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Posts Tagged ‘Advento’

Editorial: «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39)

É o tema escolhido pelo Papa Francisco para preparar e viver as Jornadas Mundiais da Juventude, que se realizam em Portugal, em agosto de 2023. Esta expressão faz a ponte entre a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora e a Visitação à Sua primeira Isabel (cf. Lc 1, 39).

O Evangelho de São Lucas abre praticamente com visitação do Anjo Gabriel a Zacarias e a Maria, uma virgem desposada com um homem chamado José. Cada uma das visitações traz um anúncio. Zacarias e Isabel vão ser pais, apesar da idade avançada. Para eles, a idade de serem pais já tinha passado, já se tinham conformado com essa “maldição”. Apesar disso, são tementes a Deus, justos e cumpridores da Lei, procedendo irrepreensivelmente segundo os mandamentos e preceitos do Senhor. A Deus nada é impossível. Deus opera para além dos nossos limites racionais e torna viável o que é inalcançável, favorecendo-nos com a Sua benevolência. É inacreditável. Zacarias fica sem palavras. Não há palavras que possam expressar o inaudito que nos chega de Deus. Estamos longe de nos apercebermos de quanto bem Deus faz por nós ou coloca ao nosso alcance!

A visitação do Anjo a Maria tem um propósito que alterará para sempre a história da humanidade. Mesmo para os que não acreditam, contestam ou se manifestam indiferentes, Aquele que está para vir ao mundo deixará marcas na pequena cidade de Nazaré, em Belém, em Jerusalém e no mundo inteiro. Nada, nunca será como antes. “Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo… conceberás e darás à luz um filho, e chamá-lo-ás Jesus. Ele será grande e será chamado Filho de Deus Altíssimo”. Sim, como é possível! Deus a nascer de uma jovem, humilde, campónia, como será isso? Diante de tão grande assombro, Maria confia no anúncio que lhe é feito e predispõe-se a ser parte do mistério salvífico: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Deus chama, desafia, espera por nós, confiando no nosso discernimento! Maria responde e confia na fé que A liga a Deus. O seu “sim” assenta na intimidade com o Senhor. Ela alimenta-se de oração, é cheia de graça!

A palavra de Deus desinstala-nos, inquieta-nos, põe-nos em movimento. Mau será quando a Palavra de Deus já não nos inquietar, quando nos deixar ficar como antes e/ou sentadinhos à espera que a vida aconteça. A palavra de Deus é viva e eficaz! Mas a sua eficácia também depende do nosso sim, da nossa vontade em Lhe respondermos. Esta resposta tem duas direções: Deus e próximo.

A Virgem Maria mostra-nos como se faz!

Depois de tão grandes novas, Ela podia fazer-se grande, orgulhar-se de ter sido a escolhida, mas continua ser serva, disposta, em tudo, a ser prestável. Não reserva tempo para refletir, para festejar, para medir as consequências, as dificuldades que possam vir pela frente. Não pensa no futuro. Sabe que pode confiar. Confia absolutamente em Deus. Maria levantou-se, diz-nos o Evangelho, e foi apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá (Ein-Karim, seis quilómetros a oeste de Jerusalém), e entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.

Ao dirigir-se aos jovens, e toda a mensagem se adequa a cada um de nós, o Papa Francisco tem-lhes dito, insistentemente, para se levantarem do sofá. Maria levanta-se e parte apressadamente, como mulher da caridade, vai ajudar Isabel nos últimos tempos de gravidez, e como mulher missionária, transportando a Alegria que contagia aqueles que encontra. Isabel fica cheia do Espírito Santo: “Eis que quando a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança soltou de júbilo no meu ventre”.

Como Maria, levantemo-nos e vamos apressadamente anunciar o Evangelho, com a voz e com a vida.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/06, n.º 4637, 14 de dezembro de 2021

Editorial: Não suceda que os vossos corações se tornem pesados

Jesus é o Mestre da Sensibilidade que antecipa, prepara, coloca de sobreaviso os seus discípulos sobre as contingências do tempo e sobre o tempo que está para vir. Com Ele, chegamos ao final e à plenitude dos tempos. Estamos mergulhados na vida divina. No sacramento do Batismo, morremos em Cristo, para o pecado e para a morte, e com Ele ressuscitamos, somos novas criaturas, estamos enxertados em Cristo como o ramo à videira, alimentando-nos do Seu Espírito. Nos demais Sacramentos, sobretudo na Eucaristia, na oração e no bem que em Seu nome fazemos, vamo-nos configurando com Ele.

Ao iniciarmos o tempo do Advento, oportunidade renovada de renovarmos os nossos propósitos batismais.

Jesus desperta os seus discípulos para os sinais e para os acontecimentos que advirão em catadupa! Quando temos tempo de respirar e encaixar o que nos sucede e o que sucede à nossa volta, é possível que as adversidades fortaleçam a nossa luta, o nosso empenho e nos despertem para os imponderáveis da vida. Quando as adversidades se multiplicam e nos tocam a alma, poderemos entorpecer e deixar-nos afundar em trevas. Daí que Jesus, antecipando as tempestades que surgirão, garante aos Seus discípulos a Sua presença, convocando-os a viver na ambiência da oração. A oração faz com que sintamos a proximidade de Deus e o nosso coração seja inundado pela luz da esperança, apesar e além do mal que se infiltra.

Numa linguagem muito sugestiva e muito viva, diz Jesus: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 21, 25-27).

A incerteza do futuro, habitualmente, gera medo, angústia, sobretudo no meio dos dramas. Vivendo em situações de calmaria e paz, olhamos para o futuro com confiança, ao invés, se o mar está revolto, tememos pelo que possa acontecer, antecipando, muitos vezes, cenários catastróficos. Jesus conhece-nos, conhece os Seus discípulos e sabe que, quando Ele não estiver fisicamente presente no meio deles, e a perseguição surgir, ou os conflitos entre povos for manifesto, eles correm o risco de soçobrar.

Mais tarde ou mais cedo, de uma ou outra forma, uns mais e outros menos, todos experimentaremos momentos de sofrimento, fragilidade ou até desolação, doenças, perdas, dúvidas sobre amizades e relacionamentos, contratempos. Contar com alguém, ajuda a aliviar a carga, a partilhar as dúvidas, a disseminar a solidão. O outro pode não resolver por nós ou não fazer o que nos cabe realizar, mas sabermos que não estamos sós, que alguém, sempre, nos vai deitar a mão, nos vai amparar ou abraçar, é já alento que nos anima e alivia o nosso coração. É esta a promessa de Jesus aos Seus discípulos. Não lhes promete vida fácil, promete-lhes a Sua presença, fiel, forte, permanente, amorosa! Saber que Alguém nos espera, que Alguém caminha connosco, Alguém que não nos deixa para trás, faz-nos persistir na caminhada e na luta, permitindo-nos vislumbrar a direção a seguir. Sozinhos perder-nos-emos antes de chegarmos a meio do caminho. O nosso GPS é Jesus, a nossa Rosa de Ventos, que a todos chama e a todos envia, a toda a parte.

 «Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra» (Lc 21, 28.34-35).

Sem equívocos! Os tempos podem ser conturbados, mas Jesus dá-nos a receita para perseverarmos, a ambiência da oração, pela qual O descobrimos a caminhar connosco!

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/04, n.º 4635, 1 de dezembro de 2021

Editorial da Voz de Lamego: Maria adentra-nos no Advento

Quando esta edição ficar disponível para leitura, já teremos vivido um dos momentos mais emblemáticos da liturgia católica, a Solenidade da Imaculada Conceição, Rainha e Padroeira de Portugal. Celebramo-la em pleno Advento. Preparamo-nos, liturgicamente, para a festa mais popular em todo o mundo, e não apenas em ambientes cristãos, o Natal de Jesus. A figura da Virgem Maria é incontornável, como o é também São José, ainda que ao longo dos anos tenha sido relegado para um papel muitíssimo secundário.

Desde os primeiros instantes, a Virgem Maria, Mãe de Jesus, tornou-se uma figura importantíssima para a Igreja e para os cristãos. Os discípulos perceberam, cedo, que Maria estivera sempre próxima de Jesus, desde a gestação até à morte, mas também uma presença autorizada nas primeiras “reuniões” dos discípulos após a morte de Jesus.

No alto da Cruz, Jesus revela que a Sua Mãe é também Mãe do discípulo amado, de todo o discípulo que O seguir por amor. Eis a tua Mãe, eis o teu filho. E dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa. Não é um discípulo, é cada discípulo amado, cada discípulo que se debruça sobre o peito de Jesus. Eu e tu. O discípulo amado não tem nome. Melhor, tem o nome de cada um de nós que segue Jesus, imitando-O, procurando, no dizer de São Paulo, que Ele viva em nós. A comunidade primitiva cumpre essa missão de acolher Maria como Mãe, em cada casa, em cada assembleia (= Igreja).

Ao longo da vida pública de Jesus, Maria é uma presença discreta, não se intromete, não ofusca a vida do Seu filho, confia, mas não se alheia d’Ele e por isso a vemos em situações mais críticas ou mais decisivas, nas Bodas de Canaã, intervindo, fazendo chegar a Jesus os pedidos das famílias dos noivos, apontando depois, para os servos, e para nós: fazei tudo o que Ele vos disser; quando se levantam vozes sobre a possível loucura de Jesus, Maria apresenta-se com outros familiares, para se assegurar que Ele está bem e, se necessário, acolhê-l’O de regresso a casa; junto à Cruz, ferida, mas firme, para dar forças ao Seu querido Filho. É fácil imaginar muitos outros momentos em que Nossa Senhora agiu com docilidade, sem chamar a atenção, em momentos de festa e de luto, no meio da multidão ou em casa, atarefada para acomodar Jesus e os Seus discípulos. E, como Mãe, sempre atenta e à espera de notícias sobre Jesus.

Maria adentra-nos no Advento, prepara-nos para o encontro com Jesus, inunda o nosso coração de festa, como de festa inundou o seio de Isabel e o coração de João Batista. Este, ainda dentro do ventre materno, salta de alegria pelo encontro, pela proximidade com o Salvador do mundo. Maria corre veloz pelas montanhas, como mensageira da paz, levando Jesus e as maravilhas que Deus opera nela e na humanidade. Quem está preenchido de festa, só pode extravasar de alegria. Cada um chora à sua maneira, mas a alegria tende a contagiar.  O sofrimento irmana-nos, pelo silêncio e pelo abraço, pelas lágrimas ou falta delas. A alegria, genuína, é sonora, expõe-nos diante do outro.

Perante o Anjo, Maria ensina-nos a rezar um sim que é chamamento eterno: faça-se segundo a tua Palavra. É esta a senha, a chave que nos faz ver Jesus, conhecer o Deus-connosco, e a dispormos o nosso coração para ser a manjedoura onde Jesus vai nascer, onde repousa a Luz do seu amor.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/05, n.º 4587,8 de dezembro de 2020

Editorial da Voz de Lamego: A soberania do Presépio

Quase de mansinho e estamos novamente no Natal. Ainda agora era agosto e quando dermos por ela já estamos em 2020! Calma, cada instante pode ser oportunidade. Seja bênção acolhida, tarefa partilhada, vida multiplicada com os outros. Caminhemos, da comunhão que nos humaniza para a comunhão que nos irmana.

O final do ano litúrgico levou-nos, melhor, leva-nos a contemplar a realeza de Jesus, a soberania de Deus. Coroa o ano, mas insere-nos, em espiral, num tempo novo, de graça e de salvação, como são todos os tempos, cada tempo diferente, com sublinhados que nos fazem perceber que estamos a caminho. Olhamos para os sinais dos tempos e para os acontecimentos e vemos que a vida muda. Por outras palavras, os ritmos diferentes fazem-nos prestar mais atenção, despertam-nos, colocam-nos de atalaia.

Estamos a entrar no Advento, mas os sinais são natalícios, os enfeites, as luzes, as promoções, a publicidade, a agitação. A dinâmica litúrgica remete-nos ao interior, mas que se exterioriza nas vivências e compromissos, na atenção aos outros, no cuidado que se deve redobrar para com aqueles que precisam da nossa atenção, da nossa visita, da nossa ajuda, que precisam de uma palavra, que precisam de um olhar terno e de ser escutados (com os ouvidos e com o coração).

A soberania que desejamos, como crentes, é a soberania do Presépio, isto é, de Jesus, Deus que nasce e descansa numa família situada num tempo, num lugar e numa cultura concreta.

No último domingo, a solenidade de Cristo Rei mostrou-nos à saciedade qual a realeza de Deus revelada em Jesus Cristo: despojamento, pobreza, humildade, verdade, melhor, amor. Amor até ao fim, até à eternidade.

Na verdade, quem ama não pode senão dar-se, entregar-se, partilhar a vida, gastar-se por aquele ou aqueles que ama. Amar é isso: é encontrar o outro e confiar-lhe a vida, na certeza que o amor nos faz querer o melhor. O amor gera amor, gera vida como, ao invés, o ódio gera ódio, e a vingança multiplica o mal, provocando a morte do outro, senão fisicamente, pelo menos, dentro de nós.

Ao encarnar, Jesus traz-nos o Amor de Deus, evidenciado neste mistério em que a eternidade passa a caber no tempo, a divindade no humano, a omnipotência na fragilidade, o Infinito no finito, no limitado, na pequenez. Nas palavras e nos gestos, Jesus não faz outra coisa que não seja falar de amor, de bênção, da gratuidade do amor que se dá, inteiramente, sem esperar nada em troca, a não ser uma resposta, no dizer de Bento XVI. Ao sair de Si, dando-Se por inteiro, Deus espera que o Homem, de algum modo, Lhe responda, positiva ou negativamente, mas não com indiferença. Essa resposta, vemo-lo agora, há de ser dada, como nos lembra o nosso Bispo, D. António, para a frente, amando os outros.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/01, n.º 4536, 26 de novembro de 2019

ADVENTO – PERGUNTAR | Editorial Voz de Lamego | 12.dezembro.2017

ADVENTO – PERGUNTAR

Se a primeira palavra do anjo a Maria é um convite a alegrar-se por causa de ser amada por Deus, a primeira palavra de Maria ao convite do anjo para participar no mistério da Incarnação é uma pergunta: “Como será isso?” (Lc 1, 34).

Quantas vezes o crente se coloca diante de Deus para rezar e a sua oração é preenchida com perguntas ou perplexidades diante do acontecido, manifestando um espírito crítico e exercitando o dom da inteligência recebido?

Maria não coloca em causa o cumprimento de quanto lhe é dito “da parte do Senhor”, porque a Deus “nada é impossível”; apenas quer saber um pouco mais.

A pergunta potencia o diálogo, envolve e liberta os protagonistas. Não será apenas sinónimo de dúvida ou sinal de desrespeito, mas pode evidenciar uma procura sincera, a busca preocupada com a verdade, o ultrapassar de um comodismo acrítico ou a postura amorfa.

A pergunta e a procura abrem para a novidade e são um dom que permite avançar. O próprio Jesus educa os seus discípulos através de perguntas e motiva-os na busca das respostas. Alguém já se deu ao cuidado de fazer a contagem: os evangelhos referem mais de duzentas e vinte perguntas do Senhor.

Na vida familiar ou comunitária, nas relações hierárquicas ou na missão pastoral a pergunta tem sempre lugar e permite crescer, caminhar e formar opinião.

E se é importante perguntar ao Outro e aos outros e estar atento às respostas, o Advento pode ser uma oportunidade para nos colocarmos algumas questões. Por quem espero? Por quem caminho? O que posso pedir a Deus? O que é que eu sonho? O que é que me faz falta? De que preciso? O que é que procuro?

JD, in Voz de Lamego, ano 87/54, n.º 4440, 12 de dezembro de 2017

ENDIREITAR CAMINHOS | Editorial Voz de Lamego | 28 de novembro

ENDIREITAR CAMINHOS

No próximo domingo iniciamos um novo ano litúrgico com o tempo do Advento que, como sempre, convida a esperar, de maneira atenta e activa, o Senhor. Uma espera que continua depois do Natal e se assume ao longo da vida, traduzindo-se num esforço de bem preparar o encontro definitivo.

Nesse sentido, uma das expressões que se ouve nestes dias, “endireitar os caminhos do Senhor”, vale para sempre e apela à participação consciente e responsável de cada um, revelando-se fundamental para acolher e testemunhar um Deus que não se impõe nem dispensa o contributo e o protagonismo humanos na edificação do Reino.

Estamos, assim, longe do sentido dado por muitos quando afirmam “é preciso alguém para endireitar isto ou aquilo”, como sinónimo de imposição de normas ou de uma visão justiceira (para os outros), esquecendo a compaixão e a misericórdia.

Endireitar caminhos será, porventura e antes de mais, olhar para si e, confiando na graça de Deus e nos dons recebidos, avançar:

evitar os sempre atractivos e ilusoriamente cómodos atalhos que, a pretexto da facilidade, podem levar por vias contrárias ao Evangelho;

deixar de preocupar-se tanto com as cinzas e ocupar-se mais com as brasas que ainda ardem;

viver com serena alegria a paixão por Jesus Cristo e a pertença eclesial, testemunhando a fé e tornando-se credível;

fazer da proximidade uma meta, encurtando distâncias e vencendo indiferenças;

ser sal e luz que se espalham, não para ofuscar, ferir, ocupar o centro, chamar a atenção ou perpetuar o ego, mas para valorizar os outros, ao jeito de João Baptista e de tantos que se doaram e voluntariamente se apagaram sem medo de desaparecer…

Endireitar caminhos seguindo o convite do Senhor, o mesmo que nosso plano pastoral repete: “Vai e faz também tu do mesmo modo”.

JD, in Voz de Lamego, ano 87/52, n.º 4438, 28 de novembro de 2017

Preparação do Advento – Missão com Misericórdia

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No passado dia 5 de dezembro, no Centro Paroquial de Vila Nova de Foz Côa, decorreu a actividade diocesana “Preparação do Advento”, tendo como tema “Missão com Misericórdia”. Esta foi organizada pelo Grupo de Jovens de Vila Nova de Foz Côa, bem como pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Lamego e, ainda, por um Grupo de Jovens Sem Fronteiras.

Juntaram-se aos jovens organizadores os Grupos de Jovens de Alvite, Sever e Torre de Moncorvo, totalizando 30 jovens, repletos de energia, vontade e interesse em escutar e participar nas diversas actividades. Para tal, o dia foi iniciado com o Acolhimento realizado pelo Grupo de Jovens de Vila Nova de Foz Côa a todos os jovens que iam chegando, seguindo-se uma Oração Inicial. Posteriormente foi feita a divisão dos jovens em grupos para integrarem 4 workshops desenvolvidos pelos Jovens Sem Fronteiras, cujos temas se relacionam com a caminhada e preparação do Advento, o envio em Missão, a Misericórdia, bem como os Rostos da Misericórdia.

Como forma de promover a interacção e o convívio entre os grupos, foi realizado um almoço partilhado entre os jovens. Assim que este terminou, seguiu-se um breve momento de estudo e, posteriormente, uma encenação relativa a alguns dos rostos da Misericórdia espalhados pelo Mundo.

Todas estas experiências e partilha de valores culminaram com a celebração da Eucaristia, na qual participaram todos os jovens presentes nesta actividade, juntamente com a comunidade local na assembleia.

De salientar o trabalho de toda a organização dado o entusiasmo e alegria manifestados por todos os jovens no final deste dia, regressando a suas casas cheios de Misericórdia, pelo que se conclui que a actividade foi bem-sucedida.

Gabriel Peixoto – Grupo de Jovens de Vila Nova de Foz Côa

in Voz de Lamego, ano 85/54, n.º 4341, 8 de dezembro

RUMO CERTO | Editorial Voz de Lamego | 2 de dezembro

RUMO_CERTO

A chegar às mãos, a edição do jornal diocesano, Voz de Lamego, a primeira deste mês de dezembro, deste mês que nos conduz à celebração festiva do Natal, nascimento de Jesus Cristo, Deus connosco.

O destaque de primeira página vai para a presença do Papa Francisco em Estrasburgo, o Parlamento Europeu, notícia desenvolvida nas páginas centrais, e para a CAMPANHA CÁRITAS, 10 Milhões de Estrelas, um Gesto pela Paz.

Mas o jornal faz-se de muitas outras notícias, com alguns movimentos eclesiais em ação, o Apostolado de Oração, o SDPJ, o Pré-Seminário, o MMF; bem assim como as atividades das paróquias e da Diocese, eventos da região, e os artigos de opinião/reflexão.

Ambientando esta edição, o Editorial do Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego:

RUMO CERTO

Um automobilista entrou na auto-estrada em contramão sem se aperceber do facto e seguiu viagem, sem dar importância às luzes e buzinadelas dos que com ele se cruzavam. Minutos depois, pela rádio, o locutor avisa que em determinada estrada – a mesma onde, impávido e sereno, seguia o nosso condutor – um carro seguia em contramão. E logo o nosso amigo desabafava: “se fosse só um!”

Apesar de ser o único a circular assim, não é capaz de equacionar uma eventual falha pessoal e reconhecer o erro. Pelo contrário, cheio de presunção, não tem dúvidas do rumo que segue e ainda ousa denunciar os outros. Nem se dá conta que, naquela direcção, se afasta cada vez mais da meta pretendida.

Às vezes comportamo-nos como este condutor incauto e teimamos em ser os únicos a avançar na direcção certa, não reconhecendo sinais, avisos ou conselhos que nos enviam e mostrando, até, desagrado quando nos contrariam.

O advento, sendo tempo de espera atenta e activa, é também oportunidade para avançar, na certeza de que a vida está sempre adiante. E nem sempre o ceder, o inverter ou o alterar da marcha e do ritmo é prova de fraqueza ou sinónimo de perda de tempo.

Por isso se repete o apelo “vigiai”. Não para apurar o olhar denunciador sobre os outros, mas para acertar o próprio rumo, caso seja necessário.

E reconhecer que se pode melhorar ou confessar que não se está no melhor caminho, é próprio de quem não se julga o maior ou se tem como ponto de referência. Custa, mas consegue-se!

in VOZ DE LAMEGO, n.º 4291, ano 84/53, de 2 de dezembro de 2014