Arquivo

Archive for 24/03/2021

Conferência online com D. António Couto, bispo de Lamego

Livro de D. António Couto, publicado pela Pay«ulus

A PAULUS Editora organiza, na próxima quinta-feira, dia 25 de março, uma conferência com D. António Couto, bispo de Lamego, sobre a sua mais recente obra, «Do lado de cá da meia-noite», editado pela mesma editora.

A obra consta de seis ensaios, originais, que D. António Couto escreveu no contexto de pandemia, «ensaios que julgo significativos para ajudar a viver com esperança, e com esperança superar a crise pandémica que atravessamos», começa por escrever o prelado no início do livro, em jeito de enquadramento da obra.

Para o diretor editorial da PAULUS, estes encontros online são uma forma de «dar a conhecer a mais gente os conteúdos das nossas obras», oportunidade que este responsável diz ser «única», já que, com os constrangimentos em vigor devido à pandemia, a realização destas apresentações de forma presencial não é ainda possível.

A conversa virtual, que decorre a partir das 21h, no dia 25 de março, na página de Facebook da PAULUS Editora, vai ter ainda a presença do diretor editorial da PAULUS, Ir. Tiago Melo, e do jornalista da revista Família Cristã, Ricardo Perna.

Categorias:D. António Couto, Eventos, Notícias Etiquetas:

Editorial Voz de Lamego: Estamos agora mais perto da salvação!

É a nossa esperança assente na fé que nos une a Jesus Cristo e, n’Ele, aos irmãos, constituídos em comunidade, em discípulos missionários. A Páscoa é oportunidade para amadurecermos e renovarmos a nossa fé, purificando-a do acessório, tradições, usos e costumes. Estes são beneméritos na medida em que nos ajudem a reaviar os acontecimentos do passado, tornando-os visualizáveis na atualidade.

O acontecimento da paixão redentora de Jesus, não é uma realidade do passado, é vivência real do nosso tempo. Jesus dá-Se, de novo, por ação do Espírito Santo, em Igreja. Ele veio! Ele vem e traz a eternidade até nós, faz-nos participar do banquete celeste. Na Cruz, Ele oferece-Se por mim e por ti, faz-nos irmãos, envolve-nos em família. Ressuscita e arrasta-nos para a vida divina; partilha a Sua vida, torna-Se um de nós, para nos fazer participantes da Sua vida. É o mistério maior da nossa fé. Estamos lá! Ele está ali, na Eucaristia, senta-Se connosco, fala para nós, interpela-nos, dá-nos o Seu corpo, a Sua vida por inteiro.

De forma mais solene, em cada ano, a Páscoa é um desafio que nos faz recuar no tempo, ao tempo da vida histórica de Jesus, mas sempre na certeza que não somos tanto nós que recuamos, mas é Ele que traz o passado até à nossa vida, fazendo-nos experimentar, no encontro d’Ele connosco, a Sua entrega filial. A hora é hoje. É hoje que Jesus está na Cruz, é hoje que Jesus sofre em cada irmão marginalizado, esquecido, violentando, em cada irmão espezinhado ou remetido para as periferias. Jesus continua a ser crucificado na criança que morre à fome, na mulher que é agredida, nas famílias destruídas pela guerra, ou em busca de pão, no jovem iludido nas dependências químicas, nos pobres sacrificados à economia.

É hoje que Jesus ressuscita e nos ressuscita nos propósitos e compromissos de O acolhermos, acolhendo, amando e servindo os irmãos. Aquilo que fizerdes ao mais pequenos dos irmãos é a Mim que o fazeis. Não há verdadeira Páscoa sem conversão ao coração de Cristo, que ama, consumindo-Se totalmente. Não há verdadeira Páscoa, transformação autêntica, se continuar a faltar tempo e lugar para os mais pequeninos, para os mais pobres e fragilizados. A Páscoa recria a criação, torna novas todas as coisas. Somos o Seu olhar, as Suas mãos que perdoam e abençoam, protegem e levantam, servem e ajudam.

Interpela-nos São Paulo: “Sabeis em que tempo vivemos: já é hora de acordardes do sono, pois a salvação está agora mais perto de nós do que quando começamos a acreditar. A noite adiantou-se e o dia está próximo. Despojemo-nos das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Rom 13, 11-12).

Há um ano vivemos uma Quaresma atípica! Como atípica também a deste ano. Há um ano, as celebrações comunitárias foram confinadas! Desta vez, a Quaresma iniciou em confinamento, mas em tempo útil regressámos à comunidade, ali onde a Igreja nasce, amadurece e se realiza. Claro que em cada Eucaristia está todo o povo, pois Deus, em Jesus, pelo Espírito Santo, dá-Se para todos, não para uma pessoa, por mais santa que pudesse ser. A oferenda é por todos, todos estão implicados na oração e no banquete, todos são benificiários do mistério pascal. Mas, na realidade sensível da nossa carne, sentimos urgência e necessidade de estarmos também fisicamente envolvidos, próximos dos outros ao ponto de lhes vermos os olhos e sentirmos o seu odor e os seus tremores!

Deixemo-nos envolver pela alegria da Páscoa que se aproxima, certos de estarmos mais perto… da salvação.

Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 91/19, n.º 4601, 23 de março de 2021