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Archive for 16/01/2020

Pe. Miguel Peixoto – Um permanente sinal admirável

Pode parecer um pouco extemporâneo falar sobre a carta apostólica Admirabile signum (As) do Papa Francisco depois do dia 25 de dezembro e, de facto, é se nos fixarmos uma dimensão meramente cronológica da nossa realidade. Contudo, enquanto crentes olhamos para a representação da natividade de Jesus e nela vemos a possibilidade de aprofundar o mistério da incarnação do Verbo de Deus, associando-nos ao gesto do Santo Padre, quando tornou pública mais uma das suas reflexões, desta vez sobre o significado e valor do Presépio.

O tempo e o espaço ganham, assim, uma outra dimensão quando os percebemos numa perspetiva kairológica, pois, o aqui e agora da nossa vida passam a ser um oportuno momento único, porque envolvidos pela presença de Deus. Se Deus sempre esteve presente na história da humanidade, a sua presença torna-se incarnada no nascimento de Jesus, mostrando-nos, com a nossa própria carne, que Deus não é uma ilusão ou uma fábula, mas ser real que, mesmo existindo desde sempre, quis incarnar na nossa realidade.

É, na verdade, no contexto da incarnação do Verbo que devemos ler a carta Admirabile signum, compreendendo que a sua representação, no presépio, se torna “como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura” (As 1).

O presépio torna-se sinal admirável, não só porque continua a suscitar a admiração de quem o contempla, mas porque nos guia na contemplação do mistério em que uma das pessoas do único Deus, o Filho, continua em tudo a ser Deus na fragilidade e simplicidade de uma criança, de um ser humano e comove-nos porque manifesta a ternura de Deus. Ler mais…