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SENTIDO CONVITE | Editorial Voz de Lamego | 12 de setembro
A Edição da Voz de Lamego desta semana foi surpreendida pela morte de D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, natural de Tendais, Cinfães, da nossa Diocese de Lamego. Quando o Jornal Diocesana já estava bem alinhado, a notícia que deixou abalados aqueles que o conheciam e se se cruzaram com ele, mas o próprio país. Nesta edição, tornou-se um tema importantíssimo. Outro tema: a Festa de Nossa Senhora dos Remédios.
Mas há muitas outras notícias e muitos motivos para ler a Voz de Lamego. Comecemos pelo Editorial, do Pe. Joaquim Dionísio
SENTIDO CONVITE
As gentes de Gosende celebraram, no primeiro domingo de setembro, a festa em honra de Nossa Senhora do Fojo. E foram centenas os que se juntaram naquele descampado do Montemuro para louvar a Deus e honrar Maria, conviver com familiares e amigos, cumprir tradições ou passar pelas tendas dos feirantes, sempre atentos para que nada falte!
No final da Eucaristia campal, e já a caminho da capela, umas senhoras transportavam uma grande panela. E logo se ouviu alguém: “como combinado, o arroz já aqui está, Sr. Padre, e sem atraso!”.
Já na sacristia, o pároco, Pe. Diogo Filipe, informou que o arroz era para distribuir pelas gentes que tinha convidado para o almoço, no salão. E acrescentou que as fêveras já deveriam estar a caminho, encomendadas às diversas tendas de comes e bebes presentes. E rematou: “o Papa instituiu o Dia do Pobre, lá para outubro, mas nós já vamos faze-lo hoje!”
Tal como em Gosende e tal como com este pároco, haverá, noutros lugares e com outros protagonistas, iniciativas semelhantes. Mas aqui o destaque vai também para a data: num dia de festa familiar e comunitária, com visitantes de longe e de perto que rezam, convivem, compram e comem… alguém se lembrou daqueles que, nestes dias, quase não se vêem.
No meio de tanta gente e de tantas coisas, os mais pobres tiveram um lugar à mesa e um prato cheio. Talvez tenham tido, no dia seguinte, pratos mais vazios em suas casas, mas naquele dia fizeram festa e deram mais sentido à festa de quem os acolheu.
No meio de tantos dias “disto e daquilo”, o Dia do Pobre deveria ocupar a primazia e desaparecer rapidamente. Seria sinal de que as pessoas estão primeiro e que a sociedade se mobilizou para o esvaziar.
in Voz de Lamego, ano 87/42, n.º 4427, 12 de setembro 2017