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Archive for the ‘Dia da Igreja Catedral’ Category

Diocese de Lamego em festa | Ordenação diaconal

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A catedral de Lamego encheu-se com os muitos fiéis que ali acorreram no passado domingo para celebrarem a Solenidade de Cristo Rei do Universo e testemunharem o encerramento da porta jubilar do Ano da Misericórdia. No pontifical presidido por D. António Couto foram também ordenados três diáconos para a nossa diocese que, assim o esperamos e desejamos, serão ordenados presbíteros em julho próximo.

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Apesar do encerramento do Ano da Misericórdia estar previsto, fora de Roma, para o dia 13 de novembro, a nossa diocese adiou a cerimónia por uma semana, atendendo aos acontecimentos previstos para o dia 20. Com efeito, no domingo que marca o encerramento do ano litúrgico, a nossa diocese assinala mais um aniversário da Dedicação da sua Catedral. Mas importante foi, também, saber que, nesse dia, três jovens iriam ser ordenados diáconos. Ler mais…

TESTEMUNHAR A MISERICÓRDIA | EDITORIAL VOZ DE LAMEGO

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No dia 20 de novembro de 2016, a Diocese de Lamego viveu um grande DIA, sublinhando várias celebrações no Pontifical da Sé presidido pelo Senhor Bispo, D. António Couto: Encerramento do Jubileu da Misericórdia, Ordenações Diaconais, Dia da Igreja Catedral e 5 anos da nomeação de D. António para a Diocese de Lamego.

A edição da Voz de Lamego desta semana faz eco deste acontecimento celebrativo, bem como a ponte para outras notícias da Igreja e do mundo. O desafio, que o nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, assume no Editorial, é viver e testemunhar a misericórdia além do Ano Santo Extraordinário, que decorreu entre 8 de dezembro de 2015 e 20de novembro de 2016…

TESTEMUNHAR A MISERICÓRDIA

A porta santa da basílica de S. Pedro, aberta nos anos jubilares, foi encerrada pelo Papa Francisco neste domingo, no mesmo dia em que também a porta jubilar do Ano da Misericórdia da nossa catedral se fechou, a exemplo do que fora feito no mundo católico na semana anterior.

O encerramento teve menor visibilidade e menos adereços, ao contrário da abertura há quase um ano. E com razão. Afinal, a misericórdia pode e deve continuar aberta. O que fechou foi um determinado acesso físico ao espaço de culto, mas a misericórdia deve continuar a ser experimentada e testemunhada. A cada um caberá manter aberta a porta da misericórdia nos espaços em que vive e junto daqueles com quem convive.

A misericórdia não se encerra.

Afinal, Deus promete “apenas” misericórdia aos misericordiosos. Não promete prémios nem carreiras, prestígio ou destaque, notícias ou tempo de antena… Apenas misericórdia! Mas não será a misericórdia o maior dom a que podemos aspirar para manter vida a esperança?

Ao longo do ano, com maior ou menor visibilidade, quantos gestos, palavras, olhares ou silêncios não protagonizaram misericórdia? E quanta mudança, alegria, proximidade e esperança inundaram o coração de tantos que “andavam perdidos e se encontraram”?

O jubileu que agora finda terá valido a pena se a porta da misericórdia continuar aberta. Um esforço a que todos os baptizados são chamados e que deve ter o exemplo dos que na Igreja mais responsabilidades assumem. Porque se a misericórdia se fecha é o Evangelho que se esconde.

Será importante “pegar” na porta jubilar da misericórdia e instalá-la no coração, de forma a estar disponível e aberta para a vida, para os outros, para o mundo.

in Voz de Lamego, ano 87/52, n.º 4388, 22 de novembro de 2016

Homilia de D. António Couto nas Ordenações Diaconais – 20/11/2016

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A ORDEM NOVA DO AMOR

  1. Amados irmãos e irmãs, a nossa Diocese de Lamego vive, neste dia 20 de novembro de 2016, um excesso de celebrações, um excesso de celebração, um condensado de júbilo, que começo por recordar: a) celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; b) celebramos o Aniversário da Dedicação da nossa Igreja Catedral; c) celebramos a Ordenação de três Diáconos, o Ângelo Fernando, o Diogo André e o Luís Rafael; d) celebramos o Encerramento do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.
  1. A Solenidade de Nosso Jesus Cristo, Rei do Universo, traz-nos o domínio novo do Filho do Homem que nos ama, o domínio do Amor, que é Primeiro e Último (cf. Apocalipse 1,8). É Primeiro e será ainda Último, fazendo de tudo o resto «segundo» e «penúltimo». Na verdade, entre o Primeiro e o Último, que é o domínio do modo do Amor, instala-se o segundo e o penúltimo, que é o domínio do modo velho e podre da violência das bestas ferozes que nos habitam. O Bem, que é o modo do Amor, é de sempre e é para sempre. É Primeiro e é Último. O Bem, como o modo do Amor, não começou, portanto. O que começou foi o mal, que se foi insinuando nas pregas do nosso coração empedernido. Mas o que começa, também acaba. Os impérios da nossa violência, malvadez e estupidez caem, imagine-se, vencidos por um Amor que é desde sempre e para sempre, e que vence, sem combater, a nossa tirania, mesquinhez, e prepotência!

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Festa da Dedicação da igreja-mãe

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A nossa diocese assinalou festivamente, na última sexta-feira, mais um aniversário da Dedicação da sua catedral, a igreja-mãe de todas as igrejas diocesanas. A eucaristia, presidida por D. António Couto, contou com a participação de D. Jacinto Botelho e de alguns sacerdotes, bem como de um número não muito elevado de fiéis.

A atual catedral foi construída em meados do século XII, nos tempos do bispo D. Mendo, em substituição da capela de S. Sebastião existente. Nos séculos XV e XVI sofreu intervenções de fundo e, no século XVIII foi reedificada tal como a vemos hoje. Do edifico anterior restam a torre (sé. XII) e a fachada (séc. XVI). A sagração do templo actual foi feita no dia 20 de novembro de 1776, por D. Manuel de Vasconcelos Pereira.

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Não se registou a adesão de outros anos, quando esta data era assinalada no domingo seguinte, na Solenidade de Cristo Rei do Universo, quando era também vivido o Dia da Igreja Diocesana e, nos últimos anos, com a ordenação diaconal de futuros sacerdotes. O Dia da Família Diocesana está agendado para finais de Junho, no Santuário de Nossa Senhora da Lapa, e este ano, com tristeza, também não havia lugar a ordenações.

No início da celebração, o nosso bispo não deixou de fazer referência aos 239 anos da actual catedral, agradecendo o trabalho, dedicação e esforço de todos quantos contribuíram para a sua edificação e conservação ao longo dos séculos. Não apenas do edifício actual, mas também dos anteriores. Mas louvou, sobretudo, a acção pastoral e a vivência cristã de quantos, por estas paróquias foram, edificaram e vão edificando a Igreja Corpo de Cristo ao longo dos séculos que a nossa diocese já conta.

Partindo dos textos da Sagrada Escritura, D. António Couto sublinhou as palavras do profeta Ezequiel que fala do templo do Senhor como fonte de água viva que corre para vivificar e saciar todos. Porque Deus não abandona aqueles que criou e oferece a salvação a todos quantos se orientam pela Sua Palavra. Do Evangelho salientou a importância da presença e acção de cada um na edificação desse Templo e Corpo cuja cabeça é Cristo.

E terminava convidando os baptizados das 223 paróquias da diocese a tornarem presente e visível essa água que vivifica, através de um testemunho capaz de atrair, congregar e continuar a missão. O exemplo dos antepassados merece ser louvado, mas exige ser continuado neste tempo e nestas circunstâncias.

A catedral

A palavra “catedral” vem do grego “kátedra” e pode ser traduzida por “cadeira”. Embora pensemos de imediato no objecto que serve para sentar e repousar, falar desta “cadeira” é referir o lugar onde se senta aquele que ensina. O título de catedral concedido a uma igreja não lhe vem da sua grandeza ou antiguidade, mas do facto do bispo diocesano ter ali a sua “cadeira”, ou seja, a sua cátedra onde prega, ensina, preside, celebra…

A expressão “ecclesia cathedralis” é utilizada para designar a igreja que contém a cátedra oficial do bispo diocesano. Esta designação foi utilizada, pela primeira vez, nas actas do concílio de Tarragona, em 516. Outra designação utilizada era “ecclesia mater”, ou “igreja-mãe”. Também utilizamos a palavra “sé” para nos referirmos a este mesmo espaço, do latim “sedis” e se traduz por “cadeira”. Por isso, dizer “Sé Catedral” é uma redundância, já que as duas palavras significam a mesma coisa.

Em todas as dioceses do mundo, a catedral é lugar de referência da fé, um lugar sagrado onde os fiéis de uma igreja particular se reúnem para exprimir e proclamar a própria fé e a unidade em Cristo. A catedral é o centro eclesial e espiritual da diocese, o símbolo visível da unidade de toda a comunidade cristã, onde se reúnem todos os fiéis, sacerdotes, religiosos e religiosas de diferentes congregações, fiéis de todas as paróquias, de todas as comunidades, com diferentes sensibilidades, numa só assembleia visível, presidida e unificada pelo bispo que é garantia da comunhão e, por isso, garantia da autenticidade da fé e da vida cristã, a ligação real, histórica e mística com o Cristo histórico e com o Cristo ressuscitado e glorioso.

JD, in Voz de Lamego, ano 85/52, n.º 4339, 24 de novembro

DIA DE FESTA NA NOSSA DIOCESE | Dia da Catedral

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No domingo a seguir ao dia 20 de novembro, dia da Dedicação da igreja-mãe da diocese, Lamego celebra festivamente o Dia da Catedral. Uma oportunidade para visualizarmos a unidade de todos os diocesanos, realidade importante, necessária e sempre a edificar-se. Durante a manhã concretizou-se um encontro para membros dos Conselhos Económicos Paroquiais, no Seminário Maior, e à tarde, na Sé, a Eucaristia presidida pelo nosso bispo que ordenou dois Diáconos.

Cristo Rei

A festa de Cristo Rei do Universo foi introduzida por Pio XI no calendário litúrgico em 1925, tendo em vista motivar os baptizados para a importância da militância cristã, tornando a Igreja mais dinâmica, atenta e activa através de cristãos dispostos e disponíveis para o testemunho. Recorde-se que, na mesma linha, este Papa havia já fundado a Acção católica, em 1922, que tão belos frutos deu à Igreja e ao mundo desde então. E a acção deste Papa atento à importância do testemunho também abrangeu a Igreja portuguesa, quando motivou o aparecimento da Sociedade Missionária do nosso país com a missão de levar o Evangelho às então províncias ultramarinas, em 1929, e que hoje conhecemos como Missionários da Boa Nova, família religiosa a que pertence D. António Couto.

Estas foram algumas das palavras que o nosso bispo dirigiu aos membros dos Conselhos Económicos Paroquiais (CEP) presentes no Seminário maior, ao fim da manhã do último domingo, com quem almoçou depois.

A festa de Cristo Rei, após a última reforma litúrgica, foi fixada no último domingo do ano litúrgico. Por coincidência, entre nós, tal data fica também marcada pelo aniversário da nossa catedral, o que motivou à vivência, nesta data, do Dia da Igreja diocesana, com encontros de formação e um Pontifical, à tarde, na Sé. Ultimamente, também se fixou este dia para a ordenação diaconal.

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Tempo de formação

No ano passado tinham sido convidados os membros dos Conselhos Pastorais; este ano foi a vez dos Conselhos Económicos. Colaboradores próximos dos nossos párocos, juntamente com outros responsáveis, grupos e movimentos, passa por estes fiéis grande parte da vida cristã das nossas comunidades paroquiais, tudo quanto ali se vive e faz.

Conscientes desta colaboração que se quer, cada vez mais, profícua e evangelizadora, os responsáveis diocesanos decidiram proporcionar-lhes estes encontros de formação que, embora limitados, podem contribuir para um melhor desempenho da sua missão.

O salão grande do Seminário acolheu os participantes, cerca de uma centena e meia, que vieram de muitas paróquias da diocese, algumas geograficamente bem distantes, o que demonstra a oportunidade do encontro e o interesse de todos em saber mais para fazer melhor. Certamente que os primeiros a motivarem tal participação foram os seus párocos.

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ELEITO E ELITE | Editorial Voz de Lamego | 25 de dezembro

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Com a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, chegou o DIA da IGREJA CATEDRAL, que este ano contou com a ordenação do Fabrício Pinheiro e do Valentim Fonseca. Como não poderia deixar de ser, a edição da Voz de Lamego desta semana dedica especial atenção a esta jornada do Dia da Igreja Catedral, nos vários momentos de encontro, formação, celebração, festa.

No Editorial, o Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, salienta as Ordenações Diaconais, que dão seguimento à vocação batismal:

ELEITO E ELITE 

No passado domingo, em ambiente de festa e de acção de graças, a nossa diocese testemunhou a livre decisão de dois jovens que, chamados por Deus através da Igreja, D. António Couto ordenou de Diáconos. E alegramo-nos já com a perspectiva da sua ordenação sacerdotal, no próximo verão.

O baptizado que recebe o sacramento da Ordem (diácono, sacerdote, bispo) é apresentado como “ministro”, traduzindo-se este termo por “servidor”; à missão que assume e cumpre chamamos “ministério”, sinónimo de “serviço”.

Assim, falar de “ministro ordenado” é referir aquele que, pelo sacramento da Ordem, recebeu e assumiu a missão de servir o Povo de Deus. Muito longe, portanto, da concepção de tal ministério em termos de poder. Porque na Igreja de Cristo há apenas o “poder de servir”.

Ser ordenado pressupõe um chamamento, exige uma resposta e é fruto de uma eleição. Deus chama através da Sua Igreja, mas ninguém avança sem uma livre decisão pessoal e sem a necessária escolha feita pela Igreja. Dito de outra forma, os ministros ordenados são previamente eleitos, escolhidos, não porque sejam imaculados, mas por causa da disponibilidade demonstrada e reconhecida capacidade para servir.

É verdade que, como seres livres e limitados, tais ministros podem falhar, ficar aquém do exemplo que se espera ou esquecerem o testemunho que se exige. Mas, em consciência, têm o dever de se esforçar por cumprir a missão para que foram chamados e ordenados.

Mas não são uma elite, no sentido habitual em que esta se compreende como uma minoria prestigiada e formada pelo que de melhor existe na sociedade, a fina flor ou nata que detém algum poder e influência. A tentação de confundir eleito com elite pode surgir, mas não é cristã.

in VOZ DE LAMEGO, n.º 4290, ano 84/52, de 25 de novembro de 2014

Homilia de D. António José da Rocha Couto no Dia da Igreja Catedral e Ordenação Diaconal

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DÍVIDA DE AMOR

Caríssimo Senhor D. Jacinto, meu irmão no episcopado,

Caríssimo Senhor Vigário geral,

Caríssimo Senhor Pró-Vigário Geral,

Caríssimo Senhor Reitor do Seminário,

Caríssimos Sacerdotes,

Caríssimos Eleitos para o Diaconado,

Caríssimos Seminaristas,

Caríssimos Irmãos e Irmãs

  1. Ainda agora comecei a homilia, mas, se estivestes atentos, já deveis estar espantados com esta ladainha de “caríssimos”. Já lá vamos. A nossa Diocese de Lamego vive hoje um excesso de celebrações, um excesso de celebração, que começo por recordar: a) a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; b) o Dia desta Igreja Catedral; c) a ordenação de dois Diáconos, o Fabrício e o Valentim.
  1. Peço-vos a todos, caríssimos irmãos e irmãs, que estreitemos bem este nó celebrativo, para experimentarmos a alegria do Evangelho, traduzida no serviço humilde do amor que recebemos de Jesus Cristo, e que estamos sempre a dever uns aos outros. Dívida feliz que contraímos no dia do nosso Batismo, e que nunca chegaremos a pagar na totalidade. Pelo contrário, esta dívida de amor vai aumentando pela vida fora, conforme vamos conformando a nossa vida à forma de viver de Jesus Cristo. Na verdade, cada nova etapa da nossa vivência cristã aumenta a nossa dívida de amor. É assim (ou deve ser) na catequese, na profissão de Fé, no Sacramento do Crisma, no Matrimónio, mas também na Consagração Religiosa ou Secular, no Diaconado, Presbiterado, Episcopado. Sim, irmãos caríssimos, a nossa dívida de amor vai disparando sempre, de tal modo que nunca mais nos veremos livres dela. Estamos sempre em dívida de amor. O cristão verdadeiro tem de estar sempre endividado. E a ver esta dívida sempre a aumentar. E não pode declarar insolvência.
  1. O primeiro que olhou para nós, olhos nos olhos, e se endividou até aos ossos para comprar a nossa liberdade, foi Jesus Cristo, Senhor Nosso. São Paulo disse bem, na sua Primeira Carta ao Coríntios, que Ele nos comprou por alto preço (1 Coríntios 6,20; 7,23). Na verdade, teve de dar a sua vida toda por nós, para nos comprar. Somos, portanto, caríssimos, custamos um preço muito alto. O seu Reinado, que hoje celebramos juntamente com toda a Igreja, consiste nesta suprema atitude ou altitude do Amor que Jesus dedica a estes seus irmãos caríssimos.
  1. Passou, depois, como sabeis, caríssimos irmãos, esta dívida para nós, isto é, ensinou-nos a endividar-nos, gastando, como Ele, a vida toda por Amor. «Como Eu vos fiz, fazei vós também uns outros» (João 13,15). «Como Eu vos amei, amai-vos vós uns aos outros» (João 15,12 e 17). «Todas as vezes que fizestes isto (ou que o não fizestes) a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes (ou o deixastes de fazer)» (Mateus 25,40 e 45).
  1. Portanto, caríssimos irmãos, é preciso, precioso e urgente, que olhemos bem o rosto dos nossos irmãos e irmãs, que consideremos bem o altíssimo valor de cada um, e gastemos a nossa vida toda para os servir com a dignidade e a elevação, a Altura, que merecem. Só assim, seremos dignos súbditos deste Rei Novo e Manso.
  1. A presença entre nós, hoje, destes dois novos Diáconos ou Servidores do Evangelho da Alegria deve ajudar a avivar em nós a existência desta imensa dívida de Amor e de serviço humilde a todos e a cada um dos caríssimos irmãos e irmãs que Deus nos deu.
  1. E assim também, do coração ou do Altar ou do Ambão desta Igreja Catedral, cuja Dedicação hoje celebramos, podereis ver, caríssimos irmãos, que pode começar a surgir uma nascente de água viva. E vereis ainda que este fiozinho de água crescerá e alagará cada coração, cada rua, cada campo, cada casa, cada família, cada colina desta nossa Diocese de Lamego, fazendo brotar, por onde passa, vida nova em abundância. Sim, podeis beber e saciar-vos com esta água viva e salutar, fonte de saúde e de alegria. Não tem legionela. Tem amor. Abri todas portas a Jesus Cristo. Escancarai-as mesmo. Sem medo. O medo tolhe a nossa alegria. O medo rouba a nossa alegria. Fazei da Igreja de Lamego, caríssimos irmãos e irmãs, não uma cidade fortificada, mas uma cidade frutificada. Portanto, Ide e construí com mais amor a família de Deus. E que o Senhor Jesus Cristo reine sempre nos nossos corações. Ámen.

Lamego, 23 de Novembro, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo,

Dia da Igreja Catedral e de Ordenações Diaconais.

+ António, vosso bispo e irmão

Festa da Dedicação da Igreja Catedral de Lamego

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Em anos anteriores, na Solenidade de Cristo Rei do Universo, Lamego vivia o Dia da Igreja Diocesana, comemorando a dedicação da igreja catedral e assinalando a abertura do novo ano pastoral. Na mesma data, testemunhava, com alegria, a ordenação diaconal dos seminaristas que tinham concluído a sua formação. Este ano houve alterações: a abertura do novo ano pastoral teve lugar no último sábado de Setembro e o dia da família diocesana (festa) será no último sábado de Junho. Mas, neste dia de Cristo Rei, a diocese continua a celebrar o Dia da Igreja Catedral e a acolher os novos diáconos.

Um espaço

Tal como no-lo recorda o livro dos Atos dos Apóstolos, Deus “não habita em santuários construídos pela mão do homem” (Act 17, 24), mas nós precisamos de um espaço para as nossas celebrações litúrgicas. Por isso, à nossa volta, há imóveis construídos para o efeito, com interiores devidamente organizados para acolher a comunidade que se encontra como assembleia reunida para louvar Aquele que a todos convoca. As igrejas e capelas, maiores ou mais pequenas, sumptuosamente adornadas ou singelas… foram edificadas para serem espaço de encontro entre irmãos e com a divindade. Ali se escuta a Palavra, se celebra a Eucaristia e os demais sacramentos; ali se reza e se apresentam súplicas ao Pai…

Desde os primórdios do Cristianismo, que os fiéis se reúnem em assembleia (ecclesiæ) para celebrar a Eucaristia, ministrar os sacramentos e ouvir a pregação da Palavra de Deus. Nos primeiros tempos, os lugares de reunião eram habitualmente as próprias casas, onde utilizavam a sala mais espaçosa para esse fim. Alguns desses locais de culto são mencionados no Novo Testamento.

Nos Atos dos Apóstolos (20, 7-11), conta-se que São Paulo o fez num terceiro andar, adornado com muitas lâmpadas, onde se haviam reunido os fiéis, aos quais, depois de bem instruídos, distribuiu o Pão Eucarístico. Também é tradição certa que o Príncipe dos Apóstolos, São Pedro, se hospedava em Roma em casa do senador Pudente. Ali se congregavam os cristãos para ouvir suas instruções, assistir aos santos Mistérios e receber a Sagrada Eucaristia.

Com o tempo, as casas nas quais se reunia a assembleia passaram a ter espaços específicos reservados para o culto divino. E, a partir do fim do século II, esses prédios começam a ser chamados de “Domus Ecclesiæ”. Ao longo do século III, esses aposentos foram crescendo em importância e as outras partes do edifício, destinadas a finalidades profanas, vão sendo separadas dele. A “Domus Ecclesiæ” transforma-se em “Domus Dei”.

A catedral

A palavra “catedral” vem do grego “kátedra” e pode ser traduzida por “cadeira”. Embora pensemos de imediato no objecto que serve para sentar e repousar, falar desta “cadeira” é referir o lugar onde se senta aquele que ensina. O título de catedral concedido a uma igreja não lhe vem da sua grandeza ou antiguidade, mas do facto do bispo diocesano ter ali a sua “cadeira”, ou seja, a sua cátedra onde prega, ensina, preside, celebra…

A expressão “ecclesia cathedralis” é utilizada para designar a igreja que contém a cátedra oficial do bispo diocesano. Esta designação foi utilizada, pela primeira vez, nas actas do concílio de Tarragona, em 516. Outra designação utilizada era “ecclesia mater”, ou “igreja-mãe”. Também utilizamos a palavra “sé” para nos referirmos a este mesmo espaço, do latim “sedis” e se traduz por “cadeira”. Por isso, dizer “Sé Catedral” é uma redundância, já que as duas palavras significam a mesma coisa.

Nos primeiros séculos da Igreja, a cátedra foi objecto de veneração, o que levou a dedicar festas especiais para honrar algumas delas, como em Roma, por exemplo.

Em todas as dioceses do mundo, a catedral é lugar de referência da fé, um lugar sagrado onde os fiéis de uma igreja particular se reúnem para exprimir e proclamar a própria fé e a unidade em Cristo. A catedral é o centro eclesial e espiritual da diocese, o símbolo visível da unidade de toda a comunidade cristã, onde se reúnem todos os fiéis, sacerdotes, religiosos e religiosas de diferentes congregações, fiéis de todas as paróquias, de todas as comunidades, com diferentes sensibilidades, numa só assembleia visível, presidida e unificada pelo bispo que é garantia da comunhão e, por isso, garantia da autenticidade da fé e da vida cristã, a ligação real, histórica e mística com o Cristo histórico e com o Cristo ressuscitado e glorioso.

Consagração ao culto

Já a partir do século IV, a dedicação da “Domus Dei” (Casa de Deus) era considerada uma das festas mais solenes da Liturgia, a fim de ressaltar o carácter sagrado do edifício, que não poderia ser usado para fins profanos.

No ritual litúrgico da dedicação de uma igreja destacam-se quatro elementos essenciais: a aspersão com a água benta, a deposição das relíquias dos santos, a unção sagrada do altar e da igreja, a incensação, a iluminação e, por fim, o principal, a Celebração Eucarística.

Por ser o edifício visível um sinal peculiar da Igreja peregrina na terra e imagem da Igreja que habita nos céus, a Jerusalém Celeste, esses ritos manifestam simbolicamente algo das obras invisíveis que o Senhor realiza por meio dos divinos mistérios da Igreja, ou seja, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia.

Festa da Dedicação

Dedicação é o rito litúrgico solene, reservado em princípio ao bispo, pelo qual uma igreja ou um altar ficam consagrados e destinados ao culto divino. Quando, a partir do século IV, os cristãos passaram a construir as suas igrejas, foram-nas consagrando solenemente, com ritos e textos que se foram desenvolvendo, ao longo dos séculos.

Recomenda-se que as igrejas sejam sempre dedicadas, sobretudo, as catedrais e paroquiais. As outras devem ser, pelo menos, benzidas. O mais indicado é que a dedicação ou bênção seja feita pelo bispo da própria diocese.  O novo livro litúrgico, Ritual da Dedicação da Igreja e do Altar é o usado para estas celebrações cheias de simbolismo: a igreja/edifício é um símbolo expressivo da igreja/comunidade e também da «igreja» do Céu.

Ao longo do tempo foram surgindo também festas anuais, em recordação das dedicações mais significativas: a de Santa Maria Maior, em 5 de Agosto; a da Basílica de Latrão, em 9 de Novembro; e a de S. Pedro e S. Paulo, em 18 do mesmo mês.

Também é costume celebrar-se o aniversário da dedicação da própria igreja e, em cada diocese, da própria catedral, tal como fazemos em Lamego, no dia de Cristo Rei, domingo próximo da data da Dedicação (20 de Novembro).

in VOZ DE LAMEGO,  n.º 4289, ano 84/51, de 18 de novembro de 2014.

Ordenação Diaconal | Valentim Fonseca | Testemunho

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“DEUS É O NOSSO REFÚGIO E A NOSSA FORÇA, AJUDA PERMANENTE NOS MOMENTOS DE ANGÚSTIA” (Sl 46, 2)

 

Eu, Valentim Manuel Moreira Fonseca, filho de Valentim da Fonseca e Arminda Rodrigues Moreira Fonseca nasci a 26 de Outubro de 1978, na Paróquia de Nossa Senhora das Candeias de Ferreiros de Avões. Cresci numa família numerosa sendo o mais novo de dez filhos, em que a família sempre se baseou em princípios cristãos. Os meus pais sempre viveram da agricultura e, fiz toda a formação na escola primária da minha freguesia, bem como o 6º ano na Telescola.

Terminada esta etapa ingressei na Escola Profissional de Lamego, onde concluí o 9º ano de escolaridade.

O ensino secundário foi feito na Escola D. Luís de Castro em Braga. Ingressei na Faculdade de Teologia em Braga onde fiz o Curso de Teologia, terminando-o no ano de 2006, no grau de licenciatura.

No ano 2007 iniciei o curso de Gestão Turística Cultural e Patrimonial, terminando-o em 2010, no grau de licenciatura.

De 2011 a 2013 estive como Coordenador das Famílias Kolping.

Em 2012 iniciei um acompanhamento de proximidade no Seminário Maior em Lamego, onde fiz estágio pastoral nas Paróquias de Mondim da Beira, Ucanha e Dalvares.

Em 2013 fiz o ano Pastoral no Seminário Maior de Lamego e estágio Pastoral na Paróquia de Ferreirim Lamego.

No ano de 2014/15 encontro-me a fazer estágio pastoral, na Paróquia de Nossa Senhora do Pranto de Vila Nova de Foz-Côa.

Por todo o meu percurso posso exclamar como o Salmista: “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, ajuda permanente nos momentos de angústia” (Sl 46, 2), porque só Ele me dará a força para empreender este novo serviço em prol do Homem e da Igreja.

Com a ajuda de Deus, dos meus familiares e amigos, alcancei o sonho da minha vida.

Louvado seja o Senhor Deus Rico de Misericórdia.

 

in VOZ DE LAMEGO, n.º 4289, ano 84/51, de 18 de novembro de 2014.

 

Ordenação diaconal | Fabrício Pinheiro: testemunho

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Como são belos sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52, 7)

A 13 de agosto de 1990, nascia eu, Fabrício António Pinheiro Correia, numa “extensa freguesia de serra, de vinhedos e pomares, pedaço de terra lindo e fecundo, alongando-se pela margem esquerda do célebre Douro” (cf. Paróquia de Penajóia, Um tempo e um espaço à beira Douro). Sim! Refiro-me à minha Penajóia, mais particularmente à povoação de Valclaro e ao lugar da Mata que me viu nascer e crescer.

Como todos os miúdos frequentei a escola e a catequese e, eis que aqui surge o chamamento.

No seio de uma família católica praticante incutem-me os valores morais e o gosto pela oração, que ainda hoje transporto e pretendo levar até ao fim dos meus dias.

Vários anos passaram e o desejo de ser alguém ao serviço dos outros não desapareceu, embora me tentasse enganar a mim próprio. Esta tentativa de engano não surtiu efeito.

No ano de 2004 surge uma proposta: “Olha Fabrício não queres fazer um encontro de Pré-Seminário?”, perguntava-me o pároco de então (Pe. Joaquim Dionísio) a quem muito devo e agradeço a força e a coragem incutida durante os 9 anos que frequentei os Seminários de Resende e de Lamego, aos quais, também devo a minha gratidão pela formação, assim como aos formadores que fizeram de mim aquele que hoje sou. Aceitei a proposta, embora não soubesse muito bem que desafio seria aquele. “Está bem. Eu vou”, respondi. E, de facto, fui. Gostei e, no ano seguinte decidi entrar no Seminário de Nossa Senhora de Lourdes em Resende para o 10º ano.

Não mais me esqueço do quão difícil foi aquele dia 18 de setembro de 2005. Dia de lágrimas e de saudades tentadas ultrapassar pelos colegas mais velhos, mas sem grande efeito. Todavia tudo foi melhorando, e fui forte o suficiente para abraçar a missão para a qual havia sido chamado.

O fim de uma meta iniciou um novo caminho a 21 de setembro de 2008 aquando da minha entrada no Seminário Maior de Lamego, onde iniciei os estudos teológicos. Nesta casa que me ficará gravada na memória e no coração para o resto da vida fui admitido às Ordens Sacras em 24 de abril de 2012 e instituído Leitor e Acólito a 19 de março de 2013 e 2014, respetivamente. Passos pequenos, mas de grande importância para a minha caminhada vocacional.

Muito tenho a agradecer, a muita gente, pelas palavras de coragem e pelo carinho que me foram dando ao longo destes 9 anos de percurso.

Em primeiro lugar agradeço a Deus o dom da vida e da vocação. Aos meus familiares mais próximos (pais, irmã, cunhado e sobrinha) pelo incentivo e pela presença nos momentos de maior dificuldade. A todos párocos que passaram por esta comunidade e dos quais me recordo (Pe. Armando, Pe. António Loureiro, Pe. Joaquim e atualmente Pe. José Fernando) obrigado pela estima e Amizade que frutificou ao longo deste tempo. A toda a comunidade de Penajóia a “minha família em grande dimensão” pela oração e pelo companheirismo. A todos os meus amigos que nunca me deixaram sozinho. Por último a todas as comunidades por onde passei e a todos aqueles e aquelas que, porventura, me tenha esquecido.

Atualmente estou no Seminário Menor de Resende, talvez porque não tenha aprendido tudo, mas agora, para fazer parte da Equipa Formadora no acompanhamento dos seminaristas mais novos. A todos eles a minha gratidão por mais esta etapa da minha vida. Não é uma missão fácil, mas está a ser enriquecedora.

A todos o meu bem-haja. Assim vale a pena exclamar como o Profeta: “Como são belos sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52, 7).

in VOZ DE LAMEGO  n.º 4289, ano 84/51, de 18 de novembro de 2014.