Arquivo

Posts Tagged ‘Diaconado Permanente’

Comissão para estudar possível Diaconado feminino

fotonoticia-030713_ABancadaFemininaeDep.SargentoAmauriSoaresrecebemGruposdeMulheresreprovadasporalturanoconcursodaPMSC05_FotoCarlosKilian

O Papa Francisco anunciou a criação de uma comissão para estudar a possibilidade do diaconado feminino, durante um encontro com a União Internacional de Superioras Gerais (UISG) de institutos religiosos. “A presença das mulheres na Igreja toca na questão do diaconado permanente e, a esse respeito, o Papa Francisco disse que seria útil constituir uma comissão de estudo que se ocupe do tema”.

O encontro do Papa com mais de 800 religiosas de institutos femininos decorreu na sala Paulo VI, sem qualquer discurso preparado por Francisco, que respondeu a algumas questões que lhe foram colocadas. As religiosas, provenientes de 80 países, encontram-se em Roma até sexta-feira para a reunião plenária da UISG, em representação de meio milhão de consagradas.

O ‘Osservatore Romano’ adianta que Francisco falou da inserção das mulheres na vida da Igreja e dos “obstáculos” que ainda encontram. No “longo colóquio”, acrescenta o jornal, o Papa falou do pouco protagonismo das mulheres, leigas e consagradas, nos processos de decisão na Igreja e na pregação.

O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica. O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio. O diaconado exercido por candidatos ao sacerdócio só é concedido a homens solteiros.

Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Palavra e a exercer funções litúrgicas, como assistir o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.

Na Carta aos Romanos (século I), o Apóstolo Paulo faz referência a Febe, “diaconisa na igreja de Cêncreas”, e há outras notícias de mulheres solteiras ou viúvas que, na Igreja dos primeiros séculos, desempenhavam certas funções dos diáconos que não seriam adequadas para homens no contacto com outras mulheres – nomeadamente em cuidados a doentes e ritos batismais (imersão e unções). Esta instituição foi desaparecendo com o fim do Batismo por imersão e a gene­ra­lização do Batismo das crianças.

O Papa escreveu na sua primeira exortação apostólica, ‘A Alegria do Evangelho’, que a Igreja Católica tem de “ampliar os espaços” para uma presença feminina “mais incisiva”. Francisco quer ver essa presença alargada aos “vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais”. “As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente”, refere.

O Papa convocou responsáveis eclesiais e os teólogos, para que ajudassem a “reconhecer melhor” o “possível lugar das mulheres onde se tomam decisões importantes, nos diferentes âmbitos da Igreja”. A exortação apostólica deixa claro, no entanto, que o “sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se entrega na Eucaristia”, é uma questão que “não se põe em discussão”.

 in Voz de Lamego, ano 86/24, n.º 4363, 17 de maio de 2016

ORDENAÇÃO DIACONAL | Editorial Voz de Lamego | 17 de maio

1463061839_041604_1463063686_noticia_normal_recorte1

O destaque de primeira página da edição da Voz de Lamego para esta semana vai para a Semana da Vida, que decorre de 15 a 22 de maio, sob a temática: CUIDAR DA VIDA. A TERRA É A NOSSA CASA, numa ligação próxima sobre a Carta Encíclica de Francisco, Laudato Si’.

Mas outros assuntos se podem encontrar no interior do jornal, além das reflexões-interpelações dos habituais colonistas, ainda a ressonância da Visita Pastoral de D. António Couto à Ponte do Abade, Crisma na Sé de Lamego, 1.ª Comunhão na Paróquia de Almacave, Bênção das Obras de restauro da Igreja de Vale de Figueira, na Zona Pastoral de Tabuaço, 6.º Ano do Seminário e as atividades pastorais pelas quais se prepararam para o sacerdócio.

Um dos temas que o Papa Francisco colocou na agenda da Igreja é a possibilidade de ordenação diaconal das Mulheres. Além da notícia reproduzida, da Agência Ecclesia, o nosso Diretor, Pe, Joaquim Dionísio, lança algumas pistas para o debate-reflexão, enquadrando o diaconado feminino:

ORDENAÇÃO DIACONAL

No âmbito do desejado protagonismo feminino na vida da Igreja, o Papa Francisco aproveitou o recente encontro com religiosas de todo o mundo para anunciar a criação de um grupo de trabalho que reflicta sobre a possível ordenação diaconal das mulheres.

O tema é delicado e complexo, mas o Papa reconheceu ser o momento de colocar a questão e lançar o debate. Tal convite sinodal revela vontade de esclarecer posições e ensinamentos, bem como o querer cultivar da pluralidade na participação eclesial.

A figura do diácono é de instituição apostólica e, progressivamente (até finais do primeiro milénio), destaca-se no conjunto dos ministérios eclesiais. Mas importa referir que, no Novo Testamento, o termo “diakonos” é bastante genérico e usa-se para caracterizar diversos serviços ou ministérios na Igreja, aparecendo como imagem do servidor humilde, de que Cristo é o exemplo. O diácono protagoniza a atitude esperada de todo o Povo de Deus, já que a Igreja não existe senão para servir.

Atualmente, o diácono permanente  é visto como alguém que cumpre certos serviços eclesiais ou está integrado no serviço pastoral. Isto é, pode assumir um serviço mais sectorial e diocesano ou pode integrar-se numa paróquia e ser considerado como “um pastor com competências limitadas”. O seu ministério (serviço) não está ligado à presidência da comunidade, como o dos pastores, nem ao seu fundamento estrutural, mas à própria maneira de ser da Igreja, como um serviço eclesial da caridade fraterna.

O debate será longo e alargado e talvez a grande questão diga respeito à sacramentalidade de tal ordenação: em que medida esta participação ministerial no sacerdócio de Cristo, na sua dimensão de serviço, está ligada ao mesmo sacerdócio, mas na dimensão propriamente sacerdotal? Será que os obstáculos colocados a propósito da ordenação de mulheres ao presbiterado não valerão para o diaconado?

in Voz de Lamego, ano 86/24, n.º 4363, 17 de maio de 2016