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Documento Final do Sínodo dos Bispos – 3.ª Parte
E partiram sem demora
A passagem dos discípulos de Emaús continua a nortear o sentido das diretrizes do Documento Final do Sínodo dos Bispos. Nesta terceira parte, o mote é o retorno, “sem demora”, dos discípulos a Jerusalém. O rosto de uma Igreja jovem passa pelo reconhecimento do Ressuscitado a cada passo, contagiando a todos com a alegria dessa descoberta, provocando em cada um a conversão necessária e incitando a Igreja á reforma sempre inacabada (3ª parte, nº 115-118).l
O primeiro capítulo desta terceira parte assenta as bases na sinodalidade missionária da Igreja, e aponta-a como o caminho mais desejado pelos jovens desde o início dos trabalhos sinodais. Uma vez que “as condições concretas, as possibilidades reais e as necessidades urgentes dos jovens são muito diversas entre países e continentes” (3ª parte, nº 120), o Papa desafia as Conferências Episcopais a encetar processos de discernimento com a participação de todos, de todas as idades, de todas as estruturas, movimentos e associações. É este o caminho para uma Igreja mais participativa e corresponsável, e para que os jovens assumam maior intervenção nos organismos de decisão e missão eclesial.
O capítulo seguinte destaca a urgência de um envolvimento mais abrangente e renovador, que passe pelo renovamento do convencional dinamismo paroquial e das suas estruturas. Em comunidades com gente tão dispar, importa que o anúncio basilar de Cristo morto e ressuscitado seja a principal catequese, dando o devido realce à liturgia e ao serviço da caridade. Um dos grandes desafios deste documento é que as Conferências Episcopais se disponham a elaborar um “Diretório de Pastoral Juvenil” e criem centros de encontro e acompanhamento vocacional.
No terceiro capítulo ficam expressos alguns desafios mais prementes. A urgência de evangelizar os e pelos ambientes digitais. A atenção redobrada que se impõe aos migrantes, que necessitam acolhimento e integração racial. O preponderante papel da mulher na Igreja e o seu poder decisional. A desmitificação ordenada da sexualidade em toda a sua amplitude. O empenho da Igreja na economia, na política e na ecologia. O respeito pelo pluralismo cultural e religioso, e o ecumenismo como caminho de reconciliação.
O último capítulo ressalva a extrema necessidade de uma formação integral, num contexto social atual complexo e multifacetado. Desta forma, a aposta tem de passar também pela educação escolar em toda a sua amplitude; pela preparação ajustada de novos formadores; pelo aposta em que os jovens sejam discípulos missionários; pela promoção de tempos e momentos concretos de acompanhamento e discernimento; pela preparação séria ao matrimónio; pela formação integral dos seminaristas e consagrados/as.
A conclusão coroa o documento com um forte apelo à santidade dos jovens no mundo.
Pe. Diamantino Alvaíde,
in Voz de Lamego, ano 89/01, n.º 4487, 27 de novembro de 2018