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Posts Tagged ‘Oração’

Editorial Voz de Lamego: Uma alavanca e um ponto de apoio

Vivemos um tempo especial, um tempo novo, um tempo diferente! Porque o tempo é sempre novo e sempre especial, se assim fizermos com que a nossa vida seja diferente e se renove em tudo quanto sonhamos, dizemos e fazemos.

Como cristãos, a novidade vem do Evangelho, é-nos dada por Jesus. Pelo Batismo, tornamo-nos novas criaturas, não para um momento, não para cristalizarmos no passado (ou no início da vida cristã), mas para que novos sejam os Céus e a Terra, constantemente, contando connosco, com o nosso empenho e compromisso na transformação do mundo que habitamos.

Por certo já todos ouvimos falar em “alavancar”! É uma palavra que muitos utilizam para justificar investimentos, explicar políticas e opções económicas. Em tempo de campanha eleitoral é possível que venham ao de cima as alavancagens e também os apoios.

Quais serão as alavancas que nos tornarão um país mais próspero? Os investimentos? Os impostos? As empresas? As famílias? O rigor ou a criatividade? O engenho do povo português ou os fundos da União Europeia? Quem sabe, talvez todas as alavancas serão úteis ou proveitosas, se bem geridas e a favor dos mais desfavorecidos para beneficiar a todos!

O trabalho e compromisso de cada português, a solidariedade social, económica e cultural, a honestidade serão o apoio incontornável para que as alavancas não sejam desperdiçadas ou sirvam apenas para os mesmos de sempre.

“Dai-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo”. Esta é uma expressão conhecida de Arquimedes e que hoje nos serve de “alavanca” para refletirmos no nosso (ponto de) apoio e nas alavancas que temos para sermos verdadeiramente irmãos.

O apoio, o centro, a referência é Jesus Cristo! Quando Ele deixa de ser o nosso apoio, deixamos de ter chão ou substituímo-lo por outros apoios, mais materiais ou mais pessoais, colocando alguma pessoa no Seu lugar ou colocando-nos a nós como referência. Sobrevirá o egoísmo ou a idolatria. E ansiedade, o medo, a prepotência! Se o nosso apoio, o fundamento e a luz da nossa vida é o que temos, nunca estaremos satisfeitos, estaremos sempre à procura de mais, a qualquer custo, independentemente do que tenhamos que fazer, mesmo que pisando os outros. Não se trata da ambição em melhorarmos a nossa vida e daqueles por quem somos responsáveis. A ambição com conta, peso e medida é uma alavanca para a criação de riqueza, beneficiando os próprios e os outros. Se o padeiro não tivesse qualquer tipo de ambição, produzir pão com qualidade e escoá-lo para prover ao seu sustento e da família, investindo e contratando pessoas, então ele deixar-se-ia ficar na cama ou iria para a padaria apenas quando lhe desse na real gana!

Se nos pusermos ao centro… seremos a nossa luz e a luz dos outros! A última bolacha do pacote! Quem não reconhecer o nosso brilho merecer-nos-á desprezo e indiferença, pomo-lo à margem ou agiremos por forma a prejudicá-lo. Se pusermos outra pessoa no centro… tudo exigiremos e tudo esperaremos… até nos desiludirmos! Somos limitados e finitos! Um filho desilude-se com o pai perfeito no dia em que percebe que o pai também erra, também adoece, também se esquece de um momento importante. Esperar tudo dos outros é fonte de ansiedade, o que nos conduzirá à desolação.

Se Jesus for o nosso ponto de apoio, a força motriz da nossa vida, não corremos o risco de sairmos defraudados, nem na história nem na eternidade. As alavancas que nos mantêm focados em Jesus Cristo são a oração, a Palavra de Deus, escutada, meditada e vivida, os que caminham connosco, a Igreja, a vivência dos sacramentos, o compromisso social, a prática da caridade. Com Jesus, não corremos o risco da indiferença, do desprezo ou da idolatria em relação ao nosso semelhante, pois tudo faremos para cumprir HOJE o que Ele nos manda: amar, perdoar e servir!

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/11, n.º 4642, 26 de janeiro de 2022

Falecimento do P. Acácio Ferreira Soares | 1924-2021

Na celebração dos 60 anos de sacerdote, em celebração presidida por D. Jacinto Botelho, então Bispo de Lamego

O Senhor Deus, Pai de bondade, Senhor do tempo e da história, chamou à Sua morada eterna, o nosso irmãos, Cónego Acácio Ferreira Soares, nascido a 14 de maio de 1924, em São Cristóvão de Nogueira, concelho de Cinfães, frequentou os semanários diocesanos, de Resende e de Lamego, e foi ordenado a 3 de setembro de 1950.

Logo após a ordenação sacerdotal, foi enviado como Pároco para Chavães e Vale de Figueira, no concelho de Tabuaço. Posteriormente, foi nomeado Prefeito e responsável da disciplina no Seminário Maior de Lamego. Foi ainda Diretor da Obra Diocesana das Vocações e Diretor Espiritual.

Em 01 de janeiro de 1969, tomou posse da Paróquia de Cinfães, onde serviu durante 38 anos, até 22 de outubro de 2006, e onde residia presentemente.

O Sr. Bispo, D. António Couto, nosso Bispo, manifesta a sua comunhão aos familiares e amigos, às comunidades que o Cónego Acácio serviu ao longo da sua vida sacerdotal, unindo-se em oração, na esperança na ressurreição dos mortos e na vida eterna. Esta esperança, faz-nos agradecer a vida, o ministério sacerdotal, certos que, junto de Deus, o P. Acácio falará/rezará por nós.

A celebração das Exéquias será na Igreja Matriz de Cinfães, amanhã, pelas 11h00, indo a sepultar no cemitério local.

Deus lhe dê o descanso dos justos e a nós a sabedoria por comunicarmos vida e bênção.

Editorial Voz de Lamego: Noah e as teorias da conspiração

O pequeno Noah esteve desaparecido umas 36 horas. Logo dispararam os alarmes: rapto, negligência dos pais? O que aconteceu? O que se supõe que terá acontecido? Horas e horas de diretos! E, para alguns, a ligação imediata ao caso Maddie.

Ficámos com a sensação que para alguns teria sido preferível encontrar a criança sem vida ou concluir que tinha sido raptada. Parece que tudo encaixaria melhor! Como é possível que um menino de dois anos e meio tenha sobrevivido tanto tempo e percorrido cerca de 10 km, ao relento e sem comer? Pelo caminho foi largando roupas e calçado…

A preocupação de pais, de autoridades e de muitos voluntários foi encontrá-lo quanto antes com vida. Muitos se regozijaram com a descoberta de Noah com vida. Novas suspeitas?! Uma história mal contada! Para já, tanto quanto se sabe, não há indícios de rapto e/ou ação criminosa.

Semelhanças com o caso Maddie? Pelo menos duas diferenças significativas. Os pais de Noah não saíram para uma noitada, mas saiu o pai para trabalhar, de madrugada, sendo suposto que às oito horas da manhã os dois irmãos ainda estivessem pela cama. Por outro lado, não foi numa cidade pejada de turistas, mas na tranquilidade do campo.

Tempos de suspeita, juízos de opinião rápidos e apressados, sob necessidade de destrinçar qualquer mistério. Quando nos deparamos com situações demasiados óbvias, o grau de suspeita mantém-se ou aprofunda-se ainda mais. Parece que por detrás de tudo há algum tipo de conspiração, que alguém está a mentir ou a sonegar informação! Não podemos confiar em ninguém! Não podemos ser ingénuos e acreditar em tudo o que nos dizem! Anda meio mundo a enganar outro meio!

Um texto que lemos/escutámos por estes dias, traz-nos a figura de Job. Job era um homem justo, piedoso e temente a Deus. Tinha sete filhos e três filhas. Tinha muitas posses, centenas de cabeças de gado. A determinada altura, morrem a mulher, as filhas e os filhos, morrem-lhe os animais. Fica na penúria. Os amigos de Job tentam encontrar uma explicação lógica. Para eles, a culpa é de Job, consequência do seu mau proceder, pois Deus é justo e castiga com conta, peso e medida. Job, olhando para a sua vida, não encontra nada que mereça o castigo de Deus. E clama a Deus por justiça. Deus convida-o a contemplar o mistério das coisas, da criação e da vida. Nem tudo compreenderemos, de uma só vez e para sempre! Também os amigos de Job são chamados à liça, pois enveredam por leituras fáceis e apressadas acerca de Deus e dos Seus mistérios e rapidamente condenam Job colocando em causa a sua honorabilidade. No final, não sancionando inteiramente Job, Deus coloca-se do lado dos seus questionamentos, desafiando-o a não se deixar amedrontar pelo mistério, pois em tudo está presente a bondade divina.

Muitas pessoas ajudaram nas buscas. Muitas rezaram e confiaram na ajuda de Deus. Terá Deus colocado o anjo desta criança em alerta para que nenhum mal lhe acontecesse? Terá iluminado os que se apressaram a ajudar? Claro que há tantas outras situações em que o desfecho é diferente e sobram perguntas sobre a omnipotência de Deus e a Sua benevolência. O próprio Jesus não responde teoricamente às questões de sofrimento, ainda que as desligue de qualquer tipo de moralismo. Jesus faz o que está ao Seu alcance para ajudar, curar, salvar, integrar. Demasiadas vezes tiramos a Deus o poder de intervir na nossa vida e na história do mundo. Noutras, clamamos pela Sua intervenção.

No caso de Noah, ficar-nos-emos pela casualidade, por uma conspiração não explicada, um rapto malsucedido, ou por coincidências milagrosas através das quais Deus Se faz ver?

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/32, n.º 4614, 23 de junho de 2021

TEMPO DE QUARESMA: Um tempo com características próprias.

A Quaresma é o tempo que precede e dispõe à celebração da Páscoa. Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do Batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de recurso mais frequente às “armas da penitência cristã”: a oração, o jejum e a esmola (Mt 6,1-6.16-18).

Tal como o povo de Israel que peregrinou durante quarenta anos pelo deserto para chegar à terra prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um tempo especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Este caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao homem velho que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado que habita em nossos corações, afastarmo-nos de tudo aquilo que separa do Plano de Deus, e por conseguinte, da nossa felicidade e realização pessoal. Ler mais…

Vigília Missionária – Vila da Ponte – 29 de outubro de 2016

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“Com Maria, Missionários na Misericórdia”, foi o tema escolhido para a vigília missionária que se realizou no passado dia 29 se Outubro em Vila da Ponte.
Esta vigília dividiu-se em duas grandes partes: a primeira, foi um belíssimo momento de oração, que se desenvolveu a partir do tema “Missão”; e a segunda foi a Adoração ao Santíssimo.

Durante a primeira parte da vigília, podemos ver algumas encenações realizadas pelo grupo JSF de Vila da Ponte, e escutar diversas orações e pensamentos sempre acompanhados de belíssimos cânticos Marianos. É também importante salientar, todo o trabalho que os JSF tiveram a nível de decoração da igreja, pois estava um espaço muito bonito e acolhedor, o que nos fazia entrar logo no espírito de vigília.

Tivemos ainda a oportunidade, de escutar o testemunho de dois jovens que realizaram uma “ponte” no mês de Agosto em Angola. (Para quem não tem conhecimento do termo, ponte é o nome dado à missão de ir para outro país, durante um determinado tempo, para poder ajudar quem mais precisa, seja a nível de saúde, educação, cidadania, etc). Pessoalmente acho que foi o momento que mais nos tocou no coração. Posso dizer que ao ouvir aqueles dois jovens fiquei com vontade de um dia fazer uma missão do género, pois acho que todos temos o dever de ajudar o próximo, nem que seja apenas ao levar uma palavra de esperança e de fé.

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No final da vigília, houve um momento de descontração e convívio, onde todos os grupos presentes, bem como a comunidade da paróquia, puderam partilhar um pequeno lanche.

Que tenhamos sempre presente no nosso dia-a-dia, o espírito de Missão, para que assim possamos com a ajuda de Deus, ajudar o próximo.

Márcia Ribeiro, Grupo de Jovens de Tabuaço

in Voz de Lamego, ano 86/49, n.º 4385, 1 de novembro de 2016

Vigília Missionária – 29 de outubro – Vila da Ponte

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Como sabem estamos a viver o Mês das Missões e por isso queremos convidar-vos a participar na Vigília Missionária que se vai realizar no dia 29 de outubro (sábado) a partir das 20h45 na Igreja Paroquial de Vila da Ponte.

Depois do momento de oração grupo JSF Vila da Ponte promoverá um convívio missionário na residência paroquial onde haverá tempo para algumas dinâmicas e saborear alguns “petiscos” 🙂

Para mais informações podem contactar-nos através deste e-mail ou do chat do Facebook “DDPJ Lamego”.

Será o primeiro “EM ORAÇÃO…” deste ano! Muitos mais virão… pois, uma vez por mês, iremos convidar-vos a participar nesta atividade, mas sempre num lugar diferente da nossa diocese e com temas variados 😉

Jovens de Lamego, Cristo conta convosco!

Abraço amigo, Luís Rafael,

in Voz de Lamego, ano 86/47, n.º 4383, 18 de outubro de 2016

Mensagem de Francisco para o Dia Mundial do Cuidado pela Criação

DiaMundialOraçãoCuidadoCriaçãoMENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELO CUIDADO DA CRIAÇÃO

1 de setembro de 2016

Usemos de misericórdia para com a nossa casa comum

Em união com os irmãos e irmãs ortodoxos e com a adesão de outras Igrejas e Comunidades cristãs, a Igreja Católica celebra hoje o «Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação». A ocorrência tem como objetivo oferecer «a cada fiel e às comunidades a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à sua vocação de guardiões da criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado, invocando a sua ajuda para a proteção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos».[1] Ler mais…

SANTO AGOSTINHO | Padroeiro secundário | DIOCESE DE LAMEGO

santo-agostinho-de-hiponaSanto Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, é o Padroeiro Secundário da nossa Diocese de Lamego. Recorde-se que o Padroeiro Principal é São Sebastião, Mártir.

Santo Agostinho, um dos personagens mais importantes da história do cristianismo, mormente no que concerne à filosofia e teologia cristãs.
Agostinho de Hipona, nasceu em Tagaste
, no dia 13 de novembro de 354. Foi bispo, escritor, teólogo, filósofo, Doutor da Igreja, conhecido como o Doutor da Graça. É uma das figuras mais importantes da história da Igreja.
Aos 11 anos de idade, foi enviado para uma escola, em Madaura, familiarizando-se com a literatura latina, e com as práticas e crenças pagãs. E aos 17 anos, o pai, enviou-o para Cartago, para aí continuar a sua educação na retórica.

Resistiu sempre a santa Mónica, sua mãe, para se converter ao cristianismo. Juntou-se a uma mulher, de quem teve um filho, Adeodato. Entretanto, foi para Milão, onde viria a mudar de vida.

Santo Ambrósio,
Bispo de Milão, de quem Santa Mónica tomava conselhos, teve uma influência decisiva na conversão de Agostinho. Nesse tempo, Agostinho mandou a amada de volta para a África e deveria esperar dois anos para contrair casamento legal, mas não esperou, ligando-se a uma segunda concubina.
Durante o Verão de 386, leu um relato da vida de Santo António do Deserto e de Santo Atanásio de Alexandria, deixando-se inspirar por eles. Um dia enquanto passeava nos seus jardins em Milão ouviu uma voz: “Tolle, lege”; “tolle, lege”, ou seja, “toma e ler”; “toma e ler”. Abriu a Bíblia ao acaso e leu a passagem de Romanos 13,13-14: nada de comezainas e bebedeiras, nada de devassidão e libertinagens, nada de discórdias e invejas. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não vos entregueis às coisas da carne, satisfazendo os seus desejos.
Na Vigília Pascal, do ano de 387, fez-se baptizar, por Santo Ambrósio, Bispo de Milão, juntamente como o filho. Regressa a África. No caminho morre a mãe e pouco tempo depois o filho. Vendeu o património e distribuiu pelos pobres. Foi ordenado sacerdote em 391 e em 396 eleito bispo coadjutor de Hipona, donde se tornou Bispo pouco tempo depois.

Morreu em 430, pelo dia 28 de Agosto.

Oração (de coleta):

Renovai, Senhor, na vossa Igreja o espírito com que enriquecestes o bispo Santo Agostinho, para que, animados pelo mesmo espírito, tenhamos sede só de Vós, única fonte de sabedoria, e só em Vós, origem do verdadeiro amor, descanse o nosso coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Das Confissões de Santo Agostinho, bispo

Oh eterna verdade, verdadeira caridade, cara eternidade!

Sentindo-me estimulado a reentrar dentro de mim, recolhi-me na intimidade do meu coração, conduzido por Vós, e pude fazê-lo porque fostes Vós o meu auxílio. Entrei e vi, com o olhar da minha alma, uma luz imutável que brilhava acima do meu olhar interior e acima da minha inteligência. Não era como a luz terrena e visível a todo o ser humano. Diria muito pouco se afirmasse apenas que era uma luz muito mais forte do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era deste género aquela luz; era completamente distinta de todas as luzes do mundo criado. Não estava acima da minha inteligência como o azeite sobre a água nem como o céu sobre a terra; era uma luz absolutamente superior, porque foi ela que me criou; e eu sou inferior porque fui criado por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

Oh eterna verdade, verdadeira caridade e cara eternidade! Vós sois o meus Deus; por Vós suspiro dia e noite. Quando Vos conheci pela primeira vez, elevastes me para Vós, a fim de que eu pudesse apreender a existência do que via, e que, por mim só, não seria capaz de ver. Deslumbrastes a fraqueza da minha vista com a intensidade da vossa luz; e tremi com amor e horror. Encontrava me longe de Vós numa região desconhecida, como se ouvisse a voz lá do alto: «Eu sou o pão dos fortes; cresce e comer-Me-ás. Não Me transformarás em ti como o alimento do teu corpo, mas tu é que serás transformado em Mim».

Eu procurava o caminho onde pudesse adquirir a força necessária para saborear a vossa presença; mas não o encontraria enquanto não me abraçasse ao Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que está acima de todas as coisas, Deus bendito pelos séculos dos séculos, que me chamava e dizia: «Eu sou o caminho da verdade e a vida»; não o encontraria enquanto não tomasse aquele Alimento, que era demasiado forte para a minha fraqueza, mas que Se uniu à carne – porque o Verbo Se fez carne – a fim de que a vossa Sabedoria, pela qual criastes todas as coisas, Se tornasse o leite da nossa infância.

Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim Vos procurava; com o meu espírito deformado, precipitava me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Chamastes, clamastes e rompestes a minha surdez. Brilhastes, resplandecestes e dissipastes a minha cegueira. Exalastes sobre mim o vosso perfume: aspirei o profundamente, e agora suspiro por Vós. Saboreei Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes me e agora desejo ardentemente a vossa paz.

FONTE: Secretariado Nacional da Liturgia.

Para aprofundar: REFLEXÕES de BENTO XVI sobre SANTO AGOSTINHO, em 2008,

nas Audiências Gerais das Quartas-feiras, por exemplo AQUI.

ESCÂNDALO E PERDÃO | Editorial Voz de Lamego | 20 de outubro

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A Igreja vive um momento de extraordinária graça, a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano, entre 4 e 25 de outubro, refletindo a família, com as suas potencialidades e as suas dificuldades. Por conseguinte, é um tema que está presentes em diferentes páginas das comunidades, paroquiais, diocesanas, nacionais. Também a Voz de Lamego vai dando voz a esta temática premente. O mês de outubro, por outro lado, é o mês das missões. E também, sintonizado com este compromisso de toda a Igreja e da Igreja como um todo, a Voz de Lamego dá-lhe esta semana o maior destaque, a começar pela primeira página. Canonização dos Pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, no passado dia 18 de outubro, Dia Mundial das Missões.

O Pe. Joaquim Dionísio, no Editorial desta semana, faz ressonância das palavras do papa, na Audiência Geral da passada quarta-feira, 14 de outubro, em que Francisco pede perdão pelos escândalos e por todo o mal feito, especialmente às crianças.

ESCÂNDALO E PERDÃO

Partindo da palavra de Jesus, que convida a evitar o escândalo e critica quem o provoca (Lc 17, 1), o Papa Francisco iniciou a sua catequese do dia 14 com um pedido de perdão: “Antes de dar início à catequese, em nome da Igreja, gostaria de vos pedir perdão pelos escândalos que nestes últimos tempos ocorreram tanto em Roma como no Vaticano; eu peço-vos perdão!”

O escândalo é a reação provocada em alguém, causada pelo mau exemplo, e surge como sinónimo de coisa indecorosa e contrária aos bons costumes. Nesse sentido, é fruto de um mau procedimento ou de um acto reprovável e irresponsável que faz sofrer. E aumenta quando provem de pessoas ou ambientes onde tal pareceria difícil de acontecer. Mas a verdade é esta: com os nossos gestos, palavras e silêncios podemos ser motivo de escândalo.

As palavras do Papa são claras e o seu alcance facilmente percebido. Mas o importante é a atitude protagonizada. Responsável pela Igreja, sentiu-se na obrigação de pedir perdão por todos aqueles que, chamados a dar bom testemunho, não foram capazes de evitar o mau exemplo. Não escondeu os factos, não se perdeu em justificações nem gastou tempo a escolher as palavras. É preciso coragem para reconhecer o erro e humildade para pedir perdão.

Quantos líderes, governantes ou gestores, responsáveis por pessoas e bens, têm sido capazes de reconhecer o erro e protagonizar um acto tão humano e tão digno como é pedir perdão pelas mortes provocadas, pelas más opções tomadas, pelo prejuízo causado ou pelo escândalo divulgado?

O ideal será sempre evitar o mal e o escândalo, mas quando acontece é de grande nobreza reconhecer e pedir perdão. As palavras não devolvem vidas nem fazem esquecer lágrimas, mas contribuem para o reencontrar da dignidade e o restabelecer da confiança.

 in Voz de Lamego, ano 85/47, n.º 4334, 20 de outubro

Retiro de Lamego | 2015

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Realizou-se, entre o dia 26 e 30 de Agosto, no Colégio de Lamego, pelo terceiro ano consecutivo o retiro anual organizado pela Comissão para a Missão e Nova Evangelização, a Comunidade Servos de Maria do Coração de Jesus e grupo de Oração Nossa Senhora dos Remédios. Mais uma vez, este foi um tempo de muita graça e amor, vivido por toda a comunidade e por muitas pessoas de variadíssimos cantos de Portugal.

Deus, na Sua infinita misericórdia, quer salvar a todos e podemos dizer que, neste retiro encontramos muitas “ferramentas” para que esta salvação aconteça na vida de muitos irmãos, de forma a que todos cheguem ao conhecimento da verdade, se convertam e se salvem.

Desde riquíssimos ensinamentos, partilhas de vida, testemunhos, terços, adorações ao Santíssimo, confissões,…culminando no auge da Santa Missa, vivenciamos intensamente momentos de verdadeiro Céu na terra, onde, muitas vezes, ambos se uniam e Jesus se mostrava realmente presente na vida de tantos e tantos irmãos.

“Jesus Amor de todos os Amores”, foi o tema do retiro deste ano, onde Jesus nos quis mostrar que, de facto, Ele deve ser o centro das nossas vidas e das atividades do nosso dia. Agindo assim, tudo se vai encaixando na perfeição como um puzzle onde não sobram nem faltam peças. Cada um de nós foi, neste retiro, concerteza, uma peça única nas mãos de Deus que encaixou com a peça do irmão, dando a cada um uma vida nova no Espírito.

Graça sobre graça muitos comentavam no final, um “mega” projeto de Deus, que contou com a ajuda de mais de 100 voluntários e várias instituições de Lamego, e onde cada momento de louvor, pregação, oração, música, teatro… foi tocando cada um naquilo que mais precisava.

“Quem tem sede venha, quem o deseja, receba gratuitamente a água da vida” (Ap. 22, 17).

Agradecemos a Deus e a todos os que tornaram possível este toque de amor de Jesus na vida de tantos irmãos.

Bem haja! Nossa Senhora dos Remédios, rogai por nós!

Ana de Jesus, in Voz de Lamego, ano 85/40, n.º 4327, 1 de setembro