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Archive for the ‘Formação’ Category

Site da Catequese de Lamego

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Apresentamos o novo site de apoio aos Catequistas da Diocese de Lamego. Se é catequista, por favor, visite e preencha o “Inquérito aos Catequistas”, para nos ajudar a ter um retrato mais real das necessidades dos catequistas da nossa Diocese, neste tempo de novos desafios!

Segue o link: https://catequeselamego.wixsite.com/inicio

Andreia Gonçalves entrevista a professora Mónica Silva

“Os nossos alunos e o seu profissionalismo são a bandeira que nos representa e deixa orgulhosos”

A escola de Hotelaria e Turismo do Douro, situada em Lamego, está a comemorar duas décadas de existência. Tem capacidade para 300 alunos e um campus moderno e atual que pode visitar virtualmente em: https://bit.ly/2W4NzYA. Respondendo às necessidades de quem decide estudar neste espaço há um conjunto de potencial humano composto por formadores das mais diversas áreas e projetos nos âmbitos da sustentabilidade, responsabilidade social, voluntariado e saúde.

Neste sentido, faremos uma abordagem relativamente ao papel deste estabelecimento de ensino, ao longo dos últimos anos, com a professora Mónica Silva, da área de Cultura Geral, Diretora de Turma, Coordenadora dos projetos: Eco-Escolas, Educação para a Saúde e Biblioteca Escola, Embaixadora da Sustentabilidade, Mentora do Projeto Técnico Pedagógico da Escola, representante da Escola no Projeto Escola Inclusiva, Responsável pelo Grupo de Voluntariado e Representante da Escola na Rede de Bibliotecas do Concelho de Lamego.

Como tem sido a experiência de lecionar nesta instituição?

Em primeiro lugar pretendo agradecer o convite e a vossa valorização ao trabalho realizado na escola que represento com muito orgulho. Depois referir que têm sido 9 anos de grande orgulho, satisfação e realização pessoal e profissional. A Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego tem desenvolvido desde a sua criação um papel fundamental na história da região. Com cursos das áreas técnicas de Cozinha, Pastelaria, Restaurante, Bar e Alojamento tem permitido a formação de um potencial humano para a região, para o país e para o mundo. Os nossos alunos e o seu profissionalismo são a bandeira que nos representa e deixa orgulhosos. Como professora tem sido uma experiência maravilhosa contactar, já com algumas dezenas de alunos, formar para os valores humanos e soft skills e depois vê-los realizados profissionalmente é, para mim, uma grande alegria e até sensação de dever cumprido para com a sociedade.

A escola tem um lema de fazer “coisas simples, extraordinariamente bem”.  Como se consegue por esta ideia em prática?

Este lema é fantástico e para por em prática eu utilizaria um cocktail: uma dose de profissionalismo, uma dose de orgulho, uma dose de vontade e empenho, duas ou três doses de amor , paixão, humildade e empenho pelo que se faz, mistura-se tudo e através de realizações simples focadas no objetivo principal que é a profissionalização dos nossos alunos, conseguimos fazer nascer “coisas” extraordinárias. E o resultado são os muitos prémios e certificações que os nossos alunos conseguem atingir. Acrescento ainda o papel dos projetos que desenvolvemos pois incutem e desenvolvem as soft skills para temas como por exemplo a sustentabilidade e a responsabilidade social que hoje nos nossos dias são essenciais para transformar as nossas atitudes e fazermos um mundo melhor. Creio que temos conseguido, temos levado muitos sorrisos a quem precisa com o nosso Clube de Voluntariado quando nos deslocamos às IPSS´s, Hospitais /Centros de Saúde, quando recolhemos alimentos para as campanhas do Banco Alimentar ou quando recolhemos roupa ou outro tipo de bens e depois entregamos a crianças, famílias e até ao canil de Lamego e mesmo quando participamos e nos unimos para campanhas a nível mundial de ajuda humanitária. Nesses momentos a nossa alma vem cheia de coisas boas e maravilhosas, pois recebemos muitos sorrisos, algumas lágrimas também, mas e principalmente damos e recebemos AMOR para conseguirmos continuar a nossa jornada.

Nos últimos tempos assistimos à necessidade da tele-escola. As aulas na vossa escola terminarão no final de julho, que balanço faz?

Como sempre, na nossa escola, toda a comunidade escolar que vai desde as funcionárias da limpeza até aos nossos alunos, está habituada a adaptar-se às situações. Somos empreendedores e arranjarmos soluções, nada pode parar, somos resilientes e muito persistentes. Portanto este período foi de grande esforço para todos, professores e alunos e encarregados de educação. Todas as dificuldades iniciais de acesso à internet, computador, etc… foram mitigadas com o grande apoio do Turismo de Portugal que atribuiu uma bolsa para despesas a todos os alunos subsidiados, emprestou computadores aos alunos que não tinham esses equipamentos, atribuiu um subsídio de refeição a todos os alunos pelo facto de estarem em aulas online e portanto logo no início todas as dificuldades foram sendo dissipadas.  A nossa escola teve aulas online desde o início do confinamento até final de julho para as aulas teóricas e nos meses de junho/julho realizaram-se as aulas técnicas em regime presencial com todas as regras e recomendações da DGS e que estão todas a decorrer dentro da normalidade.

A necessidade de cursos profissionais impera no nosso país. E a área de turismo é um dos maiores valores desta região e não só. Quais são os cursos que despertam maior interesse aos alunos e porque acha que isso acontece?

O nosso país é um país direcionado para o Turismo o que implica que haja uma estratégia nacional de formação profissional. A escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego faz parte do Ministério da Economia, tutelada pelo Turismo de Portugal e foca a sua ação nos cursos de Cozinha/Pastelaria, Restaurante/Bar e Alojamento. Temos cursos de nível IV que atribuem a certificação de 12º ano e de Técnico de Cozinha e Pastelaria e Restaurante e Bar e cursos de nível V com formação pós-secundário nas áreas da Gestão e Produção de Cozinha, Gestão de Produção e Pastelaria, Gestão de Restauração e Bebidas e Gestão Hoteleira Alojamento. Deixe-me destacar e desmistificar a ideia que a população no geral tem relativamente aos cursos de Restaurante e Bar. A ideia tradicional é que vão tornar-se empregados de mesa e na maioria das pessoas desvalorizam esses cursos relativamente aos de cozinha/pastelaria porque os programas de televisão lhes dão muto destaque. Mas os cursos de Restante e Bar formam futuros profissionais para assumir cargos de chefes de sala, chefes de bar, soumelier, escanção, diretor de F&B, assessor de direção de hotel, entre outras. Convido a todos a visitarem as nossas instalações, a pedirem informações acerca dos curos de Restaurante e Bar e não ter medo de arriscar e ir em frente na escola de um curso que tem 90% de empregabilidade a nível nacional e internacional. São os trabalhadores das áreas da restauração que são o postal de visita do nosso país e por isso é importante ter um potencial humano com formação e só com esse profissionalismo, a nossa simpatia e a nossa dedicação que contribuímos para o desenvolvimento da economia do nosso país. “Fazemos coisas simples, extraordinariamente bem”.

Viagens e experiências únicas que gostaria de destacar destes últimos anos?

Eu adoro viajar e gostava de conseguir nos próximos 10 anos correr pelo menos metade de todos os países do mundo!! Destaco uma viagem que fiz à costa alentejana à praia de Odeceixe onde assisti a um magnífico por do sol e com a companhia certa me senti parte de um mundo maravilhoso e apreciei a beleza do nosso país. Respirei amor e alegria e voltarei para escrever o meu nome na enseada que é tradição e que não o fiz por vergonha na altura!! Adoro o nosso país, sempre que posso conheço locais novos, mas uma viagem de sonho é a Índia.

Obrigada pelo vosso convite e parabéns pelo vosso trabalho.

in Voz de Lamego, ano 90/32, n.º 4567, 7 de julho de 2020

Adeus a um Mestre: o Professor Sabino Pinto Almeida

Gosto demasiado de palavras. Tenho um respeito tão grande por este património tão nosso, que me incomodam os erros gramaticais, orais, de sintaxe. Deus e eu sabemos o quanto me arrepia quando me perguntam “o que é que tu fizestes? Como é que soubestes?”. É uma mania pessoal que até se reflete no meu modo de ser. Tudo isto foi genuinamente plantado em mim por uma pessoa que nos deixou recentemente, em Lamego: o Professor Sabino Pinto Almeida.

Natural de Panchorra, perto de Resende, o Professor Sabino esteve 10 anos na Escola Secundária da Sé, até se reformar em 2005. Foi meu Professor de Português durante seis anos, até ao 12.º ano. Uma época memorável.

Quem o conhecia, sabia perfeitamente que o Professor Sabino despertava alguma curiosidade: a voz grave, o bigode cuidadosamente aparado que escondia o lábio superior, a pouca facilidade em sorrir, a mala preta, clássica, que agarrava pesarosamente sempre que se dirigia para a sala de aula, enquanto olhava para o chão, faziam dele uma figura que impunha respeito e autoridade. Medo. No entanto, nada neste estilo imponente significava arrogância ou desprezo pelos alunos. Havia, isso sim, uma exigência inegociável pelo estudo. Pelo compromisso de aprender. O respeito pela nossa língua, o português. Por isso, só tínhamos duas opções: gostar dele ou temer sempre que o nome dele aparecia.

Com ele, fui apresentado a O’Neill. Detestei. Com ele tive vontade de desistir mal li os versos “As Armas e os Barões Assinalados/Que da Ocidental Praia Lusitana”, de Camões. Também foi com o Professor Sabino que discuti por que raio a casa do Ramalhete era tão espetacular que demorava para aí umas 30 páginas a descrevê-la? Foi através dele que me apaixonei pela escrita leve e encantadora de Jorge Amado. Que aprendi a gostar do olhar descritivo, atento (jornalístico?) de Almeida Garrett. Fiquei sempre intrigado com a opinião dele sobre Saramago, um nome pouco falado nas aulas. Fernando Pessoa, não, era consensual. Acho que ele era mais Alberto Caeiro, o guardador de rebanhos. Eu sempre gostei mais do futurismo de Álvaro de Campos. E como ele adorava Urbano Tavares Rodrigues?

Ainda assim, não foram seis anos de aprendizagens feitas ao sabor dos “gostos”. É graças ao Professor Sabino que ainda hoje retenho autênticas lições de humildade. Certo dia, defendi que a palavra “cobarde” também poderia ser escrita com “v”. Ele duvidou; fixou-me, saiu porta fora e a sala colapsou. Que teria feito eu? Dez minutos depois, regressa, naquele estilo de caminhar pausado e metódico, com um dicionário, e diz-me: “você tem razão”. Ou então numa das famosas “idas ao quadro”, em que ele me mandou analisar um poema em frente a toda a turma. Um autêntico momento de tensão. “Para onde se dirige o sujeito poético, senhor Fábio?”. Respondi totalmente ao lado. “Para um sítio que eu cá sei vai o senhor!”. Foi a coisa mais azeda que me disse. E ainda assim, a mais certeira. Não me tinha preparado como deve ser para o texto.

Com ele aprendi a fazer do dicionário uma companhia diária. Ter dúvidas é sinónimo de inteligência. O respeito pela nossa língua é matéria de responsabilidade, de honrar gente que veio antes de nós e nos deixou esta herança. Um dia quando me perguntarem o que é um Professor, saberei colocar Sabino como sinónimo. Ainda que saiba a pouco, só posso pensar: obrigado por tudo, Professor Sabino.

Fábio Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 90/11, n.º 4546, 11 de fevereiro de 2020

Cuidar de idosos não é um trabalho… é uma prova de amor à vida

SILÊNCIO é a palavra que não deve existir quando se tem conhecimento de um idoso ser maltratado, seja de forma verbal ou física. É vergonhoso que num país como o nosso, com uma população tão envelhecida, se oiçam histórias em lares que já se ouviam há 40 anos atrás.
RESPEITO é o mínimo que se exige para quem passa o dia a trabalhar com um idoso.  Se conhece algum caso, POR FAVOR, DENUNCIE! Porque quem cala, consente. 

EDUCAÇÃO NUM LAR significa dizer bom dia e boa tarde, sempre, depois de bater à porta do quarto dos utentes. Ter a roupa preparada para o dia seguinte, com cores a combinar, porque a autoestima no idoso também existe.  Não é entrar por ali a dentro como se fosse o quintal de casa. Perguntar o que gostava de vestir, se posso levantá-lo e se permite que lhe faça a higiene, explicando, sempre, o que se está a fazer… Mais, NUNCA falar em tons agressivos ou a imitar desenhos animados, pois idoso não é bebé e odeia ser tratado como tal. Dar comida a uma pessoa na velhice não é enfiar as colheradas goela a baixo, é servir o utente com a maior dignidade. “Não fazer aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti”. Água, mais do que comida, é de extrema importância para todos nós. Não se pode deixar desidratar. A substituição de água e chá devem ter horários e à noite não pode faltar! Carinho é uma coisa que se dá, mais do que com palavras, através de gestos. Mudar uma fralda ou ajudar na casa de banho não pode ser VIOLAR a privacidade, é aconchegar, fazer tudo com o máximo de cuidado e atenção, tapando as partes íntimas sempre que possível e não comprometer a estabilidade da pessoa que por si só já pensa que “dantes fazia isto sozinha, agora já não consigo”. Basta imaginar, como se VAI SENTIR no futuro quando lá chegar?

Formação e vocação, assim como um enfermeiro, um professor, um bombeiro, os profissionais dos lares que cuidam, diretamente, os seus utentes devem ter formação adequada e, acima de tudo, vocação por esta profissão que é desgastante e cansativa, mas muito compensadora para os que têm um bom coração.

VERDADE, ao verem as imagens do “Sexta às 9” imaginem como se sente a esposa daquele senhor que é maltratado, diariamente? MEDO é a palavra que define o coração daquela esposa, que passou uma vida a dois sem nunca imaginar que as frustrações das funcionárias do “lar”, para onde iriam no fim do seu ciclo de vida, fazer atos tão horrendos ao pai dos seus filhos.

DIGNIDADE até à morte. É um ato CRIMINOSO não conceder a todos os utentes de um lar, com ou sem demência, com ou sem problemas físicos, com ou sem família, a maior dignidade, enquanto humanos e pessoas que escreveram a história deste país.

Na escola que eu frequentei ensinaram-nos a dar a mão a um idoso na hora da morte, para que nem nesse momento não se sentisse sozinho e o medo do incerto não lhe atormentasse o coração. Palavras doces todos temos, vocação para algumas tarefas NÃO.

TRABALHAR POR DINHEIRO NÃO CHEGA.

Andreia Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 90/10, n.º 4545, 4 de fevereiro de 2020

D. Fernanda: uma vida a servir

No dia 22 de dezembro, faleceu a D. Maria Fernanda Souto Costa, aos 75 anos de idade. Natural de Vila Seca, Armamar, pertencia ao Instituto das Cooperadoras da Família. Viveu e cumpriu a sua vida e a sua missão em diferentes locais e serviços, mas uma boa parte foi vivida entre nós, em particular no Seminário, onde a sua presença discreta, orante, atenta e eficiente foi por todos sentida e testemunhada.

Durante trinta anos foi presença no nosso Seminário de Lamego, coordenando serviços, acolhendo quem ali se dirigia e atendendo a quantos telefonavam. Mas também na cidade, em diferentes circunstâncias, marcava presença, apesar de discreta.

Há quase dois anos despediu-se do Seminário, por causa da pouca saúde e foi viver para Coimbra, numa das casas do Instituto a que pertencia. Não partiu sem lágrimas e levou consigo muitas recordações, muitos rostos e vidas, a par de uma grande vontade de voltar. A verdade é que, sem o dizer claramente, sabia que dificilmente voltaria ao seu Seminário para continuar a acompanhar os “seus meninos”. Mas, apesar de longe e fisicamente debilitada, nunca deixou de se informar e interessar por todos. E, mais importante, não nos esquecia nas suas orações e por todos oferecia os seus sofrimentos.

Em setembro passado, após internamentos, exames e muitas consultas médicas, foi operada ao coração. A recuperação foi morosa e dolorosa, exigindo novos internamentos. Mas tudo parecia estar melhor e a recuperação era visível. A véspera da sua morte, 21 de dezembro, foi vivida com normalidade e, já de madrugada, ainda deu conta de que alguém fora ao seu quarto ver se estava bem. Perto das 8h, encontraram-na já sem vida.

O seu corpo ficou em câmara ardente na capela da casa onde agora vivia até à manhã de segunda-feira, dia 24, já que em Coimbra não se realizam funerais ao domingo.

Na assembleia que participou na Eucaristia exequial estavam os seus irmãos, cunhados e sobrinhos, um grande número de membros do Instituto, bem como o nosso seminarista mais velho, João Miguel Pereira, e seis sacerdotes da nossa diocese, Cón. José Manuel Melo, Pe. Leontino Alves, Pe. José Manuel Rebelo, Pe. Ângelo Santos, Pe. Joaquim Dionísio e Cón. João Carlos Morgado, que presidiu. Certamente que muitos outros gostariam de ter participado, demonstrando a gratidão devida a quem os serviu, mas a distância e as ocupações não o permitiram. O seu corpo foi sepultado no cemitério de St. António dos Olivais. Ler mais…

Documento Final do Sínodo dos Bispos – 2.ª Parte

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E abriram-se-lhes os olhos!

A segunda parte do documento final do último Sínodo dos Bispos apoia-se na perspetiva dos discípulos de Emaús, que, ao fim de algum tempo de caminhada e de uma proximidade mais íntima com o Ressuscitado, a sua visão clareou e compreenderam o que até então lhe estava vedado.

Sob o impulso do mesmo Espírito que há 2000 mil anos fazia arder o coração daqueles dois que regressavam de Jerusalém para Emaús, a Igreja é desafiada a um novo Pentecostes, onde os jovens possam fazem um experiência profunda Deus e fazer refletir o rosto de um “Cristo eternamente jovem” (2ª parte, nº60).

No primeiro capítulo sobressai o exemplo e a vitalidade da juventude de Jesus, que tão bem a soube usar para valer aos mais necessitados do seu tempo e para afrontar corajosamente as autoridades e problemas daquela época. Ao mesmo tempo ressalvam-se as feridas que assolam a juventude de hoje e a indispensável atenção dada a esta idade das grandes decisões, feitas com liberdade responsável e, de preferência, sem perder de vista a missão de cristãos.

Com a preocupação da decisão vocacional, o segundo capítulo começa por apontar o chamamento de Samuel como modelo, que não é senão uma proposta de amor e confiança recíproca, da parte de Deus Criador. Urge o desevolvimento de uma cultura vocacional que promova o fascínio por Jesus Cristo, que dê relevo aos protagonistas bíblicos como vidas modelares e que ajude a descobrir a vocação à santidade na descoberta e vivência das diferentes vocações: família, vida consagrada, ministério ordenado e condição de solteiro (2ª parte, cap, II, nº 84-90).

 O capítulo seguinte assenta a preocupação na missão que a Igreja tem de acompanhar e de ajudar a discernir, dado o variadíssimo leque de possibilidades que se abrem aos jovens de hoje. Este acompanhamento, de acordo com o documento final, tem de ser feito simultânea e necessariamente em diferentes ambientes: comunitário, de grupo e pessoal. E em âmbitos diversos: espiritual, sacramental, etc. Isto é, o mais integral possível e com acompanhadores de grande maturidade humana.

O último capítulo incide na preciosidade do discernimento e na Igreja como ambiente privilegiado para que este aconteça. O santuário onde o discernimento tem de ter lugar será sempre a consciência, onde Deus fala mais intimamente com o ser humano (Gaudim et spes, 16). Daqui se impõe uma aposta na formação da consciência humana que predisponha os jovens a uma íntima familiaridade com Jesus, abrindo-se à voz do Espírito e num diálogo franco com o acompanhador que ajuda a diluir indecisões.

Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 88/48, n.º 4485, 13 de novembro de 2018

Encontro de Cuidadores – Cuidar com dignidade

No passado dia 29 de Setembro, tal como foi anunciado no artigo anterior foi promovido o Encontro de Cuidadores, intitulado por “Cuidar com Dignidade” no auditório do Centro Paroquial de Almacave, com início às 9h30. O Sr. Padre José Fernando, responsável pela Pastoral da Saúde da Diocese de Lamego e também promotor deste Encontro, fez a respetiva apresentação dos oradores. O Sr. Bispo D. António Couto fez uma breve nota introdutória ao tema e ainda parabenizou o Centro Social Filhas de São Camilo pelos 25 anos de existência na Diocese de Lamego, pela assistência humana realizada aos utentes da mesma, sempre com o espírito de São Camilo.

O encontro contou como moderador o Sr. Doutor António Jácomo, sacerdote da Diocese de Viana do Castelo, Doutorado em Filosofia e Letras, investigador do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa, o mesmo fez o enquadramento geral dos temas a tratar no encontro, expondo vários conceitos ligados ao cuidar do sofrimento com arte.

De seguida tomou a palavra a Doutora Eugénia Magalhães, Psicóloga e Presidente do Instituto de Estudos Avançados Catolicismo e Globalização, nomeando alguns conceitos e princípios do envelhecimento positivo. Envelhece-se logo quando se nasce, não se trata de uma doença, pois há idosos cheios de esperança e com vivência espiritual. A oradora alertou para o facto de que se deve ter sempre em conta a história de vida do idoso, bem como a importância de o cuidador amar, pois só dessa forma conseguirá ser um bom cuidador. Ler mais…

DESPORTO E FORMAÇÃO | Editorial Voz de Lamego | 19.06.2018

DESPORTO E FORMAÇÃO

Por estes dias, o futebol é motivo de reportagens e de conversa. Não tanto por causa do desmedido ego de alguns protagonistas, mas porque, de 14 de junho a 15 de julho, se realiza, na Rússia, mais um campeonato do mundo.

Para a Igreja, o desporto é um meio que favorece o crescimento integral da pessoa, ao mesmo tempo que pode servir a paz e a fraternidade entre os povos. Na última audiência geral, dia 13, o Papa saudou os intervenientes da competição e todos os que seguem o acontecimento à distância, desejando que seja uma ocasião de encontro, de diálogo e de fraternidade entre diferentes culturas e religiões, favorecendo a solidariedade e a paz entre as nações”.

“Dar o melhor de si” é o título de um documento do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, publicado no primeiro dia deste mês, no qual se condensa o pensamento eclesial sobre o desporto e se faz a analogia entre o esforço da competição e o compromisso da vida cristã. O desporto forma as pessoas, na condição de que seja “autêntico, humano e justo”.

A prática desportiva é salutar e deve incutir e cultivar valores e princípios que favoreçam o crescimento integral dos seus praticantes, que devem crescer com a convicção de que, na vida como no desporto, “não vale tudo” e que todos têm valor.

É verdade que a prática de alguns desportos é agendada para horários que colidem com momentos de formação e de celebração das nossas paróquias, originando desencontros, aumentando o número dos “não praticantes” e contribuindo para enfraquecer a pertença e a caminhada em comunidade.

Como recorda o livro bíblico, há tempo para tudo. Mas é preciso discernir e articular os diferentes momentos quando se deseja uma formação integral e integradora.

Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 88/29, n.º 4466, 19 de junho de 2018

Profissão da Fé na Paróquia da Sé

Apesar do tempo tristonho e chuvoso, nada alterou a alegria e o entusiasmo com que os paroquianos encheram a catedral este domingo para a celebração das dez horas.

Jovens, familiares e restantes elementos da comunidade paroquial preparavam-se para celebrar a Profissão de Fé dos jovens do 6.º ano.

Com um percurso catequético e uma maturidade que já lhes permite optar com liberdade e conhecimento, os jovens decidiram fazer diante de Deus e da comunidade reunida na Eucaristia a renovação única e pessoal das promessas por eles feitas por seus pais e padrinhos por ocasião do seu Batismo; a vela que nessa altura representou a Luz de Cristo foi agora novamente acesa com a ajuda de alguns Pais, símbolo do Amor que nos une a Deus, e no qual estes jovens querem continuar a sua caminhada; o Credo foi rezado com especial fervor, após o que invocamos o Espírito Santo para que nunca deixe de os guiar, e Nossa Senhora para que os ampare sempre com o seu amor de Mãe.

Terminada a Catequese da Infância, seguem agora o seu percurso com a Catequese da Adolescência, onde esperamos que continuem a “dar bons frutos” e a ser elementos válidos e bem formados da comunidade cristã.

IM, in Voz de Lamego, ano 88/28, n.º 4465, 12 de junho de 2018

Conheces Jesus? – Retiro de Páscoa GJS 2018

Que temos a dizer sobre a Páscoa, além de que este ano calhará no Dia das Mentiras? Retirando as piadas, o cabrito e o chocolate, fica-nos o fulcral: a Ressurreição de Cristo. De facto, chegando esta época chega também nova oportunidade de reflexão sobre Jesus, o que fez por nós, e a relação que com Ele temos. Com o objectivo de tirar partido dessa oportunidade, realizou-se neste fim-de-semana de 17/18 o Retiro de Páscoa anual do GJS, hospedado no Seminário Maior de Lamego. Partilhamo-lo agora – sucintamente – neste curto artigo.

A manhã de Sábado iniciou-se, após devida acomodação dos jovens (era suposto uma pessoa por quarto… pois…) com dois jogos didácticos conhecidos de todos e qualquer um: “Quem é Quem” e um quizz. Oi? Num Retiro? Acontece que o “didáctico” se encontra ali por um motivo. Os jogos tiveram como tema a vida pública de Jesus, servindo de ponto de partida para se aprofundar o conhecimento sobre o que a Bíblia nos indica, e mesmo o que é alegado por alguns teólogos. Ademais, que maneira mais eficaz de memorizar algo do que com um “Não acredito que errei esta!”?

Há razão, contudo, em considerar que a reflexão e a oração não deixam nunca de ser o cerne, no que a esta actividade diz respeito: e ambas fizeram-se presentes durante a tarde de Sábado. Partindo do texto bíblico, e divididos em grupos menores, foi dado tempo de reflectir as palavras do Pai Nosso e seu significado, assim como no que consiste Perdoar. As partilhas que se seguiram revelaram diferentes perspectivas que acabaram por se aproximar no essencial, mas que, acima de tudo, demonstraram a seriedade com que o momento foi tratado. Foram, também, o mote para a Via-Sacra: narrada, rezada, reflectida e cantada. O Seu último dia.

Após o jantar, seguiu-se a “sessão de cinema” já habitual, tendo recaído a escolha deste ano em Somos Todos Iguais (Same Kind of Difference as Me), cuja trama despoleta questões sobre o perdão, a caridade, a confiança, a persistência e novas oportunidades… E a revolta que é por vezes sentir-se uma injustiça que não se consegue controlar.

E apenas agora, com o intervalo de uma noite sem percalços (ninguém se atreveu a desafiar o Poderoso Vigia), chegamos a Domingo. Em seguimento do dia anterior, tornou-se altura de reflectir sobre o “e agora?” que segue a morte de Jesus. Que pediu Cristo a quem o seguia, insistente, ainda antes do seu calvário? Que pediu quando retornou? Ide, e fazei discípulos. Mas que significa isto? Que diferença é este entre apóstolos e discípulos? Quando deixamos “apenas” de seguir para também divulgar?

E, por fim, qual a importância que deve a Eucaristia ter na nossa vida, atendo a que nossa Fé se apoia em comunidade? Como considerar o dever versus o querer? Reforçando esta última reflexão, cada grupo responsabilizou-se por um momento eucarístico da celebração que encerrou o Retiro. Os resultados tornaram a Eucaristia num momento único e íntimo, onde tanto a introspecção quanto a ligação com o outro se fizeram sentir.

Chegaram assim ao fim dois dias marcados pela diferença da rotina, onde a chama pôde ser reavivada, e a Páscoa encarada com nova consciência.

Inês Montenegro

GJS

in Voz de Lamego, ano 88/16, n.º 4453, 20 de março de 2018