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PALAVRAS QUE SÃO MARCOS – Novo Livro de D. António Couto

introdução

  1. Há livros que marcam. Há livros que são marcos.

Este livro sobre São Marcos está destinado a ser marcante.

  1. Nele, o Autor oferece não apenas uma hermenêutica científica, mas também uma luminosa hermenêutica existencial.

Num registo a que há muito nos habituou, D. António Couto surge de novo como um generoso fornecedor de significações e um atento perscrutador do eco do Sentido.

 

  1. O aprumo da técnica interpretativa não dispensa sequer alguma imagética e faz ressoar até uma certa poética.

No conjunto, tudo entronca fecundamente na missão de teólogo e no serviço de pastor.

 

  1. Nas árduas estradas do tempo, o povo de Deus tem fome, o povo de Deus está faminto.

O povo de Deus precisa de quem lhe dê pão (também) em forma de palavra.

 

  1. Esta obra documenta que a Palavra que ensina também alimenta.

Grande mérito de D. António Couto é o de não se limitar a falar da Palavra; ele faz falar a Palavra.

 

  1. Com ele, os textos adquirem vida e ganham voz.

Daí, por exemplo, a insistência no dizer Jesus, nos dizeres de Jesus e nos dizeres sobre Jesus.

 

  1. São dizeres maiúsculos — e em maiúscula aparecem muitas vezes — que não podem ser correspondidos por uma vivência minúscula.

Basta reparar no nome «Evangelho». Na sua origem, não evoca a imagem de um livro, mas, muito mais, «a imagem do mensageiro que corre para transmitir uma notícia».

 

  1. O Evangelho está escrito em livro para ser, permanentemente, inscrito na Vida.

Esta, a Vida, tem de procurar ser tão maiúscula como o Evangelho que lhe é proposto.

 

  1. É nos caminhos da Vida que Jesus nos interpela como outrora interpelou os discípulos no caminho de Cesareia (cf. Mc 8, 27).

O caminho é o lugar do encontro, do convite e do seguimento.

 

  1. Eis, em síntese, um belo guião para entrar, com saudável afã, no «Evangelho de Jesus Cristo», oferecido por São Marcos (cf. Mc 1, 1). Mais um excelente trabalho, a juntar a tantos outros e a prenunciar seguramente outros tantos.

Quem sabe se, um dia como corolário, o Autor não nos surpreenderá com uma espécie de «Summa Biblica»?

 

Pe. João António, in VOZ DE LAMEGO, n.º 4301, ano 85/14, de 17 de fevereiro de 2015