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Editorial da Voz de Lamego: A cultura do naufrágio no novo ano

O ano de 2020 ficou para trás! Ou talvez não! Tenho lido comentários estranhos a propósito: 2020 deveria ser um parêntesis, avançando de 2019 para 2021; deveria passar-se uma borracha para apagar o ano!

Apagar o passado não é possível, pois não somos máquinas computadorizadas. Querer apagar o passado, por causa de um acontecimento negativo, revela ingenuidade ou infantilismo. A memória torna-nos verdadeiramente humanos, na certeza de que vamos acumulando memórias de muitos acontecimentos e encontros, lugares e pessoas, nem sempre o que procurámos ou desejávamos, mas os que a vida ou, quem sabe, Deus colocou no meu e no teu caminho.

Numa nova etapa, num novo ano, misturam-se ansiedade e esperança, dúvidas e receios. Como será o que vem pela frente? Será que o mundo se tornará melhor e as pessoas mais humanas e solidárias? A nossa vida será risonha? É um misto de sentimentos e emoções que nos faz desejar este (re)começo! Mas, como em todas as dimensões da vida, não se apaga o que somos, o que vivemos, as adversidades que enfrentámos. Se assim fora, teríamos que começar do zero, sem memória nem conhecimentos, sem comodidades, e perderíamos tudo o que de bom nos sucedeu, as pessoas que encontrámos, o que nos fez crescer. Não é possível fazer tábua rasa de um ano ou de um mês. Somos também o que vivemos, somos as opções que fazemos, seremos o que somos com o que lhe juntarmos.

O Papa Francisco empresta-nos o conceito da cultura do naufrágio, acerca da educação, mas que se adequa também à nossa vida. “O náufrago enfrenta o desafio de sobreviver com criatividade. Ou espera que o venham resgatar ou dá início ao seu próprio resgate. Na ilha onde chega, tem de começar a construir uma palhota, para a qual pode utilizar as tábuas do barco afundado e, também elementos novos que encontra no lugar. O desafio de assumir o passado, ainda que já não flutue, e de utilizar as ferramentas que o presente oferece, tendo em vista o futuro”.

E prossegue na mesma linha: “Para educar é preciso ter em conta duas realidades: o quadro de segurança e a zona de risco. Não se pode educar apenas com base em quadros de segurança, nem apenas com base em zonas de risco; tem de haver uma proporção, não digo equilíbrio. Uma pessoa começa a caminhar quando nota o que lhe falta, porque se não lhe faltar qualquer coisa não caminha”.

É com esta criatividade e expectativa que damos novas cores, rostos e configuração à Voz de Lamego, com os seus 90 anos, feitos a 8 de novembro de 2020. Não apagamos o que somos, como jornal, ao serviço da diocese e da região, mas queremo-nos ainda mais próximos, mais ágeis, e sempre transparentes nos valores da vida, da verdade e do bem, na senda do humanismo cristão, a informar e a refletir, a desafiar e a debater. Contamos com todos. A cada um solicitamos a colaboração para chegarmos mais longe, a mais pessoas, leitores, assinantes e anunciantes. A sobrevivência da Voz de Lamego passa por aqui, por ti e por mim, e pela captação de novos amigos. Prosseguimos com alegria e com esperança. Muito obrigado por esta entreajuda, certos da bênção e do favor de Deus. Bom ano de 2021.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/08, n.º 4590, 5 de janeiro de 2021

Editorial Voz de Lamego: Um dia de cada vez… bom Ano!

Quando se aproxima o final de um ano ou se inicia um novo ano, é recorrente ouvirmos/lermos os propósitos de mudança. Agora é que vai ser… é a altura oportuna para pôr em marcha este projeto, esta decisão… uma dieta, a arrumação de situações que tardam a ficar resolvidas, altura para remediar uma amizade, visitar um familiar, para fazer um telefonema ou juntar os amigos do 10.º ano do liceu… E, com muitos e grandes projetos, talvez cheguemos ao final doutro ano ou ao início de um novo ano e as coisas continuem a arrastar-se como antes!

Pessoas que avançam na idade desejam mais um ano, mas, muitas vezes, o momento seguinte: um dia de cada vez! Um bom ano para todos. Abençoado e feliz! Mas que é um ano sem os momentos que o preenchem, sem os instantes que nos fazem rir, chorar, cantar, dançar, gritar, que nos cansam ou nos deixam de coração cheio? Então, se calhar, mais que muitos propósitos, ou muito projetos – também são necessários a médio e longo prazo – vale a pena viver, aqui e agora, valorizar as pessoas que Deus colocou à minha, à tua beira, que fazem parte da nossa vida, verificar a atitude que temos diante dos outros e diante da vida. O que ressalta em nós, o azedume, a ingratidão, a murmuração? A alegria, a paz a semear e partilhar, a gratidão?

Jesus, no Evangelho, recomenda vivamente aos seus discípulos, e hoje somos nós, que não se preocupem com o dia de amanhã! Calma, não é um desafio à mandriagem, longe disso, mas antes o convite a encontrar paz nos momentos que nos são dados viver, não nos levemos tão a sério, como diria Bento XVI, aprendamos a confiar em Deus e na Sua providência, comprometidos a cada momento a darmos o melhor de nós mesmos e a empenhar-nos pelo bem de todos. “Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema” (Mt 6, 34). Um dia de cada vez, sem antecipar problemas, ainda que sejamos bons a fazê-lo, vivemos os problemas por antecipação e talvez nem surjam ou não surjam com a força que esperávamos.

Noutro momento, Jesus dir-nos-á: “Vinde a mim, todos os que andais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito (Mt 11, 28-29). Se dramatizamos cada situação negativa, podemos entrar em curto-circuito e desistir porque tudo nos corre mal, porque não conseguimos, porque amanhã vai ser a mesma coisa! Sossegue, amanhã será diferente!

Faça propósitos, trace projetos, mas não espere pela respetiva realização… não deixe para amanhã para sorrir, para dançar, para gritar, para amar, para abraçar, para chorar… chore hoje, grite hoje, ame hoje, dance hoje, sorria hoje, ajude hoje, amanhã logo se verá, pois o futuro a Deus pertence! Vivamos hoje.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/06, n.º 4541, 7 de janeiro de 2020

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Editorial Voz de Lamego: Páginas a escrever

Inicia-se um novo ano com novos desafios e novos propósitos.

A diferença é um instante impercetível: ora estamos num ano e de seguida num ano novo. E, curioso, nem todos entramos ao mesmo tempo no novo ano, tendo em conta a latitude em que estamos! Sublinhe-se que a distância de um a outro é a mesma distância temporal de um dia para o outro, mas psicologicamente a passagem de ano tem um impacto muito maior. Bem vistas as coisas, a vida é feita de anos, mas estes são preenchidos de meses, semanas, horas, minutos, segundos, instantes que podem alterar para sempre a vida, positiva e negativamente. O ano não se perde nem se ganha na passagem, mas ao longo de milhentos instantes em que podemos transformar a vida e o mundo. Ainda assim, a carga que nos move pode ser um desafio a renovarmos propósitos, avaliando também o que temos sido!

Alguns iniciam o ano com um novo diário. Novas páginas em branco para serem escritas. Num caderno ou num diário é possível rasurar, acrescentar notas, riscar partes e, nalguns casos, até rasgar folhas. O ideal, digo eu, é que, sendo sigiloso, se pudesse escrever em continuum, pois se são as sensações, os momentos, os pensamentos que surgiram naquele instante, àquele instante pertencem para sempre. Mas, talvez com o receio que outros possam ver, ou porque a releitura de algumas páginas pode ser demasiado dolorosa, ou simplesmente porque não se quer recordar um acontecimento, ou as palavras que foram proferidas, há quem risque, rasgue páginas ou queime o próprio diário.

Na vida, porém, isso não é possível.

Não é possível reescrever a história pessoal, familiar, social! Simplesmente não é possível, ainda que alguns possam dizer que estão a reescrever as suas vidas. Em absoluto, não! Parafraseando Augusto Cury, não somos um computador com disco rígido que pode ser formatado e do qual se podem apagar alguns ficheiros. A nossa memória é seletiva, mas não é reformatável, a não ser em situações de psicose, de doença ou enfraquecimento neurológico! Porém, podemos acrescentar memórias positivas, viver, apostar nos que nos faz bem à alma e o que nos faz bem precisa de ser partilhado, cimentado na relação com os outros. Há mais alegria em dar que em receber. Não podemos apagar o passado. Nem devemos fazê-lo. Ignorar o que fomos, não nos permite caminhar para o que queremos ser, pois sem memória não é possível progredir, caminhar, escolher, quando a escolha é possível, escolher o que nos humaniza, nos irmana, nos realiza como pessoas, nos faz responder positivamente à vocação primeira: sermos felizes. Foi para isso que Deus nos criou! Não rasguemos páginas, escrevamos outras, preenchendo-as de vida!

Que o Deus de toda a paz a todos abençoe em 2019, com todos os seus instantes!

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 89/05, n.º 4491, 2 de janeiro de 2019

COMPROMISSO E INDIFERENÇA | Editorial Voz de Lamego

Traditional Christian Christmas Nativity scene with the three wise men

Início de novo ano civil e de volta o Jornal Diocesano, Voz de Lamego, recuperando algumas notícias sobre o Natal, celebrações, momentos, desafios. Também o seu Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, nos deixa o desafio do compromisso contra a indiferença, ousadia, vontade e envolvimento…

COMPROMISSO E INDIFERENÇA

No início de um novo ano civil e de uma nova etapa que desejamos cumprir com alegria e serenidade, vemo-nos solidariamente a caminho e formulamos votos para que cada um alcance a meta e se sinta amparado pela graça divina.

Como sempre, o novo ano afigura-se pleno de oportunidades e fazem-se promessas para ser, viver, estar, ir… Porque há vontade em conseguir, disponibilidade para começar e continuar, sonhos para concretizar. Se o conseguimos ou não, isso serão contas que ficam para depois.

Por agora, importante e urgente é querer e ousar, para não desperdiçar oportunidades e dons recebidos. Porque a vida não se vive, verdadeiramente, sem envolvimento. Neste caso, o pior que poderia acontecer-nos seria a indiferença, presente numa vida nem quente nem fria, sem protagonismo, desperdiçando o que se é e adiando o que se poderia ser e conseguir.

Um novo ano ou um novo dia exigem-nos disponibilidade atenta e contínua para não se tornarem oportunidades menos conseguidas. E assumir-se disponível pressupõe vontade de arriscar, abertura à novidade e compromisso.

É verdade que não conseguimos controlar tudo e que a surpresa e o inesperado podem surgir, entrar porta dentro e transtornar sonhos e metas, desviando do caminho e incutindo desânimo. Mas nunca serão momentos perdidos aqueles em que se ousou iniciar uma caminhada ponderada e desejada, o bem que se fez, os gestos e as palavras que ajudaram, a fé assumida e testemunhada…

No início de um novo ano civil, incapazes de dizer já como serão os seus dias, resta-nos a vontade de arriscar e de querer preencher, de maneira consciente e responsável, o tempo que nos é dado e o desejo de fazer bem todas as coisas. Isso será cumprir a vida e tornará 2017 uma etapa conseguida.

Boa caminhada!

in Voz de Lamego, ano 87/08, n.º 4393, 3 de janeiro de 2017

Santa Maria Mãe de Deus | Homilia de D. António Couto

Festa da família2

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, RAINHA DA PAZ

  1. Oito dias depois da Solenidade do Natal do Senhor, que a liturgia oriental designa significativamente por «Páscoa do Natal», eis-nos no Primeiro Dia do Ano Civil de 2015, tradicionalmente designado como Dia de «Ano Bom», a celebrar a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.
  1. A figura que enche este Dia, e que motiva a nossa Alegria, é, portanto, a figura de Maria, na sua fisionomia mais alta, a de Mãe de Deus, como foi solenemente proclamada no Concílio de Éfeso, em 431, mas já assim luminosamente desenhada nas páginas do Novo Testamento.
  1. É assim que a encontramos no Lecionário de hoje. Desde logo naquela menção sóbria, e ousamos mesmo dizer pobre, com que Paulo se refere à Mãe de Jesus, escrevendo aos Gálatas: «Deus mandou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei» (Gálatas 4,4). Nesta linha breve e densa aparece compendiado o mistério da Incarnação, ao mesmo tempo que se sente já pulsar o coração da Mariologia: Maria não é grande em si mesma; é, na verdade, uma «mulher», verdadeiramente nossa irmã na sua condição de humana criatura. Não é grande em si mesma, mas é grande por ser a Mãe do Filho de Deus, e é aqui que ela nos ultrapassa, imaculada por graça, bem-aventurada, nossa mãe na fé e na esperança. Maria não é grande em si mesma; recebe de Deus essa grandeza.
  1. O Evangelho deste Dia de Maria (Lucas 2,16-21) guarda também uma preciosidade, quando Lucas nos diz que «todos os que tinham escutado as coisas faladas pelos pastores ficaram maravilhados, mas Maria GUARDAVA (synetêrei) todas estas Palavras (tà rhêmata), COMPONDO-as (symbállousa) no seu coração» (Lucas 2,18-19). Em contraponto com o espanto de todos os que ouviram as palavras dos pastores, Lucas pinta um quadro mariano de extraordinária beleza: «Maria, porém, GUARDAVA todas estas Palavras, COMPONDO-as no seu coração» (Lucas 2,19). Há o espanto e a maravilha que se exprimem no louvor e no canto, e há o espanto e a maravilha que se exprimem no silêncio e na escuta. Maria, a Senhora deste Dia, aparece a GUARDAR com carinho todas estas Palavras que acontecem, e não esquecem. O verbo GUARDAR implica carinhosa atenção, como quem leva nas suas mãos uma joia preciosa. Este GUARDAR atencioso e carinhoso não é um ato de um momento, mas a atitude de uma vida, uma vez que o verbo grego está no imperfeito, que implica duração. O outro verbo belo mostra-nos Maria como que a COMPOR, isto é, a «pôr em conjunto» (symbállô), a organizar, a harmonizar, para entender melhor. É como quem COMPÕE um Poema, uma Sinfonia, e se entretém a vida toda a trautear essa melodia e a conjugar novos acordes de alegria.
  1. Esta solicitude maternal de Maria, habitada por esta imensa melodia que nos vem de Deus, levou o Papa Paulo VI, a associar, desde 1968, à Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, a celebração do Dia Mundial da Paz. Hoje é já o 48.º Dia Mundial da Paz que se celebra, e o Papa Francisco apôs-lhe o lema «Não mais escravos, mas irmãos», que pediu emprestado a Filémon 16, mas que a Carta aos Gálatas, hoje por graça lida para nós, também trata muito bem (4,6-7). Na sua Mensagem para este Dia, diz-nos o Papa francisco que levantemos bem alto os nossos ideais, e não nos deixemos atolar no lamaçal desta «noite do mundo», em que tudo, à maneira de Babel e Sodoma, aparece indistinto, confuso e equivalente, sem rosto e sem rumo. Escravizar um ser humano é reduzi-lo a um objeto. E o Papa lembra que um ser humano é sempre um fim, e nunca um meio ou objeto, que possamos reduzir a três dimensões: comprimento, largura e altura, que assim podemos comprar ou vender, usar ou deitar fora a nosso bel-prazer. A alegria, a paz, o amor, a esperança, a verdade, a liberdade, a ternura, não são redutíveis a três dimensões, e, todavia, existem, e são mesmo o melhor da nossa humanidade. Às vezes, damos por nós a lutar apenas por campos e por casas, coisas e loisas de três dimensões. E diz-nos o profeta com uma forte invetiva: «Ai dos que juntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais espaço disponível, até serem eles os únicos moradores da terra!» (Isaías 5,8).
  1. De Deus vem sempre um mundo novo, belo, maravilhoso. Tão novo, belo e maravilhoso, que nos cega, a nós que vamos arrastando os olhos cansados pela lama. Que o nosso Deus faça chegar até nós tempo e modo para ouvir outra vez a extraordinária bênção sacerdotal, que o Livro dos Números guarda na sua forma tripartida: «O Senhor te abençoe e te guarde./ O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável./ O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz» (Números 6,24-26).
  1. Olhada por Deus com singular olhar de Graça foi Maria, também Pobre, também Feliz, Bem-aventurada, Santa Maria Mãe de Deus, que hoje celebramos em uníssono com a Igreja inteira. Para ela elevamos hoje os nossos olhos de filhos enlevados.
  1. Mãe de Deus, Senhora da Alegria, Mãe igual ao Dia, Maria. A primeira página do ano é toda tua, Mulher do sol, das estrelas e da lua, Rainha da Paz, Aurora de Luz, Estrela matutina, Mãe de Jesus e também minha, Senhora de Janeiro, do Dia primeiro e do Ano inteiro.
  1. Abençoa, Mãe, os nossos dias breves. Ensina-nos a vivê-los todos como tu viveste os teus, sempre sob o olhar de Deus, sempre a olhar por Deus. É verdade. A grande verdade da tua vida, o teu segredo de ouro. Tu soubeste sempre que Deus velava por ti, enchendo-te de graça. Mas tu soubeste sempre olhar por Deus, porque tu soubeste bem que Deus também é pequenino. Acariciada por Deus, viveste acariciando Deus. Por isso, todas as gerações te proclamam «Bem-aventurada»! Por isso, nós te proclamamos «Bem-aventurada»!
  1. Senhora e Mãe de Janeiro, do Dia Primeiro e do Ano inteiro. Acaricia-nos. Senta-nos em casa ao redor do amor, do coração. Somos tão modernos e tão cheios de coisas estes teus filhos de hoje! Tão cheios de coisas e tão vazios de nós mesmos e de humanidade e divindade! Temos tudo. Mas falta-nos, se calhar, o essencial: a tua simplicidade e alegria. Faz-nos sentir, Mãe, o calor da tua mão no nosso rosto frio, insensível, enrugado, e faz-nos correr, com alegria, ao encontro dos pobres e necessitados.

Que Deus nos abençoe e nos guarde,

Que nos acompanhe, nos acorde e nos incomode,

Que os nossos pés calcorreiem as montanhas,

Cheios de amor, de paz e de alegria,

Que a tua Palavra nos arda nas entranhas,

 E nos ponha no caminho de Maria.

O amor verdadeiro está lá sempre primeiro.

O fiat que disseste, Maria, é de quem se fia

Num amor maior do que um letreiro.

Vela por nós, Maria, em cada dia deste ano inteiro,

Para que levemos a cada enfermaria,

A cada periferia,

Um amor como o teu, primeiro e verdadeiro.

Lamego, 01 de Janeiro de 2015, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e 48.º Dia Mundial da Paz

+ António Couto, vosso bispo e irmão