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Editorial Voz de Lamego: Vinde e descansai um pouco…
Palavras simples, mas cheias de cuidado e atenção, de Jesus aos seus discípulos.
O contexto é narrado pelo evangelista: Jesus tinha-os enviado, dois a dois, em missão (Mc 6, 6-13). “Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos”. No regresso desta jornada missionária, reúnem-se com Jesus e contam-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
O evangelista não nos diz da reação de Jesus, se ficou contente ou se perguntou por mais informações. Pela continuação da narração, até parece que Jesus não se interessou muito com a missão dos Apóstolos, talvez não esperasse outra coisa deles. Confiou neles e rezou para que tudo corresse bem; confiou no Pai, certo de tudo estaria em conformidade com a vontade de Deus. Afinal, tinha-os instruído com clareza sobre a missão!
Mas logo, São Marcos mostra a delicadeza de Jesus que diz aos Seus apóstolos: “Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco”. E São Marcos continua dizendo “que eram tantos os que iam e vinham, que nem tinham tempo para comer”. Seguindo o conselho de Jesus, “foram, pois, no barco, para um lugar isolado, sem mais ninguém. Ao vê-los afastar, muitos perceberam para onde iam; e de todas as cidades acorreram, a pé, àquele lugar, e chegaram primeiro que eles” (Mc 6, 30-33).
Sabemos o que se segue: ao desembarcar, Jesus viu uma multidão, sentiu compaixão das pessoas que eram como ovelhas sem pastor, começou a ensinar-lhes muitas coisas. A delicadeza de Jesus é visível também agora: vendo que a hora ia adiantada, Jesus insiste com os discípulos: “dai-lhes vós mesmo de comer”. Jesus não prega para uma multidão anónima, mas para pessoas de carne e osso que precisam de descansar, de comer e de beber. Foi assim com os discípulos, foi assim com a multidão. Pode ensinar muitas coisas. É o início da caridade! Mas não pode deixar de atender às necessidades concretas que tem pela frente: dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, dar guarida a quem precisa de um ombro e de um abraço, levantar quem está caído, abatido, desiludido. O cristianismo faz-se de fé, de esperança e, sempre, de caridade. O cuidado concreto atesta da maturidade da fé. Acreditar no Amor de Deus para connosco compromete-nos com gestos concretos de serviço, atenção e docilidade para com a aqueles que o bom Deus coloca no nosso caminho.
São Marcos deixa ver um Jesus muito humano e cuja humanidade nos provoca a imitá-lO, a segui-l’O na concretude dos gestos de carinho e ajuda. Também nas férias e no descanso…
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 89/33, n.º 4520, 23 de julho de 2019
Paróquia de Almacave – Peregrinação a Taizé
«Penso que, desde a minha juventude, nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor. Só Amor. Pouco a pouco, crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade (…) onde a bondade do coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo», disse um dia o Irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé. Falo de uma pequena aldeia, situada no sudoeste de França, onde todas as semanas se reúnem milhares de pessoas oriundas de mais de 100 países. É uma comunidade ecuménica, que alberga tanto católicos como protestantes e ortodoxos. Porém, todos são convidados a entrar.
É uma grande “colmeia”, cheia de “abelhinhas” dispostas a dar um pouco do seu esforço em prol da comunidade e abertas a acolher a Cristo e aos outros, e a assumir um estilo de vida humilde. Todos dão. Todos recebem. É um perfeito jogo de partilha entre irmãos de culturas e línguas diferentes. Ir a Taizé significa ser convidado a uma procura de comunhão com Deus através de orações comunitárias, de cânticos, do silêncio, da meditação pessoal e da partilha. Também somos convidados à comunhão com os irmãos/monges que vivem em Taizé e fazem desta comunidade a sua casa, e que, por três vezes durante o dia, partilham as suas orações com todas as pessoas da comunidade. Ler mais…
Grupo de Jovens da Sé: Férias com Deus
No passado dia 13 do mês de agosto, após a obrigação dominical, o Grupo de Jovens da Sé rumou a Mira para mais umas “férias com Deus”.
Depois de uma viagem em que reinou a alegria e a boa disposição, finalmente chegamos ao nosso destino! À nossa espera já estava a responsável da Casa da Sagrada Família que nos ia acolher ao longo de alguns dias.
Após arrumarmos a bagagem partilhamos o almoço num ambiente de profunda comunhão! E chegou a hora de irmos a banhos nas águas gélidas do mar de Mira!
Num ambiente de descontração, mas nunca descorando as orações da manhã, das refeições e da noite, passamos uns dias fabulosos. O sentimento que reinou foi de total amizade para com todos e mesmo apesar de algumas “brincadeiras” noturnas reforçamos o Amor que nos une a Jesus Cristo!
Foram simplesmente maravilhosos os dias que passamos juntos! Mais uma vez o Grupo de Jovens da Sé demonstrou que mesmo de férias, continua a ser um grupo unido, coeso e amigo do seu próximo!
É muito bom partilhar o Amor Misericordioso de Deus!
in Voz de Lamego, ano 87/40, n.º 4425, 29 de agosto 2017
AS FÉRIAS E A BÍBLIA | Editorial Voz de Lamego | 19 de julho
Aproxima-se a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza na Polónia. Portugal é um dos países com mais jovens inscritos para as Jornadas Mundiais. O Jornal Diocesano desta semana fala-nos dos jovensabalho que humaniza a pessoa humana… mas o trabalho não deve matar o homem… o repouso coloca o trabalho no seu lugar…
AS FÉRIAS E A BÍBLIA
A Bíblia não fala de férias.
Pelo menos daqueles dias com que muitos sonham e anseiam e para os quais fazem planos, a fim de serem devidamente vividos e aproveitados. Para esses, férias são sempre sinónimo de interrupção da rotina, de encontro festivo e sem pressas, de viagem e descoberta, de silêncio e de festa. Sabe sempre bem dar tempo ao tempo!
Para muitos outros, férias são uma realidade desconhecida, com a qual não se encontram, seja por vontade própria seja por falta de meios ou oportunidades.
A Bíblia não fala de férias.
Mas fala do repouso que se segue ao trabalho e ordena ao homem que respeite e observe tal repouso. Assim o lemos no relato da criação, onde se fala do “shabat”, o sétimo dia, como tempo de descanso e de contemplação, mas também num dos dez mandamentos, quando se manda consagrar este dia ao Senhor.
O último dia de cada semana deve ser diferente dos seis anteriores. E porquê?
O trabalho humaniza o homem quando este nele se exprime e se realiza. Mas o trabalho, quando não tem sentido, mutila o homem. E pode “matar” o homem, quando este se torna seu escravo.
O repouso semanal coloca o trabalho no seu lugar. Um lugar importante na vida de qualquer homem. Mas não pode ocupar toda a vida!
Por outro lado, esse repouso semanal não é vazio: permite encontrar Deus, encontrar-se, encontrar os outros e apreciar o gosto da eternidade. Dito de outra maneira, o repouso semanal é uma janela para a vida plena. E esta janela deveria iluminar toda a semana.
A Bíblia não fala de férias.
E, no entanto, o repouso semanal torna claro o sentido das férias.
Boas férias!
in Voz de Lamego, ano 86/36, n.º 4372, 19 de julho de 2016
PORTUGAL AGRADÁVEL | Editorial Voz de Lamego | 12-8-2014
Depois de duas semanas de férias, o Jornal da Diocese, Voz de Lamego, está de volta. Durante as férias a vida continua e desta feita a edição do jornal traz também até nós alguns eventos que mobilizaram pessoas e comunidades. A primeira página reflete a perseguição aos cristãos do Iraque que os conduz para fora deste país. E logo a chamada para a Semana das Migrações que decorre de 11 a 17 de agosto, cuja Peregrinação Internacional a Fátima será presidida pelo Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.
Um desafio permanente dos diversos colaboradores habituais que convidam a alargar horizontes, no compromisso concreto de viver melhor e mais comprometidos com os outros. Pelas páginas centrais os acontecimentos destes dias: o falecimento de Monsenhor Simão Botelho, a Festa de São Domingo do Mosteiro das Dominicanas, presidida por D. António Couto, o ritiro dos jovens da paróquia da Sé, os jovens da Diocese de Lamego e sobretudo de Almacave em Taizé, a primeira reunião do Conselho Pastoral; 4.º Edição do Verão é Missão, promovida pelos Jovens Sem Fronteiras, de Vila da Ponte, como proposta aos jovens da Diocese; os 500 anos dos Forais manuelinos, na Freguesia de Pinheiros, Zona Pastoral de Tabuaço, no início do mês de julho, e de Samodães, no Arciprestado de Lamego, no próximo fim de semana; o 137.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Lamego, entre outras notícias. Sublinhe-se também a proximidade da Festa maior da cidade de Lamego e da região, a Festa de Nossa Senhora dos Remédios, e também a Marcha e Corrida solidária da Mulher duriense no último dia de agosto. Pelo meio informações sobre a Igreja e sobre a região, com o comentário às leituras do próximo domingo e um resumo das intervenções do Papa Francisco nos últimos dias.
Segue o EDITORIAL que nos ambienta em tempo de férias e no pluralismo de reflexões e de acontecimentos.
PORTUGAL AGRADÁVEL
Entre nós, verão é sinónimo de ocupação diferente do tempo, proporcionando a muitos o desejado descanso das habituais ocupações e um intervalo nas responsabilidades assumidas. Nesta altura, neste interior desertificado e quase sempre esquecido nos períodos em que não há campanhas eleitorais, há festas que aproximam e promovem encontros, romarias que mantêm vivas tradições, chegadas alegres que não evitam lágrimas nas partidas com promessas de regresso, há aldeias envelhecidas que se animam e gente cansada que recupera forças…
Para lá do convívio e do descanso, o período estival pode também proporcionar viagens e contactos com realidades do mundo indirectamente conhecidas. E se viajar e “andar por lá” nos permite um conhecimento sem a participação de terceiros, também é verdade que tal contacto nos permite uma melhor avaliação do que somos, da vida que vivemos e dos meios de que habitualmente usufruímos.
Porque não resistimos à comparação, não raras vezes, concluímos que não somos tão pequenos como dizem nem tão limitados como, às vezes, nos pensamos ou confessamos. Se viajar nos permite descobrir, também pode contribuir para nos conhecermos e valorizarmos.
Apesar da pequena área em que nascemos e crescemos, das irresponsabilidades de certos governantes ou da aparente impunidade dos “donos disto tudo”, a verdade é que somos um povo agradável no trato, esforçado em bem acolher e compreender, capaz de deixar saudades a quem nos visita.
A tão falada auto-estima lusa, tradicionalmente deficitária, é estimulada quando nos confrontamos com outras realidades humanas. Afinal, somos um povo simpático que merece ser conhecido e valorizado. Não apenas por termos dado “novos mundos ao mundo”, mas porque contribuímos para tornar mais agradável este mundo e mais alegres as vidas de quantos aqui vivem e por aqui passam.
Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, VOZ DE LAMEGO, 12 de agosto de 2014, n.º 4275, ano 84/37