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Olfacto e Fidelidade – Editorial Voz de Lamego – 24/06
Aí está mais uma edição do Jornal Diocesano, VOZ DE LAMEGO, com a variedade de temas, reflexões, notícias, eventos.
Na edição desta semana, destaque para a celebração da Solenidade do Corpo de Deus, na cidade de Lamego, sob a presidência do sr. Bispo, D. António Couto, cuja HOMILIA é reproduzida na íntegra. Outro dos temas desenvolvidos, são os 25 anos de Padre, nesta edição do Pe. João António, Reitor do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Mas há muitos outros motivos de interesse, não apenas curiosidades, mas sobretudo pelas propostas de reflexão, numa visão humanista e cristã.
Ambientando todo o jornal, o Editorial do seu Diretor, Pe. Joaquim Dionísio:
OLFACTO E FIDELIDADE
A propósito da presença e missão do bispo, o n.º 31 da Exortação “A alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, dá orientações: às vezes deve ir à frente para “indicar a estrada e sustentar a esperança”, outras manter-se simplesmente no meio “com a sua proximidade simples e misericordiosa” e, por fim, atrás do povo para “ajudar aqueles que se atrasaram”. Mas, a propósito desta última localização, acrescenta que o “rebanho possui olfacto para encontrar novas estradas”.
Interpela esta última afirmação: o pastor deve seguir o rebanho? E se este toma a direcção errada? E se as “novas estradas” não coincidem com o projecto evangélico?
O olfacto é um dos sentidos que possuímos e percebemos a intenção do Papa: há intuições que merecem ser tidas em conta e todos os baptizados podem contribuir para a sua existência. E como se traduz esta realidade no concreto de uma comunidade, de um povo, de uma diocese? Que condições existem, são proporcionadas, para que o olfacto do rebanho se exercite, desbrave caminhos e arraste os outros?
O Papa convocou um Sínodo sobre a família para o Outono deste ano, algumas dioceses lusas estão em caminhada sinodal e vozes há que se levantam para outras o fazerem também. Esta é uma forma de cumprir o que o Papa sugere; haverá outras. O importante é não perder de vista a possibilidade de incluir mais fiéis na escolha e fixação dos possíveis caminhos. E tudo, sempre, para concretizar a Igreja, aqui e agora, anunciando e seguindo Cristo ressuscitado.
No fundo, todos precisamos de um olfacto apurado para discernir, encontrar novos percursos sem sermos infiéis aos antigos. Porque a criatividade não se entende longe da fidelidade.
in Voz de Lamego, 24 de junho de 2014, ano 84/32, n.º 4270
Verdade e Caridade – Editorial da Voz de Lamego
Através deste blogue, a chamada de atenção para um texto, uma notícia, uma reflexão, do Jornal Diocesano Voz de Lamego, que sai às terças-feiras. O Editorial, da responsabilidade do seu Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, dá o tom para cada uma das edições. Esta semana, dois pólos importantes no compromisso cristão: a verdade e a caridade.
VERDADE E CARIDADE:
A verdade, que somos convidados a seguir e a viver, precisa da companhia da caridade. Porque a liberdade, que eleva e proporciona caminhos de perfeição, não nos livra do risco do erro e da perdição. Separar ou promover a separação entre verdade e caridade pode não ser o melhor.
A história, antiga e recente, mostra-nos que uma verdade sem sentimento pode provocar sofrimento. Quantas vezes, até na vida da Igreja, a defesa da verdade não chegou ao extremo de tirar a vida ao que foi julgado e condenado por defender uma suposta mentira? Nos nossos dias, não se dizem defensores da verdade todos os fundamentalismos?
Por outro lado, protagonizar uma caridade (atenção e cuidado pelo outro) que não se esforça por denunciar o erro e corrigir o que está mal pode contribuir para a manutenção de situações que não libertam nem elevam.
Assim, é nosso dever articular a verdade com a caridade. Porque uma verdade sem sentimento pode destruir um percurso e impossibilitar um recomeço. Mas uma caridade que não procure apurar a verdade pode contribuir para a preservação do erro e das causas que o provocam.
Em Jesus Cristo, na sua pessoa e na sua missão, contemplamos a verdade que se aproxima para fazer ver, convidar e elevar, mas também a caridade que corrige, ampara e avança. A verdade que liberta tem por companhia a caridade que condena o erro, mas possibilita vida àquele que falha.
A Igreja, “perita em humanidade”, não cessa de anunciar e convidar o mundo para a verdade, partilhando uma mensagem de libertação e condenando tudo quanto atenta contra a dignidade humana.
A verdade é humanizada pela caridade e a caridade é exponenciada pela verdade.
Na edição escrita do Jornal Voz de Lamego têm acesso ao que de mais importante se passa no espaço da Diocese de Lamego, a nível eclesial, mas também cultural, social, na abertura ao país e ao mundo. São diversos também os textos de reflexão: comentários às leituras do domingo seguinte, o que vai acontecer na Igreja e no mundo, apanhado das intervenções do papa Francisco, ressonância da Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa, e Peregrinação Nacional das Crianças a Fátima, a agenda episcopal, entrevistas, desta semana ao Comandante dos Bombeiros Voluntários de Lamego, Mensagem de D. António Couto para a celebração do Corpo de Deus.
Voz de Lamego, 17 de junho de 2014, número 4269, ano 84/30