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Editorial Voz de Lamego: A vida em leilão
A Igreja em Portugal viveu a Semana da Vida (12 a 19 de maio), como habitualmente na terceira semana de maio. A iniciativa visa celebrar a vida, chamando a atenção para os perigos de a tornar comerciável. Mandatada por Jesus Cristo, a Igreja propõe a defesa da vida e da dignidade das pessoas em todas as circunstâncias. A fragilidade física ou mental não diminui a dignidade da pessoa, nem lhe retira direitos. A vida a caminho do mundo, a idade avançada ou a doença crónica não são razões para descapacitar a dignidade desta ou daquela pessoa. Como não lembrar a história do conferencista que pegou numa nota de 500 euros e perguntou quem a queria, amarrotou-a, perguntou novamente, pisou-a e deitou-a ao caixote do lixo. Os ouvintes perceberam que a nota valia o mesmo estivesse nova ou estivesse no lixo!
Defender, acolher, amar, promover e celebrar a vida não é um mandamento negativo: não podes. Não matarás. Não escarnecerás da pessoa débil. É um mandamento positivo: faz ao outro o que gostavas que te fizessem. Ama como Jesus te ama, ao ponto de dar a vida, de a gastar totalmente a nosso favor. Para Jesus não há pecadores, mulheres de má vida, leprosos, coxos, cegos, surdos, mudos, publicanos. Há pessoas. Não valem mais por serem judias, por serem bonitas, por serem saudáveis. Valem porque são pessoas. Valem tudo. Eu vim para os pecadores, para os que precisam de médico, que precisam de encontrar quem os ame, os acolha e os salve!
Bem sabemos que a cultura do nosso tempo promove ideais de saúde e beleza, que levam à “descarte” dos mais frágeis (ainda não nascidos ou cuja debilidade se acentua pela doença e/ou pela idade).
No dia 22 de maio, no Brasil, realizou-se um desfile de crianças para adotar, promovido pela Ordem dos Advogados daquele país. Vamos pensar que a iniciativa resulta da bondade e da generosidade dos seus preponentes. Contudo, não deixa de ser preocupante que as crianças para adoção, depois de alguns traumas de rejeição, sejam sujeitas ao escrutínio em passerelle, como o eram os antigos escravos. Estes eram expostos e avaliados pela sua compleição física, pela saúde que aparentavam e pelas necessidades de quem comprava. Não é a mesma coisa, mas parece. Se agradarem, os adotantes “compram”, levam-nos para casa, se não agradarem, regressam às instituições, como se não tivessem sentimentos, como se fossem mercadoria. Podem até dizer que é divertido, mas a vida não é propriamente um parque de diversões.
É a ponta do icebergue, pois na mesma lógica a escolha do sexo da criança que vai nascer, a cor dos olhos e dos cabelos… e se não agradar ao nascer, e já há países com leis nesse sentido, os pais podem “tirar-lhe” a vida…
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 89/25, n.º 4512, 28 de maio de 2019
Liga Portuguesa contra o Cancro: “Caminhamos com os resistentes”
“Caminhamos com os resistentes” foi o lema que decidimos abraçar, atendendo às necessidades dos que mais precisam.
Por altura do Natal, o IPO do Porto, através da Liga Portuguesa contra o Cancro, lançou uma campanha de T-hirts para ajudar as crianças com cancro. Não olhamos para trás e em conversa com o nosso pároco quisemos também nós, como jovens, abraçar esta causa, muito mais porque também temos uma criança na nossa paróquia que sofre com esta terrível doença.
Atendendo ao desejo do nosso pároco não ficamos apenas por Fornelos. Fomos apelando à generosidade e caridade das pessoas de Travanca e de Moimenta que aderiram a 200% a esta campanha. Neste momento estão já vendidas algumas dezenas de T-shirts. O valor angariado será entregue no IPO do Porto, para as necessidades que este Centro Oncológico no setor Pediátrico precisar.
Hoje eles. Amanhã nós. Não estamos livres destes sofrimentos.
Rezemos por eles e, dentro das nossas possibilidades ajudemos nas campanhas que a Liga Portuguesa contra o Cancro vai criando para auxiliar os mais necessitados.
A todos muito obrigado!
Grupo de Jovens Fornelos-Cinfães
in Voz de Lamego, ano 87/14, n.º 4399, 14 de fevereiro de 2017
Paróquia da Sé: Festa da Igreja
Cerca de 40 crianças do 5º ano da catequese da paróquia da Sé reuniram-se em volta do altar na Missa das 10 horas para partilharem com a comunidade cristã a alegria que sentiam por pertencerem a esta comunidade e, com todos nós, serem IGREJA.
Igreja viva, em crescimento, dinâmica e cheia de energia, como comprovaram estes meninos e meninas, felizes por estarem tão perto de Jesus, e a ser objeto das atenções dos seus familiares e amigos perante os quais reafirmaram o seu compromisso em continuar a ser construtores da igreja de todos nós; o nosso futuro como comunidade cristã.
Como sinal desse compromisso, cada criança depositou numa bandeja a sua fotografia, aos pés duma lindíssima imagem da nossa Sé ( primorosamente desenhada pelo Grupo de Jovens, sempre pronto a colaborar – parabéns jovens ! ).
Palpável foi também a alegria geral das crianças da catequese, entusiasmadíssimas com a festa dos seus colegas, questionando todos os passos do seu compromisso, querendo esclarecer tudo o que se passava e ansiando já pelo momento em que chegaria a altura de elas próprias darem testemunho.
E é assim, uns com os outros, vendo e testemunhando, rezando juntos e estando lá para os irmãos, que cresce a nossa comunidade, unida e fraterna, como Jesus quer.
in Voz de Lamego, ano 87/12, n.º 4397, 31 de janeiro de 2017
Paróquia de Almacave: novo ano catequético
Iniciado o mês de outubro, regressa o movimento infantil e juvenil à Paróquia de Almacave, numa vivência de jovialidade e alegria. A Catequese promove o rejuvenescimento das Eucaristias dominicais e, logo a diferença se faz sentir.
Os catequistas vêm já há algum tempo a fazer a sua preparação, que este ano teve um cariz diferente com a vivência do encontro: “A Espiritualidade Catequética pelo Vale do Varosa”, onde o convívio, o conhecimento da espiritualidade da Ordem de Cister e a vivência em espaço da natureza que por Tarouca se respira, se veio a concluir com um tempo de reflexão na Casa do Paço de Dalvares. Na beleza da proximidade que é Tarouca, se descobriram caminhos de ação e estratégia, aliados ao conhecimento do que nos é próximo mas tão desconhecido.
No dia 1 de Outubro, vários catequistas estiveram presentes, com a Equipa Sacerdotal de Almacave, na apresentação do Plano Pastoral Diocesano, sob o lema: “Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura”, onde a Carta Pastoral de D. António Couto foi apresentada com destaques especial para o “discípulo missionário” que não é “animador ou monitor” mas antes “transparência ou testemunha fiel de Jesus Cristo”, tema que assim serviu de mote para o encontro da tarde que juntou perto de quarenta catequistas no Centro Social Paroquial de Almacave, onde a preparação direta das questões logísticas e de calendarização se evidenciou, para que o início da Catequese possa ser realizado com sucesso.
As atividades catequéticas com os catequizandos do 2º ao 6º anos de catequese, iniciou-se com a Eucaristia de abertura do Ana Catequético, no dia 2 de Outubro, naquele que é o Domingo da Família (1.º domingo de cada mês), onde inúmeros pais e crianças estiveram presentes a que se aliou a presença de um grupo dos escuteiros do CNE 140, que também têm nesta celebração comparência efetiva mensal, de compromisso com a Paróquia que os acolhe. A animação litúrgica continua a cargo do Grupo de Pais e Filhos, da nossa Catequese, orientados pelo Professor Paulo Silva e, que fazem de cada manhã de Domingo um compromisso familiar e paroquial.
Perto dos mais de 600 catequizandos desta Paróquia de Almacave deram assim, o seu primeiro passo para o cumprimento de mais um ano de caminhada na Formação Cristã, onde o Catequista tem o papel essencial de “anunciar Jesus: uma necessidade que se impõe” (D. António Couto – Carta Pastoral, 9), e onde o compromisso tem de ser fundamental, neste ano em que também as vocações, e o Centenário das Aparições em Fátima, serão ponto de atenção na Catequese Paroquial.
Um abençoado ano catequético.
Isolina Guerra, in Voz de Lamego, ano 86/45, n.º 4381, 4 de outubro de 2016
Gala Resgate Sorrisos | Apontamento social
Foi em 2007. Alexandra Borges foi ao Gana fazer uma reportagem sobre a escravatura infantil nos lagos; crianças vendidas aos pescadores e forçadas a permanecer em pequenos barcos, muitas vezes sem água ou comida, trabalhando horas a fio. Chocou-se com o que viu: apesar de em teoria saber o que se passava, a realidade que encontrou foi demasiado forte para esta jornalista, e ela sentiu que não podia ficar sem fazer nada – dois anos depois criou a Associação “Filhos do Coração”, com o apoio de amigos e familiares, e começou a resgatar crianças pagando por elas aos seus “patrões” e albergando-as, alimentando-as, vestindo-as e dando-lhes carinho e educação. Até hoje foram já salvas noventa e três crianças, mas muitas mais necessitam de ajuda, e a luta para obter fundos que permitam manter a associação é constante; disto é exemplo a Gala Resgate Sorrisos, que se realizou Sábado, 28 de Maio, na Alfândega do Porto, com a presença de vários artistas (Mariza, Ricardo Araújo Pereira, Ana Sofia, Isaac, Kika, Rita Spider, Sankofa), os quais colaboraram de forma generosa, como é apanágio do nosso povo sempre que é solicitado.
Também a Quinta Vale D’Aldeia, a Candle, e o pinto Diogo Navarro quiseram ajudar, com vinhos, velas e quadros que podem ser adquiridos no site da associação (www.filhosdocoracao.org), onde qualquer um de nós poderá também tentar perceber a melhor forma de ajudar.
Esta associação está já a mudar mentalidades no próprio povo do Gana, ajudando a encarar como sendo tráfico, abuso e escravatura uma situação até aqui entendida como normal e aceitável, e valorizando as crianças como seres humanos e não como apenas “força de trabalho barato” – tanto que o Governo já criou um Ministério da Mulher e da Criança, e hoje é a própria Segurança Social que resgata crianças e pede ajuda à associação para as abrigar.
Muito gratas aos portugueses, estas crianças que receberam já na “sua casa” a visita de muitos voluntários (que tratam sempre por “mummy”) necessitam de toda a ajuda que lhes possamos dar. E pensando no que já sofreram (e muitas ainda sofrem!) merecem o nosso apoio – afinal, quanta angústia, quanto desespero, quanta falta de esperança, deveriam ter nos seus corações para que num lago onde estavam milhares de crianças o silêncio fosse total!? “Silêncio ensurdecedor”, como Alexandra o definiu! Que contraste com os nossos barulhentos recreios, escolas e catequeses… Que bom é ouvir as nossas crianças…
Todos ficaremos mais felizes quando as crianças dos lagos do Gana se tornarem também barulhentas, como todas as crianças felizes são.
IM, in Voz de Lamego, ano 86/26, n.º 4365, 31 de maio de 2016
Escolas de Tarouca: Laço humano contra maus tratos de crianças
As crianças do Centro Escolar do Agrupamento de Escolas Dr. José Leite de Vasconcelos e Jardim de Infância Santa Casa da Misericórdia de Tarouca protagonizaram hoje uma ação de sensibilização contra os maus tratos infantis.
Sob o mote “a melhor forma de tratar o problema é impedir que aconteça”, os mais pequenos formaram esta tarde, no Centro Escolar de Tarouca, um mega laço humano, a primeira ação da campanha “Abril – Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância”, promovida pelo Município de Tarouca, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Tarouca, CLDS 3G Tarouca Social, Agrupamento de Escolas e Santa Casa da Misericórdia de Tarouca, tendo em vista a consciencialização da comunidade para a importância da prevenção dos maus tratos na infância, da família, para o exercício de uma parentalidade positiva, e da criança/ jovem, para os seus direitos.
A iniciativa contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Tarouca, Valdemar Pereira, da Presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Tarouca, Susana Gouveia, do Diretor do Agrupamento de Escolas Dr. José Leite de Vasconcelos, Eduardo Almeida, e da representante da Santa Casa da Misericórdia de Tarouca, Célia Pereira, bem como toda a equipa do CLDS 3G Tarouca Social.
Cátia Rocha, in Voz de Lamego, ano 86/22, n.º 4359, 19 de abril de 2016
II Encontro de EMRC Lamego
O concelho de São João da Pesqueira acolheu o II Encontro de alunos de Educação Moral e Religiosa Católica da Diocese de Lamego no dia 22 de maio (sexta-‐feira). Este encontro de alunos de EMRC planeado pelo SDER Lamego contou com a presença de mais de quatrocentos alunos que vieram dos concelhos de Sernancelhe, Tarouca, Mêda, São João da Pesqueira e Foz Côa.
O concelho de São João da Pesqueira acolheu o II Encontro de EMRC. O acolhimento foi feito junto à Escola Profissional e o quartel dos Bombeiros Voluntários. Após o acolhimento de todas as escolas participantes, os alunos da Escola Profissional guiaram os alunos numa pequena caminhada por São João da Pesqueira. A primeira paragem deu-‐se na praça da República para a foto de grupo. De seguida, rumamos ao museu do Vinho para uma visita, para conhecermos melhor a cultura e a tradição do Douro.
As atividades desportivas e radicais realizaram-‐se junto ao rio Douro, em
Ferradosa, possuidora de uma paisagem que as palavras não conseguem descrever. Uma tela pincelada com a vinha, o rio, os barcos de turismo, o comboio e a ondulação típica da paisagem deste local. Escalada, slide, insufláveis, dança e outras atividades ocuparam o resto da manhã dos alunos.
Como um dos objetivos era promover o convívio, os alunos realizaram um
almoço partilhado. A Escola Profissional de São João da Pesqueira preparou um almoço, um manjar digno de um grande evento, para todos os professores, motoristas de autocarros, Proteção Civil, Bombeiros e dinamizadores das diversas atividades.
À tarde, realizou-‐se um concerto musical com a participação do Pe. Marcos
Alvim, a Academia de Música de Sernancelhe e as Escolas de Mêda e Foz Côa. Um momento divertido e descontraído. Contamos também com a presença de D. António Couto, bispo de Lamego.
Um dia diferente na vida destes alunos, uma marca para recordar mais tarde. Aproveitamos para agradecer a excelente organização ao município de São João da Pesqueira, na pessoa do vice-‐presidente, Dr. Vitor Sobral, que desde o primeiro dia acolheu este projeto de braços abertos e nos proporcionou com toda a sua equipa e instituições do seu município (Escola Profissional, GNR e Bombeiros Voluntários) um dia memorável. Obrigado.
Sem dúvida, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica é uma marca na nossa vida.
Mário Rodrigues Professor de EMRC,
in Voz de Lamego, n.º 4315, ano 85/28, de 26 de maio de 2015
Serviço Cáritas. Recolha de roupa para crianças sírias
Campanha de emergência de apoio a refugiados sírios
Recolha de roupa
A Cáritas organizou a campanha e os portugueses aderiram em massa. Na nossa diocese, apesar do pouco tempo disponível, muitos foram aqueles que se movimentaram e partilharam roupa para os refugiados sírios, alertados pelo apelo lançado no nosso jornal de 10 de fevereiro último.
Em diferentes paróquias, individualmente ou em grupo, o movimento aconteceu e o resultado está à vista de todos. E como é agradável dar notícias destas, quando a fraternidade gera partilha e aproxima.
O local escolhido para recolher as ofertas foi o nosso Seminário Maior. Num dos seus claustros amontoam-se os caixotes devidamente embalados que, nestes dias, o exército vai transportar para Lisboa, de onde serão expedidos.
Parabéns a quantos participaram. Certamente que a partilha irá aquecer e tornar mais digna a vida dos necessitados.
in Voz de Lamego, n.º 4303, ano 85/16, de 3 de março de 2015
Paróquia de Sé |> Bênção das Crianças
Dos momentos mais emotivos que se vivem na Sé de Lamego, é sem dúvida a Bênção das Crianças!
Celebrando a Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, pais e mães enfrentaram o mau tempo que neste Domingo, 1 de Fevereiro, se fez sentir e encheram os bancos da Sé com os seus filhos pequenos (a Bênção destina-se a todas as crianças que ainda não frequentam a catequese, seja qual for a idade).
Foi uma alegria a Eucaristia acompanhada das vozes, comentários (e alguns choros!) de tantos dos nossos irmãos pequeninos, e foi também um bom exemplo e muito instrutivo para as crianças da catequese ver como os filhos de Deus são bem vindos e bem acolhidos na Casa do Senhor, e como toda a comunidade estava feliz com a sua presença.
Com uma vela acesa nas mãos, sinal da Luz do Espírito, os Pais rezaram uma pequena oração pedindo por seus filhos, a que se seguiu a Bênção que o Senhor Pe. José Ferreira deu individualmente a cada criança, atentamente observado pelos meninos e meninas da catequese.
Sendo uma celebração anual, esperamos que no próximo ano a Sé se encha novamente com estes pequenitos e outros que entretanto nasçam no seio da nossa comunidade, mas também que até lá os Pais os tragam com frequência à Missa de Domingo, pois a vida cristã deve ser iniciada em comunidade o mais cedo possível para que sejam mais profundos os laços que os nossos pequenos cristãos estabelecem com a Igreja.
“DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS PORQUE DELAS É O REINO DOS CÉUS”
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4299, ano 85/12, de 3 de fevereiro de 2015
A ESCRAVIDÃO DO IMEDIATO
«É necessário ajudar os jovens a superarem a escravidão do imediato. Para isso, eles têm de compreender que a liberdade que possuímos não consiste tanto em fazer aquilo que nos apetece, mas sim em fazer o bem porque o queremos de verdade. Ser livre não é a mesma coisa que ser caprichoso. A liberdade não nos foi dada somente para escolher iogurtes num hipermercado».
Que palavras tão sábias! Numa época em que temos tanta sensibilidade para este conceito (liberdade), também temos de tomar cuidado para não ficarmos somente numa visão empobrecida e reduzida do que ela significa.
Na educação dos filhos, é muito conveniente ensinar-lhes a serem ponderados no exercício da sua liberdade. É preciso que aprendam a decidir perguntando-se antes: isto que me apetece é conveniente para mim? É uma necessidade real, ou é um simples capricho? É justo gastar este dinheiro quando tantas pessoas por aí estão a passar dificuldades?
Na tarefa educativa, os pais têm de ajudar os filhos a quererem de verdade aquilo que é o melhor para eles, e a não se deixarem levar pelo que é mais atraente à primeira vista. Isto é o que significa superar a escravidão do imediato.
No entanto, existe uma característica da vida hodierna que não facilita nada essa superação: a falta de ponderação. É com a ponderação que uma pessoa pode suscitar em si mesma essa força de vontade que a faz atrasar uma satisfação imediata, por ter em vista um bem maior pelo qual vale a pena esforçar-se.
Os jovens têm de perceber que a liberdade é uma certa abertura ao infinito. Nós, cristãos, sabemos que ela é um dom gratuito de Deus, que Ele nos deu precisamente para chegarmos até Ele e não nos contentarmos somente com os iogurtes do hipermercado.
A liberdade é uma capacidade radical. A juventude sempre gostou desta palavra porque é radical por definição. Mas se os jovens não entenderem bem esta capacidade, podem acabar por chegar à brilhante conclusão de que ela deve servir para fazer desportos radicais. Desportos que têm imensa “piada” precisamente porque vão unidos à “emoção” de arriscar a própria vida.
A liberdade é uma capacidade radical de sermos protagonistas da nossa própria vida. De sermos os nossos próprios pais. De sermos aquilo que de verdade queremos ser.
Como tantas vezes nos repetiu João Paulo II, a liberdade não é só, nem sobretudo, uma escolha de algo concreto, mas, dentro dessa escolha, uma decisão sobre nós mesmos. A pessoa constrói-se ou destrói-se através dos seus próprios actos. Isso é o que significa ser livre.
Por isso, a escravidão do imediato é um problema de falta de liberdade. Ou talvez seja, antes disso, uma consequência lógica de acharmos que temos essa capacidade só por causa dos iogurtes.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria, in VOZ DE LAMEGO, n.º 4280, de 16 de setembro de 2014