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Entrevista com o Sr. Presidente da Câmara Municipal Cinfães, Enf.º Armando Silva Mourisco

Esta semana, o nosso jornal foi até Cinfães, prosseguindo a entrevistar os Presidentes de Câmara que servem os concelhos que formam a nossa Diocese. Damos a apalavra ao excelentíssimo Dr. Armando Silva Mourisco, naquele que é o segundo mandato à frente deste município.

Natural de Souselo, enfermeiro, 51 anos, casado e tem três filhos. Foi Presidente da Junta de Freguesia de Souselo, entre janeiro 2002 a outubro de 2009; Presidente da Assembleia de Freguesia de Souselo de outubro de 2009 a outubro de 2013; Deputado Municipal, entre 2002 e 2013; Presidente da Câmara desde 2013. Foi Vice-presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, de setembro de 2015 a novembro de 2017, tornando-se então a Presidente da Comunidade Intermunicipal entre 2017 e final de 2019. Foi Vice-presidente da Dólmen. É Presidente do Conselho Consultivo do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Integra o conselho consultivo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras/Politécnico do Porto. Membro do conselho geral da Associação Nacional de Municípios. Membro do Conselho Geral da Agência Portuguesa do Ambiente.

Voz de Lamego – A pandemia do novo coronavírus colocou-nos a todos em alerta. A resposta, como em tantas situações, passa pela intervenção local, em que o Presidente do Município tem um papel essencial, de coordenação e intervenção. Como tem vivido o concelho estes tempos? Principais necessidades e constrangimentos…

Tempos difíceis, estranhos e de enorme preocupação. São tempos também de muita articulação, parcerias, trabalho de equipa com a saúde, forças de segurança e socorro, instituições particulares de solidariedade social e segurança social, escolas, entre outras.

A preocupação dominante prende-se com os mais frágeis- idosos e doentes crónicos, considerando que a mortalidade é claramente elevada nesses grupos.

VL – O impacto económico foi certamente notado nas empresas e nas famílias. Que medidas foram implementadas pelo Município para acorrer às diferentes situações e para minimizar os prejuízos e as dificuldades sentidas?

Foram criados mecanismos de apoio ás famílias, instituições e empresas.

Nas famílias mais carenciadas e afetadas pela pandemia, assim como aos alunos das nossas escolas atribuímos vales de compras de produtos alimentares e de higiene, apoio nos transportes, na aquisição de medicação, no pagamento de serviços essenciais (água, luz). Também reforçamos o apoio ao arrendamento.

Realizamos a aquisição de 200 computadores que entregamos ás escolas que por sua vez os disponibilizaram aos alunos mais carenciados, tendo em vista o ensino á distância.

Reforçamos os apoios financeiros ás instituições particulares de solidariedade social e bombeiros, para além do fornecimento de equipamentos de proteção individual.

Às empresas mais afetadas pela pandemia, com o objetivo da preservação do emprego, isentamos o pagamento das taxas e impostos municipais, apoiamos no pagamento da renda, luz, água e layoff, atribuímos apoios a fundo perdido por cada posto de trabalho, promovemos a aquisição de produtos no comércio local, entre outras medidas.

VL – As IPSS´s de toda a região foram chamadas a prestar um apoio social decisivo à população, ao mesmo tempo que tiveram de cumprir apertadas medidas de segurança. Como foi a resposta das Instituições Sociais no Concelho? Que papel coube à Câmara?

As IPSS desenvolvem um dos papéis mais importantes na sociedade. Fazem-no com zelo, dedicação e sentido de responsabilidade.

O trabalho neste tempo de pandemia tem sido heroico. Esforço redobrado e disponibilidade absoluta dos recursos humanos, que muito louvamos e um aumento enorme da despesa.

Sobretudo a tarefa dificílima de proteger os utentes.

Infelizmente muitas, apesar de todo o trabalho, foram vitimas de surtos, lamentavelmente com perda de vidas humanas.

O município esteve sempre em parceria e apoio – na atribuição de ajudas financeiras e matérias de proteção para fazer face ás necessidades, na disponibilização de recursos humanos, na formação, na disponibilização de espaços de acolhimento, entre outros.

VL – O turismo, fundamental na nossa região, foi amplamente afetado, com um decréscimo acentuado no número de visitantes. A restauração, a hotelaria, pequenas empresas, produtos com a marca do Concelho, viram-se em grandes dificuldades. Foi adotada alguma medida especial para este setor e que expetativas tem para a atividade turística para o concelho em 2021?

A primavera e Verão 2020 foi de procura turística no concelho. Assim se espera novamente em 2021. Apesar de ser limitado a estes períodos temporais sempre ajuda na manutenção da atividade.

Relativo aos apoios disponibilizados pelo município, para além da promoção turística e territorial, isentamos o pagamento das taxas e impostos municipais, apoiamos no pagamento da renda, luz, água e layoff, e promovemos descontos de 25% no alojamento, nos estabelecimentos aderentes, de forma a atrair mais visitantes.

VL – Nesse sentido, ainda, como é que foi a coordenação das medidas a implementar entre o poder local, bem no interior do país, e os organismos centrais? E já agora, desempenhando as funções de Presidente da CIM Tâmega e Sousa, em que medida esta tem contribuído para uma resposta conjunta mais coordenada e eficiente?

Penso que desde a criação do ministério da coesão territorial, e da aplicação de um conjunto de medidas de apoio especificas para o interior, que a articulação e o olhar para esse interior mudou significativamente.

Quanto às CIM tem sido fundamental na articulação de polticas supramunicipais e de uma visão integrada das respostas.

VL – A dinâmica dos municípios foi igualmente decisiva neste contexto. Mas, apesar dos constrangimentos, os projetos em curso continuaram. O que gostaria de ver concretizado até ao final deste mandato autárquico?

Em Cinfães existem um conjunto de investimentos em curso, quer na área da reabilitação urbana, no turismo, nas acessibilidades, na dinâmica empresarial fundamentais para o desenvolvimento económico e social e para a empregabilidade do concelho.

Esperamos que até final do mandato esses investimentos decorram sem alterações.

VL – Para alguém que visita o concelho, como o apresentaria? Que caraterísticas distintivas tem este território, do ponto de vista económico e empresarial, cultural e patrimonial?

Cinfães propõe uma comunhão total com a natureza. A paz e o sossego de uma região no seu estado de conservação mais puro, a tranquilidade e segurança a dois passos de grandes centros urbanos estão ao alcance de todos.

Cinfães é um destino naturalmente único. Entre o cimo da serra de Montemuro e a foz do Rio Paiva no Rio Douro, da montanha ao verde das margens dos rios, Cinfães está perto de tudo e longe do reboliço e stress do dia-a-dia.

Acresce a isto uma gastronomia fantástica, a cultura e tradições, o edificado românico existente e os sentimentos acolhedores das nossas gentes.

VL – A população concelhia, a exemplo do que acontece em todo o interior português, envelhece e diminui. Que consequências se avizinham? Como contrariar o êxodo da população a que assistimos e favorecer a sua fixação entre nós? Como vê, a partir do lugar que ocupa, a situação do País? Tendo em conta também os tempos que se avizinham…

É verdade que todo o país e toda a europa envelhece.

São os novos hábitos de viver, as dificuldades de estabelecer empregos permanentes e duradouros, que acontece cada vez mais tarde e que levam á formação da família também mais tarde.

O interior envelhece mais rápido, fica mais despovoado. Os jovens emigram, fruto dos salários mais atrativos no exterior.

Incentivos á natalidade, salários mais atrativos, políticas de incentivo fiscais ao povoamento dos territórios do interior, promoção do interior como territórios com atrativos de qualidade de vida são urgentes adotar. Assim como mudar estilos e mentalidades e que deve começar no ensino pré-primário.

VL – A menos de um ano do fim do atual mandato autárquico, que balanço faz do trabalho realizado?

Não é fácil ser juiz em causa própria, mas da minha parte avalio como muito positivo, de aumento da qualidade de vida do concelho, da imagem positiva e atrativa para o exterior. No entanto terão de ser os cinfanenses a avaliar a atuação da câmara.

VL – Que mensagem de esperança e de estímulo gostaria de transmitir aos seus munícipes para este novo ano?

De muita paciência, resistência e resiliência. Sabemos que os tempos se mantêm difíceis, mas temos de nos manter fortes e muito responsáveis. Só assim ultrapassaremos as dificuldades e estes tempos estranhos, de saudade e tantas vezes de sofrimento e dor.

Mas também uma mensagem de esperança e confiança num futuro melhor, porque ele existe!

in Voz de Lamego, ano 91/20, n.º 4602, 30 de março de 2021

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