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Conselho Diocesano de Pastoral – 1 de julho de 2017
No passado sábado, 01 de julho, no Seminário Maior de Lamego, reuniu o Conselho Diocesano de Pastoral, sob a presidência de D. António Couto e com a presença da maioria dos conselheiros.
A agenda de trabalho estava dividida em duas grandes áreas: olhar para o percurso feito para identificar o mais e o menos conseguido; perspectivar algumas linhas de orientação para o próximo ano pastoral.
O encontro, cujo início estava marcado para as 9h30, começou com um tempo de oração, seguido de breve meditação do nosso bispo, a que se seguiu a aprovação da acta da reunião anterior. Depois, cada um dos presentes foi convidado a olhar para o ano prestes a findar e a identificar factos, etapas ou iniciativas que contribuíram para o concretizar do proposto e para o alcançar da meta geral fixada. O balanço identificou o muito conseguido, mas também o menos, sublinhando a importância de continuar no rumo proposto que é o da evangelização. A este propósito, D. António Couto não deixou de apontar para os evangelhos e para o exemplo de tantos, onde se encontram apelos e testemunhos de uma total dedicação ao Senhor que quer tudo e todos e não se contenta com calculismos e apenas alguns pormenores.
Em relação ao próximo ano, dentro das temáticas antes propostas, o tema geral andará à volta da caridade, sendo que ainda se esperam contributos de outros organismos diocesanos. A este propósito, ficou marcado um encontro para responsáveis de departamentos, serviços, movimentos e grupos com vista à elaboração do próximo plano pastoral.
Ainda houve uns minutos para sublinhar a oferta do Curso Básico de Formação Religiosa e outras oportunidades formativas possíveis.
A palavra final foi de D. António que, mais uma vez, agradeceu a presença e o esforço de todos, a quem apelou para continuarem a dar o seu melhor pela causa do Evangelho. O almoço encerrou os trabalhos.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/34, n.º 4419, 4 de julho 2017
Conselho Pastoral Diocesano – 14 de janeiro de 2017
A vida pastoral de uma diocese deve-se substancialmente ao ritmo e à dinâmica que as estruturas eclesiais são capazes de implementar ao longo do tempo. Com esta mesma preocupação, reuniu-se, no passado sábado, dia 14, durante toda a manhã, o Conselho Pastoral Diocesano. Os trabalhos decorreram no Seminário Maior de Lamego, sob a presidência do Senhor Bispo e a participação de aproximadamente 40 pessoas, representantes dos diversos arciprestados, comissões e departamentos de pastoral, movimentos eclesiais e curia diocesana.
Após a oração inicial, o Senhor Dom António iniciou os trabalhos, congratulando-se com a presença de todos, apelando à intervenção consciente e assertiva de cada um, por forma a alcançarmos com mais clareza o denominador comum do pulsar pastoral da diocese. Lançou ainda duas ou três questões para provocar o diálogo. O Cónego Melo, assumindo a coordenação dos trabalhos, pediu de imediato que os presentes se pronunciassem sobre as atividades diocesanas realizadas desde o início do ano pastoral até então, e qual o balanço a fazer das mesmas. Ler mais…
Conselho de Pastoral: Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura
No passado sábado, dia 10, na Casa de S. José, reuniu o Conselho Diocesano Pastoral, sob a presidência de D. António Couto e com a presença de quase todos os conselheiros. Entre os diversos temas propostos para análise e consideração, o ultimar do Plano de Pastoral para o novo ano que agora começa e que será vivido sob o lema “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura”.
O nosso bispo começou por apresentar alguns traços da Carta Pastoral que está a concluir e que norteará o referido plano. Um texto que se inspira nos últimos versículos do evangelho de Marcos (Mc 16, 14-24) e que procurará sublinhar a urgência da participação de todos nesta obra missionária da Igreja, enviada a todo o mundo e em todos os tempos. Os destinatários do anúncio e do convite todos, porque todos são prioritários. E nesta missão, que se cumpre na proximidade e com ternura, os anunciadores são convidados a serem testemunhas fiéis de Jesus Cristo, quais transparências do Senhor, e não meros animadores ou monitores. A Carta, que será publicada e divulgada no próximo Plano Pastoral, convida todos os diocesanos a serem “testemunhas que estremecem”, mais do que “animadores que entretêm”.
Para o cumprimento desta missão, com esta profundidade, todos são convidados a pensar, a ver, a falar e a fazer tudo quanto é “bem, belo e bom”, evitando tudo quanto possa afastar ou ofuscar o essencial. Será necessário encontrar e saber Jesus para “ver do ponto de vista de Jesus”, anunciando-o e testemunhando-se como Aquele que dá sentido pleno à vida.
A reunião ficou também enriquecida com as sugestões dos conselheiros, com destaque para a necessidade de se apostar na formação cristã dos fiéis da nossa diocese. Entre as diversas sugestões, ficou também aquela que prevê a realização do Dia da Família Diocesana em forma de peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, neste ano em que se assinalam os cem anos das aparições. Sobre o assunto haverá depois as confirmações necessárias.
O encontro terminou com o agradecimento, feito pelo Pastor diocesano, a todos os presentes, bem como o convite a participarem activamente na edificação da Igreja diocesana.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/42, n.º 4378, 13 de setembro de 2016
CAMINHAR JUNTOS | CONSELHO DIOCESANO DE PASTORAL
- Na manhã do último sábado, dia 23, na Casa de São José (Lamego) e com a presença de D. António Couto, reuniu o Conselho Diocesano de Pastoral. Apesar das ausências, algumas justificadas, o encontro decorreu de forma serena e profícua, cumprindo a agenda previamente enviada aos respectivos membros, oriundos das diversas realidades diocesanas. A sinodalidade eclesial é um bem que dinamiza as comunidades, responsabilizando e favorecendo a participação, tornando possível a visão da Igreja como um “nós” onde cada baptizado é sujeito.
- Após a oração inicial e a aprovação da acta da reunião anterior, os conselheiros foram convidados a partilhar experiências, impressões e conclusões quanto à forma como tem decorrido o ano pastoral. Uma partilha que identificou diferenças de ritmo, mas que sublinhou, com alegria e gratidão, o caminho já percorrido, as dinâmicas que tendem a implantar-se e uma maior participação dos fiéis leigos na vida diária das comunidades, dos grupos e movimentos. Apontaram também a necessidade de melhorar a articulação entre todos, nomeadamente através de uma comunicação e partilha mais atempadas e generalizadas.
- A evangelização é a finalidade primeira de toda a acção pastoral e responsabilidade partilhada por todos os baptizados, tal como se afirma no lema pastoral deste ano: “Ide e fazei da casa de meu Pai Casa de Oração e de Misericórdia”. Um percurso nem sempre isento de dificuldades, mas onde semear continua a ser urgente, nomeadamente através do testemunho, da proximidade e da atenção a todos. É verdade que há desafios novos, nomeadamente trazidos pela linguagem, pela indiferença ou demissão da família no acompanhamento e vivência da fé. Mas o Mestre manda lançar as redes e a diocese vai cumprindo a missão.
- O diálogo prosseguiu depois com a partilha de sugestões, mais concretamente sobre a vivência do Ano da Misericórdia em curso e sobre a preparação do Dia da Família diocesana, marcado para o Santuário de Nossa Senhora da Lapa, para o dia 25 de Junho.
- Assumindo e louvando o muito que se vai fazendo em algumas paróquias, zonas e arciprestados, foi sugestão generalizada a aposta na formação, nomeadamente no campo da oração. Será por aqui, onde os párocos assumem particular responsabilidade, que uma melhor compreensão da fé poderá conduzir a um compromisso e testemunho mais visíveis e duradouros.
- O Coordenador da Pastoral, Cón. José Manuel Melo, reforçou o convite para o encontro de formação/oração para colaboradores paroquiais, a realizar no próximo dia 13 de fevereiro, em três locais da diocese. E anunciou também o envio de material de apoio a todas as paróquias tendo em vista a vivência da fé em família durante a Quaresma que se aproxima (10 de fevereiro).
- O nosso bispo encerrou o encontro congratulando-se com a presença de todos, agradecendo o contributo de cada um e motivando a uma continuidade fiel e criativa na vivência e testemunho do Evangelho. Salientou, ainda, a necessidade de repensar a composição deste órgão consultivo, de forma a alargar a visão da realidade diocesana.
A próxima reunião deste Conselho acontecerá no próximo dia 28 de Maio.
J.D., in Voz de Lamego, ano 86/10, n.º 4347, 26 de janeiro de 2016
COMUNICADO | CONSELHO PASTORAL DIOCESANO
Decorreu no passado sábado, dia 30, na Casa de São José, a reunião do Conselho Pastoral Diocesano.
Após um momento de oração e com o lema do Plano Pastoral “Ide e Construí Com Mais Amor a Família de Deus” como pano de fundo, o nosso Bispo deu início aos trabalhos com um desafio que a todos deve inquietar: “ir ao encontro de todas as famílias e envolve-las na tomada de consciência do seu valor, dignidade e missão e incentivar a grande comunidade cristã que é a Diocese a construir com mais amor a família de Deus, à luz da Boa Nova de Jesus”.
Dando cumprimento à Agenda dos Trabalhos o Programa debruçou-se essencialmente sobre as Linhas Prioritárias do ano em curso com destaque para os Conselhos Paroquiais e Arciprestais, as Equipas Arciprestais de Animação Pastoral e as Escolas de Vivência da Fé. Com o objetivo de uma maior eficácia de reflexão e partilha constituíram-se 3 grupos de trabalho em que lhes foi pedido que fossem apontados sinais de crescimento, situações a superar e caminhos a percorrer no âmbito das já referidas linhas prioritárias.
A partilha apontou para as seguintes necessidades:
-
Uma maior aproximação e trabalho em rede entre os diversos Conselhos Pastorais e Arciprestais;
-
Necessidade constante de formação e corresponsabilidade de todos;
-
A importância de retiros espirituais centrados em momentos marcantes do calendário litúrgico;
-
Apostar mais nas Escolas de Fé.
Estas Escolas de Fé mais não são do que ajudar a aprender a viver como cristãos. E aqui devem-se envolver cada vez mais os adultos fornecendo-lhes as ferramentas necessárias de vivência cristã, de fermento na comunidade e de testemunho. Esta aposta tem a ver com o “tempo” que a Igreja dedica à população mais adulta uma vez que 90% das nossas forças são centradas nas crianças e jovens.
O dia terminou com a apresentação do esboço programático da celebração do Dia da Família Diocesana a decorrer no dia 27 de junho de 2015.
João Ferraz, in Voz de Lamego, n.º 4316, ano 85/29, de 2 de junho de 2015
CONSELHO DIOCESANO DE PASTORAL |> Comunicado
No dia 7 de Fevereiro, na Casa de São José, reuniu-se, sob a presidência do nosso Bispo, o Conselho Diocesano de Pastoral.
Da agenda de trabalhos constaram, entre outros pontos, a avaliação do ano pastoral em curso e a planificação de atividades futuras, nomeadamente a celebração do Dia da Família Diocesana, a ter lugar em Lamego no dia 27 de Junho.
Os participantes enfatizaram que se “sente a diocese a mexer”, os Conselhos Pastorais Paroquiais e Arciprestais têm envolvido um crescente número de leigos a refletir, planificar e a trabalhar sobre o Plano Pastoral Diocesano. Houve partilha de experiências concretas de implementação do plano a nível paroquial, arciprestal e diocesano. Importa que esta dinâmica cresça e se consolide.
Em relação ao Dia da Família Diocesana refletiu-se sobre a necessidade de envolver a diocese inteira para que seja um acontecimento que marca o nosso sentido de pertença à Igreja diocesana. Neste sentido recolheram-se propostas sobre o horário, o local e as dinâmicas de funcionamento, criando-se dentro do Conselho Diocesano de Pastoral uma comissão de trabalho para a organização mais específica deste dia. Esta comissão agregará a si outros elementos que possam ajudar na planificação e na logística deste evento.
O Conselho Diocesano de Pastoral pede a todos os agentes pastorais que anotem na sua agenda esta iniciativa, já programada no plano diocesano, e sensibilizem as paróquias, movimentos, comunidades religiosas, comissões, departamentos e serviços diocesanos para uma envolvência o mais participativa e festiva possível neste dia.
O Sr. D. António Couto enfatizou a importância deste conselho trazer as propostas e o sentir do terreno (chão) da diocese, realçou o papel indispensável dos fiéis leigos na ação pastoral da Igreja e formulou o desejo de que esta dinâmica laical se torne o agir normal da diocese.
Secretariado do Conselho Diocesano de Pastoral
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4300, ano 85/13, de 10 de fevereiro de 2015
Carta Pastoral de D. António Couto | 2014-15 | Ide com mais amor…
IDE E CONSTRUÍ COM MAIS AMOR A FAMÍLIA DE DEUS
«Os filhos são um dom de Deus»
(Salmo 127,3)
«Toda a paternidade, como todo o dom perfeito, vêm do Alto, descem do Pai das Luzes» (Tiago 1,17; cf. Efésios 3,15).
«Sois membros da família de Deus»
(Efésios 2,19)
O amor fontal de Deus-Pai
- «Deus é amor» (1 João 4,8 e 16) e «amou-nos primeiro» (1 João 4,19), e «nós amamos, porque Deus nos amou primeiro» (1 João 4,19). Então, o amor que está aqui, o amor que está aí, o amor que está em mim, o amor que está em ti, o amor que está em nós, «vem de Deus» (1 João 4,7), e «quem ama nasceu de Deus» (1 João 4,7). Deus amou-nos primeiro, ama-nos e continua a amar-nos sempre primeiro com amor-perfeito (êgapêménos: part. perf. pass. de agapáô), isto é, amor preveniente, fiel, consequente, permanente (1 Tessalonicenses 1,4; Colossenses 3,12). Ama-nos a nós, que estamos aqui, e foi assim que nós começámos a amar. Se não tivéssemos sido amados primeiro, e não tivéssemos recebido o testemunho do amor, não teríamos começado a amar, e nem sequer estaríamos aqui, porque «quem não ama, permanece na morte» (1 João 3,14), sendo então a morte, não o termo da vida, mas aquilo que impede de amar, e, portanto, de nascer!
- Portanto, se «quem ama nasceu de Deus» (1 João 4,7), o amor que há em nós é remissivo, remete para outrem, remete para a origem. O que é a origem? A origem é o que está antes do começo, a quem a Bíblia e uma parte da humanidade chamam Deus, e nós, cristãos, por imagem, chamamos «Pai». Nova genealogia do amor: o Pai ama o Filho (João 3,35; 5,20), e ama também o mundo (João 3,16), a ponto de enviar o seu Filho ao mundo para lhe manifestar esse amor (João 3,16; 1 João 4,9-10). Só o semelhante conhece o semelhante, e lhe pode comunicar o seu amor. O Pai ama e conhece o Filho Unigénito, e comunica-lhe o seu amor. Como o Pai ama e conhece o Filho Unigénito, também o Filho Unigénito ama e conhece o Pai (Mateus 11,27), e o pode revelar os seus discípulos fiéis (João 15,9), tendo, para tanto, de descer ao nosso nível, fazendo-se homem verdadeiro, semelhante a nós (Filipenses 2,7; Hebreus 2,17). Na verdade, comunica-nos o amor do Pai, e dá-nos a conhecer tudo o que ouviu do Pai (João 15,15). E nós somos convidados a entrar nesse divino colóquio, a acolher esse amor desmesurado, e a passar a amar dessa maneira, como fomos e somos amados (João 13,34; 15,12).
- Assim, o amor que está em nós, ou em que estamos nós, o amor entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre amigos, entre nós, não provém nem de uns nem de outros. Nem sequer de si mesmo. O amor não é meu nem é teu. O amor não é nosso. O amor é dado. Claro. Se «quem ama nasceu de Deus», não é nossa a patente do amor, e temos mesmo de ser extremamente cuidadosos quando pretendemos ajuizar acerca do amor que há nos outros. A antiga equação nivelada: «Ama o próximo como a ti mesmo» (Levítico 19,18), é plenificada e subvertida pela equação paradoxal: «como Eu vos amei» (João 13,34; 15,12). Mesmo aqueles que desconhecem a fonte do amor, é dela que o recebem. Neste sentido, em que a fé se une à razão, não é o casal que faz o amor; é o amor que faz o casal. Do mesmo modo que não é o casal que faz os filhos; é o amor que os faz. São um dom de Deus (Salmo 127,3). Atravessa-nos um calafrio quando nos apercebemos que a humanidade transmite, de idade em idade, de pais para filhos, algo de eterno. Amor eterno, tão terrivelmente ameaçado de idade em idade!
- É esse amor eterno, primeiro e derradeiro, verdadeiro, que nos faz nascer como irmãos. O lugar que, de forma mais imediata, nos mostra a fraternidade, é a família. E é verdade que, numa família, os filhos, não deixando de ser diferentes na ordem do nascimento, da saúde, da inteligência, temperamento, sucesso, são iguais. E são iguais, não obstante as suas acentuadas diferenças. São iguais, não em função do que são ou do que têm ou do que fazem, mas em função daquilo que lhes é dado e feito. Em função do amor que os precede, o amor dos seus pais, e, em primeira ou última instância, o amor fontal de «Deus-Pai» (Ad gentes, n.º 2), pois nós somos também, diz o Apóstolo, filhos de Deus (1 João 3,2), filhos no Filho (Romanos 8,17.29), membros da família de Deus (Efésios 2,19). É esse amor primeiro que nos torna livres e iguais, logo irmãos. A fraternidade é o lugar em que cada um vale, não por aquilo que é, por aquilo que tem ou por aquilo que faz, mas por aquilo que lhe é feito, antes e independentemente daquilo que deseja, pensa, projeta e realiza, e em que o seu ser é ser numa relação de amor incondicionada, que não é posta por ele, mas em que ele é posto. A verdadeira fraternidade ensina-nos que a nossa consciência não é a autoconsciência daquilo que fazemos, mas a hétero-consciência daquilo que nos é feito e que nós somos sempre chamados a reconhecer e a cantar com renovada alegria, como Maria: «O Todo-poderoso fez em mim grandes coisas» (Lucas 1,49).
O limiar do mistério em cada nascimento
- Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! (Romanos 11,33). Ó abismo do amor de Deus! Caríssimos pais e mães, os filhos que gerais e que vedes nascer, são, antes de mais, vossos ou são de Deus? Dir-me-eis: este filho é nosso, fomos nós que o geramos, fui eu que o dei à luz, nasceu neste dia, tenho aqui a cédula de nascimento. E eu pergunto ainda: sim, mas porquê esse, e não outro? É aqui, amigos, que entra o para além da química e da biologia, entenda-se, o para além de nós. É aqui, amigos, que entramos no limiar do mistério, na beleza incandescente do santuário, onde o fogo arde por dentro e não por fora. É aqui que paramos ajoelhados e comovidos à beira do inefável e caímos nos braços da ternura de um amor maior, novo, paternal, maternal, que nenhuma pesquisa biológica ou química explicará jamais. Todo o nascimento traz consigo um imenso mistério. Sim, porquê este filho, e não outro? Porquê este, com esta maneira de ser, este boletim de saúde, este grau de inteligência, estas aptidões, esta sensibilidade própria? Sim, outra vez, porquê este filho, e não outro, com outra maneira de ser, outro boletim de saúde, outro grau de inteligência, outras aptidões? Fica patente e latente, evidente, que, para nascer um bebé, não basta gerá-lo e dá-lo à luz. Quando nasce um filho, é também Deus que bate à nossa porta, é também Deus que entra em nossa casa, é também Deus que se senta à nossa mesa, é também Deus que nos visita. Há outra paternidade, a de Deus, por detrás da nossa vulgar paternidade, participação da verdadeira paternidade de Deus. Na verdade, «toda a paternidade, como todo o dom perfeito, vêm do Alto, descem do Pai das Luzes» (Tiago 1,17; cf. Efésios 3,15).
Membros de uma nova família
- Há, portanto, também uma nova familiaridade. A partir de Deus. Na verdade, no comportamento Misericordioso de Jesus transparece uma nova familiaridade, que assenta a sua fundação muito para além dos meros laços biológicos e anagráficos das nossas famílias. Prestemos atenção ao luminoso dizer de Jesus no caixilho literário de Marcos:
«E vem a mãe dele e os irmãos dele, e, ficando fora, enviaram quem o chamasse. E estava sentada à volta dele a multidão, quando lhe dizem: “Eis que a tua mãe e os teus irmãos e as tuas irmãs estão lá fora e procuram-te”. E respondendo-lhes, diz: “Quem é a minha mãe e os meus irmãos?”. E tendo olhado à volta, para os que estavam sentados em círculo ao seu redor, diz: “Eis a minha mãe e os meus irmãos. Na verdade, aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão e irmã e mãe”» (Marcos 3,31-35).
Ensinamento espantoso de Jesus que põe em causa a validade de uma maternidade e fraternidade meramente biológicas, fundadas sobre os direitos do sangue [«a tua mãe e os teus irmãos e as tuas irmãs… procuram-te»], para afirmar uma nova familiaridade aberta pelo horizonte novo do éschaton, do último, do primeiro e último, do novíssimo: «aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão e irmã e mãe». No novo horizonte da vontade do Pai, não se deixa de ser mãe, irmão ou irmã. Não são, porém, esses laços familiares que nos dão direito a amar e a ser amados, mas o termos sido encontrados pelo Amor, que agora somos chamados a testemunhar. «Vós sois testemunhas (mártyres) destas coisas», diz Jesus (Lucas 24,49). Sermos designados por Jesus testemunhas das coisas de Jesus é sermos chamados a envolver-nos de tal modo na história e na vida de Jesus, a ponto de a fazermos nossa, para a transmitir aos outros, não com discursos inflamados ou esgotados, mas com a vida! Sim, aquela história e aquela vida são a nossa história e a nossa vida. Sentir cada criança como filho, cada mulher como mãe e todo o semelhante como irmão ou irmã não é simples retórica, mas a transcrição verbal do novo real compreensível à luz do projeto Criador, Primeiro e Último, em que o mundo aparece como uma única casa e os seus habitantes como uma só família. Nascerá então o mais belo relato. Sim, o relato re-lata, isto é, põe em relação, une, reúne, enlaça, entrelaça. E re-lata, isto é, põe em relação, une, reúne, enlaça, entrelaça duplamente: primeiro, porque faz uma re-lação dos acontecimentos, unindo-os para formar um belo colar; segundo, porque põe em relação o narrador e o narratário. Sim, quando eu e tu e ele e ela, nós todos, relatarmos a mesma história, e não histórias diferentes, nesse dia luminoso e bendito começamos a nascer como irmãos, não pelo sangue, mas pela liberdade. Sim, só o relato nos pode aproximar tanto, fazendo-nos, não apenas estar juntos, mas nascer juntos, como irmãos. Portanto, irmãos e amigos, deixai que grite bem alto aos vossos ouvidos: mais amor, mais família, mais oração, mais missão, mais formação. Mais. Mais. Mais.
O sentido da vida recebida e dada
- Na origem dos nossos termos «matrimónio» e «património» está o «dom» como «munus», como bem sublinha e explica o famoso linguista francês Émile Benveniste, seguido por Eugenia Scabini e Ondina Greco, no domínio da psicologia social. Munus faz parte de uma rede de conceitos relacionais, que obriga a uma «restituição». Quem não entra neste jogo do munus diz-se immunus, «imune». E voltam as perguntas contundentes: quem recebe a vida, como e a quem a restitui? Salta à vista que não podemos «restituir» a vida a quem no-la deu. Há, neste domínio, uma assimetria originária nas relações familiares. Verificada esta impossibilidade de «restituir» a vida a quem no-la deu, poderíamos pensar em «restituir» em termos análogos: então, o filho poderia, por exemplo, responder ao dom da vida recebida, tomando a seu cargo e cuidado os pais enfraquecidos e velhinhos. Mas este não é o único modo de «restituição» nem o mais significativo. O equivalente simbólico mais próximo é «restituir» em termos generativos (generativo e generoso têm a mesma etimologia), dando, por sua vez, a vida e assumindo a responsabilidade de pôr no mundo uma nova geração. Dar a vida e tomar a seu cuidado uma nova geração é mesmo o modo mais apropriado de «restituir» à geração precedente. Situação paradoxal: respondemos ao débito que nos liga à geração anterior com um crédito em relação à geração seguinte. E os avós têm muito a ganhar com os netos, e estes com aqueles. Todos sabemos. Da família humana à grande família de Deus, passando pela família religiosa. Também por isso, a Bíblia é um livro de nascimentos e de transmissão: da vida e da fé e da graça. Vamo-nos hoje apercebendo de que o mundo em que estamos tem muitas dificuldades em transmitir a vida e a fé e a graça, a cháris, o carisma, que envolve a nossa vida pessoal e da nossa família humana, mas também a vida da Igreja, família de Deus, e das diferentes famílias religiosas. Talvez por isso, nos voltemos tanto para trás, e se fale tanto em voltar às origens, refundar. Mas o caminho a empreender não passará mais por gerar novos filhos na vida e na fé e no carisma? Parece-me que é esta a tarefa que todos temos pela frente, em casa, na Igreja, família de Deus, e nas famílias religiosas.
Missão: «restituição» para a frente
- Impõe-se, portanto, não a preservação, a conservação, a autoconservação, mas a missão, que é a verdadeira «restituição» a Deus e aos irmãos. Já atrás nos ocupámos a verificar, em termos familiares, a impossibilidade de «restituir» a vida a quem no-la deu. O Salmista também se pergunta no que a Deus diz respeito: «Como «restituirei» ao Senhor por todos os seus benefícios que Ele me deu?» (Salmo 116,12). Sim, como «restituirei» ao Senhor o amor que há em mim? Como «restituiremos» ao Senhor o amor que há em nós? O Salmista responde: «O cálice da salvação erguerei, e o Nome do Senhor invocarei. Os meus votos ao Senhor cumprirei, diante de todo o seu povo» (Salmo 116,13-14). Sim, o Salmista sabe bem que não pode «restituir» diretamente a Deus, mas sabe também que pode sempre agradecer a Deus (restituição análoga), e, passando de mão em mão, em fraterna comunhão, o cálice da salvação, anunciar a todos que Deus atua em favor do seu povo, faz em nós grandes coisas, sendo este anúncio ação de evangelização ou generosa «restituição» generativa. É assim que, de forma empenhada, generosa e apaixonada, como testemunha S. Paulo, se vão gerando (1 Coríntios 4,15; Filémon 10) e dando à luz novos filhos (Gálatas 4,19).
- Amados irmãos e irmãs, não nos é permitido, nesta encruzilhada da história, ficar quietos, desanimados, tristes e calados. Ou simplesmente entretidos, ensonados e descomprometidos, como crianças sentadas nas praças, que não ouvem, não ligam, não respondem (Mateus 11,16-17; Lucas 7,31-32). Para esta tarefa imensa da transmissão da fé e do amor e da vida verdadeira, vida em grande, todos estamos convocados. Ninguém se pode excluir, ou ficar simplesmente a assistir. São sempre necessários e bem-vindos mais corações, mais mentes, mais entranhas, mais braços, mais mãos, mais pés, mais irmãos. Uma Igreja renovada multiplica as pessoas que realizam serviços e acrescenta os ministérios. A nossa vida humana e cristã tem de permanecer ligada à alta tensão da corrente do Amor que vem de Deus. E temos de ser testemunhas fortes e credíveis de tanto e tão grande Por isso e para isso, podemos aprender a rezar a vida com o orante do Salmo 78:
«As coisas que nós ouvimos e conhecemos,
o que nos contaram os nossos pais,
não o esconderemos aos seus filhos,
contá-lo-emos à geração seguinte:
os louvores do Senhor e o seu poder,
e as suas maravilhas que Ele fez.
Ele firmou o seu testemunho em Jacob,
e a sua instrução pôs em Israel.
E ordenou aos nossos pais,
que os dessem a conhecer aos seus filhos,
para que o saibam as gerações seguintes,
os filhos que iriam nascer.
Que se levantem e os contem aos seus filhos,
para que ponham em Deus a sua confiança,
não se esqueçam das obras do Senhor,
e guardem os seus mandamentos» (Salmo 78,3-7).
Amados irmãos e irmãs, há coisas que não podemos mais dizer sentados, que é como quem diz, assim-assim, de qualquer maneira ou de uma maneira qualquer. O Amor de Deus, que enche a nossa vida, tem de ser dito com a vida levantada, com um dizer grande, transbordante, contagiante e transformante, com razão, emoção, afeto e paixão. Retomo o dizer do orante e transmissor da fé: «Que se levantem e os contem aos seus filhos» (Salmo 78,6). Ou, de outra maneira: «Uma geração enaltece à outra as tuas obras» (Salmo 145,4). Ou como Maria: «A minha alma engrandece o Senhor» (Lucas 1,47).
Todos-para-todos
10. Para esta tarefa imensa da transmissão da fé e do amor e da vida verdadeira, vida em grande, convoco todos os diocesanos da nossa Diocese de Lamego: sacerdotes, diáconos, consagrados, consagradas, fiéis leigos, pais, mães, avôs, avós, famílias, jovens, crianças, catequistas, acólitos, leitores, agentes envolvidos na pastoral, membros dos movimentos de apostolado. A todos peço a graça de promoverem mais encontros de oração, reflexão, formação, partilha e amizade. Mais. Mais. Mais. A todos peço a dádiva de uma mão de mais amor às famílias desconstruídas e a todos os irmãos e irmãs que experimentam dificuldades e tristezas. Mais. Mais. Mais. A todos peço que experimentemos a alegria de sairmos mais de nós ao encontro de todos, para juntos celebrarmos o grande amor que Deus tem por nós e sentirmos a beleza da sua família toda reunida. Que cada um de nós sinta como sua primeira riqueza e dignidade a de ser filho de Deus. E para todos imploro de Deus a sua bênção, e de Maria a sua proteção carinhosa e maternal.
Santa Maria de um amor maior,
do tamanho do Menino que levas ao colo,
diante de ti me ajoelho e esmolo
a graça de um lar unido ao teu redor.
Protege, Senhora, as nossas famílias,
todos os casais, os filhos e os pais,
e enche de alegria, mais e mais e mais,
todos os seus dias, manhãs, tardes, noites e vigílias.
Vela, Senhora, por cada criança,
por cada mãe, por cada pai, por cada irmão,
a todos os velhinhos, Senhora, dá a mão,
e deixa em cada rosto um afago de esperança.
Lamego, 27 de setembro de 2014, Dia da Igreja Diocesana
+ António, vosso bispo e irmão
DOCUMENTO PARA DOWNLOAD:
Carta Pastoral de D. António Couto > AQUI.
Dia da Igreja Diocesana
APRESENTAÇÃO DO PLANO PASTORAL DIOCESANO
No próximo dia 27 de Setembro decorrerá no Seminário Maior de Lamego a apresentação do plano pastoral diocesano para o ano 2014/2015 como o seguinte programa:
9.30 – Acolhimento
10.00 – Apresentação da Carta Pastoral do nosso Bispo, D. António Couto
11.15 – Apresentação do plano pastoral diocesano
12.00 – Celebração de Envio
– Almoço
Esta iniciativa é especialmente dirigida aos agentes pastorais da nossa diocese, particularmente os Sacerdotes, os membros dos Conselhos Pastorais (Diocesano, Arciprestais, Paroquiais), Comunidades de Religiosos/Religiosas e Responsáveis pelos Movimentos Eclesiais.
Com esta apresentação pretende-se favorecer um entendimento comum das linhas pastorais a implementar e uma envolvência mais empenhada na sua concretização.
Agradece-se alguma indicação antecipada de presença, de modo a facilitar as previsões para o almoço.
Pe. José Manuel Melo, Coordenador da Pastoral
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4280, de 16 de setembro de 2014
PORTUGAL AGRADÁVEL | Editorial Voz de Lamego | 12-8-2014
Depois de duas semanas de férias, o Jornal da Diocese, Voz de Lamego, está de volta. Durante as férias a vida continua e desta feita a edição do jornal traz também até nós alguns eventos que mobilizaram pessoas e comunidades. A primeira página reflete a perseguição aos cristãos do Iraque que os conduz para fora deste país. E logo a chamada para a Semana das Migrações que decorre de 11 a 17 de agosto, cuja Peregrinação Internacional a Fátima será presidida pelo Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.
Um desafio permanente dos diversos colaboradores habituais que convidam a alargar horizontes, no compromisso concreto de viver melhor e mais comprometidos com os outros. Pelas páginas centrais os acontecimentos destes dias: o falecimento de Monsenhor Simão Botelho, a Festa de São Domingo do Mosteiro das Dominicanas, presidida por D. António Couto, o ritiro dos jovens da paróquia da Sé, os jovens da Diocese de Lamego e sobretudo de Almacave em Taizé, a primeira reunião do Conselho Pastoral; 4.º Edição do Verão é Missão, promovida pelos Jovens Sem Fronteiras, de Vila da Ponte, como proposta aos jovens da Diocese; os 500 anos dos Forais manuelinos, na Freguesia de Pinheiros, Zona Pastoral de Tabuaço, no início do mês de julho, e de Samodães, no Arciprestado de Lamego, no próximo fim de semana; o 137.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Lamego, entre outras notícias. Sublinhe-se também a proximidade da Festa maior da cidade de Lamego e da região, a Festa de Nossa Senhora dos Remédios, e também a Marcha e Corrida solidária da Mulher duriense no último dia de agosto. Pelo meio informações sobre a Igreja e sobre a região, com o comentário às leituras do próximo domingo e um resumo das intervenções do Papa Francisco nos últimos dias.
Segue o EDITORIAL que nos ambienta em tempo de férias e no pluralismo de reflexões e de acontecimentos.
PORTUGAL AGRADÁVEL
Entre nós, verão é sinónimo de ocupação diferente do tempo, proporcionando a muitos o desejado descanso das habituais ocupações e um intervalo nas responsabilidades assumidas. Nesta altura, neste interior desertificado e quase sempre esquecido nos períodos em que não há campanhas eleitorais, há festas que aproximam e promovem encontros, romarias que mantêm vivas tradições, chegadas alegres que não evitam lágrimas nas partidas com promessas de regresso, há aldeias envelhecidas que se animam e gente cansada que recupera forças…
Para lá do convívio e do descanso, o período estival pode também proporcionar viagens e contactos com realidades do mundo indirectamente conhecidas. E se viajar e “andar por lá” nos permite um conhecimento sem a participação de terceiros, também é verdade que tal contacto nos permite uma melhor avaliação do que somos, da vida que vivemos e dos meios de que habitualmente usufruímos.
Porque não resistimos à comparação, não raras vezes, concluímos que não somos tão pequenos como dizem nem tão limitados como, às vezes, nos pensamos ou confessamos. Se viajar nos permite descobrir, também pode contribuir para nos conhecermos e valorizarmos.
Apesar da pequena área em que nascemos e crescemos, das irresponsabilidades de certos governantes ou da aparente impunidade dos “donos disto tudo”, a verdade é que somos um povo agradável no trato, esforçado em bem acolher e compreender, capaz de deixar saudades a quem nos visita.
A tão falada auto-estima lusa, tradicionalmente deficitária, é estimulada quando nos confrontamos com outras realidades humanas. Afinal, somos um povo simpático que merece ser conhecido e valorizado. Não apenas por termos dado “novos mundos ao mundo”, mas porque contribuímos para tornar mais agradável este mundo e mais alegres as vidas de quantos aqui vivem e por aqui passam.
Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, VOZ DE LAMEGO, 12 de agosto de 2014, n.º 4275, ano 84/37