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CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | ESTAR EM CASA
No próximo sábado, 13 de maio, assinalam-se os 100 anos da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos, em Fátima. Presidirá à peregrinação o Papa Francisco, o 4.º Pontífice a visitar aquele Santuário nos últimos 50 anos e a cerimónias ficarão, também, marcadas pela canonização dos Beatos Francisco e Jacinta, dois dos videntes escolhidos pela Mãe do Céu para levarem ao mundo os “apelos do céu” com vista à oração e à conversão.
Ao longo das últimas semanas aqui foram sendo publicadas umas quantas palavras para assinalar a passagem do primeiro centenário. Mas não faltará literatura sobre o assunto para quem deseje aprofundar os seus conhecimentos.
Por outro lado, as actuais acessibilidades tornam Fátima um lugar de fácil acesso, possibilitando um conhecimento directo. Já lá vai o tempo em que ir àquele Santuário era uma aventura e conseguir ir algumas vezes uma proeza. Assim, cada um poderá “saborear” Fátima, percorrendo os espaços, contemplando tudo e todos, participando nas celebrações diárias, demorando-se onde se sente mais à vontade… Ler mais…
CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | ESCOLA DE FÉ
O ainda vivo Papa Bento XVI visitou apostolicamente o nosso país em 2010, passando também pelo Santuário de Fátima, como muitos recordarão. Apesar de ter sido essa a única vez que ali veio como responsável máximo pela Igreja, a verdade é que já peregrinara até este santuário noutras ocasiões. E também é verdade que conhecia bem a “mensagem de Fátima” já que, entre outros textos escritos, foi o autor do comentário teológico ao, assim denominado, “segredo de Fátima”, enquanto desempenhava a missão de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Eleito Papa para suceder a João Paulo II, em 2005, recebeu os bispos portugueses em 2007, na visita “ad limina”. Foram notícia as suas palavras quando, no encontro final, pediu aos nossos bispos para se empenharem na renovação da pastoral das suas dioceses. Mas, entre o muito que disse, estavam também afirmações que, nas vésperas de comemorarmos o primeiro centenário das aparições, poderíamos recordar:
“Amados Bispos de Portugal, há quatro semanas encontrastes-vos no Santuário de Fátima com o Cardeal Secretário de Estado que lá enviei como meu Legado Especial no encerramento das celebrações pelos 90 anos das Aparições de Nossa Senhora. Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua cátedra para ensinar aos pequenos Videntes e depois às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar. Na atitude humilde de alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente, a Mestra tão insigne e Mãe do Cristo total, todos e cada um de vós e os sacerdotes vossos directos colaboradores na condução do rebanho, os consagrados e consagradas que antecipam o Céu na terra e os fiéis leigos que moldam a terra à imagem do Céu. Sobre todos implorando, pelo valimento de Nossa Senhora de Fátima, a luz e a força do Espírito, concedo-lhes a minha Bênção Apostólica”.
Olhar para Fátima como “escola de fé” e para Maria como mestra é motivador e apresenta-se como oportunidade para caminhar e crescer como crente, indo muito além do mero espaço que se visita, da recordação que se compra, da fotografia que se guarda, da água que se bebe ou das pessoas que ali se encontram. Porque uma “escola” exige disponibilidade para escutar, humildade para aprender, vontade para cumprir, abertura à novidade e disponibilidade para mudar.
As celebrações do centenário, as canonizações anunciadas, a presença do Papa, as multidões esperadas… são factos singulares que ficarão na história humana e sempre serão notícia.
Mas, verdadeiramente, o mais importante será cada um olhar para Fátima com vontade de aprender e contemplar Maria com vontade de avançar.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/24, n.º 4409, 25 de abril de 2017
CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | FÁTIMA E O PAPA
Ao longo destes cem anos de Fátima muitos foram os devotos que escutaram, confiaram e divulgaram os “apelos” que a Mãe comunicou aos pastorinhos para o mundo inteiro. Também os Papas.
Bento XV (1914 – 1922). Era o Papa na altura das aparições (1917). Explicitamente, nunca se referiu ao facto, apesar da informação disponível. Recorde-se que, à data dos acontecimentos, estavam cortadas as relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé (I República). Por outro lado, só alguns anos depois é que o bispo de Leiria reconhecerá as aparições.
Pio XI (1922 – 1939). A primeira visita de um representante do Papa à Cova da Iria só acontece em 1926 e só em 1927 a Congregação dos Ritos permitiu que ali se celebrasse a Missa votiva do Santíssimo Rosário. Mas este Papa benzeu uma imagem da Senhora de Fátima para o Colégio Português, em Roma (06/12/1929), e permitiu que a Senhora de Fátima fosse proclamada padroeira da Acção Católica portuguesa.
Pio XII (1939 – 1958). A sagração episcopal deste futuro Papa aconteceu em Roma, no dia 13 de Maio de 1917 e, ao longo do seu pontificado, serão várias as referências a este Santuário e contínuos os seus convites à oração a Nossa Senhora de Fátima. Por alturas dos 25 anos das aparições (1942) enviou uma radiomensagem, onde se refere à consagração da Igreja e do mundo.
João XXIII (1958 – 1963). Antes de ser eleito Papa e marcar o seu pontificado com a convocação do II Concílio do Vaticano, foi peregrino de Fátima e presidiu à peregrinação de maio de 1956, enviado por Pio XII.
Paulo VI (1963 – 1978). Deve-se a este Papa a atribuição ao Santuário de Fátima da Rosa de Ouro (1964), expressando confiança nos cuidados da Mãe do Céu por toda a família humana. Mas o grande facto acontece em 1967, quando se comemoraram os 50 anos das aparições e o Papa veio a Portugal presidir à peregrinação do 13 de maio.
João Paulo I (26/08 – 29/09/1978). Os 33 dias como Papa não lhe permitiram muito, mas, antes de ter sido eleito, em 1977, esteve em Fátima e foi até Coimbra, onde se encontrou com a Ir. Lúcia.
João Paulo II (1978 – 2005). Será, certamente, o Papa que mais testemunhou a sua devoção e amor a Nossa Senhora de Fátima. Após o atentado (13/05/1981), cedo confidenciará que a protecção materna de Nossa Senhora o livrou da morte e peregrinará até Fátima por três vezes: 1982, 1991 e 2000, ano em que beatificará Francisco e Jacinta.
Bento XVI (2005 – 2013). No ano 2000, enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e aquando da divulgação da “terceira parte do segredo de Fátima”, publica um comentário ao mesmo que valerá a pena ler. Como Papa visitou Fátima em 2010.
Francisco (2013 – …). Aguarda-se a sua vinda para presidir à peregrinação de Maio de 2017, no centenário das aparições. Até lá, esperamos ainda uma palavra sua sobre a esperada canonização de Francisco e Jacinta.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/22, n.º 4407, 11 de abril de 2017
Francisco Marto e Jacinta Marto vão ser canonizados muito em breve
O Bispo de Leiria-Fátima afirma que “o Centenário não estaria completo sem a canonização”.
Mal a notícia saiu das malhas da Santa Sé, a Comunicação Social passou a divulgá-la nos seus destaques habituais. Porém, osite do Santuário de Fátima e o da agência Ecclesia atrasaram-se um pouco. Entretanto, o Padre Manuel Barbosa, Secretário e Porta-voz da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), publicou uma nota em que sublinha que a CEP se congratula com “a aprovação pelo Papa Francisco do milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto”. Realça a “feliz coincidência com a celebração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora do Rosário aos pastorinhos em Fátima”. E porfia que se aguarda “com serena expectativa a marcação da data e local para a respetiva celebração, na qual Jacinta e Francisco serão propostos como modelo de santidade para toda a Igreja”.
Além disso, evoca a recente Carta Pastoral dos bispos portugueses para o Centenário em que salientam que “a fama de santidade de Francisco e de Jacinta cedo se espalhou pelo mundo inteiro”, sendo as primeiras crianças beatificadas não mártires – afirmação também feita hoje pela Irmã Ângela Coelho, já mencionada.
O Prelado sublinhou que ainda “falta uma etapa, decisiva, que compete ao Santo Padre: escolher a data e o local da canonização”. E, questionado se a canonização poderá acontecer já no próximo 13 de maio, respondeu: “Nada é impossível, mas é competência exclusiva do Papa”.
No atinente ao milagre, referiu que “envolve uma criança, brasileira, através de uma cura”. Ler mais…
CANONIZAÇÃO . CONFIANÇA | Editorial Voz de Lamego | 28 de março
A poucas semanas da Visita Apostólica do Papa Francisco como Peregrino de Fátima, o Editorial evoca este acontecimento importantíssimo para a Igreja em Portugal, com a notícia entretanto da aprovação-reconhecimento do milagre que permitirá a canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta. É este o ponto de partida do Editorial do Pe. Joaquim Dionísio, mas também o ponto de partida da edição da Voz de Lamego desta semana.
CANONIZAÇÃO . CONFIANÇA
Os católicos portugueses alegraram-se quando, no dia 23, surgiu a notícia de que o Papa havia aprovado o milagre atribuído à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta, facto esperado para a sua canonização e consequente presença nos altares do mundo destas crianças lusas, escolhidas pela Mãe para acolherem e divulgarem os seus apelos.
O anúncio chega a poucas semanas da programada viagem do Papa Francisco ao nosso país para as celebrações do primeiro Centenário das Aparições (1917-2017). E apesar de pouco tempo para ultimar uma eventual canonização no dia 13 de Maio, esta seria como “a cereja no topo do bolo” (D. António Marto) nas comemorações em curso. Contudo, a data da canonização só será publicamente anunciada no dia 20 de Abril, quando reúne o próximo Consistório (reunião de Cardeais).
Como recorda o Código de Direito Canónico, “Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus… e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem” (c. 1186), determinando que “Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos” (c. 1187).
O reconhecimento eclesial das singulares virtudes que levam alguns a serem apontados como exemplo e a simultânea proclamação da sua intercessão junto de Deus são um dom para todos. Porque nos alegra a solicitude e providência divina e nos sossega a comunhão com os santos, nossos intercessores. Não estamos sozinhos, desamparados, esquecidos ou abandonados num “vale de lágrimas”, mas continuamente auxiliados e motivados pelos que nos antecederam na fé e pelo Criador.
in Voz de Lamego, ano 87/20, n.º 4405, 28 de março de 2017