sonhador com peso e medida em relação ao mundo musical?

Sem dúvida. Não vivo obcecado em fazer por fazer ou fazer porque tenho que ter sucesso naquele momento.

Todas as minhas músicas, todos os meus trabalhos surgem no tempo que eu acho que deve ser e quando tenho possibilidades para o fazer. Nunca devemos dar um passo maior do que a perna. Sou feliz a fazer o que gosto desta forma e quem gostar de mim irá certamente esperar e, acima de tudo, respeitar o meu tempo.

Obviamente não posso negar, gostava de dar muito mais a quem me ouve e me segue, mas nos dias que correm apresentar algo com qualidade não é fácil. E quem gosta de mim não merece algo “assim-assim”.

A vida é uma constante aprendizagem e na música não é exceção. Depois de algum tempo decides viver novas experiências, outras produções, outras composições, outro produtor. Como é que tudo aconteceu e como está a ser esta nova experiência?

Minha amiga, Andreia, obviamente teria que ser contigo que iria falar disto publicamente pela primeira vez. É verdade. Depois de muito tempo a gravar com o meu amigo Jorge do Carmo, resolvi experimentar algo novo, diferente. Como tu sabes, surgiu tudo muito naturalmente, como em tudo na minha carreira. Uma amiga incentivou-me a conhecer e gravar algo com uma das pessoas que foi uma referência durante a minha infância. Que por sua vez trouxe para a minha vida um profissional e ser humano fantástico. Não vou referir o nome, vou antes deixar em aberto pois quero surpreender todos os que seguem e ouvem o meu trabalho. Quero expressões de admiração no dia que a minha página oficial publicar “este é o novo single do Márcio Pereira”. Acho que vou conseguir, não concordas?

Claro que sim, concordo e confio. Já agora, para quando está marcada a estreia desses novos temas?

Infelizmente esta é uma questão que não te consigo responder. Por mim teria sido ontem. Mas todo este processo de publicação de um novo single não depende apenas e só de mim. Mas prometo que durante fevereiro ou início de março todos irão poder conhecer o meu novo trabalho.

Para além da tua carreira a solo, geres uma banda, os SPS. Como tem sido fazer estrada com essa família que tu escolheste?

É fantástico. A banda SPS é o meu projeto de criança. Comecei com 15, 16 anos. E tem vindo a crescer a um ritmo alucinante. Juntos este mês tivemos 6 espetáculos. É um complemento fantástico ao “Márcio Pereira-artista” e juntos temos imenso para oferecer ao público. E cada vez mais iremos trabalhar para surpreender. Convido todos os leitores a pesquisar nas redes sociais “SPS band”. Sigam esta equipa e a mim também para estarem sempre a par das novidades. Mas o principal convite é mesmo para virem assistir aos nossos espetáculos.

Este ano de 2020, começou com espetáculos que têm acontecido todos os fins de semana. O ano promete a nível de trabalho. Certo?

No seguimento no que referi atrás, sim, promete. Temos imensos espetáculos, imensas propostas para este ano. Tem sido uma verdadeira loucura. Mas o público é sempre tão fantástico que a palavra cansaço não existe no nosso dicionário. Por isso certamente nos iremos encontrar por aí.

Deixa-me apenas, antes de acabar esta entrevista, agradecendo-te a ti, Andreia, pela amizade, e ao jornal Voz de Lamego pela oportunidade e a todos os leitores, fãs e amigos por todo o carinho que alimenta esta minha força para continuar. Sejam felizes!

in Voz de Lamego, ano 90/08, n.º 4543, 21 de janeiro de 2020

TESTEMUNHO DE FÉ DO ENG. FERNANDO SANTOS

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O arciprestado de Meda, Penedono, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa teve a oportunidade, na passada 6ª feira, dia 21 de outubro, de vivenciar um excelente momento de reflexão e partilha através do belo testemunho de fé dado pelo Eng. Fernando Santos. Esta actividade arcipretal decorreu no Salão Polivalente do Patronato de Meda, o qual esteve totalmente repleto de cristãos oriundos das mais diversas paróquias do nosso arciprestado e de outras comunidades cristãs da nossa diocese de Lamego, que se quiseram reunir, para juntos reflectirmos e tomarmos consciência, desta necessidade de sermos missionários, onde quer que nos encontremos e independentemente da missão que desempenhemos. Para lá do selecionador nacional de futebol, tivemos a honra de ter connosco D. António Couto, Bispo da nossa diocese de Lamego, os sacerdotes do nosso arciprestado e de outros arciprestados da diocese, como sinal de comunhão eclesial, salientando ainda a presença de alguns seminaristas do Seminário Maior de Lamego e sobretudo de muitos jovens e adolescentes. Ler mais…

D. ANTÓNIO COUTO em Penedono, na Romaria de SANTA EUFÉMIA

Romaria de Santa Eufémia - Penedono 2014 (16)O nosso bispo, D. António Couto, presidiu à Eucaristia da festa, vivida no dia 16 de Setembro, data em que Santa Eufémia foi martirizada. A celebração decorreu na capela do santuário, uma vez que a chuva e o vento não permitiram a utilização da grande esplanada existente ali perto. No final da Missa do dia 16, uma entreaberta permitiu que a procissão se realizasse, para alegria de todos.

Na homilia, partindo dos textos bíblicos do comum dos mártires e fazendo alusão ao tempo menos soalheiro que se fazia sentir, D. António Couto convidou toda a assembleia a “saber ler nos tempos que Deus dá, o amor, o carinho e a dádiva”; também através das gotas da chuva. E a todos lembrou que “as peregrinações são importantes porque nos fazem andar, encontrar e ver o amor de Deus por detrás de tudo. Peregrinar implica saber que somos frágeis, feitos de barro. E a beleza da nossa vida é a nossa fragilidade… Somos vasos de barro que adoecem, sofrem, são amados, morrem. Mas é uma maravilha, um milagre contínuo, contemplar o amor de Deus em nós e à nossa volta. Importa saber ver e ler. É uma graça, juntos, descobrirmos que somos próximos, irmãos. Peregrinar enriquece-nos porque encontramos os outros e a natureza, que nos mostram as maravilhas de Deus”.

Depois falou-nos de Santa Eufémia, para caracterizar a sua vida como justa e frágil, de alguém que se expôs por causa da sua fé e que foi martirizada por causa dos maus sentimentos dos seus contemporâneos. E dizer “mártir” é sinónimo de “testemunha”.

A este propósito, o nosso bispo, falou da testemunha como sendo “alguém que se compromete”, alguém que atesta sobre os acontecimentos, as palavras, a cruz e a ressurreição de Jesus. Dito de outra maneira, “alguém envolvido na história de Jesus”. E este estar comprometido e envolvido tem como consequência uma prática que se assume e protagoniza: “o discípulo de Jesus, a testemunha que com Ele se compromete, tem que testemunhar, onde quer que se encontre, o perdão, o amor, a ternura, a paz e a misericórdia de Jesus”. Deixar-se envolver é muito mais do que saber que algo aconteceu, é “viver a história de Jesus”. Por isso, o mártir é “a testemunha de uma história que não é a sua”, mas é comprometer-se com essa história para a tornar presente e visível nas circunstâncias em que se vive. Sta. Eufémia foi até ao fim, mostrando ao nosso tempo e a todos os peregrinos que é possível, “com coragem, alegria e bondade seguir Jesus”.

Por fim, convidou todos os fiéis a tornarem-se “cristãos apaixonados” para que “Cristo esteja sempre presente” e para que “ninguém nos seja indiferente”. Porque um “cristão apaixonado” está para lá do mero cristão praticante ou não praticante; é alguém que faz a diferença com a sua vida, discípulo consciente e responsável que anuncia Cristo pela forma de ser e de estar, sempre. E, neste peregrinar, Sta. Eufémia “ensina-nos a dizer e a fazer bem”.

in VOZ DE LAMEGO, 23 de setembro de 2014, n.º 4380, ano 84/43

Romaria de Santa Eufémia – Penedono – A Romaria da Beira Douro

A Romaria da Beira Douro - flayer 2014 dois

No dia 7 de setembro, pelas 18, 30h, início da novena de preparação para a grande romaria de Santa Eufémia nos dias 15 e 16 no seu santuário em Penedono.

A novena terá como orientador o padre Joaquim Dionísio – Reitor do Seminário Maior de Lamego e constará da meditação das vésperas dos mártires, celebração da eucaristia com meditação e tempo para a celebração do sacramento da penitência.

A partir de dia 7, ficará em exposição permanente da sala da casa do ermitão a “Via-sacra do Terceiro Milénio Gólgota de Jasna Gora” tendo por base os quadros que o pintor polaco Jerzy Duda Gracz ofereceu ao santuário de Nossa Senhora de Czestochowa.

Da programação deste ano, há a realçar no dia 10 a IV peregrinação da Terceira Idade, com a presença dos idosos dos Lares e Centros do Dia de Penedono e concelhos vizinhos; no dia 14 a celebração da eucaristia do XXIV Domingo do Tempo Comum, que a partir das 11 h será transmitida para todo o mundo pela Rádio Renascença e no dia 16 pelas 15h a eucaristia solene presidida pelo bispo de Lamego, D. António Couto, seguida da solene procissão com a imagem da milagrosa Santa Eufémia – Virgem e Mártir.

A animação dos romeiros e devotos de Santa Eufémia, fica no dia 14 durante a tarde a cargo do Grupo de Cantares de Penela da Beira e do Rancho Folclórico do Centro Cultural e Recreativo de Mêda e há noite o concerto da Orquestra Ligeira do Vale do Varosa – Tarouca. No dia 15 pelas 22h as Bandas Filarmónicas de Nagozelo do Douro e dos Bombeiros de Penedono, brindarão todos os romeiros com um grandioso concerto seguido do fogo-de-artifício.

A reitoria do Santuário de Santa Eufémia em Penedono