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Entrevista com Frederic Cardoso

Frederic Cardoso, clarinetista, obteve vários prémios em concursos nacionais e internacionais e dedica uma parte significante do seu trabalho à música da câmara e à música contemporânea.

Frederic Cardoso, clarinetista, obteve vários prémios em concursos nacionais e internacionais e dedica uma parte significante do seu trabalho à música da câmara e à música contemporânea.

Enquanto solista ou parte integrante de ensembles, estreou cerca de 130 obras em Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha e Holanda, sendo dedicatório de muitas delas. Neste âmbito apresentou-se em festivais como Ciclo Estado da Nação (Casa da Música, Porto), Festival Dias da Música Eletroacústica (Seia), Festival Mixtur (Barcelona, Espanha), e Donaueschingen Music Festival (Donaeuschingen, Alemanha).

A sua discografia inclui discos em áreas tão diversas como a música contemporânea, erudita, improvisada, pop e world music.

Colaborou com a Banda Sinfónica Portuguesa Fundação Orquestra Estúdio e Orquestra Filarmónica das Beiras. Ministrou também cursos de aperfeiçoamento em Portugal Continental e insular, tendo apresentado um fórum sobra a música Portuguesa para clarinete e eletrónica, como professor convidado, no Conservatório Real de Antuérpia (Bélgica).

Natural de Tarouca, Frederic é licenciado e Mestre em Interpretação Artística pela Escola Superior de Música e artes do espetáculo e Mestre em Ensino de Música pela Universidade do Minho. Atualmente encontra-se a finalizar o Doutoramento em Música- Especialidade de Interpretação na Universidade de Évora. O membro efetivo da Banda Sinfónica Transmontana é também professor de Clarinete e Orquestra de Sopros do Conservatório de Música de Paredes.

“Desde que comecei a tocar clarinete nunca tive dúvidas de que aquilo fazia parte de mim”

Frederic Cardoso Começou pela banda juvenil de Gouviães com influência direta do pai, mas não foi o Clarinete o seu primeiro amor, quando ingressou na banda juvenil, o seu instrumento era o solfejo. Só depois de alguns trabalhos e atuações é que foi forçado a escolher entre o saxofone e o clarinete, optando pelo clarinete. O músico diz que a escolha não foi difícil, e que não foi o som dos instrumentos que influenciou a sua escolha, mas sim o aspeto dos mesmos.

“Quando ingressei na academia houve um grande choque de ideias muito por causa do tipo de formação, o professor da academia implementou novos métodos e ideias às quais não estávamos habituados.”

Frederic frequentou a academia de música até 2003, candidatou-se à escola superior de arte de Mirandela posteriormente afirmando que, na altura, era o que mais se enquadrava ao seu trajeto e, a melhor forma de atingir todas as suas metas.

“Enquanto intérprete não preciso só de estudar o instrumento várias horas como também preciso de ter um papel de investigador, preciso de aprofundar o lado mais teórico.

Para uma obra preciso de estudar o contexto sociocultural, o contexto da época para depois conseguir otimizar a minha performance”

“O clarinetista Frederic Cardoso é um verdadeiro motor de um assinalável número de obras de câmara em que o seu instrumento tem parte destacada”

Fernando Lapa- Compositor

“Um clarinetista de grande personalidade e versatilidade”

Ada Gentile- Compositora

in Voz de Lamego, ano 91/34, n.º 4616, 7 de julho de 2021

Rita Gomes, natural de Tabuaço, vence competição internacional

Rita Gomes em entrevista à Andreia Gonçalves para a Voz de Lamego

Os tempos mudaram, e as competições de canto passaram acontecer online.

Rita Gomes, de Tabuaço, acaba de vencer o Star Rain Cup, representando Portugal num concurso internacional de canto, da associação internacional online “Star Rain Cup Spring – season 2020”, organizado pela associação alemã MTV BERLIM. Venceu com pontuação máxima.

Rita, explica-nos como tudo aconteceu…

Este foi um concurso internacional online, organizado pela associação alemã MTV BERLIM, onde competiram diversos artistas de vários países diferentes.

A convite do meu professor de canto, o grande Professor Joaquim Caetano, tive a oportunidade de concorrer. Como era online, não exigia uma performance em direto, mas sim o envio de um tema. Escolhi o tema “Love by Grace” da fabulosa cantora Lara Fabian, não só pela beleza inerente da canção, mas também pelo sentimento forte que esta transmite. Tive a felicidade e a sorte de ver o meu trabalho reconhecido e de, para além de a ser a grande vencedora do concurso, conseguir a pontuação máxima possível de todo o concurso. Devo admitir-te que, dado grande grau de exigência do concurso e a qualidade dos participantes, que fiquei muito surpreendida e contente pelo desfecho.

O sonho dá muito trabalho, certo?

Sem qualquer tipo de dúvida! Trabalho e dedicação!

Desde sempre tive o sonho da música, tendo desde pequenina investido nesse campo, ainda que não diretamente no canto, mas na parte da formação musical e na aprendizagem de instrumentos musicais.

Há uns anos decidi que seria importante iniciar aulas de canto com o objetivo de poder melhorar a minha capacidade vocal, conservar as minhas cordas vocais e fazer uma gestão responsável da sua utilização.

O trabalho não fica pelas aulas de canto, uma vez que, como estou envolvida em vários projetos musicais diferentes, passa muito pela necessidade de ensaiar com frequência e ter a capacidade de trabalhar, desenvolver e melhorar competências vocais em casa.

É um trabalho que me leva a despender de muito tempo, mas, como tão bem diz o ditado, “quem corre por gosto, não cansa”. De qualquer forma, se não envolvesse trabalho o sabor das vitórias não seria vivido com tanta intensidade.

No ano passado também participaste numa competição internacional. Como foi?

Sim! Na verdade, esta é a minha terceira participação em concursos além-fronteiras. Em 2018, fui representar Portugal num concurso em Tenerife, onde arrecadei o prémio “Voz da Europa”. Em 2019, fui a Itália, não fiquei no pódio, mas recebi 2 convites/bolsas para poder ir cantar ao Egipto e à Rússia. Devo admitir-te que é a fascinante a qualidade que encontramos nestes concursos

És mestre em farmácia pela faculdade de Coimbra. Mas, o sonho é a música?

Sou licenciada em Farmácia Biomédica, sou Mestre em Farmacologia Aplicada e encontro-me presentemente a trabalhar na área dos Ensaios Clínicos. Tanto a área da saúde como a área da música me fascinam. E espero conseguir continuar a conciliar ambas. Desde sempre que faço uma grande ginástica com os meus horários para conseguir dar 100% de mim em ambas as áreas. Felizmente, sou uma pessoa extremamente pró-ativa e dedicada, o que sempre me permitiu não descurar uma área em função da outra. Gosto de pensar que sou multifacetada e acho, muito sinceramente, que não conseguiria viver sem trabalhar nas duas áreas. É caso para dizer que tenho 2 amores.

Rita, a banda que tu integras permite-te ganhar muita experiência. A escola de palco é também importante?

Super importante. Não apenas numa perspetiva de crescimento vocal e profissional, mas também pessoal. Sinto que cresci muito, em todos os aspetos, com a banda. Aprendi a superar-me em muitos aspetos e fiquei surpreendida com a minha capacidade de adaptação. É importante ressalvar que tenho uma equipa fantástica ao meu lado e que, sem eles, nada seria possível.

Quem são as tuas referências musicais?

Celine Dion, Whitney Houston, Mariza, Aurea!

Como te vês daqui a 10 anos?

Não gosto de fazer planos a longo prazo. Gosto de viver o presente e aproveitar o que a vida me dá! Mas espero continuar a cantar, e evoluir cada vez mais.

Ter uma família que apoia este teu talento inato, torna o caminho mais aberto é facilitado?

Sou abençoada com uma família que para além de me amar acima de tudo, me apoia em todas as decisões que eu tomo. São os primeiros a aplaudir as minhas vitórias e a suportar-me quando as coisas correm menos bem. O suporte familiar é fundamental, é meio caminho andado para que as coisas corram bem. Acho que é todo esse apoio que me dá forças para continuar a lutar para ser cada vez melhor e me superar a cada dia.

Um álbum é algo que consideras fazer a curto prazo?

Sinceramente é um sonho que tenho desde sempre! Esperemos que em breve o possa concretizar

SABIA QUE:

Desde pequena que a música está presente na vida da Rita, tendo dado os primeiros passos aos oito anos quando teve aulas de formação musical, violino, guitarra e piano.
Aos onze anos de idade, após me ter sagrado vencedora de um concurso de karaoke, organizado em Tabuaço, pelo Hugo Miguel, surge o primeiro convite relacionado com o canto, para fazer parte da orquestra ligeira de Moimenta da Beira na qual permaneceu durante 5 anos.
Passou por vários projetos musicais, bandas de garagem, tunas académicas, que não só enriqueceram o seu percurso musical e pessoal como também a ajudaram a desenvolver armas para o futuro.
Atualmente, integra uma banda musical chamada SPS Band, a orquestra ligeira da Banda de Música de Sendim, canta em casamentos, faz noites de fados, concertos acústicos e apresentações a solo.
Para aumentar os seus conhecimentos práticos e teóricos ingressou no projeto “Pauta musical”, que tem como objetivo criar estrelas e dar-lhes as ferramentas necessárias para as ajudar a ter uma carreira musical.
Ambiciona conseguir lançar um CD de originais num futuro próximo.

in Voz de Lamego, ano 90/29, n.º 4564, 16 de junho de 2020

Menina da Rádio em entrevista à Voz de Lamego

Andreia Gonçalves conduziu a entrevista a Manuela Cardoso, Locutora da Rádio Clube de Lamego

Manuela Cardoso é dona de uma voz inconfundível e uma das grandes referências da rádio, na região. Trinta anos dedicados aos ouvintes traz-lhe uma enorme satisfação profissional e pessoal. Uma mulher apaixonada pelo seu trabalho, que gosta igualmente de viajar e conhecer outras culturas. Uma entrevista EXCLUSIVA, ao nosso jornal, para falar de comunicação e de momentos marcantes de 2019.

Quase 30 anos de rádio Manuela. Que balanço merece esta profissão pela qual é, verdadeiramente, apaixonada?

Trabalhar na rádio é algo tão belo, como tu sabes! O balanço não podia ser mais que positivo. Há sempre os momentos altos e outros menos bons, mas estes últimos foram os que me fizeram pensar, como se fossem pedrinhas, que são úteis para melhorar aquilo que está mal. São essas pedras que vão sendo necessárias para construir o castelo, o meu castelo. Por isso, o balanço é verdadeiramente positivo, passados estes 30 anos de rádio.

O teu pai é o responsável pelo despertar desta paixão. O que diz o professor Júlio Coelho por partilhar com ele este amor pela rádio?

Esta pergunta é difícil e deveria ser feita ao meu pai, porque é o responsável por esta minha paixão. O meu pai não é de verbalizar muito e, em termos de rádio, e daquilo que eu faço na rádio, ele tem uma forma especial de expressar o que lhe vai na alma. Essa forma é o olhar.  Eu sinto a felicidade e a satisfação que sente, relativamente, ao meu trabalho através de um olhar.

Quando termino uma entrevista e um programa eu olho para ele e entendo que ele gostou do que ouviu, e esse olhar diz tudo! Talvez seja mais fácil para ele elogiar-me em conversas com outros, para mim, diretamente, não usa as palavras e não precisa…

O aquário continua a ser o seu local de eleição. Que tipo de programa ainda lhe falta fazer na Rádio Clube de Lamego?

Nos primeiros anos de rádio, eu achei engraçado usar o termo “aquário, e como sou do signo peixes e porque me sinto filha de peixe, achei que poderia usar sempre… e assim comecei os meus programas “Deste aquário vamos ao programa da manhã ou da tarde”. O aquário vai ser, sempre, o meu local de eleição.

Eu já fiz de tudo, nestes 30 anos, programas de música, discos pedidos, informação e entrevistas. Relembro, aqui, o velhinho cantinho infantil, que me dava muita satisfação, pois eu fazia as vozes dos personagens das histórias que eu própria contava, fazia questões, explicava temáticas. Gostava de o voltar a fazer, contudo penso que as nossas crianças vivem, agora, uma ligação às novas tecnologias que o programa teria de ser adaptado e nunca igual ao que fiz há 20 anos. 

Relativamente a um novo programa, tenho uma ideia de fazer dos ouvintes os locutores. E quem sabe, um dia, o possa concretizar, sendo eu a ajudante e os ouvintes se tornarem locutores…  não conheço ninguém que o tenha imaginado e acredito seria um bom desafio.

O auditório tem sempre uma ligação com o locutor que fala, diariamente, para ele. Sendo este bastante diversificado. Tens sentido que as pessoas continuam à espera da edição dos discos como há anos atrás?  Sentes que há pessoas sozinhas a quem tu fazes companhia? 

Obviamente, que sinto que cada vez mais as pessoas estão à espera dos discos pedidos, por incrível que possa parecer. Uma hora já é pouco, e penso que poderia alargar-se para 2 horas.

Na rádio não temos concorrência, por isso este é um programa que deve ser sempre feito.

Somos, realmente, a companhia de muitas pessoas que vivem sós e isoladas, mas também de outras que têm família em casa mas que não dispensam os programas de rádio que lhes fazem companhia ao longo da maior parte das horas do dia. Ler mais…

Andreia Gonçalves entrevista Ana Margarida, a caminho da Guiné

“Quando olhar para aqueles rostos, será para mim, o mais próximo que estarei de DEUS”

Ana Margarida, Costa, vive em Tabuaço, é licenciada em direito e, no início do próximo ano, vai desempenhar um novo papel na sua vida, o de voluntária numa escola, na Guiné Bissau. Mia Couto e Pedro Chagas Freitas são dois os escritores que mais admira e desta experiência trará certamente capítulos, também eles, cheios de amor para contar no livro da sua vida.

As motivações de uma jovem que acredita na humanidade, numa entrevista exclusiva à Voz de Lamego.

Entrevistada por: Andreia Gonçalves

Quem é a Ana Margarida?

Sou uma mulher comum, licenciada em direito, e gosto pelas coisas simples da vida. Como estar com os amigos, estar com a família, ler, sentir o vento na cara e fazer valer as minhas convicções para o bem da humanidade.

Desde quando sonha em fazer uma missão humanitária?

Desde os 14 anos, que sonho em fazer voluntariado, mas nunca imaginei para onde seria…. Agora, sei que será em janeiro e para a Guiné. Numa escola que conta com 800 alunos, com idades compreendidas entre os 3 e os 17, e cerca de 40 professores voluntários.

Prometi ao meu avô, que faleceu em 2009, que voltaria a Bissau, onde esteve na Guerra colonial, desta vez, para lhe fazer justiça. E fazer o bem, sem olhar a quem!

Como se processou tudo isto?

Senti, que não podia adiar mais esta minha vontade. Inscrevi-me numa instituição, sem fins lucrativos “PARA ONDE” e aí haveria muitas possibilidades. Eu optei por esta e sinto-me muito feliz com esta minha decisão.

Como recebeu a notícia de que em janeiro, poderia ir ajudar centenas de crianças, na Guiné?

Depois de enviar a minha carta de motivação, passei por outros “testes” e a partir daí sentiram que eu teria perfil para fazer este caminho.

O que acha que vai encontrar nesta missão na Guiné? Quanto tempo vai estar por lá?

A minha missão será de um mês, sei que vou encontrar sorrisos, muitas crianças, o mais próximo que existe do rosto de Deus, para mim.

Depois, não haverá água potável, eletricidade, mas num bairro, com 12 mil habitantes, apreenderei como eles conseguem viver, dia após dia. Afinal haverá sempre um luar para olhar a cada noite.

Vai levar consigo, para além da coragem e da bondade, uma mala cheia de material escolar e roupa que tanta falta faz a estas crianças.  O que mais precisa neste momento, tendo em conta que a viagem está quase aí à porta?

Vou levar uma mala, de 23 kg, com material escolar, e aceito a bondade de todos para a encher. pois aqueças crianças, não têm qualquer apoio e um simples lápis ou caneta valerá muito a pena. para além disso, borracha, marcadores, cadernos, pasta e escova de dentes, etc. Quanto à roupa, t-shirts e calções, roupa interior infantil, o mais leve possível. E assim farei o sol brilhar um pouco mais, quando chegar à Guiné, com ajuda de todos.

in Voz de Lamego, ano 90/01, n.º 4536, 26 de novembro de 2019

À CONVERSA COM… Presidente da Cáritas Diocesana de Lamego

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Dr.ª Isabel Mirandela

Presidente da Direção da Cáritas Diocesana

De 2 a 8 de Março decorre a Semana Nacional da Cáritas, organismo da Igreja presente na nossa diocese e para o qual foi, recentemente nomeada uma nova Direção. Para conhecermos melhor esta realidade eclesial e a sua missão entre nós, fomos ao encontro da Dr.ª Isabel Mirandela, Presidente da referida Direção.

Apesar de estar há pouco tempo nesta missão, como caracteriza a ação da nossa Cáritas nestes tempos de crise?

Estar à frente de uma instituição tão importante como a Cáritas Diocesana de Lamego, para mim é uma honra, mas ao mesmo tempo uma responsabilidade. Uma honra porque posso, de forma humilde e coerente, dar o meu contributo à diocese e ajudar aqueles que mais precisam; responsabilidade porque os tempos que correm não são fáceis e as solicitações são muitas. Apesar de estar neste lugar há muito pouco tempo (dois meses), já me apercebi que há muita gente a viver com grandes dificuldades, de modo particular idosos, os quais para além de terem de viver com parcas reformas e pouca saúde, têm ainda de sentir o peso da solidão. A Cáritas vai tentando enfrentar, na medida do possível, alguns desses problemas.

A esse propósito, quais os principais projectos em que a Cáritas tem vindo a participar ou deseja concretizar em breve?

Como já referi, estou a dar os primeiros passos na instituição. Poderá afirmar-se que estou numa fase de instalação e de adaptação.

Neste momento os projetos em curso estão relacionados com o apoio direto a quem nos procura, com o apoio a situações apresentadas por sacerdotes e com o apoio prioritário às crianças. Mais recentemente aderiu à campanha de recolha de roupas, a nível da diocese,  para serem enviadas para as crianças e jovens da Síria, em articulação com a conferência episcopal. No futuro, pensamos aderir a outros projetos que visem ser um contributo forte para a melhoria de condições de vida das pessoas mais carenciadas.

Como se concretiza a atuação/presença da Cáritas no vasto território da Diocese?

De facto este é um dos aspetos mais importantes a serem abordados, uma vez que a Cáritas Diocesana está sediada em Lamego. A sua área de abrangência é muito vasta, com 223 Paróquias, inseridas nos respetivos concelhos geográficos e distribuídas pelos 6 Arciprestados que constituem a Diocese. Importa pois referir que, para se poder fazer um trabalho coerente, seria importantíssimo que todos trabalhássemos em equipa, no sentido de irmos ao encontro do apelo feito pelo nosso Bispo “… formemos o mais rapidamente possível, – a tanto nos impele a urgência do Evangelho – em todas as paróquias Grupos de Caridade, Grupos Cáritas, para que ninguém se sinta sozinho, abandonado ou desfigurado,..”. Hoje a solidão impera em muitas paróquias, e enquanto cristãos, temos responsabilidades acrescidas no combate a este problema social. Nesta senda, o trabalho de articulação será a base fundamental para tentar minorá-lo e ao mesmo tempo ajudar a colmatar outros a ele associados.

Já algumas vezes afirmaram que a nossa Cáritas está algo burocratizada. Como ultrapassar este pormenor?

Hoje em dia fala-se muito em burocracia. Na verdade ela existe em todas as instituições e como tal na nossa instituição também. Há assuntos que requerem uma série de procedimentos formais, no entanto, dado estarmos perante um organismo que tem por missão várias linhas de atuação, entre as quais a de “atender à fraternidade universal, rosto cristão da vida global, conjugada com a prontidão de real partilha de proximidade”, somos de parecer que, desde que haja uma estreita colaboração e diálogo aberto com os párocos e/ou responsável dos diferentes Grupos de Caridade, muita dessa burocracia poderá ser minimizada.

A nova direção é formada por representantes dos diferentes arciprestados. Como se articula esse trabalho Diocesano?

Neste ponto relembro que esta nova Direção está a dar os seus primeiros passos. Dentro em breve, após um trabalho em equipa a realizar muito em breve com os representantes dos diferentes arciprestados, apresentaremos um plano de atuação ao nível da Cáritas Diocesana de Lamego, sempre numa perspetiva de articulação com o nosso Bispo, hierarquicamente nosso responsável máximo e Nosso Pastor.

Chegada há pouco tempo, como tem sido a sua integração na realidade da Cáritas, quer a nível local quer a nível nacional?

Em termos de integração na Cáritas, apraz-me salientar o apoio que tenho recebido diretamente no Paço Episcopal pelo Senhor D. António Couto, Monsenhor Vigário Geral Cónego Joaquim Dias Rebelo e Provigário Geral Pe. João Carlos, bem como o carinho, respeito e disponibilidade  pelos sacerdotes das diferentes paróquias  com quem já fui contactando, e outros sacerdotes que me têm apoiado sempre que solicito a sua colaboração. Não posso também deixar de referir a forma cordial como fui recebida pelas duas colaboradoras que exercem funções nas instalações da Cáritas, e de enaltecer a dedicação dos(as) voluntários (as) sempre que são solicitados.

A nível nacional, apenas estive presente numa reunião Interdiocesana em Aveiro para preparação do encontro nacional que vai decorrer brevemente no Porto. Fui muito bem acolhida e todos evidenciaram disponibilidade para me ajudarem a trilhar este novo caminho.

Agradeço o convite formulado para esta entrevista e espero, juntamente com os outros elementos da nova direção, ir de encontro ao desafio lançado pelo Senhor D. António Couto: “Edificar o bem comum: tarefa de todos e de cada um.”

in Voz de Lamego, n.º 4303, ano 85/16, de 3 de março de 2015