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Archive for 22/05/2019

Editorial Voz de Lamego: porque é que a terra é redonda?

Na Visita Pastoral de D. António Couto a Tabuaço, no encontro com os alunos do Agrupamento de Escolas, foram feitas várias perguntas, em conformidade com os diferentes anos escolares. Uma dessas perguntas foi precisamente: porque é que o mundo é redondo?

A resposta do Sr. Bispo desarmou-nos a todos, dizendo que o mundo poderia ser quadrado… plano… quem sabe? Poderíamos intentar uma resposta científica, com vários argumentos. Citando o filósofo alemão, Immanuel Kant, sublinhou a certeza que, sendo redondo, demos os passos que dermos, estamos sempre a aproximar-nos. É esse o propósito do Pastor, ajuntar o rebanho, ir em busca de todas as ovelhas, mais próximas ou mais distantes, mais saudáveis ou mais sofríveis. É esse o intento das Visitas Pastorais, mas é igualmente o nosso propósito e compromisso como cristãos.

A fé cristã fala-nos de um encontro, de Deus com a humanidade. Deus espera por nós, mas não fica à espera no Seu mundo, vem ao nosso encontro, em Jesus torna-Se um de nós, vem habitar connosco. Seguindo-O, cabe-nos a mesma prontidão para partir, para ir, para procurar, para ir em auxílio do outro, sobretudo dos mais fragilizados pela doença, pela idade, pela solidão ou por outra qualquer dificuldade.

Mais oração. Mais missão. Mais pastores e mais ovelhas. Mais luz. Mais Jesus. E não esquecer que Deus está metido nestas coisas, pelo que não há lugar para o desânimo, mas para alegria, para esperança, Deus não nos falta. Deus está metido nisto e conta contigo e comigo.

Crianças, jovens, adultos e os nossos velhinhos, são todos sujeitos da missão evangelizadora. Os novos trazem a alegria e o entusiasmo, os menos novos, trazem a sabedoria, a persistência e legam-nos a paciência, a fé a fidelidade.

Um dia a tartaruga decidiu sair da sua casinha, de noite. O sapo, que era seu vizinho, avisou-a: cuidado, não saias, é perigoso sair de noite, podes cair, pode vir algum animal perigoso e dar cabo de ti. A tartaruga não se deixou convencer e decidiu sair, transgredindo um normativo, uma tradição. Um pouco depois tropeçou e caiu, ficando de patas para o ar. O sapo, ouvindo o barulho do tropeção, veio ao seu encontro para lhe dizer: és casmurra, eu não te avisei? A resposta da tartaruga: pelo menos, vi o céu estrelado. De outra forma nunca teria visto o Céu e com tantas estrelas. Às vezes é preciso ir além das regras, das tradições e apostar, fazer pontes, transgredir com a rotina e com o passado e dar passos em frente, em direção aos outros.

Pe. Manuel Gonçalves,  in Voz de Lamego, ano 89/24, n.º 4511, 21 de maio de 2019