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Festa em Valclaro, na Paróquia da Penajóia

Fé e História de mãos dadas

Ainda bem que a vida não pára, seja a nível mundial seja a nível de uma pequena comunidade, que encontra um motivo para se apresentar aos seus cidadãos e amigos, em celebrações de Fé e de História, que a fizeram nascer para marcar um ritmo de vida ao lado de outras comunidades, construtoras e continuadoras da mesma Fé e da mesma História.

Assim aconteceu no dia 12 de Agosto, na povoação de Valclaro, que faz parte da freguesia e paróquia da Penajóia. Com um jornal paroquial que é um reflexo da sua vida, procurando na sua breve história, dar conta de outra grande História, que bem merece uma maiúscula, ao tentar narrar a vida da aldeia/paróquia. É que há páginas da vida que não chegam à grande informação, mas passam também pela história da sua vida, narrada por um jornal local, marcada por bons ou maus momentos da sua vida.

Mas não quer a Paróquia deixar passar o dia 12 de Agosto de 2018 sem dar conta de que, nesse dia, a Fé e a História deram as mãos para poderem viver um dia de muita intensidade, emoção, entusiasmo, amizade e alegria à volta de uma festa em honra de Nossa Senhora da Piedade, ali venerada, invocada e celebrada com esse título.

A história parte de uma data assinalada por umas pedritas que, num conjunto que se pode ver e ler no adro da Capela, mostram uma data: 1918. Cem anos de umas pedras, a suscitar a vontade de as celebrar em 2018; dessa vontade partiu-se para uma festa e da festa se quis e quer fazer memória.

A notícia foi espalhada e teve o condão de acordar muitas vontades de marcar presença; e vieram penajoienses de toda a parte para onde a vida levou uns e outros, na procura de um bem-estar que nem sempre se encontrava na terra natal; vieram, de modo particular, naturais de Valclaro, que deram uma prova de amor à sua terra, ao seu povo, e sobretudo quiseram honrar a Senhora da Piedade; vinte e três anos ali passados nunca me mostraram tanto entusiasmo, vontade de «fazer», ajudar, participar, celebrar, fazer uma festa que, segundo ouvi agora, não se fazia há cinquenta e quatro anos.

Fez-se por entusiasmo de alguns, onde temos de destacar a coragem do Quim de Sousa, que de Ferreirós partiu para outras paragens, outra vida, que nunca o impediu de estar, vir e sentir Valclaro e, sempre, Penajóia; e encontrou a colaboração amiga e prestimosa da comissão que preside à vida da Capela de Valclaro; rejuvenesceu e descobriu-se o amor de muitos, muitos mesmo, que pelo seu lugar, a sua rua, a sua casa, a família que nunca se havia esquecido, os amigos que se reencontravam e agora, em comum, ajudaram, trabalharam, alguns quase até ao limite das suas forças; viam-se rostos cansados, olhos a denotar mais uma necessidade de descansar do que a de trabalhar; mas era preciso avançar: o sonho nascera, a festa marcou-se, os amigos vieram de perto e de longe e Valclaro parecera voltar ao movimento de pessoas que marcaram a sua vida, agora irmanados com os que vieram de toda a Penajóia, Portugal e do mundo da emigração. Também eu cheguei, acorrendo ao convite que me fora feito, diminuído na possível actuação, mas recebido como o amigo de há anos, que nunca esqueceu as paróquias por onde passou e onde volta com muita amizade.

VAMOS À FESTA

Capela e rua adjacente cheias de pessoas, rostos que não via há anos, muitos outros de contacto mais frequente, encontros em Lamego, acontecimentos que nos unem e não deixam esquecer.

A Capela transbordava de pessoas, a Senhora da Piedade estava contente por ver ali tantos dos seus filhos, que nem sempre a visitarão quando vêm à Penajóia; de manhã muitos foram também à Igreja de Santíssimo Salvador, de onde viria ao andor do Padroeiro; em Santo António se fez uma homenagem aos que, vindos dos povos já determinados pelos usos da terra, ali estão sepultados; ouviu-se uma palavra da s.ra Prof. D. Teresinha, outra alma-mãe da festa que se ia já celebrando, lembrando vivos e defuntos, estes homenageados com uma coroa de flores que não os deixará esquecer ao sabor do tempo.

A tarde seria e foi de Eucaristia, Procissão e convívio amigo, três ocasiões de encontro, vivência e aproveitamento espiritual e humano. Pessoalmente, vivi a Eucaristia, não me senti capaz de fazer parte da Procissão, muito menos do convívio depois organizado no espaço da Quinta do Exremadouro, gentilmente cedido pelos seus proprietários.

As palavras do Pároco na homilia e as da Prof. Teresinha bem mereciam um bom espaço nas páginas do jornal; do P.e Zé Fernando destaco o desafio a uma convivência diferente, a todos dirigido no momento da paz, o que provocou um abraço diferente para uma vida também diferente; da Senhora Professora lembro o pedido dirigido à Senhora da Piedade: «Fica connosco, Mãe, guia nossos passos, faz-nos cristãos de bem, com tuas santas bênçãos… não prometemos, nós, outro centenário celebrar, mas Avè Marias diárias muitas Te serão rezadas… abençoa nossas ruas, nossas casas e famílias».

Ouvi contar o entusiasmo pela Procissão que percorreu os caminhos principais do lugar: Capela, Mata, Mondim, Extremadouro, Marco, para regressar à Capela; andores como o de Santíssimo Salvador ou Nossa Senhora de Fátima nunca teriam andado por estes caminhos, bem conhecidos pela Senhora da Piedade, pois são os seus caminhos; S. Sebastião, S.ta Teresinha, Nossa Senhora da Conceição e o da Senhora da Piedade mais pareciam abraçados do que levados aos ombros, recebidos com um sorriso nos lábios e, certamente, com muito amor no coração. E esta ideia ficou-me no pensamento em todos os momentos em que pude participar na Festa em honra de Nossa Senhora da Piedade. Muita gente, muitos amigos da Penajóia, de Valclaro, todos amigos da Senhora da Piedade; Ela de todos é Mãe.

Não posso omitir a referência aos sacerdotes naturais da Penajóia ou que, como eu, por aqui passaram algum tempo do seu sacerdócio; todos expressaram a sua vontade, mas deram conta de que a sua vida, no dia 12 de Agosto, foi de trabalho. E a palavra que foi expressa para dar a conhecer essa vontade ficou também como uma linda recordação da Penajóia para todos.

E eu, porque estava na Penajóia, em Valclaro? Livre de compromissos paroquiais, recebi o convite e respondi com um «sim»; depois vieram outros convites, um incidente na vida, e só a boa vontade e ajuda de outros permitiu a minha presença. Tenho de agradecer o convite e a colaboração dos que me ajudaram a ultrapassar a dificuldade de, por exemplo, não poder conduzir. Certamente, também aqui andou a ajuda de Nossa Senhora da Piedade.

Agradeço também a amizade de todos, que me viram de braço ao peito, quiseram saber a razão do que me acontecera e ouviram que até um pequeno acidente ou incidente pode acontecer no nosso quarto, onde pensamos repousar, mas nem imaginávamos cair. Obrigado a todos.

Porquê eu a escrever sobre a Festa da Senhora da Piedade? Porque não, também agora? Ali todos sabem, e Ela sabe o que é na minha vida. E ficam todos a saber como me soube bem a palavra do Papa Francisco, em Fátima: «Temos Mãe, temos Mãe». A Senhora da Piedade também é minha Mãe.

Pe. Armando, in Voz de Lamego, ano 88/36, n.º 4473, 21 de agosto de 2018

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