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UM REPARO: VIOLÊNCIA
Um homem agrediu violentamente a mulher e um juiz atenuou a pena pelo facto da mulher ter um amante. Mais um triste episódio de violência conjugal em que a mulher foi vítima do marido e em que o agressor não foi devidamente punido.
Apesar da violência doméstica não cessar de ser notícia, este caso foi muito comentado por causa do acórdão do Tribunal da Relação do Porto, no qual o juiz escreveu: “Ora, o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte. Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte” (p. 19).
Sem se negar o mal praticado por quem falta ao compromisso (adultério), o comportamento violento do agressor não pode ser atenuado, já que a violência exercida sobre outrem é sempre condenável e sempre merecerá condenação. E um tal discurso, pensado e proferido por quem deve aplicar a justiça, continua a ser violento e agressivo para com a vítima (mulher). A que se acrescenta a infeliz tentativa de querer justificar o injustificável com a referência bíblica.
Aperfeiçoando a lei veterotestamentária, Jesus ensinou a dar mais um passo na promoção da dignidade humana de todos, quando desafiou para a humildade os zelosos defensores da lapidação, convidando-os a olharem para si próprios e a só atirarem pedras quando se descobrissem imaculados (Jo 8, 1-11).
Nada pode justificar o que se faz às vítimas da violência. Podem surgir explicações, mas nada pode legitimar a violência conjugal, que não se restringe apenas à agressão física. Recusar a violência é fazer frente à injustiça. Opor-se ao mal e defender o que é justo é colocar-se ao lado de Deus.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/48, n.º 4434, 31 de outubro 2017
OS CONSAGRADOS DA DIOCESE DE LAMEGO COM O SEU BISPO
Amor, Fé e Esperança
Na manhã de sábado do dia 22 de Abril de 2017, vinte e três consagrados/as reuniram-se, em formação, com o nosso Bispo, D. António Couto, no Colégio dos Padres Beneditinos, em Lamego. Estiveram representados os seguintes Institutos e Associações: Beneditinos, Discípulas de Nª Sª do Cenáculo, Filhas de S. Camilo, Filiação Cordimariana, Franciscanos, Franciscanas Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, Religiosas do Sagrado Coração de Maria, Servas de Nª Sª de Fátima e Servos/as de Maria e do Coração de Jesus. Ler mais…
Formação Bíblica para jovens da Diocese de Lamego
Formação Bíblica
“Podia estar perdido Como um náufrago no mar
E ainda perder tudo, até o alento… Podia estar faminto
Como uma criança sem lar Mas eu sei que a Tua palavra Sempre me sustentará…”
No passado dia 4 foi nos dada a oportunidade de aprofundarmos o nosso conhecimento sobre a Bíblia. Reunidos no Seminário de Lamego, o Departamento dos Jovens ajudou-nos a perceber que apesar de ser um livro “tão velho” ele tem tudo a ver com gente “tão nova” como nós.
Durante a manhã, após uma oração onde invocamos o Espírito Santo, recebemos a visita do Sr. Bispo, D. António Couto, que nos indicou o caminho para este dia de descoberta. De facto, no princípio deste percurso necessitávamos de uma orientação geral que nos ajudasse a compreender toda a jornada: a riqueza da Palavra de Deus não está num conjunto de palavras escritas num papel mas está naquilo que transparece, na profundidade do sentido daquilo que está escrito e que é lido, que é anunciado! Ler mais…
AS FÉRIAS E A BÍBLIA | Editorial Voz de Lamego | 19 de julho
Aproxima-se a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza na Polónia. Portugal é um dos países com mais jovens inscritos para as Jornadas Mundiais. O Jornal Diocesano desta semana fala-nos dos jovensabalho que humaniza a pessoa humana… mas o trabalho não deve matar o homem… o repouso coloca o trabalho no seu lugar…
AS FÉRIAS E A BÍBLIA
A Bíblia não fala de férias.
Pelo menos daqueles dias com que muitos sonham e anseiam e para os quais fazem planos, a fim de serem devidamente vividos e aproveitados. Para esses, férias são sempre sinónimo de interrupção da rotina, de encontro festivo e sem pressas, de viagem e descoberta, de silêncio e de festa. Sabe sempre bem dar tempo ao tempo!
Para muitos outros, férias são uma realidade desconhecida, com a qual não se encontram, seja por vontade própria seja por falta de meios ou oportunidades.
A Bíblia não fala de férias.
Mas fala do repouso que se segue ao trabalho e ordena ao homem que respeite e observe tal repouso. Assim o lemos no relato da criação, onde se fala do “shabat”, o sétimo dia, como tempo de descanso e de contemplação, mas também num dos dez mandamentos, quando se manda consagrar este dia ao Senhor.
O último dia de cada semana deve ser diferente dos seis anteriores. E porquê?
O trabalho humaniza o homem quando este nele se exprime e se realiza. Mas o trabalho, quando não tem sentido, mutila o homem. E pode “matar” o homem, quando este se torna seu escravo.
O repouso semanal coloca o trabalho no seu lugar. Um lugar importante na vida de qualquer homem. Mas não pode ocupar toda a vida!
Por outro lado, esse repouso semanal não é vazio: permite encontrar Deus, encontrar-se, encontrar os outros e apreciar o gosto da eternidade. Dito de outra maneira, o repouso semanal é uma janela para a vida plena. E esta janela deveria iluminar toda a semana.
A Bíblia não fala de férias.
E, no entanto, o repouso semanal torna claro o sentido das férias.
Boas férias!
in Voz de Lamego, ano 86/36, n.º 4372, 19 de julho de 2016
D. António Couto em Almacave: A Misericórdia na Bíblia
Um bom grupo de leigos, acompanhado de alguns sacerdotes, reuniu-se para ouvir a voz do Senhor D. António Couto falar da «Misericórdia na Bíblia», enchendo um dos salões do Centro Paroquial de Almacave, nas três sessões de 8, 9 e 10 de Março corrente.
O tema, pela sua vastidão e atualidade, adivinhava-se atraente; o saber e o sabor da palavra do nosso Bispo eram outros motivos para atrair os que não querem perder um novo impulso sobre a Misericórdia, recordando o convite repetido pelo Papa Francisco.
E fomos ouvindo e aprendendo um pouco mais, sabendo que o tempo gasto nestes encontros não é tempo perdido, mas sempre uma mais-valia para a nossa formação bíblica e cristã.
Ouvimos logo que o caminho assim aberto é dos «mais úteis e práticos da Bíblia, que não vive de palavras, mas de imagens para exprimir a realidade que deseja comunicar».
Por isso, ao falar de «Misericórdia», utilizou a imagem do amor materno e o que se sente perante as manifestações desse amor; se «misericordioso» é palavra que nos mostra um atributo de Deus, o nosso Deus aparece-nos como Alguém que também reza (cfr. Isaías, 56,7) e o faz para que a Sua misericórdia «possa vencer a nossa ira, que possamos tratar os outros com o atributo da misericórdia». Classificando o texto de Êx 34, 6 e 7 como a carta magna do amor de Deus, continuou falando dos treze atributos de Deus, que constituem o «cartão» com que Se apresenta ao Seu povo.
No segundo dia, o Senhor D. António partiu de um facto concreto para nos fazer compreender o sentido das parábolas da misericórdia. Utilizou o caso da ressurreição do filho da viúva, da cidade de Naim, com o encontro de dois cortejos, um que sai e outro que entra na cidade.
Mas o ponto-chave do encontro da noite foi a interpretação das parábolas da ovelha perdida (fora de casa), da dracma (dentro de casa) e a do pai, com seu filho perdido (fora de casa). Entre os judeus, o pai dava três coisas aos filhos: pão, vestido e herança. Pedidos pelo filho mais novo, são dados pelo pai, que assim dividiu com os filhos a sua «vida».
E três coisas dirá o filho que partiu e deu conta de que não tinha pão e morria de fome: «pequei», «não sou digno de ser teu filho», «trata-me como um assalariado». Logo entra em jogo o pai «tomado de misericórdia», que manda preparar um banquete, trazer uma nova veste, sandálias, anel, tudo o que era preciso para fazer uma festa, festa que é a misericórdia em ação.
E entra também o filho mais velho, ficando no ar uma pergunta com que se começou o tema do terceiro dia: o filho mais velho entrou ou não na casa do pai?
Como o texto nada diz sobre isso, a pergunta obteve respostas diferentes no grupo. A chave de interpretação tem de ser outra: tu, eu, entramos ou não na casa do pai? Porque os textos bíblicos são implicativos, quer dizer, interpelam-nos, não nos deixam ficar indiferentes; ovelhas e dracma parecem iguais, mas a chave da parábola reside na diferença entre elas; os dois filhos parecem diferentes, mas a chave da compreensão da parábola reside naquilo em que são iguais: ambos vêem o pai como um patrão
E outra pergunta foi formulada: «quais as figuras mais escandalosas da parábola?» E a resposta vai no sentido de que haja pessoas boas, justas e santas, que são uma transparência e imitação de Deus. Em Mateus ( 5, 20) afirma-se a necessidade de uma justiça, uma maneira de viver, que vem de Deus e faz de nós homens diferentes; Paulo experimentou o que era viver longe ou perto de Jesus Cristo; e fala aos Filipenses de perda e de ganho, este fruto de uma justiça nova na sua vida.
Um texto do Papa Francisco indicou um caminho e uma meta: ir junto de todos para lhes levar a alegria do Evangelho, a misericórdia e o perdão de Deus.
Se no princípio dos três encontros se falou de «imagens» como meio de exprimir a realidade que a Bíblia quer comunicar, ficou connosco a imagem da estátua «contemplada» por Nabucodonosor, imagem que é a sociedade (eu, tu, nós), que importa e é necessário refazer, com um coração sensível, impregnado de misericórdia.
Ao Senhor Bispo foi dita uma palavra de agradecimento, extensiva aos participantes, disso se encarregando, em nome das comunidades de Almacave e Sé, o P.e José Ferreira. Ecoaram palmas na sala e fez-se o voto de que estes encontros de carácter bíblico se façam em cada ano.
Pe. Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 86/17, n.º 4354, 15 de março de 2016
D. ANTÓNIO COUTO – O LIVRO DOS SALMOS – nova publicação
D. António Couto, Bispo de Lamego, acaba de apresentar, no dia 21 de Novembro, no Seminário das Missões, a última obra O LIVRO DOS SALMOS.
Fazemos nossas as últimas frases de D. António na Introdução:
“Sei e sinto a imensa beleza e o sabor único dos Salmos, de cada Salmo. Aqui os deixo. Desejo aos leitores e estudantes que peguem neles como quem pega no pão ainda a sair do forno. Bom apetite.”
O livro da Editorial Missões – Cucujães, tem 120 páginas, 14×21 cm e o preço é de 7,00€.
in Voz de Lamego, ano 85/52, n.º 4339, 24 de novembro
D. António Couto | Regresso a Marcos
O Evangelho de São Marcos, que esteve “na gaveta durante 19 séculos”, é agora declamado em “palcos da Europa e dos Estados Unidos”, disse D. António Couto, um dos orientadores do plano de estudos no Curso de Missiologia.
O bispo de Lamego é um dos conferencistas na iniciativa que decorre em Fátima, até domingo.
Este especialista em Sagrada Escritura afirma que o Evangelho de Marcos provoca impacto em quem o escuta e está de acordo com os tempos atuais: “Hoje, num tempo de perseguição como era o primeiro século, a época em que o texto foi escrito, estamos num ambiente semelhante e como nunca é preciso regressar ao Evangelho de Marcos”.
O prelado dava conta da forma como o narrador Marcos consegue mostrar a dinâmica missionária da sua comunidade, dentro dos riscos de uma comunidade perseguida que tem muitas semelhanças com a atualidade.
Este curso bienal que decorreu em Fátima, no Seminário da Consolata, é uma iniciativa dos Institutos Missionários ‘Ad Gentes’ e conta com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias; a edição 2015 corresponde ao 2º ano do ciclo.
Os destinatários desta formação são todos os que se envolvem na atividade pastoral da Igreja.
A irmã Célia Cabecinhas, que integra a organização em nome dos Institutos Missionários ‘Ad Gentes’ contou 70 participantes. “Podiam ser 700” reconhecia esta religiosa, sem esconder algum desapontamento pela indiferença de muitos cristãos perante as oportunidades de formação.
A iniciativa propõe-se apresentar as bases bíblico teológicas da missão ‘ad gentes’, repensar a missão à luz do Vaticano II e percorrer as etapas mais importantes da história da evangelização e da reflexão missiológica.
in Voz de Lamego, ano 85/40, n.º 4327, 1 de setembro
Assembleia de hoje por graça reunida
Por D. António Couto, in Mesa de Palavras
1. S. Lucas é o Evangelista do corrente Ano Litúrgico. E embora já tenha sido proclamado e já tenhamos escutado diversos episódios do Evangelho de S. Lucas nos quatro Domingos do Advento, Natal (1.ª e 2.ª missas), Festa da Sagrada Família, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e Festa do Baptismo do Senhor, é só agora que vamos começar a proclamá-lo e a escutá-lo em leitura contínua. Importa, por isso, inserir neste momento um esquema deste Evangelho, para podermos compreender melhor o ritmo da sua leitura:
1,1-4 = Prólogo histórico (A) 1,5-2,52 = Ev da Infância (B) 3,1-9,50 = Ministério na Galileia (C) 9,51-19,27 = Partida/subida para Jerusalém (D) 19,28-21,36 = Ministério em Jerusalém (C’) 22,1-23,56 = Paixão – Morte – Sepultura (B’) 24,1-53 = Epílogo: Ressurreição – Aparições – Promessa do Espírito (A’)2. O Evangelho deste Domingo III faz a acostagem do «prólogo» (1,1-4) ao «discurso programático» de Jesus na sinagoga de Nazaré (4,14-21), saltando a pregação e prisão de João Baptista (3,1-20), o Baptismo de Jesus e genealogia (3,21-38), e a sua tentação no deserto, de que sai vitorioso (4,1-13).