Arquivo
SOCIEDADE DO CANSAÇO | Editorial Voz de Lamego | 14-10-2014
Com uma identidade própria, como Jornal da Diocese de Lamego, a Voz de Lamego informa-nos sobre o que acontece na Igreja, com particular incidência no espaço da Diocese, o que se passa de mais relevante no mundo, com especial atenção à região geográfica da Diocese. Além disso, apresenta um conjunto de reflexões que sublinham os grandes valores humanos e cristãos, no desafio sempre renovado de acolher e viver Jesus Cristo, testemunhando-O e transparecendo-O ao mundo inteiro, a começar pela própria casa, pela família, pela vizinhança.
Alguns dos destaques desta semana: Peregrinação do Movimento de Mensagem de Fátima (MMF) ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa; o Dia Mundial das Missões, sublinhando a MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO (que pode ler AQUI) e na edição impressa, o acompanhando do Sínodo Extraordinário dedicado às famílias; algumas estatísticas dos alunos inscritos em EMRC, numa altura que as escolas estão com dificuldade em preencher vagas de professores.
Como referência ao ambiente de cada edição, o Editorial, proposto pelo Diretor, que esta semana faz uma incursão no mais recente livro de Tolentino Mendonça. Vale a pena aproveitar uns minutos para ler e meditar:
SOCIEDADE DO CANSAÇO
No seu mais recente livro, “A mística do instante”, o padre Tolentino Mendonça apresenta a mística como realidade que rapidamente associamos a espiritualidade e a interioridade. Contudo, segundo o autor, a espiritualidade não deve ser dissociada da dimensão corporal, porque “o corpo que somos é uma gramática de Deus”.
Neste particular, observando a sociedade que formamos, os seres corporais que circulam, interagem, conhecem e se dão a conhecer, o autor fala da “sociedade do cansaço”, caracterizando este como uma “enfermidade” e uma “patologia”. Vencidas que estão algumas batalhas contra bactérias e vírus, segundo ele, a patologia do nosso século é “neuronal”: as “depressões”, os “transtornos da personalidade”, as “anomalias da atenção”, o “síndrome do desgaste ocupacional”.
E conclui: “o excesso (de emoções, de informação, de expectativas, de solicitações…) está a atropelar a pessoa humana e a empurrá-la para um estado de fadiga, de onde é cada vez mais difícil retornar”.
O diagnóstico pode não estar completo, mas reconhecemos-lhe verdade e actualidade. Quantas vezes o desabafo mais comum soa a pregão contra o cansaço? Quantas mortes são procuradas em virtude do cansaço que se assume e da falta de perspectivas?
Um cansaço que, de resto, também se observa na Igreja. Não é por acaso que o Papa convida à alegria e que o apelo a uma “Igreja em saída” tem sido um refrão continuamente escutado. Porque, na verdade, um crente cansado (não apenas leigos, nem apenas os mais idosos) mais facilmente se lamenta do que sorri, olha mais para trás do que para diante e, sem esperança, enumera mais dificuldades do que possibilidades…
O cansaço estorva a missão do baptizado, porque deixa de ter forças para anunciar, por palavras e actos, as “razões da sua fé”.
Pe. Joaquim Dionísio, VOZ DE LAMEGO, 14 de outubro de 2014, n.º 4284, ano 84/46
CRISTÃOS EFICIENTES | Editorial Voz de Lamego | 26 de agosto
Com o início das Festas dos Remédios, o destaque (de Capa) da Voz de Lamego não poderia deixar de se reportar à Romaria de Portugal, que, por estes dias, traz milhares de pessoas à cidade, vindas de Portugal inteiro, mas também muitos emigrantes e muitos turistas.
É apenas um dos muitos interesses que a VOZ DE LAMEGO nos apresenta, entre notícias, reflexões, sugestões. Aí está mais uma edição. Segue, como habitualmente o EDITORIAL do seu Diretor, ambientando-nos e convidando-nos a uma leitura mais demorada do jornal diocesano:
CRISTÃOS EFICIENTES
A palavra “eficiência” faz parte do habitual discurso que nos chega. Genericamente compreendemos que tal conceito nos recorda a importância de bem utilizar o que se tem para se obterem bons resultados a partir dos meios disponíveis.
Com efeito, um dos desejos do ser humano é ser eficiente no que faz, conseguindo resultados visíveis e satisfatórios nas tarefas assumidas. Não é por acaso que, em algumas circunstâncias, se estabelecem prémios para distinguir o cumprimento de determinados índices. E não é segredo para ninguém que a fixação de objectivos e respectivos prémios são motivadores.
No entanto, em ambiente eclesial, facilmente compreendemos que a “eficiência” seja difícil de conjugar quando falamos de evangelização. Porque, por maior que seja o entusiasmo do semeador, não sabemos qual o fruto que a semente dará. Não temos dúvidas da singular qualidade da semente, mas desconhecemos o seu desenvolvimento na seara onde cai. Porque isso é obra de Deus.
Mesmo assim, podemos manter parte do discurso sobre a eficiência na acção de evangelizar. Porque, se não podemos quantificar com objectividade o resultado de tal acção, podemos, ao menos, tê-la presente (eficiência) em tudo quanto deve acompanhar a missão evangelizadora: na forma diligente como se actua, nos meios que se utilizam, nas forças que se empenham ou no entusiasmo que se protagoniza. No fundo, trata-se de conjugar na primeira pessoa o tal “novo ardor” recomendado numa evangelização que se deseja sempre nova, vivida com fervor por todos os baptizados.
Porque este tempo precisa mais de testemunhas do que de mestres (Paulo VI), é possível ser eficiente na evangelização que se protagoniza, não só pelo que se possa ensinar ou contabilizar, mas sobretudo pela forma como se pode viver.
Pe. Joaquim Dionísio, VOZ DE LAMEGO, 26 de agosto de 2014, n.º 4277, ano 84/39
Convocado Conselho Pastoral Diocesano – 26 de julho
Com a redefinição dos Arciprestados, que passarem a ser 6, com o novo organograma da Diocese de Lamego, que se traduz em Comissões, Departamentos e Serviços, similar ao da Conferência Episcopal Portuguesa e que se vai adaptando nos Arciprestados, é agora tempo de agilizar esforços, iniciativas, coordenando todas as estruturas para que estas sirvam as pessoas e as comunidades desta porção do Povo de Deus, a Diocese, anunciando o Evangelho, testemunhando a pertença a Cristo, amadurecendo a vivência da fé, promovendo uma maior participação e uma melhor formação humana e cristã. Para o efeito, está agendada a primeira reunião do CONSELHO PASTORAL DIOCESANO, para o dia 26 de julho, a partir das 9h30, na Casa de São José, em Lamego.
Será um importante instrumento para uma participação mais alargada das pessoas e das comunidades na elaboração de um Plano Pastoral Diocesano que responda aos desafios do tempo e mundo atuais, para que a fé seja luz, sentido e sal para os mais novos e para os mais velhos, para que o Evangelho de Jesus Cristo continue vivo e atuante, contando com todos, despertando novos métodos, novo ardor, para uma nova (ou primeira) evangelização.
D. António Couto presidirá ao Conselho Pastoral Diocesano, onde estarão representados os Arciprestados, as Comissões, Departamentos, Serviços, as Instituições e realidade eclesiais, de forma que as iniciativas pastorais encontrem uma terreno fértil, preparado ou em preparação.
A preocupação não é aumentar os organismos pastorais, mas agilizar ferramentas, serviços, departamentos, coordenar, para ser vir o Evangelho em pessoas concretas, indo ao encontro dos seus anseios, para lhes testemunhar esta BOA NOTÍCIA: Jesus vive em mim, vive em ti, vive em nós. O alegre júbilo do amor de Deus que nos irmana e nos compromete na transformação do mundo.
A NÃO ESQUECER: 26 de julho de 2014 | 9h30 | Casa de São José | Lamego
Faleceu o Pai do Pe. Agostinho Ramalho
O Senhor Deus, Pai de Misericórdia, chamou à Sua presença o Pai do reverendo Pe. Agostinho Ramalho, o senhor Vasco Matança.
O funeral realiza-se na segunda-feira, dia 14 de julho, pelas 9h30, na Igreja Paroquial de Bigorne, no concelho e Zona Pastoral de Castro Daire.
Ao Pe. Agostinho Ramalho, Pároco de Lalim, Lazarim e Cepões, no Arciprestado de Lamego e Capelão da Polícia de Segurança Pública (PSP), e a todos os seus familiares e amigos, a nossa comunhão, associando-nos a este momento de dor e separação, unindo-nos na oração e na confiança em Deus em Quem repousa agora, eternamente, o Sr. Vasco.
ROSTOS – o Tio Malhadinhas
Na mais recente edição da Voz de Lamego, uma das leituras que prende a nossa atenção, esta história que se passou em Fráguas, contada pelo seu pároco, Pe. José Justino Lopes, sobre o Tio António Malhadinhas, que morreu num incêndio há muitos anos atrás.
Curiosamente, na mesma página do jornal, página 6, a comemoração dos 80 anos dos Bombeiros Voluntários de V. N. Foz Côa. Isto por falar em incêndios e no trabalho dedicado de muitas gerações de Bombeiros.
Vamos à história, narrada pelo reverendo Pe. Justino:
Não, não era, nem familiar do célebre Malhadinhas, também de nome ‘António’ mas ‘da Rocha Malhada’, natural de Barrelas e tão bem romanceado pelo mestre Aquilino. O tio António ‘Malhadinhas’ de Fráguas estava registado com o nome de António da Costa Morgado. ‘Malhadinhas’ era uma alcunha que ele assumia, alegremente, e que herdara de seu pai. Por ser natural do lugar da Malhada da vila de Mões e casar em Fráguas foi, logo, ‘crismado’ de ‘Malhadinhas’ pelos “Carapuças” que, em alcunhas, são uns pimpões. Têm o guerrilha, o pardal, o missas, o joia, o botelho, o bicho, o alfaiate, o peras, o carolino, o figueira, a carriça como tiveram o catulas, o vermelho, o migalhas etc. O tio António não sabia donde lhe viera o sobrenome “da Costa Morgado” pois seus pais chamavam-se Manuel Rodrigues Pinto e Antónia Martins. ‘Costa’ era o sobrenome do padrinho, e ‘Morgado’? Mas… deixemos essa troca de nomes, muito comum naqueles tempos.
Era de baixa estatura mas os homens não se medem aos palmos. Medem-se, como dizia o meu vice-reitor, mais tarde bispo de Bragança-Miranda, ao pulso e explicava – medem-se pela sua dignidade, honestidade, seriedade, sentido de justiça, de retidão, de respeito pelos outros e cumpridor dos ‘Mandamentos da Lei de Deus’. Essas qualidades possuía-as, manifestava-as no seu dia- a- dia e ensinara-as aos filhos.
Trôpego das pernas devido às molhadelas que a vida trabalhosa e dura do campo lhe deu; sorriso a fugir para o triste talvez pela falta da sua “cara- metade” que Deus levara muitos anos antes. Geraram uma novena de filhos respeitadores e respeitados que souberam fazer cadeado circular à volta do pai – ficou-me a imagem na retina – quando a mãe faltou. Ler mais…
O Sr. D. António Couto assinalou o seu primeiro ano à frente da Diocese de Lamego com uma Conferência subordinada ao tema “Fé e ciência”. Este evento teve lugar no Centro Paroquial de Almacave, na cidade de Lamego, e contou com a presença de sacerdotes, religiosas e demais fiéis da Diocese de Lamego, bem como com um considerável número de autoridades civis e militares.
A abertura do encontro ficou a cargo do Grupo Coral da Paróquia de S. Pedro, de Castro Daire, que abrilhantou, com alguns temas polifónicos, o evento.
Coube ao Sr. D. Jacinto Botelho, Bispo emérito de Lamego, apresentar o conferencista e seu sucessor à frente dos destinos da Diocese. A D. António Couto, o Sr. D. Jacinto reconheceu a sabedoria humilde que sabe elevar e guiar o povo que lhe está confiado fazendo-o percorrer o belo caminho da Palavra de Deus.
Começando por referir-se à circunstância de ocorrer o seu aniversário como Bispo de Lamego, o Sr. D. António afirmou que a sua ideia de Bispo corresponde “a ideia daqueles antigos Padres da Igreja, como S. Agostinho, que estão sentados com o livro da Escritura aberto sobre os joelhos, e não precisam de grande movimento: vão dizendo, pouco a pouco, a Palavra de Deus para os seus filhos. E eu gostaria de me dedicar só a isto: a proclamar a Palavra de Deus, de forma calorosa, atenta e carinhosa, de forma a que o vosso coração fique cheio dessa Palavra porque é dela que devemos viver sempre.”
Prosseguindo na sua intervenção, o Sr. D. António Couto abordou o tema “Fé e Ciência”, e, citando, não só a Palavra de Deus, o Concílio Vaticano II, mas também autores vários, referiu que a fé não pode confundir-se com fideismo, não se reduz ao sentimento e necessita a luz da razão e da ciência para ser verdadeira, autêntica. A fé é a resposta do homem a Deus que a Ele se lhe entrega por amor, como afirma o Concílio. Com estas premissas, continuou a explicar vários dos aspectos ligados com a Fé e com a Ciência.
No final da intervenção do Prelado Lamecense, o Mons. Joaquim Dias Rebelo, Vigário Geral da Diocese, agradeceu a presença de todos, desejando as maiores felicidades ao Sr. D. António Couto à frente da Diocese que há um ano assumiu.