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PROJETO COMPAIXÃO | Editorial Voz de Lamego | 29 de novembro
Iniciámos, no passado domingo, o tempo do Advento. A intensidade do Jubileu da Misericórdia, encerrado na solenidade de Cristo Rei, tem agora um novo tempo de compromisso. O Jubileu encerrou mas não a misericórdia. Os gestos assumidos durante o Ano Santo são para multiplicar ao longo do tempo. O Editorial da Voz de Lamego, do Pe. Joaquim Dionísio, nosso Diretor, faz ressonância da Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et Misera, publicada no encerramento do Jubileu, convocando a aprofundar as obras de misericórdia, com criatividade e audácia.
PROJETO COMPAIXÃO
A leitura regular e a escuta atenta do Evangelho levam-nos a descobrir o projecto de Jesus para a humanidade, nomeadamente pela maneira nova e original de entender e de viver a experiência de Deus, a convivência humana e a construção do mundo.
Acompanhando-O, vemos e ouvimos como Jesus faz da compaixão um princípio de acção que permitirá uma vida mais digna e liberta. Ao mesmo tempo, na sua missão de curar as pessoas e a convivência social, está sempre presente a oferta do perdão de Deus a todos os seus filhos. Ao contrário de outros líderes, Jesus não quer poder, riqueza e honras, mas justiça e compaixão, a começar pelos mais pobres, os últimos, os excluídos, os indefesos.
Jesus revela um Deus que é Pai e que quer o melhor para os seus filhos, muito distante do Deus justiceiro, vingativo, indiferente, frio ou desinteressado da humanidade. Deus é compassivo e espera, acolhe, tem paciência e perdoa.
A mais recente missiva papal, “Misericordia et mísera”, escrita e publicada para assinalar a conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia quer recordar-nos, novamente, a certeza do amor de Deus e da sua compaixão e a urgência dessa mesma compaixão entre os homens.
A misericórdia, lemos nesse texto do Papa Francisco, “não se pode reduzir a um parêntese na vida da Igreja, mas constitui a sua própria existência, que torna visível e palpável a verdade profunda do Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se compendia no amor misericordioso do Pai” (n.º1).
Apesar das críticas, abertas ou camufladas, o Papa continua firme na sua convicção de ajudar a Igreja a servir a humanidade, qual “hospital de campanha” que está onde deve estar e faz o que deve fazer.
Trata-se, apenas e sempre, de tornar presente o projeto de Jesus.
in Voz de Lamego, ano 87/04, n.º 4389, 29 de novembro de 2016
Diocese de Lamego em festa | Ordenação diaconal
A catedral de Lamego encheu-se com os muitos fiéis que ali acorreram no passado domingo para celebrarem a Solenidade de Cristo Rei do Universo e testemunharem o encerramento da porta jubilar do Ano da Misericórdia. No pontifical presidido por D. António Couto foram também ordenados três diáconos para a nossa diocese que, assim o esperamos e desejamos, serão ordenados presbíteros em julho próximo.
Apesar do encerramento do Ano da Misericórdia estar previsto, fora de Roma, para o dia 13 de novembro, a nossa diocese adiou a cerimónia por uma semana, atendendo aos acontecimentos previstos para o dia 20. Com efeito, no domingo que marca o encerramento do ano litúrgico, a nossa diocese assinala mais um aniversário da Dedicação da sua Catedral. Mas importante foi, também, saber que, nesse dia, três jovens iriam ser ordenados diáconos. Ler mais…
TESTEMUNHAR A MISERICÓRDIA | EDITORIAL VOZ DE LAMEGO
No dia 20 de novembro de 2016, a Diocese de Lamego viveu um grande DIA, sublinhando várias celebrações no Pontifical da Sé presidido pelo Senhor Bispo, D. António Couto: Encerramento do Jubileu da Misericórdia, Ordenações Diaconais, Dia da Igreja Catedral e 5 anos da nomeação de D. António para a Diocese de Lamego.
A edição da Voz de Lamego desta semana faz eco deste acontecimento celebrativo, bem como a ponte para outras notícias da Igreja e do mundo. O desafio, que o nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, assume no Editorial, é viver e testemunhar a misericórdia além do Ano Santo Extraordinário, que decorreu entre 8 de dezembro de 2015 e 20de novembro de 2016…
TESTEMUNHAR A MISERICÓRDIA
A porta santa da basílica de S. Pedro, aberta nos anos jubilares, foi encerrada pelo Papa Francisco neste domingo, no mesmo dia em que também a porta jubilar do Ano da Misericórdia da nossa catedral se fechou, a exemplo do que fora feito no mundo católico na semana anterior.
O encerramento teve menor visibilidade e menos adereços, ao contrário da abertura há quase um ano. E com razão. Afinal, a misericórdia pode e deve continuar aberta. O que fechou foi um determinado acesso físico ao espaço de culto, mas a misericórdia deve continuar a ser experimentada e testemunhada. A cada um caberá manter aberta a porta da misericórdia nos espaços em que vive e junto daqueles com quem convive.
A misericórdia não se encerra.
Afinal, Deus promete “apenas” misericórdia aos misericordiosos. Não promete prémios nem carreiras, prestígio ou destaque, notícias ou tempo de antena… Apenas misericórdia! Mas não será a misericórdia o maior dom a que podemos aspirar para manter vida a esperança?
Ao longo do ano, com maior ou menor visibilidade, quantos gestos, palavras, olhares ou silêncios não protagonizaram misericórdia? E quanta mudança, alegria, proximidade e esperança inundaram o coração de tantos que “andavam perdidos e se encontraram”?
O jubileu que agora finda terá valido a pena se a porta da misericórdia continuar aberta. Um esforço a que todos os baptizados são chamados e que deve ter o exemplo dos que na Igreja mais responsabilidades assumem. Porque se a misericórdia se fecha é o Evangelho que se esconde.
Será importante “pegar” na porta jubilar da misericórdia e instalá-la no coração, de forma a estar disponível e aberta para a vida, para os outros, para o mundo.
in Voz de Lamego, ano 87/52, n.º 4388, 22 de novembro de 2016
Homilia de D. António Couto nas Ordenações Diaconais – 20/11/2016
A ORDEM NOVA DO AMOR
- Amados irmãos e irmãs, a nossa Diocese de Lamego vive, neste dia 20 de novembro de 2016, um excesso de celebrações, um excesso de celebração, um condensado de júbilo, que começo por recordar: a) celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; b) celebramos o Aniversário da Dedicação da nossa Igreja Catedral; c) celebramos a Ordenação de três Diáconos, o Ângelo Fernando, o Diogo André e o Luís Rafael; d) celebramos o Encerramento do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.
- A Solenidade de Nosso Jesus Cristo, Rei do Universo, traz-nos o domínio novo do Filho do Homem que nos ama, o domínio do Amor, que é Primeiro e Último (cf. Apocalipse 1,8). É Primeiro e será ainda Último, fazendo de tudo o resto «segundo» e «penúltimo». Na verdade, entre o Primeiro e o Último, que é o domínio do modo do Amor, instala-se o segundo e o penúltimo, que é o domínio do modo velho e podre da violência das bestas ferozes que nos habitam. O Bem, que é o modo do Amor, é de sempre e é para sempre. É Primeiro e é Último. O Bem, como o modo do Amor, não começou, portanto. O que começou foi o mal, que se foi insinuando nas pregas do nosso coração empedernido. Mas o que começa, também acaba. Os impérios da nossa violência, malvadez e estupidez caem, imagine-se, vencidos por um Amor que é desde sempre e para sempre, e que vence, sem combater, a nossa tirania, mesquinhez, e prepotência!
JUBILEU DA MISERICÓRDIA: FIM DO ANO JUBILAR
O fim deste ano jubilar dedicado à Misericórdia estava, desde o início, calendarizado: dia 20 de novembro de 2016, Solenidade de Cristo Rei do Universo. Daí que a presente edição do nosso jornal seja a última antes do referido encerramento.
Poderíamos aproveitar o facto para tentar apresentar algum balanço ou para elencar as diversas iniciativas ocorridas. Isto porque, desde a abertura do Ano Jubilar, ocorrida na festa em honra da Imaculada Conceição do ano passado, muito se fez, escreveu, anunciou e pregou sobre a Misericórdia. E acreditamos que a misericórdia foi fundamento para muitas acções e gestos que aproximaram, auxiliaram e ajudaram a crescer e a viver. No entanto, sabemos que o verdadeiro balanço será feito por Deus. Mas não será de excluir um esforço individual que olhe o percurso feito e retire conclusões, ensinamentos e perspectivas.
Por outro lado, olhamos para o Jubileu como um fermento que continuará a motivar vivências naqueles que o acolheram e com os seus objectivos se comprometeram. Aliás, serão a continuidade e a perseverança a “medir” o acolhimento dispensado ao convite eclesial e à adopção de modos de vida marcados pela misericórdia.
Numa reunião, entre tantas em que se participa e falando-se do Jubileu anunciado pelo Papa Francisco, o Pe. Justino, pároco de Vila Nova de Paiva e de Fráguas, “desafiou” o jornal diocesano a publicar, semanalmente, algumas linhas sobre o tema. O repto foi aceite e a missão cumprida, apesar dos evidentes limites.
Assim, ao longo de vários meses, de muitas semanas, aqui se publicaram algumas linhas alusivas ao tema, divulgando a iniciativa e motivando para uma formação que não termina e para a vivência sempre primordial.
Nesta caminhada foram sendo feitas referências à Escritura que importa ler, escutar, meditar e levar para a vida, bem como a diversas publicações que saíram para divulgar vidas, ensinamentos e reflexões. Nas últimas semanas, aqui se deixaram também algumas notas sobre o ensinamento eclesial orientado para a questão social e política, a Doutrina Social da Igreja. Para referir que a Igreja há muito se preocupa com a questão social e que o seu ensinamento, aprofundado ao longo dos anos, visa a edificação de uma sociedade mais justa e mais fraterna.
O ano jubilar que agora termina pode e deve servir, também, para despertar a atenção de muitos para o bem que se faz, apesar de discreto ou arredado dos habituais alinhamentos informativos.
Termina o ano jubilar e, por isso, termina também esta coluna. Não sabemos se foi lida, útil ou divulgada, mas apareceu e manteve-se ao longo dos meses com a vontade de assinalar um percurso e com o objectivo de sublinhar o lema escolhido: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/51, n.º 4387, 15 de novembro de 2016
ORDENAÇÃO E SERVIÇO | Editorial Voz de Lamego | 15 de novembro
Vivemos entre 5 e 13 de novembro a SEMANA DOS SEMINÁRIOS, vamos viver, na Diocese de Lamego, a Ordenação Diaconal do Luís Rafael, do Diogo Rodrigues e do Ângelo Santos. A edição da Voz de Lamego desta semana faz eco da Semana dos Seminários e apresenta o testemunho vocacional dos três jovens ordenandos, que, porquanto, se encontram em Retiro, para melhor e mais proximamente se prepararem para a Ordenação.
O Pe. Joaquim Dionísio, Diretor do nosso jornal diocesano, enquadra a celebração da Ordenação como serviço (a palavra diácono significa precisamente serviço, aquele que serve), no dia da Igreja Catedral, solenidade de Cristo Rei do Universo e Encerramento do Jubileu da Misericórdia:
ORDENAÇÃO E SERVIÇO
No próximo domingo, Solenidade de Cristo Rei e data prevista para se encerrar o Ano da Misericórdia, a nossa diocese vive com alegria a ordenação diaconal de três jovens que dão mais um passo rumo ao presbiterado.
A ocasião proporciona uma atitude de acção de graças ao Senhor da Vida e da Messe, mas também de felicitação a estes jovens que se disponibilizam para seguir Jesus Cristo. Num tempo de seminários quase vazios, é reconfortante participar nestes momentos.
O termo diácono significa servidor e já aparece na Igreja apostólica, designando alguém que está encarregado de um ministério eclesiástico e cuja missão se concretiza no domínio da caridade e da administração. Tal como ensina o Concílio Vaticano II, “é próprio do diácono… administrar solenemente o baptismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimónio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura” (LG 29).
Mais do que a abrangência da missão, importa reter a identificação com Jesus Servidor que chama e envia. Aliás, a Igreja vive para evangelizar e é por causa da missão que a hierarquia, da qual o diaconado faz parte, existe (LG 29). E assumir tal propósito ilumina todo o percurso e fornece critérios de actuação. A ordenação não é sinónimo de estatuto, regalia ou mera satisfação pessoal, mas vontade de servir e imitar o Mestre.
No exercício da missão, a oração apresenta-se como a primeira e fundamental forma de resposta à Palavra, a quem o diácono deve permanecer fiel, assumindo ainda o encargo de a transmitir integralmente, com competência, clareza e profundidade (PDV 47).
Só um serviço vivido plena e integralmente será verdadeiramente convincente.
in Voz de Lamego, ano 87/51, n.º 4387, 15 de novembro de 2016
JUBILEU DA MISERICÓRDIA | A VIA DA CARIDADE
Na semana passada referiram-se aqui alguns valores fundamentais da vida social, na óptica do ensinamento social da Igreja: a verdade, a justiça e a liberdade. Mas ficou a faltar o amor/caridade que “deve ser reconsiderado no seu autêntico valor de critério supremo e universal de toda a ética social” (CDSI, 204).
Tal como S. Paulo, que sublinhava a centralidade da caridade na vida do cristão (1Cor 13), também a doutrina social da Igreja se lhe refere como “manancial” a partir do qual os restantes valores nascem e se desenvolvem.
É verdade que podem existir muitas leis, ser respeitada a liberdade, a justiça ser aplicada e a verdade ser procurada e assumida, mas “somente a caridade… pode animar e plasmar o agir social no contexto de um mundo cada vez mais complexo” (CDSI, 207). O ideal seria que a caridade inspirasse a acção individual, mas estivesse presente também na procura de caminhos e soluções para enfrentar os problemas actuais.
Assim, e de acordo com o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, a caridade pode tornar-se social e política: “a caridade social leva-nos a amar o bem comum e a buscar efectivamente o bem de todas as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também, na dimensão social que as une” (CDSI, 207).
E vemos claramente como a parábola do bom samaritano (Lc 10, 29-37) está por todo o lado e pode iluminar, pelo exemplo, a postura e a acção da humanidade, que não apenas dos cristãos. Se a caridade estiver presente, muitas coisas poderão ser diferentes. A justiça. Por exemplo, vista como realidade necessária para arbitrar a repartição dos bens materiais, nunca poderá substituir o amor, porque só este “é capaz de restituir o homem a si próprio” (João Paulo II, Dives in misericordia, 14).
E se é um acto de caridade prover às necessidades actuais de alguém que precisa, que pede ou que bate à porta, também é acto de caridade “o empenho com o objectivo de organizar e estruturar a sociedade de modo que o próximo não se venha a encontrar na miséria” (CDSI, 208). E vemos então como a vida de caridade pode trazer luz à questão social mundial.
Há poucas semanas, a Igreja canonizou Madre Teresa de Calcutá, alguém que enveredou pela via da caridade para proporcionar dignidade aos mais excluídos que encontrava. Nos EUA encontramos a referência, por exemplo, de Dorothy Day (1897-1980), líder do Movimento Operário Católico, activista social, que se destacou na defesa dos mais pobres. E quantos exemplos não encontraremos por esse mundo fora ou até bem perto de nós?
Celebrar o Jubileu da Misericórdia para também, pelo concretizar de opções que se deixam orientar pela caridade, o amor desinteressado que se ocupa e preocupa com o bem do outro.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/50, n.º 4386, 8 de novembro de 2016
Semana dos Seminários: MOVIDOS PELA MISERICÓRDIA DE DEUS
“Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado”
Deus é misericórdia
Celebramos este ano a Semana dos Seminários durante o Jubileu da Misericórdia. Este facto ajuda-nos a compreender com mais clareza qual a origem de todas as vocações na Igreja, qual a fonte da vocação sacerdotal: Deus, rico de misericórdia.
As três parábolas do Evangelho de S. Lucas, no capítulo XV, da dracma perdida, da ovelha perdida e do filho perdido ou do filho pródigo, mostram-nos a alegria do reencontro do pai, rico de misericórdia, com aquilo que perdera. De um modo extraordinário vemos a alegria do pai que reencontra o filho perdido, caído na desgraça, que desceu às portas da morte. Tinha de fazer uma festa, pois o filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado. Ler mais…
JUBILEU DA MISERICÓRDIA | ALGUNS VALORES
Depois da breve referência aos princípios da doutrina social da Igreja (DSI) que nos ocupou nas edições anteriores, aqui ficam também algumas palavras sobre os valores fundamentais que o mesmo ensinamento eclesial não cessa de sublinhar como referências imprescindíveis para todos, nomeadamente para os “responsáveis pela coisa pública”: a verdade, a liberdade, a justiça, o amor (caridade).
A lista proposta já tinha sido referida pelo último concílio, a propósito da ordem social: “Essa ordem, fundada na verdade, construída sobre a justiça e vivificada pelo amor, deve ser cada vez mais desenvolvida e, na liberdade, deve encontrar um equilíbrio cada vez mais humano” (Concílio Vaticano II, Gaudium et spes, 26).
a) A verdade. Tal como ensinou o Senhor, a verdade liberta e, em consciência, todos somos obrigados a tender para ela, respeitando-a e testemunhando-a. E facilmente compreendemos que a verdade é muito mais que uma simples opinião ou o resultado de um apetite passageiro já que resulta da investigação. A verdade é algo de objectivo que se alcança com esforço e dedicação.
Por outro lado, e na área que aqui interessa, quanto maior for o esforço por resolver as questões sociais segundo a verdade, maior objectividade moral existirá (CDSI, 198).
b) A liberdade. O homem foi criado como ser livre e responsável e deve ser respeitado como tal. Por isso, o direito à liberdade é inseparável da dignidade da pessoa humana.
Mas compreendemos também que a responsabilidade é indispensável para que a liberdade não seja confundida com libertinagem, nem seja vista numa perspectiva individualista. Dito de outra maneira, a liberdade exige reciprocidade nas relações com os semelhantes, onde deve existir também a verdade e a justiça. “A plenitude da liberdade consiste na capacidade de dispor de si em vista do autêntico bem, no horizonte do bem comum universal” (CDSI, 200).
c) A justiça. Tal como apresentada numa formulação clássica, a justiça consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.
Nos nossos dias, tão marcados por critérios de utilidade e do ter, a justiça mostra e defende o valor da pessoa, a sua dignidade e direitos.
Por outro lado, hoje fala-se muito de “justiça social” para referir a necessidade de encontrar soluções para problemas sociais, políticos e económicos que sejam capazes de salvaguardar a dignidade humana e promovam o bem comum.
No ensinamento social da Igreja, a justiça é acompanhada pela solidariedade e pelo amor, já que sozinha não basta.
Na próxima semana escreveremos alguma coisa sobre o valor do amor ou a “via da caridade”.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/49, n.º 4385, 1 de novembro de 2016
JUBILEU DA MISERICÓRDIA | SOLIDARIEDADE
O quarto princípio fundamental do ensinamento social da Igreja é o da solidariedade, realçando a unidade e a proximidade de todos os seres humanos. Isto é, todos devem sentir-se responsáveis por todos. Porque a caridade leva a que se faça o possível para construir uma convivência solidária e pluralista, que permita às pessoas e povos desenvolverem-se livremente, cada um com a sua identidade e originalidade.
Nos meios de comunicação social, nos discursos e intenções de muitos, nas práticas de indivíduos, organizações e instituições… encontramos a palavra “solidariedade” e o gesto solidário. E percebemos que o mesmo é sinónimo de bem, de caridade, de paz, de ajuda, de proximidade… Ler mais…