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Editorial Voz de Lamego: Dai-lhes vós de comer

Com a guerra imposta pela Rússia à Ucrânia, acresce um problema associado à guerra, a fome. As guerras, ao longo da história, como lembrou D. António Couto, na Lapa, no passado dia 10 de junho, já matou 3 biliões e 800 milhões de pessoas. A fome, por sua vez, continua a matar milhares de pessoas. Associada à guerra, a fome mata ainda mais pessoas.
Por um lado, a escassez de alguns alimentos, mormente cereais exportados da Ucrânia para muitos países e que, agora, em virtude das dificuldades ou impossibilidades de escoamento, aumenta exponencialmente o preço dos mesmos. Por outro lado, também os combustíveis (fósseis) subiram em flexa, devido aos preços exigidos pela Rússia ou às sanções económicas que impedem ou diminuem a disponibilidade aquisição. A guerra mostrou uma interdependência entre povos, não apenas na Europa ou no Ocidente, mas em todo o mundo. Os mais pobres são os primeiros a pagar a fatura da escassez.
Se folhearmos os jornais ou fizermos uma busca na internet, em sites fidedignos, veremos que os números são verdadeiramente assustadores, referidos a crianças. O número de pessoas que vive abaixo do limiar da pobreza é dramático. O dinheiro investido em armamento, como o que se está a verificar atualmente, erradicaria a pobreza na maioria dos países. Para erradicar a pobreza investem-se milhares de euros / dólares, para armamento investem-se biliões!
“A cada cinco segundos, morre no mundo uma criança com menos de 15 anos. As crianças dos países com a mortalidade mais alta têm até 60 vezes mais probabilidade de morrer nos primeiros cinco anos de vida do que as dos países com mortalidade mais baixa, segundo o relatório da ONU” (Unicef, 18 setembro 2018). “Uma criança morre a cada 10 minutos por falta de alimentos no Iêmen” (ONU News, 24 de setembro de 2021). “Mais de cem mil crianças estão em risco de morrer de fome em Tigré. Os números da subnutrição na região, que foi a mais afetada pela grande fome de 1984, aumentaram dez vezes, segundo estimativa da Unicef. Responsáveis pedem acesso ao local para entrega de ajuda alimentar urgente” (Público, 30 de julho de 2021).
A pandemia, as alterações climáticas, os conflitos violentos estão a multiplicar a fome em todo o mundo, não se vislumbrando sucesso para os diferentes projetos de erradicação da pobreza. A guerra na Ucrânia é só mais um triste e lamentável acontecimento que faz perigar a vida de milhares das pessoas, trazendo inquietação, revolta, medo, aumento do custo de vida, e desatenção aos pobres e excluídos, criando novas faixas de pobreza… o que, por sua vez, gerará mais conflitos.
Não podemos fazer tudo. Mas há sempre alguma coisa que poderemos fazer para ajudar, não apenas os que estão longe, mas os que vivem perto.
Na solenidade de Corpus Christi, em Portugal, celebrada na quinta-feira, 16 de junho, e em muitos países no último Domingo, fomos presenteados pela narração da multiplicação dos pães (Lucas 9, 11b-17). No evangelho, Jesus insinua-Se como o alimento para todos. Alimento abundante, que sobeja para que possa ser partilhado por outros, pelos que estão ausentes. Os apóstolos veem (sobretudo) o número: muitas pessoas, poucos alimentos, dinheiro insuficiente para tanta gente. Como é verdade ainda hoje: tanta gente que não tem como alimentar-se! A riqueza nas mãos de uns poucos. Jesus compromete-nos: «Dai-lhes vós de comer». Tanta gente. Cinco pães e dois peixes. Ontem como hoje. A questão dos números é relativa. Também hoje podemos operar verdadeiros milagres, pela partilha. Quando partilhamos do pouco que temos, dá para mais, dá para muitos, dá para todos. Deus conta connosco, com os nossos cinco pães e dois peixes e conta que sejamos nós a distribuir. Na vizinha Espanha, foi aprovada uma lei contra os desperdícios de alimentos. A ONU afirma que mais de um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado. Pode incentivar outros países, e a sensibilizar as pessoas, a fazerem o mesmo. O excesso de desperdício é um atentado à escassez alimentar de muitas pessoas, em muitos países. Passa também por aqui a multiplicação dos pães: a partilha solidária.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/32, n.º 4663, 22 de junho de 2022
Editorial da Voz de Lamego: sulcos de esperança
Para semear ou plantar alguma coisa é necessário criar sulcos, regos, rasgos na terra. Temos vindo a escutar, no Evangelho de domingo, parábolas que falam da semente lançada à terra e que encontra solos diversos, ou semente boa que resiste apesar do joio, ou o grão de mostarda, pequena semente que virá a tornar-se uma árvore grandiosa. Em todas as circunstâncias, Deus age, espera, usa de benevolência e de paciência.

O nosso Bispo, D. António Couto, em reunião promovida pela coordenação pastoral da Diocese, de que damos notícia nesta edição do jornal, ao tomar a palavra, referiu-se aos sulcos de esperança, lembrando que as sementes precisam desses sulcos para germinarem, crescerem e darem fruto. Estes tempos de pandemia são também tempos dos sulcos da esperança. Tempos marcados pela adversidade, mas nem por isso deixam de ser tempos de esperança. Teremos que, no meio da desgraça, encontrar a graça e a presença de Deus. Deus não está ausente. Haverá lugar ao esforço, sacrifício e até lágrimas, mas, simultaneamente, não deixemos de preencher os sulcos de esperança e de alegria.
No lema episcopal do nosso Bispo – Vejo um ramo de amendoeira – baseado numa passagem de Jeremias (1, 11-12), em que ele é interpelado por Deus a ver para lá do inverno, para lá dos tempos de agrura e de dificuldade, surge de algum modo a mesma perspetiva. Em pleno inverno, a amendoeira flori, resplandecente, apesar do frio, do tempo adverso para flores e frutos. Refere D. António: “A amendoeira é uma das poucas árvores que floresce em pleno inverno. Ao responder [ao Senhor]: «Vejo um ramo de amendoeira», Jeremias já ergueu os olhos da invernia e da tempestade e do lodo e da lama e da catástrofe e da morte que tinha pela frente, e já os fixou lá longe, ou aqui tão perto, na frágil-forte-vigilante flor da esperança que a amendoeira representa”.
Esta é a missão da Igreja, Bispo, padres e leigos, mostrar que os sulcos cavados na terra têm neles a semente da esperança, da alegria e da festa. Daí também, nesse contexto, a necessidade de não ficarmos à espera que passe a pandemia. Urge transparecer a esperança e a alegria e a certeza de que este também é tempo de Deus. A palavra de Deus é um oxímoro, um contraponto à realidade atual, um desafio, uma provocação. O tempo é diferente, novo, mas ainda assim desafiante, comprometendo-nos como “agentes” da pastoral da graça e da esperança. Temos que responder perante as comunidades, perante as pessoas que Deus coloca nas nossas vidas e que formam as nossas paróquias. A Diocese viveu e viverá em caminho e em comunhão, mas dará passos novos, com uma mensagem de esperança, de graça e de beleza, avançando! O surto pandémico é um sulco que envolve sofrimento e lágrimas, mas é também um sulco grávido da presença e do amor de Deus.
Os responsáveis nacionais da catequese já apresentaram Orientações para a catequese da infância e da adolescência (acessíveis na página da Diocese: www. diocese-lamego.pt) para o novo ano pastoral, com o envolvimento de todos, pais, crianças, catequistas, párocos, comunidade, prevendo a catequese presencial e digital, apelando também a que novos elementos se comprometam como catequistas. A diocese de Lamego, departamentos e paróquias, está também a tratar disso… para que o caminho e a comunhão nos façam descobrir o rosto e a identidade da Igreja.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/34, n.º 4569, 21 de julho de 2020
Aniversário da Tomada de Posse de D. António Couto
D. António José da Rocha Couto, assumiu a Diocese de Lamego há 5 anos, no dia 29 de janeiro de 2012, sucedendo a D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho. Vale a pena rever algumas imagens deste dia festivo para a nossa mui nobre Diocese de Lamego, sob o padroado de São Sebastião:
Aniversário da Tomada de Posse de D. António Couto
D. António José da Rocha Couto, assumiu a Diocese de Lamego há três anos, no dia 29 de janeiro de 2012, sucedendo a D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho. Vale a pena rever algumas imagens deste dia festivo para a nossa mui nobre Diocese de Lamego, sob o padroado de São Sebastião:
Reitor do Seminário Maior sobre a vivência da Semana dos Seminários
SEMANA DOS SEMINÁRIOS: Servidores da alegria do Evangelho
De 9 a 16 deste mês, por todo país, se olhou para as casas de formação dos futuros sacerdotes da Igreja. E a nossa diocese de Lamego também o fez com alegria, gratidão, generosidade e com muita oração. Vivemos, nesses dias, a Semana dos Seminários.
Pagelas, cartazes e envelopes haviam sido distribuídos pelas nossas comunidades cristãs, para facultar imagens e palavras que facilitassem a oração e motivassem a uma comunhão e proximidade com estas realidades diocesanas. E foi isso que aconteceu, com a participação activa e sempre presente dos nossos párocos. Que a bênção do Senhor a todos, fiéis e párocos, recompense pelo bem que fazem em prol dos nossos Seminários. Não apenas nesta semana, mas ao longo de todo o ano.
Tempo de gratidão
Ao longo do ano, são diversas as vezes em que o nosso bispo vem ao Seminário Maior. Mas a vinda durante esta semana é diferente, já que em D. António Couto visualizamos toda uma diocese que se ocupa e preocupa com a caminhada dos nossos seminaristas e com a missão dos formadores que os acompanham. E é sempre motivador, para quem avança na formação, ter perto o Pastor que, ao longo dos anos, vai ordenar e enviar em missão os que agora encontra em formação.
Mas esta vinda é também oportunidade para celebrar a gratidão, não apenas ao Senhor que dá a vida, mas também perante a memória de todos quantos estiveram ligados aos nossos Seminários: benfeitores, funcionários, seminaristas, professores, formadores e bispos. E foi assim que aconteceu, mais uma vez, na Eucaristia de sexta-feira, dia 14, com a presença de diversos sacerdotes, de religiosas, do Presidente da Asel e de alguns familiares. No decorrer da celebração, o nosso seminarista João Nogueira, do I Ano e natural de Freigil, Resende, recebeu a sua alva (túnica), para marcar o início da sua caminhada.
Na refeição fraterna que se seguiu não faltaram as castanhas.
Tempo de oração
As pagelas distribuídas continham imagens com os nossos seminaristas, de Resende e Lamego, mas também tinha a oração, a nível nacional, para estes dias. Sabemos que nas paróquias, em família, individualmente ou em grupo, se rezou diariamente esta oração. Bem hajam.
Ao princípio da noite de sábado, dia 15, um numeroso grupo encheu a espaçosa igreja paroquial da paróquia de Santíssimo Salvador de Penajóia, no arciprestado de Lamego. Uma escolha que fica a dever-se ao facto de um dos candidatos à ordenação diaconal ser natural daquela terra.
A Vigília de Oração, vivida em ambiente sereno e presidida por Mons. Joaquim Dias Rebelo, nosso Vigário Geral, proporcionou a escuta da Palavra de Deus, de algumas passagens da Exortação do papa Francisco, do testemunho do Fabrício e do Valentim, mas também de cânticos apropriados e bem interpretados pelo grupo coral de Penajóia. A bênção do Santíssimo sacramento encerrou a celebração.
Em seguida, o pároco, Padre José Fernando, convidou todos para a sua residência paroquial, onde umas mesas repletas de coisas boas esperavam os participantes, contribuindo para o convívio entre todos. Para lá das gentes de Penajóia, também um numeroso grupo vindo de Ferreiros, terra natural do Valentim, alguns jovens de Penude e vários sacerdotes.
Aqui fica uma palavra de agradecimento à paróquia de Penajóia que, animada e guiada pelo Padre José Fernando, nos acolheu, connosco rezou e com todos foi generosa.
O Reitor, Pe. Joaquim Dionísio
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4289, ano 84/51, de 18 de novembro de 2014.
RETIRO LAMEGO 2014: “Sou Jesus, Aquele que te ama e te espera”
Pelo segundo ano consecutivo, a cidade de Lamego acolheu o Retiro de nove dias, com o tema “Sou Jesus, Aquele que te ama e te espera”. Estiveram presentes, em média, quatrocentas pessoas por dia, vindas de todo o país, tal como Madeira, Bragança, Alentejo, Lisboa, Porto, Coimbra, Póvoa do Varzim, Guarda e Viseu, destacando-se este ano a presença de um maior número de pessoas de Lamego e dos concelhos vizinhos.
A organização do retiro esteve ao encargo do Padre Duarte Sousa Lara, juntamente com a Comissão Nova Evangelização, do Grupo de Oração Nossa Senhora dos Remédios e da Comunidade Servos de Maria do Coração de Jesus. Além destes organismos, marcaram presença a Fraternidade Arca de Maria, Comunidade Canção Nova, D. António Couto, D. Jacinto, Padre João Carlos Morgado, pro-vigário geral, Vigário Geral Dr.Joaquim Rebelo, Frei Jude, Padre Marco Luís, lamecense e pároco na diocese de Setúbal, Teto Fonseca, os Fundadores da Comunidade Servos de Maria do Coração de Jesus, entre muitos outros.
Este ano, a opinião geral foi, mais uma vez, muito positiva, sendo os temas dos Ensinamentos uma das actividades mais apontadas como urgentes aos dias de hoje, esclarecedores e enriquecedores, actuais e dinâmicos, tais como: “A confissão”, “O combate espiritual”, “A mensagem de Fátima”, “O Santo Rosário”, etc. Para além disso, os testemunhos de casais, jovens, consagrados e leigos foi especialmente tocante pela sua coragem ao revelarem o poder de Jesus nas suas vidas e a forma como Ele revolucionou, e de que maneira, os seus planos futuros, o seu modo de estar na vida e as mudanças que efectuaram na corrida pela Santidade.
Uma das maiores graças foi sem dúvida o número de confissões. Por dia, entre as 9:00h e as 18:00h, uma média de sete sacerdotes viveram de perto a sede do perdão de Deus que ajudou centenas de pessoas a reencontrarem a alegria de viver, a coragem de decidir abrir a porta a Jesus, de aceitar a Sua ajuda. Como D. António mencionou na sua homilia, “quem vive feliz, mexe-se” e é na certeza de que Deus é alegria que é impossível aguentar dentro de nós todo o Amor que nos inflama com a Sua graça, tendo como consequência o contágio aos outros irmãos. Por vezes, foi um sorriso, um abraço, uma palavra, que plantou uma chama no coração de alguém que precisava de ajuda, que se foi confessar, que começou a rezar o terço e de repente a sua vida começou a mudar. Foram imensos os casos assim. Ler mais…
D. António Couto nas Jornadas Missionárias 2014
As Jornadas Missionárias | III Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil, vão realizar-se em Fátima, nos dias 20 e 21 de Setembro próximo, no centro Paulo VI, sob o tema: FAMÍLIA, UM PROJECTO… “Mais uma iniciativa para formar e dinamizar a Acão missionária dos batizados, procurando responder ao apelo feito por João Paulo II entre nós: “Portugal, convoco-te para a missão“.
Estas Jornadas são organizadas em conjunto pelas Obras Missionárias Pontifícias e pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
Um dos intervenientes será o nosso Bispo, D. António Couto, Bispo de Lamego, sob o tema “EVANGELHO E MISSÃO DA FAMÍLIA”.
Os temas, intervenções, mesas redondas, têm diversos protagonistas, permitindo uma visão mais alargada sobre a Família, numa época em que é colocada em causa, ou pelo menos, na sua configuração tradicional, e no aproximar do Sínodo dos Bispos dedicados especialmente à Família.
Para um enquadramento mais clarificador pode visitar a reflexão do Pe. António Lopes, Diretor Nacional das Obras Missionárias Pontifícias (OMP):
»» AQUI.
BREVES – Igreja, in VOZ DE LAMEGO, 12 de agosto de 2014, n.º 4275, ano 84/37
D. António Couto em Curso de Missiologia
A exemplo de outros anos, o Curso de Missiologia volta a realizar-se em Fátima, no Seminário da Consolata, de 25 a 30 deste mês. Os objectivos estão há muito definidos: apresentar as bases teológicas da missão Ad Gentes, repensar a missão à luz do Vaticano II e noutros documentos recentes, percorrer etapas da história da evangelização, apresentar exemplos concretos da prática missionária. Os temas são: A missão em S. Paulo e nos actos dos Apóstolos; A evangelização na “Alegria do Evangelho”; Evangelização e culturas; Desafios da inculturação; Espírito e atitudes para evangelizar. Entre os docentes está o nosso bispo, D. António Couto, que abordará precisamente o primeiro tema: “Missão em São Paulo e nos Atos dos Apóstolos“.
O Curso de Missiologia é uma iniciativa dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), em Portugal, com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias (OMP). Lembremos também que o nosso Bispo é originários dos Missionários da Boa Nova.
Breves da Igreja, in VOZ DE LAMEGO, 12 de agosto de 2014, n.º 4275, ano 84/37
Ordenação Sacerdotal | Pe. José Fonseca Soares
Na data recentemente fixada para a celebração das ordenações sacerdotais, primeiro domingo de julho, a nossa igreja catedral, em Lamego, encheu-se de fiéis, vindos de diferentes lugares da diocese, para participarem na ordenação sacerdotal do diácono José Fonseca Soares. Presidiu à celebração o nosso bispo, D. António Couto, acompanhado por D. Jacinto Botelho e ainda por cerca de meia centena de sacerdotes.
A ordenação sacerdotal é sempre uma festa para a diocese que formou o seminarista e que chama e ordena, primeiro na ordem do diaconado e depois no presbiterado. São vários anos de preparação, nos quais muito esforço e dedicação se investem. Daí que, neste dia, haja alegria em todos quantos acompanharam os ordinandos: bispo, pároco, seminaristas, formadores, professores, colaboradores, orientadores dos estágios pastorais, fiéis encontrados nas diferentes paróquias por onde passou… Há também motivo de festa para a Igreja local que acolhe um novo membro no seu presbitério, um novo cooperador do bispo diocesano para a missão de concretizar localmente a Igreja de Cristo. E há ainda a alegria do ordinando e sua família, porque uma etapa importante é concluída e porque se está onde vocacionalmente se sente chamado.
Natural do arciprestado de Lamego, da paróquia de S. João Baptista de Avões, entrou já depois dos trinta anos no Seminário Maior de Lamego, onde frequentou o respectivo curso no Instituto Superior Douro e Beiras, em Viseu, e na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, em Braga. Ordenado Diácono em novembro último, na Solenidade de Cristo Rei do Universo e Dia da Igreja Diocesana, viveu o seu estágio diaconal nas paróquias de Nossa Senhora da Piedade de Queimadela (Armamar), S. João Baptista de Figueira e São Martinho de Valdigem (Lamego), sob orientação do respectivo pároco, Cón. José Manuel Pereira Melo. Ao longo desse período residiu no Seminário Maior, redigindo também o seu trabalho académico final, que entregou há poucos dias.
Nas próximas semanas vai certamente poder percorrer as paróquias por onde passou como seminarista e diácono, bem como estar disponível para acompanhar e ajudar o seu pároco, Padre Joaquim Manuel Silvestre. Aliás, no próximo domingo, na sua terra natal, Avões, vai presidir àquela que habitualmente se chama “Missa Nova”. Entretanto, a diocese irá certamente confiar-lhe uma missão pastoral que assumirá no final do verão, como é prática entre nós.
A nossa diocese dá graças ao Senhor da Messe por esta vida e esta vocação, ao mesmo tempo que reza pedindo ao nosso Deus que abençoe e acompanhe sempre este novo sacerdote na sua missão.
in Voz de Lamego, 8 de julho de 2014, n.º 4272, ano 84/34
Homilia de D. António Couto na Ordenação Sacerdotal do José Soares
Amados irmãos e irmãs
1. Há quem considere estas breves linhas do Capítulo onze do Evangelho de S. Mateus (11,25-30), como o mais belo e importante dizer de Jesus nos Evangelhos Sinópticos (A. M. Hunter). Na verdade, estas linhas leves e ledas como asas guardam o segredo mais inteiro de Jesus, o seu tesouro mais profundo, o tesouro ou a pedra preciosa da parábola (Mateus 13,44-46), preciosa e firme, porque leve e suave como uma almofada, onde Jesus pode reclinar tranquilamente a cabeça (João 1,18), e tranquilamente conduzir, dormindo mansamente à popa, a nossa barca no meio deste mar encapelado (Marcos 4,38). Nos lábios de Jesus, chama-se «PAI» (Mateus 11,25) este lugar seguro e manso, doce e aprazível, que acolhe os pequeninos, os senta sobre os seus joelhos, lhes conta a sua história mais bela, e lhes afaga o rosto com ternura. Diz bem Santo Agostinho que «o peso de Cristo é tão leve que levanta, como o peso das asas para os passarinhos!».
2. «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (népioi)» (Mateus 11,25). Sim, aos pequeninos, grego népioi, que em sonoridade portuguesa daria «népias», nada, nenhuma ciência, nenhum poder, nenhum valor autónomo. Ó abismo da sabedoria dos pequeninos, daqueles que nada podem fazer sozinhos, mas que sabem confiar, e sabem que podem confiar, e sabem em quem podem confiar (2 Timóteo 2,12). É sobre os pequeninos que recai toda a atenção de Jesus, que, de resto, voluntariamente se confunde com eles, pois diz: «Todas as vezes que fizestes isto (ou o deixastes de fazer) a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes (ou o deixastes de fazer)» (Mateus 25,40 e 45). E no ritual do Batismo, são estes os dizeres que acompanham a entrega da vela acesa aos pais e padrinhos da criança batizada: «a vós, pais e padrinhos, se confia o encargo de velar por esta luz, para que este pequenino, iluminado por Cristo…
3. Abre-se aqui um dos mais belos fios de ouro da espiritualidade cristã, habitualmente denominado por «infância espiritual», o «pequeno caminho», «o permanecer pequeno», «o estar nos braços de Jesus», que Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897) exalta na sua «História de uma alma», que tem a sua nascente mais funda naquela maravilha que é o Salmo 131,2, em que o orante se diz assim: «Estou tranquilo e sereno/, como criança desmamada,/ no colo da sua mãe;/ como criança desmamada,/ está em mim a minha alma». Ou como o famoso Padre Jesuíta francês, Léonce de Grandmaison (1868-1927), que costumava rezar assim: «Santa Maria, Mãe de Deus, conserva em mim um coração de criança, puro e transparente, como uma nascente». Ler mais…