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Posts Tagged ‘Canonização’

Papa rejeita imagem de Nossa Senhora como «Santinha»

Francisco convida peregrinos a ver a Virgem Maria como «Mestra da vida espiritual»

O Papa Francisco afirmou hoje em Fátima que a Virgem Maria deve ser vista como uma referência para a vida espiritual dos católicos e não como uma “santinha”.

Na sua segunda intervenção em solo português, o Papa questionou os peregrinos reunidos na Cova da Iria sobre a imagem que têm de Nossa Senhora: “A ‘bendita por ter acreditado’ sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma ‘santinha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço?”.

Francisco participou esta noite na Benção das Velas e na Oração do Terço no santuário, num percurso em papamóvel durante o qual saudou com alegria as centenas de milhares de peregrinos presentes.

O Papa argentino percorreu inclusivamente os últimos metros a pé, até à Capelinha das Aparições, e dirigiu depois a palavra a todos os presentes.

Francisco sublinhou a importância da recitação do terço e convidou os peregrinos a ver na Virgem Maria uma “mestra da vida espiritual”, ou seja “a primeira que seguiu Cristo pelo caminho estreito da cruz” e não “uma Senhora inatingível e, consequentemente, inimitável”.

Francisco apresentou uma reflexão sobre a figura da Virgem Maria, “que deu um rosto humano ao Filho do eterno Pai”.

“Na verdade, se queremos ser Cristãos, devemos ser marianos”, afirmou, citando uma intervenção de Paulo VI.

O Papa rejeitou “sensibilidades” na Igreja Católica que apresentam Nossa Senhora “segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar”.

Após a oração do terço, introduzida por Francisco, o Papa segue para a Casa de Nossa do Carmo, onde fica hospedado em Portugal, até este sábado.

Na Cova da Iria, os fiéis prosseguem com a procissão de velas e a Missa presidida pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

in Voz de Lamego, ano 87/27, n.º 4412, 16 de maio de 2017

SANTIDADE e AMBIÇÃO | Editorial Voz de Lamego | 25 de abril

À medida que se aproxima o dia 13 de maio, maior o volume de notícias, de reflexões, de eventos que nos conduzem a Fátima, unidos à Peregrinação do Papa Francisco, mas simultaneamente ao Centenário das Aparições de Fátima e, agora de forma muito especial, à Canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta, anunciada pelo Papa a 20 de abril. O Jornal Diocesano está atento ao acontecimento, pelas notícias e pelas reflexões que apresenta.

No Editorial, o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, ajuda-nos a refletir sobre a canonização dos Pastorinhos, a santidade como caminho para todos os cristãos…

SANTIDADE e AMBIÇÃO

A notícia, por muitos esperada, chegou e causou alegria: os beatos Francisco e Jacinta serão canonizados no próximo dia 13 de Maio, em Fátima, pelo Papa Francisco, aquando da celebração do centenário das aparições.

O facto deve motivar os baptizados, mais uma vez, a olharem a santidade como realidade a que todos são chamados, tal como o recordou o último Concílio (LG 40) e o sublinha o Catecismo (CIC 2013). Afinal, a santidade é algo de essencial naqueles que querem ser testemunhas de Deus hoje e os santos são os que, pelo exemplo e pela união a Cristo, são modelos para os outros. Mas, apesar da pregação, a santidade continua a aparecer como um fenómeno estranho da nossa realidade quotidiana. E é pena!

A Igreja sempre ensinou que os santos eram homens e mulheres comuns, de todas as condições, raças, línguas e nações. E as contínuas beatificações e canonizações mostram que a santidade não é um fenómeno antigo, mas uma realidade contemporânea e corrente na vida eclesial. No entanto, temos medo de ser santos!

Na nossa espontânea concepção, um santo é um religioso austero, privilegiado pela graça, rodeado de fenómenos sobrenaturais e sofrendo suplícios para honrar a Deus; um extraterrestre que não sabe divertir-se, descontrair e viver a vida; um sobredotado de moral e de ascese… uma personagem distante, fora do tempo, do espaço e da vida.

É triste pensar que os santos são admiráveis, mas não imitáveis! Pensar assim é contentar-se com a mediocridade, perder a ambição de ser mais e adiar opções fundamentais.

O que a Igreja proclama através do culto aos santos não é a glorificação desta ou daquela pessoa com um objectivo político. O que a Igreja proclama é a Glória de Deus. Com efeito, se não houvesse santos seria uma derrota para o projecto de Deus.

in Voz de Lamego, ano 87/24, n.º 4409, 25 de abril de 2017

CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES | BEATOS E SANTOS

Nos últimos tempos, a propósito das Aparições de Fátima, temos escutado e lido notícias de beatificações e canonizações: o processo diocesano da Ir. Lúcia, com vista à sua beatificação foi concluído e seguiu para Roma e, mais recentemente, a notícia de que a canonização dos Beatos Francisco e Jacinta está para breve.

O que se quer dizer com tais palavras? Sem muitas explicações técnicas sobre o processo, que é exaustivo, demorado e caro, de maneira simples e breve, aqui fica uma explicação.

Para a “beatificação” (do latim beatus, abençoado) são necessárias três vozes: a voz do povo cristão, que atribui a reputação de “santidade”; a voz da Igreja (o Papa e a ajuda da Congregação para a causa dos Santos), através da declaração da “heroicidade de virtudes” (fé, esperança, caridade, prudência, temperança, justiça, fortaleza e outras; heroicidade significa fazer de si mesmo um dom total e durável no amor) ou do “martírio”; a voz de Deus, através de um milagre que se testemunha após invocação do Servo(a) de Deus e sua intercessão.

Para se iniciar este longo processo é necessário que decorram cinco anos após a morte da pessoa. Tal exigência visa impedir que se confunda a reputação de santidade com o entusiasmo popular passageiro. Contudo, o Papa pode dispensar tal período de tempo, como foi o recente caso de Madre Teresa de Calcutá e de João Paulo II.

Na diocese que promove o inquérito, sob a responsabilidade do bispo diocesano, são recolhidos testemunhos e documentos, favoráveis ou não, e tudo é enviado para a Congregação da causa dos Santos, em Roma. Foi isto que aconteceu recentemente com o processo respeitante à Ir. Lúcia.

Em Roma, partindo do que foi enviado, decorrerá um processo de averiguação e de contraditório para que a verdade se afirme sem dúvidas, com o contributo de especialistas na área da teologia, da medicina, da história, entre outros. O parecer favorável sobre a heroicidade das virtudes permitirá declarar o Servo(a) de Deus com o título de “Venerável”.

O processo com vista à beatificação continua e fala-se, então, do milagre (um feito prodigioso, frequentemente uma cura física, inexplicável pelo estado actual da ciência, atribuído à intercessão do Venerável). O reconhecimento do milagre, por parte do Santo Padre, permite avançar para a beatificação. Foi isto que aconteceu com os Veneráveis Francisco e Jacinta, permitindo a sua beatificação em 13 de Maio de 2000. Como nota, importa dizer que a beatificação de um mártir não necessita de milagre, uma vez que o martírio testemunha já uma ajuda especial recebida de Deus.

Normalmente, será necessário o reconhecimento de um novo milagre, posterior à beatificação e novamente atribuído à intercessão do Beato(a) para se avançar para a canonização. E escrevi “normalmente” porque o Papa pode dispensar deste milagre, como foi o caso do Papa João XXIII. E foi isto que aconteceu com os Beatos Francisco e Jacinta: um segundo milagre já foi reconhecido pelo Papa Francisco, o que deixa antever uma canonização próxima.

JD, in Voz de Lamego, ano 87/21, n.º 4406, 4 de abril de 2017

Francisco Marto e Jacinta Marto vão ser canonizados muito em breve

 

O Bispo de Leiria-Fátima afirma que “o Centenário não estaria completo sem a canonização”.

Mal a notícia saiu das malhas da Santa Sé, a Comunicação Social passou a divulgá-la nos seus destaques habituais. Porém, osite do Santuário de Fátima e o da agência Ecclesia atrasaram-se um pouco. Entretanto, o Padre Manuel Barbosa, Secretário e Porta-voz da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), publicou uma nota em que sublinha que a CEP se congratula com “a aprovação pelo Papa Francisco do milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto”. Realça a “feliz coincidência com a celebração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora do Rosário aos pastorinhos em Fátima”. E porfia que se aguarda “com serena expectativa a marcação da data e local para a respetiva celebração, na qual Jacinta e Francisco serão propostos como modelo de santidade para toda a Igreja”.

Além disso, evoca a recente Carta Pastoral dos bispos portugueses para o Centenário em que salientam que “a fama de santidade de Francisco e de Jacinta cedo se espalhou pelo mundo inteiro”, sendo as primeiras crianças beatificadas não mártires – afirmação também feita hoje pela Irmã Ângela Coelho, já mencionada.

O Prelado sublinhou que ainda “falta uma etapa, decisiva, que compete ao Santo Padre: escolher a data e o local da canonização”. E, questionado se a canonização poderá acontecer já no próximo 13 de maio, respondeu: “Nada é impossível, mas é competência exclusiva do Papa”.

No atinente ao milagre, referiu que “envolve uma criança, brasileira, através de uma cura”. Ler mais…

Paróquia de Sernancelhe: filme sobre a Madre Teresa de Calcutá

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Um dia diferente na paróquia de São João Batista – Sernancelhe.  Para comemorar a santificação de Madre Teresa de Calcutá, visualizou-se um filme sobre a sua vida. Um exemplo de vida para todos nós pela sua humildade ao deixar o conforto do seu lar para se dedicar à vida consagrada na Índia, pela entrega aos mais pobres dos pobres e pela fé que demonstrou em cada momento, “como posso odiar um homem que é amado por Deus?”, mostrando-nos que a fé é a força que nos ajuda a ultrapassar os momentos mais difíceis. Madre Teresa nunca teve a preocupação com o dia de amanhã mas com o “hoje”, com o presente, vivendo cada dia como único dentro da misericórdia de Deus. Colocou a sua vida nas mãos de Deus e afirmou em cada e todos os momentos que se Jesus quiser as obras concretizam-se, por isso, não podemos desistir mas prosseguir, trilhando caminhos de esperança.

O auditório municipal encheu com os crismandos, os jovens, as crianças e outros paroquianos que desejaram associar-se a este evento. Muitas vezes uma imagem fala mais que mil palavras e nada melhor que falar de entrega a uma causa tão nobre como a ajuda aos mais necessitados através do testemunho de Madre Teresa de Calcutá.

Com a sua vontade constituiu uma nova ordem, com as suas palavras cativou todas as pessoas que se aproximaram dela, com o seu testemunho cativou outros a participar neste projeto, com a sua determinação trouxe conforto aos abandonados e desprezados, com a sua fé trouxe mais esperança a este mundo, com a sua obra ‘deu-nos’ motivação para construir um mundo mais justo onde todos somos necessários e chamados a dar um pouco de nós por uma causa mais nobre: a ajuda aos mais necessitados e desprezados.

Segundo alguns testemunhos reunidos na nossa paróquia, estas iniciativas são importantes como motivação a darmos um pouco de nós em causas solidárias e ajuda-nos a fortalecer a nossa fé.

Santa Teresa, que será conhecida entre nós por Madre Teresa de Calcutá, é um testemunho vivo do que deve ser a vivência cristã.

Mário Rodrigues, in Voz de Lamego, ano 86/42, n.º 4378, 13 de setembro de 2016

Madre Teresa e a misericórdia divina

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A missão de Madre Teresa de Calcutá “permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”, disse o Papa Francisco na canonização da religiosa fundadora das Missionárias da Caridade, na Praça São Pedro, perante 120 mil fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo. Um dia de festa para a Igreja e para o mundo, para todos homens e mulheres de boa vontade que conheceram nesta religiosa de origem albanesa uma gigante da caridade dos nossos dias, apresentada pelo Pontífice ao mundo do voluntariado “como modelo de santidade para todos os Agentes de Misericórdia. Ler mais…

SANTIDADE E SERVIÇO | Editorial Voz de Lamego | 30 de agosto

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O Jornal Diocesano, Voz de Lamego, regressa de férias e em vésperas da canonização de Madre Teresa de Calcutá, o nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, partindo do seu exemplo, para que nos procuremos ser santos. É uma vocação comum a todos, independentemente o estado de vida e/ou das circunstâncias pessoais, familiares, profissionais. Pequena e frágil, mas de uma grandeza humana e cristã inexcedível.

SANTIDADE E SERVIÇO

No próximo domingo, 04 de setembro, em Roma, o Papa presidirá à canonização de Madre Teresa de Calcutá (1910 – 1997) e a Igreja colocará, diante de todos, a figura frágil e discreta desta mulher, convidando à imitação do seu exemplo de vida e à confiança na sua intercessão junto do Senhor da Vida.

Cerimónias destas são comuns e sempre divulgadas, mas a contemporaneidade desta religiosa de origem albanesa (nasceu na Macedónia) faz a diferença, já que a sua fé, obra, testemunho e ensinamento marcaram a segunda metade do século passado.

Ao contrário de tantos santos que nos são temporalmente distantes, a proximidade da fundadora das Missionárias da Caridade (1950) motiva a uma maior atenção, graças também aos meios que registaram a sua fisionomia, guardaram a sua voz e divulgaram a sua acção.

Servir foi a sua divisa, destacando-se pelo serviço humilde aos “mais pobres entre os pobres”, aos que viviam em ruas esquecidas pelo poder ou em favor de gente socialmente irrelevante.

Teresa de Calcutá é exemplo quando ensina a acolher sem distinção ou quando serve sem esperar honras, mas também o é quando denuncia a falta de amor ao próximo e o egoísmo que impede de nascer ou quando desafia os poderosos a fazer diferente. E não deixa de ser grande quando, na opinião de alguns, tem desabafos que poderão evidenciar alguma dúvida. A Bíblia mostra-nos exemplos de crentes que, sem duvidarem da sua fé e de Deus, não deixaram de questionar-se diante do mistério da vida ou do aparente silêncio de Deus.

A santidade é transversal e pode ser atingida no silêncio orante de um mosteiro, nas ruas sujas de Calcutá existentes noutros países, à volta das panelas de uma cozinha ou num qualquer trabalho honesto.

Afinal, a santidade é fruto do serviço.

in Voz de Lamego, ano 86/40, n.º 4376, 30 de agosto de 2016