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ORAÇÃO E REFORMA | Editorial Voz de Lamego | 17 de janeiro de 2017
No dia 31 de Outubro de 1517, na porta da igreja de Wittenberg, Alemanha, um monge afixou 95 teses para denunciar aquilo que considerava serem escândalos da Igreja. Era o fim da Idade Média, marcada por muitos abusos, com uma exteriorização da religiosidade, um “tempo outonal de declínio”.
Nesse ano, Lutero lança um debate que motivou a reforma da Igreja católica e coloca, no centro de todas as questões, a questão de Deus: “Como alcançarei um Deus misericordioso?” E aqui residirá, como escreveu o Card. Walter Kasper num livrinho (53 p.) sobre Martinho Lutero (Ed. Paulinas, 2016), a principal contribuição de Lutero: “a intuição original acerca do evangelho da graça e da misericórdia de Deus, e o apelo à conversão”.
O desenvolvimento do processo, as incompreensões mútuas, os interesses alheios à fé, etc, levaram ao afastamento e à excomunhão. Acreditando ser um serviço à fé, à verdade e à Igreja de Cristo, Lutero lançava as bases de uma nova confissão cristã, o protestantismo, apesar da sua aspiração inicial ser inteiramente católica e a sua finalidade ser a renovação da Igreja a partir do Evangelho.
Em 2017 assinalam-se os 500 anos do gesto de Lutero e todos o querem viver sob o signo da fraternidade, o que já levou o Papa Francisco à Suécia, no ano passado.
Amanhã tem início mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de Janeiro), que se deseja presente durante todo o ano. O tema central é o da reconciliação e o texto bíblico de referência é 2Cor 5, 14-20.
E se o convite à oração deve ser aceite, também o desafio à conversão não pode ser ignorado. Afinal, a reforma da Igreja continua em marcha e é fruto, sobretudo, da mudança dos seus membros.
Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 87/10, n.º 4395, 17 de janeiro de 2017