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O ANO DA VIDA CONSAGRADA NA DIOCESE DE LAMEGO
O ANO DA VIDA CONSAGRADA NA DIOCESE DE LAMEGO
Ser sempre amor em cada dia, ao Teu dispor (1)
O Ano da Vida Consagrada – caminho precioso e abençoado – atravessou o seu zénite, enquanto as vozes dos consagrados e das consagradas de todas as partes do mundo exprimem a alegria da vocação e a fidelidade à sua identidade na Igreja, testemunhada às vezes até ao martírio. (…) O papa Francisco chama-nos, com solicitude, a dirigirmos o olhar da nossa vida para Jesus, mas também a deixarmo-nos olhar por Ele, a fim de “redescobrir, cada dia, que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova”. Convida-nos a exercitar o olhar do coração porque “o amor autêntico é sempre contemplativo” (2). (…) Somos convidados, portanto, para um caminho harmonioso que saiba fundir o verdadeiro, o bem, o belo, lá onde algumas vezes parece que o dever, como ética mal entendida, assuma o controlo. (…) a ler dentro das coisas (3), à meditação, para realizar “a obra da arte escondida que é a história de cada um com Deus e com os irmãos, na alegria e no afã de seguir Jesus Cristo na quotidianidade da existência”(4).
A CIRP/CNISP – Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal/Conferência Nacional dos Institutos Seculares em Portugal – nacional, a equipa da CIRP/CNISP diocesana, pelos seus estatutos, deve estimular os Institutos de Vida Consagrada à integração na pastoral diocesana, procurar a animação espiritual dos consagrados e incrementar as relações entre os diversos Institutos existentes na diocese, contribuindo assim para esta “Beleza suprema” de que a Vida Consagrada deve dar testemunho.
O Ano da Vida Consagrada, na nossa diocese, iniciou com a renovação deste secretariado diocesano, que integrou novos elementos. Esta equipa foi muito bem acolhida pelos consagrados e não só, o que se manifestou na activa colaboração de todos com a equipa, nas suas iniciativas, ao longo do ano.
Foi no encontro do Senhor Bispo D. António Couto com os consagrados das comunidades das paróquias de Lamego, a 05.03.2015, no âmbito da sua visita pastoral ao arciprestado, que foi feita à equipa a proposta de se elaborar um desdobrável com informações sobre o carisma de cada Instituto existente na diocese, uma frase dos fundadores, a missão e os contactos, para ser distribuído pelos jovens e pelas paróquias durante o Ano da Vida Consagrada. Ler mais…
Filhas de São Camilo e o Jubileu da Misericórdia
Dia 2 de Fevereiro de 2016 pelas 10 horas no nosso Centro Social Filhas de São Camilo, celebrou-se a Eucaristia de uma forma muito especial, dedicando-a a Nossa Senhora das Candeias, também conhecida pela Nossa Senhora Candelária, liturgicamente festa da Apresentação do Senhor. Durante a Eucaristia realizou-se a procissão das velas em volta da capela, com a participação calorosa dos utentes, funcionários e amigos do Centro Social. A Eucaristia celebrada pelo capelão Sr. Padre Domingos e concelebrada pelo Monsenhor Germano foi animada pelo coro da casa.
No mesmo dia comemora-se também duas memórias camilianas: A conversão de São Camilo, aos 25 anos, em 1575, e a Fundação da Congregação das Filhas de São Camilo, que teve como Fundadores o Beato Padre Luiz Tezza e a Beata Josefina Vannini, em 2 de Fevereiro de 1892.
Abre-se portanto este ano em preparação para os 125.º Ano de Fundação, em 2017, em consonância perfeita com o Ano Santo da Misericórdia sendo o carisma próprio desta Congregação testemunhar o amor misericordioso de Jesus para com os doentes.
A festa continuou após o almoço com a visita de um grupo de utentes à Catedral para obter as indulgências deste ano de graça.
Que do céu São Camilo, e os Bem-aventurados Fundadores intercedam por nós e em especial pelos doentes e idosos da nossa cidade.
Diz o povo: “Se a Nossa Senhora das Candeias estiver a rir está o Inverno para vir, se estiver a chorar está o Inverno a passar”, ou seja, a presença de um dia solarengo pode ser mau presságio pois tal significa que ainda temos mais uns tempos de invernia.
Uma colaboradora, in Voz de Lamego, ano 86/13, n.º 4350, 16 de fevereiro de 2016
PROFETAS que se deixam conduzir por DEUS nos CAMINHOS DO AMOR
Dentro da Semana do Consagrado, o Dia do Consagrado acontece a 02 de Fevereiro, dia da Apresentação do Senhor no templo. Neste ano, este dia coincide com o final do Ano do Consagrado.
Os Consagrados da diocese de Lamego celebraram este Dia no domingo, dia 31 de Janeiro, na Eucaristia das 11h30, na Sé de Lamego, que foi presidida pelo Sr. Bispo D. António José da Rocha Couto e foi concelebrada pelo Vigário episcopal para os Consagrados, Padre José Fernando Saraiva Abrunhosa, pelo Presidente da CIRP/CNISP diocesana, Padre Avelino Silva, pelo Padre Vasco Oliveira Pedrinho, responsável pela Comissão Vocações e Ministérios e pelo Pároco da Sé, Padre José Manuel Ferreira.
Estiveram presentes Servas de Maria e do Coração de Jesus e membros das seguintes Congregações e Institutos Seculares: Beneditinos, Cooperadoras da Família, Filhas de S. Camilo, Filhas do Coração de Maria, Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, Franciscanos, Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus (provindas da Meda e de S. Cosmado) e Servas de Nossa Senhora de Fátima, que colaboraram no coro, nas leituras, na recolha das ofertas, no cortejo do Ofertório e, após a Homilia deram graças ao Senhor pelo dom da vocação de consagração que lhes concedeu e renovaram os seus votos, prometendo a Deus e à Igreja continuar a ser fiéis na vida de perfeição que escolheram.
Na admonição de entrada, o Padre Avelino Silva, presidente da CIRP-CNISP diocesana, citando o Papa Francisco, disse que este Ano da Vida Consagrada foi convocado para repropor à Igreja a beleza e a preciosidade desta forma peculiar de seguimento de Cristo que é a Vida Consagrada e que os carismas dos Institutos de Vida Consagrada nunca são dons para encerrar dentro de uma redoma, mas para serem inseridos no dinamismo de uma Igreja “em saída”. Terminou a sua admonição pedindo a oração de todos para que os consagrados sejam cada vez mais fiéis e mais disponíveis para o serviço da Igreja em caminho, sendo sinais da visibilidade do Reino de Deus.
Citando o Sr. Bispo na sua homilia, o consagrado deve ser um filho da Escritura, como Jesus que apenas se dedicou à Escritura e não disse nada que não viesse da Escritura. Jesus transforma a Escritura em Palavra, para que possa entrar nos ouvidos e chegar ao coração, onde é pensada, consumida, saboreada. O profeta é o que faz acontecer a história: quando Jesus citou o provérbio – “Médico, cura-te a ti mesmo”, Luc 4, 23 c – está a dizer que isso vai acontecer na cruz: “Salvou os outros, salve-se a si mesmo” Luc 23, 35 c. Jesus cita ainda outro provérbio: “Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria” Luc 4, 24 c, e logo a seguir começa a desencadear-se a reacção contra Jesus. O que Ele diz cumpre-se. Não interpreta a história passada: Ele cria a história. É assim um profeta. Quando em Jer 1, 5 se diz “Antes de te ter formado no ventre materno (…) Eu te consagrei”, Jeremias é cada um de nós, que estamos no coração de Deus desde sempre. Primeiro, Jeremias e Deus entendem-se bem. Depois, Jeremias responde ao Senhor dizendo que vê um ramo de amendoeira (Cf. Jer 1, 11), porque vê a beleza desta vida no meio dos problemas, das tempestades, do inverno e dos charcos da história. Também os consagrados, como profetas que são, devem ser capazes de ver o belo e o bom e de levar sempre esta beleza e bondade de Deus às pessoas. S. Paulo diz que o Amor é o caminho (Icor 12, 31 – 13, 13). O caminho do Amor é andarmos no amor. O Amor é a expressão máxima de Deus. No primeiro sábado da Sua vida pública, Jesus não disse nada de si próprio, deixando-nos antever o último sábado da Sua vida, em que, no túmulo, aguardando a hora da ressurreição, também não fez nada. Os consagrados, como Jesus, somos igualmente chamados a deixar-nos conduzir por Deus nos caminhos do Amor que Ele nos indicar. Devemos assim uma palavra de muita gratidão aos consagrados, pela sua proximidade e pelo clima de oração que proporcionam a todos.
No final da Missa os consagrados ofereceram ao Sr. Bispo um ramo de amendoeira em flor – que coincidiu maravilhosamente com o que o Sr. Bispo dissera na homilia – e um quadro bordado por uma Irmã, com os dados biográficos do Sr. Bispo D. António manifestou-se muito agradecido por estes presentes singelos que, no final deste Ano do Consagrado, quiseram expressar a união e a amizade dos consagrados desta diocese pelo seu Bispo.
Após a Missa, os consagrados dirigiram-se à Casa de São José aonde almoçaram e conviveram fraternalmente e tiveram com eles o Sr. Bispo e o seu Pró-Vigário, Pe. João Carlos Morgado.
Ir. Teresa, in Voz de Lamego, ano 86/11, n.º 4348, 2 de fevereiro de 2016
D. António Couto no Encerramento do Ano da Vida Consagrada
- O texto do Evangelho de Lucas proclamado e ouvido no Domingo IV do Tempo Comum (Lucas 4,21-30) retoma e continua o «discurso programático» de Jesus na Sinagoga de Nazaré, iniciado no Domingo III. Neste 1.º SÁBADO da sua vida pública, Jesus entrou na Sinagoga, LEVANTOU-SE para fazer a leitura litúrgica dos Profetas (Isaías) e SENTOU-SE para fazer a instrução com base na Lei (Deuteronómio): «HOJE foi cumprida (passivo divino!) esta Escritura nos vossos ouvidos».
- O que Jesus faz é o procedimento tradicional do judeu piedoso em dia de SÁBADO, e as palavras que diz são também antigas. Dizendo as Palavras da Escritura e nada acrescentando de novo, Jesus assume-se como «FILHO DA ESCRITURA». As gentes de Nazaré olham, num primeiro momento, este Jesus com apreço e admiração, mas rapidamente passam a uma atitude hostil para com ele, apontando-lhe outra «paternidade»: «Não é este o “FILHO DE JOSÉ”?»; «o que ouvimos dizer que FIZESTE em Cafarnaum, FAZ também aqui na TUA PÁTRIA».
- Mas, neste SÁBADO INICIAL, Jesus NÃO FAZ nada de semelhante àquilo que fará nos outros SÁBADOS. Este SÁBADO INICIAL reclama aquele SÁBADO FINAL em que Jesus também NADA FAZ: passá-lo-á inteiramente deitado no sepulcro! E a própria Paixão é exactamente o contrário de uma manifestação de poder: é antes passividade e impotência de Jesus! Ele, que tinha salvado outros, não se salvará a si mesmo! Mas neste SÁBADO INICIAL Jesus continua também a não dizer nada de novo. Cita dois provérbios: «Médico, cura-te a ti mesmo» e «nenhum profeta é bem aceite na sua pátria», sendo que os provérbios são património de todos e de ninguém. Reclama depois a obra de dois Profetas antigos, Elias e Eliseu, para mostrar que também eles NADA FIZERAM para as gentes da SUA PÁTRIA: Elias sai da sua pátria para socorrer uma viúva de Sídon, e Eliseu cura o sírio Naamã, um estrangeiro que o vem procurar na sua pátria. Também Jesus saltará fronteiras e atenderá estrangeiros. Bem ao contrário, Israel e as gentes de Nazaré: cegos, não acolheram a ESCRITURA de ontem como Palavra para eles «HOJE», do mesmo modo que no FILHO DE JOSÉ não souberam ver o Profeta, aquele que, como a Escritura, traz a Palavra. Quebram dessa maneira o laço de união entre o FILHO e a PÁTRIA, terra dos pais. E para vincar melhor a rejeição desta herança que é o seu FILHO, expulsam-no para fora da cidade. Pior ainda, tramam a sua morte: matando o FILHO, renegam a própria paternidade, perdendo assim a sua própria identidade. Perdendo-se, portanto. Da admiração inicial à rejeição final.
Consagrados | Renovação dos Votos religiosos
Integrada na Semana do Consagrado – que, neste ano, decorrerá de 26 de Janeiro a 2 de Fevereiro -, no próximo domingo, dia 31 de Janeiro, o Senhor Bispo D. António Couto, presidirá à Eucaristia das 11h30, na Sé de Lamego. Nesta Eucaristia, os consagrados da Diocese presentes renovarão os seus votos religiosos e serão chamados a colaborar especialmente na animação da liturgia.
Todas as pessoas estão convidadas a participar nesta celebração, dando graças ao Senhor pelo dom que este chamamento de especial entrega ao Senhor é, para todas as vocações, de apelo de seguimento de Jesus segundo ao conselhos evangélicos de pobreza generosa, de castidade segundo o estado de vida e de obediência à vontade do Senhor nos caminhos deste mundo.
No final deste Ano da Vida Consagrada, a Igreja de Lamego pede ao Senhor por todos os consagrados para que renovem sempre o seu entusiasmo por Cristo, pela Igreja e pelo mundo, e por todas as famílias e paróquias, para que sejam verdadeiros espaços em que as crianças e jovens a quem Deus chama a uma vida de consagração total possam desabrochar e dizer um SIM sem reservas ao Senhor.
Irmã Teresa Maria de Frias, Serva de Nossa Senhora de Fátima,
secretária da CIRP diocesana,
in Voz de Lamego, ano 86/10, n.º 4347, 26 de janeiro de 2016
ANO DOS CONSAGRADOS | Editorial Voz de Lamego | 26 de janeiro
A Edição da Voz de Lamego, na semana dos Consagrados, 26 de Janeiro a 2 de Fevereiro, dá destaque, a partir da primeira página, ao Ano de Vida Consagrada. Também o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, centra o Editorial no ano dos consagrados, sublinhando que o tempo de semear continua.
Há outros temas de interesse, entre os quais se pode destacar a celebração do Padroeiro da Diocese, São Sebastião, no passado dia 20 de janeiro, na Sé de Lamego, disponibilizando-se a HOMILIA de D. ANTÓNIO COUTO, e as Jornadas do Clero nos dias 18 e 19 de janeiro, que tiveram como conferentes o nosso Bispo e o Pe. Carlos Carneiro, sacerdote Jesuíta.
ANO DOS CONSAGRADOS
Aproxima-se o encerramento do Ano da Vida Consagrada convocado pelo Papa Francisco e proposto aos Consagrados como oportunidade para “olhar com gratidão o passado”, “viver com paixão o presente” e “abraçar com esperança o futuro”.
Na nossa diocese, com uma presença cada vez mais reduzida, os Consagrados viveram tal itinerário com alegria, não apenas nos encontros que protagonizaram ou na divulgação dos respectivos carismas, mas sobretudo pelo empenho com que participam na vida diocesana. A sua presença e serviço, tantas vezes discretos, são sempre apreciados e vistos como sinal do Senhor atento e disponível.
Num tempo marcado pelo secularismo, onde a cultura dominante tem a marca da cristofobia e do anti-católico, rejeitando a dimensão social da fé, os Consagrados são um sinal de Deus e representam a geografia da oração, do apostolado e da caridade, participando na edificação da Igreja e na concretização da sua missão evangelizadora.
Os Consagrados protagonizam uma grande liberdade pessoal, afastando-se de ideologias dominantes e optando por uma vida que não está em voga, sem aplausos. Mas é, certamente, uma forma bela de viver a vida “escondida com Cristo em Deus” (Col 3,3), de ser “sal e luz do mundo” (Mt 5, 13-16) e de encarnar o espírito das bem-aventuranças.
A história ilustra bem a fidelidade criativa dos Consagrados diante de vicissitudes e circunstâncias nem sempre favoráveis. Tal como ontem, também hoje lhes é pedida uma resposta diante dos desafios que se colocam. Com humildade, sem fórmulas mágicas, o importante é não cair em pessimismos contagiosos ou em ilusões triunfalistas. A todos anima a certeza de que Deus não abandona a Sua Igreja.
Termina o Ano da Vida Consagrada. Mais do que balanços, importa a consciência do dever cumprido. O tempo de semear continua.
in Voz de Lamego, ano 86/10, n.º 4347, 26 de janeiro de 2016
Acidente de velocípede | Faleceu Irmã Maria do Carmo | Alhais
Deus, na Sua Misericórdia Infinita e Insondável, chamou à Sua presença a Irmã Maria do Carmo Martins Lino, do Instituto Jesus, Maria e José, natural da Paróquia dos Alhais.
Será celebrada Eucaristia no Instituto Jesus, Maria e José, em Viseu, pelas 9h00, presidida pelo Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, e, mais tarde, na Paróquia dos Alhais, Zona Pastoral de Vila Nova de Paiva, pelas 12h30, presidida pelo Senhor Bispo D. António Couto, Bispo da nossa Diocese.
A Irmã Maria do Carmo foi uma das 5 religiosas feridas no acidente da bicicleta de 12 lugares que ocorreu na segunda-feira, 16 de novembro. Vítima de traumatismo craneoencefálico.
Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) confirmou a falha de travões e o pânico que se seguiu.
O CIRP, em virtude desta morte decidiu, unanimemente, a cancelar o périplo que o veículo fazia desde Agosto.
A bicicleta, de 12 lugares, como oportunamente aqui demos nota, percorria, desde agosto passado, o país, passando por mosteiros de clausura e lugares mais significativos de muitos santos, visualizando a vida consagrada a Deus e ao próximo..
O Ano da Vida Consagrada foi convocado do pelo Papa Francisco, com início em Novembro de 2014 e final em a 2 de fevereiro de 2016.
FONTE: Rádio Renascença | Agência Ecclesia
Página do Instituto Jesus Maria e José (JMJ): AQUI.
D. António Couto aos Consagrados: Seguir Jesus no Caminho
No sábado passado, 24 de outubro de 2015, reunimo-nos cerca de trinta consagrados no Santuário de Nossa Senhora da Lapa, para vivermos uma manhã de reflexão com o nosso Bispo D. António Couto. Este encontro teve o seu momento culminante na Eucaristia, à qual se seguiu um almoço de partilha fraterna entre todos os presentes.
No final, saímos mais ricos e agradecidos, em especial ao Senhor Bispo e também às Irmãs que servem neste santuário, pelo acolhimento e generosidade com que nos receberam.
A reflexão do Senhor Bispo centrou-se no episódio do cego de Jericó (Mc 10, 46-52), evangelho do domingo XXX do Tempo Comum.
Com o pedido insistente do cego, que, quando o mandaram calar, ainda gritava mais por Jesus, Marcos ensina-nos que a nossa oração deve ser insistente e persistente. Ao vê-lo, Jesus disse-lhe, Que queres que Eu te faça? porque nós temos que dizer a nossa vida a Jesus. Marcos ensina-nos, assim, a rezar.
O cego, ao atirar fora o manto, no qual recolhia as moedas, atirou fora tudo o que tinha: ficou sem nada, deu um salto e foi ter com Jesus, o Único que tem soluções fortes para a vida humana. Ficou logo a ver e passou a seguir Jesus no caminho. Estava à beira do caminho e entra no caminho vocacional da missão de Jesus.
Em Mc 10, 35-45, João e Tiago que iam com Jesus no caminho também estavam cegos, ao quererem sentar-se em bons lugares, quando Jesus lhes ensinara que deviam procurar o último lugar. E os outros dez apóstolos, indignados com o pedido destes dois, também eram cegos, e nós com eles, quando nos consideramos melhores que os outros, por sermos consagrados.
Em Mc 10, 28, o evangelho mostra-nos outro cego: Pedro que se dirige a Jesus, dizendo, Nós deixámos tudo e seguimos-Te! Como nós por vezes, Pedro sentia-se com méritos sobre os outros, como se Deus tivesse que nos pagar o que nos deve…
O homem rico (Mc 10, 17-22) é alguém que tão depressa entra no caminho de Jesus, como sai dele, tal como acontece às vezes connosco, inconstantes, quando as coisas não nos correm bem, o que ocorre normalmente pelo apego a alguma coisa.
Como a nós, que também sabemos bem Quem Jesus é, mas tantas vezes nos colocamos à frente d’Ele e não O deixamos andar, nem falar nas nossas vidas – e ninguém pode evangelizar sem ser com Jesus – em Mc 8, 29, Pedro respondeu certo à pergunta de Jesus – E vós, quem dizeis que Eu sou?- mas, de facto, não sabia bem Quem Ele era, pois, logo a seguir, em Mc 8, 32, repreende Jesus quando este lhes fala da Sua Paixão. Jesus responde, Vai para trás de Mim, Satanás! porque Pedro se tinha posto à frente do caminho de Jesus, tinha-se atravessado à frente. Jesus chama-o a tomar o seu lugar de discípulo.
Destes vários cegos, o único que vai vendo alguma coisa é o cego de Jericó…
No seu evangelho, Marcos nunca menciona a palavra discípulo, mas discípulos, pois quer ensinar-nos que o evangelizador não vai sozinho, pois só em comunidade pode viver. A nossa missão é a de arranjar outros evangelizadores, pois qualquer pessoa se pode transformar num evangelizador. O cego não sabia a doutrina nem os mandamentos…
Segui-l’O verdadeiramente é ir buscar outros. Ao ouvir os gritos do cego, Jesus pára: comunga da situação daquela pessoa que ali está, ensinando-nos a fazer o mesmo. O Senhor Bispo terminou a sua reflexão, pedindo-nos insistentemente para irmos à procura das pessoas, começando pelas que se aproximam de nós, sabendo acolhê-las, entusiasmando-as por Cristo e pelo seu evangelho, como Jesus nos ensinou a fazer, para que haja muito mais gente dedicada ao evangelho.
Irmã Teresa Frias, Serva de Nossa Senhora de de Fátima, CIRP diocesana
in Voz de Lamego, ano 85/48, n.º 4335, 27 de outubro
Abertura do Cinquentenário da morte de Monsenhor Alves Brás
O início das celebrações do cinquentenário da morte de monsenhor Joaquim Alves Brás teve o seu início no dia 18 deste mês, subordinado ao tema «Pe. Brás: um coração compassivo e empreendedor». O tema escolhido, para além de sintonizar com o ano da Misericórdia, revela também a vertente missionária de Monsenhor Alves Brás. Por esta razão, o Dia Mundial das Missões, dia 18 de outubro de 2015, foi a data de Abertura do Ano Jubilar.
Para além da abertura do Ano Jubilar, a 18 de outubro de 2015, importa destacar a celebração do cinquentenário da morte do padre Joaquim Alves Brás a 13 de março do próximo ano e o encerramento das comemorações a 19 de junho de 2016, com a Peregrinação Internacional da Família Blasiana, a Fátima.
Joaquim Alves Brás nasceu a 20 de março de 1899, em Casegas, concelho da Covilhã (Diocese da Guarda) e ainda criança sonhava “ser padre, ao menos por ano” e o sonho concretizou-se a 19 de julho de 1925.
As responsáveis pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) afirmam que querem viver este Ano Jubilar “numa atitude de humildade, louvor e gratidão ao senhor e como oportunidade para uma verdadeira renovação vocacional, carismática, espiritual e missionária” identificando-se “ ainda mais, com o coração compassivo e empreendedor do Venerável Pe. Brás que o levou a sair de si próprio para ir ao encontro das ‘periferias existenciais’”.
O ISCF faz votos para que “esta celebração tenha a marca da interioridade e do envolvimento corresponsável de toda a Família Blasiana, dignificando deste modo a Figura e a Obra do Venerável Pe. Joaquim Alves Brás”. Querem fazer deste Ano Jubilar uma oportunidade para concretizar algumas das linhas de ação saídas da Assembleia de 2015, com particular destaque para a formação dos colaboradores e utentes na linha do Carisma; um maior empenho na formação familiar, segundo as linhas orientadoras do Sínodo e um novo impulso à pastoral juvenil vocacional, concretamente aos grupos Focos de Esperança.
O legado do Padre Joaquim Alves Brás está hoje patente nas obras que fundou ao longo da vida: Instituto Secular das Cooperadoras da Família, Obra de Santa Zita, Centro de Cooperação Familiar, Movimento por um Lar Cristão e Jornal da Família.
in Voz de Lamego, ano 85/47, n.º 4334, 20 de outubro
Santa Teresa de Jesus | Tempo de caminhar
Em 28 de Março de 1515 nasceu em Ávila, Teresa de Cepeda y Ahumada, mais conhecida como Teresa de Jesus. Desde então e até aos nossos dias passaram-se cinco séculos; no entanto, a passagem do tempo não fez desaparecer a sua figura, antes a foi engrandecendo. A sua existência ficou marcada temporal e geograficamente na Espanha do século XVI. Apesar disso, apesar de ser filha da sua época, Teresa foi capaz de romper as estreitas margens espacio-temporais que lhe foram impostas para se fazer companheira de caminho do homem e da mulher dos nossos dias. A nós, que vivemos no século XXI e não conhecemos a Madre Teresa de Jesus em vida. Mas podemos reconhecê-la viva nas suas filhas, as Carmelitas, e nos seus escritos.
Por trás de uma intensa actividade funcional, Teresa de Jesus fechou os olhos para esta vida em Alba de Tormes em 4 de Outubro de 1582. Cansada e doente, entregava a sua alma a Deus, não sem antes pronunciar as célebres palavras: «É tempo de caminhar», palavras que exprimem não só o estilo de vida de uma mulher, qualificada depreciativamente como «inquieta e andarilha», com a condição peregrinante de todo o ser humano. Agora e sempre, é tempo de caminhar. Convencida disso, Teresa de Jesus não só nos anima a seguir caminhando, apesar dos obstáculos e dificuldades que possam sobrevir, mas até a não e nunca perder de vista a meta do caminho: essa meta não é outra senão a verdade, e a sua consecução justifica sobejamente os trabalhos e penalidades sofridas. A este respeito, é muito eloquente que, nos tempos modernos, outra grande mulher, Edith Stein, confessará ter encontrado a verdade lendo a Vida de Santa Teresa de Jesus.
Esta mulher, andarilha de tosco burel, deixou uma folha inesquecível em todas as ordens da vida. Prova disso é a veneração e estudo da sua figura sob as mais diversas perspectivas ao longo dos cinco séculos passados desde o seu nascimento aos nossos dias. Ávila e Alba de Tormes são os marcos que assinalaram a trajectória vital e espiritual de Teresa de Cepeda e Ahumada. Na fria e amuralhada cidade castelhana espreitou a luz pela primeira vez, e na Vila Ducal ribeirinha de Tormes deu o último suspiro rodeada pela comunidade carmelita que ela mesma tinha fundado.
Estamos a terminar um ano cheio de celebrações e homenagens. Instâncias estatais, autonómicas, provinciais e locais deram a este acontecimento uma inusitada relevância. As mais altas hierarquias eclesiásticas, tendo em primeiro lugar o seu mais alto representante, o Papa Francisco, estiveram implicadas no centenário teresiano. A ordem carmelita, por seu lado, acolheu com satisfação e legítimo orgulho o patrocínio de um evento de singular importância para uma comunidade que deu suficientes mostras de grande espiritualidade, fortaleza, sabedoria e entrega por todo o mundo.
Teresa mostra a cada um de nós essa capacidade ilimitada para imaginar, admirar, maravilhar, espantar, estranhar-se tanto perante fenómenos da natureza como diante dos mistérios sobrenaturais e mostrar o seu assombro nessa dupla vertente. Expressões como «é coisa de ver» repetem-se com frequência e ilustram esse espírito aberto à admiração de quantas coisas Deus colocou sobre a face da terra, desde as mais pequenas criaturas até às grandes obras da natureza, prova da magnificência divina. Essa capacidade de assombro e de busca, que costuma ficar fixa na adopção de um claro estilo de admiração no seu discurso, exercita-a igualmente quando se trata da palavra de Deus, dos mistérios divinos, dos livros sagrados, do carácter insondável da alma humana e, sobretudo, da figura de Cristo, o seu grande interlocutor.
As obras de Santa Teresa podem ter distintos níveis de leitura, Podemos ficar nas componentes autobiográfica, literária, com a mensagem religiosa, com o valor testemunhal dos seus escritos, etc. O mais importante é que os textos teresianos supõem uma valiosa contribuição para a literatura mística, tanto pelo desdobramento de recursos de estilo como pela carga espiritual do conteúdo. Sob o ponto de vista da comunicação, soube trasladar com grande mestria a mensagem das suas experiências pessoais. O domínio demonstrado das imagens, figuras e símbolos coloca-a a uma altura semelhante à de S. João da Cruz.
Segundo L. Pérez López, Deão da Catedral de Santiago (de Compostela)
(Tradução de P.e Armando Ribeiro), in Voz de Lamego, ano 85/45, n.º 4332, 6 de outubro