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ENDIREITAR CAMINHOS | Editorial Voz de Lamego | 28 de novembro
ENDIREITAR CAMINHOS
No próximo domingo iniciamos um novo ano litúrgico com o tempo do Advento que, como sempre, convida a esperar, de maneira atenta e activa, o Senhor. Uma espera que continua depois do Natal e se assume ao longo da vida, traduzindo-se num esforço de bem preparar o encontro definitivo.
Nesse sentido, uma das expressões que se ouve nestes dias, “endireitar os caminhos do Senhor”, vale para sempre e apela à participação consciente e responsável de cada um, revelando-se fundamental para acolher e testemunhar um Deus que não se impõe nem dispensa o contributo e o protagonismo humanos na edificação do Reino.
Estamos, assim, longe do sentido dado por muitos quando afirmam “é preciso alguém para endireitar isto ou aquilo”, como sinónimo de imposição de normas ou de uma visão justiceira (para os outros), esquecendo a compaixão e a misericórdia.
Endireitar caminhos será, porventura e antes de mais, olhar para si e, confiando na graça de Deus e nos dons recebidos, avançar:
evitar os sempre atractivos e ilusoriamente cómodos atalhos que, a pretexto da facilidade, podem levar por vias contrárias ao Evangelho;
deixar de preocupar-se tanto com as cinzas e ocupar-se mais com as brasas que ainda ardem;
viver com serena alegria a paixão por Jesus Cristo e a pertença eclesial, testemunhando a fé e tornando-se credível;
fazer da proximidade uma meta, encurtando distâncias e vencendo indiferenças;
ser sal e luz que se espalham, não para ofuscar, ferir, ocupar o centro, chamar a atenção ou perpetuar o ego, mas para valorizar os outros, ao jeito de João Baptista e de tantos que se doaram e voluntariamente se apagaram sem medo de desaparecer…
Endireitar caminhos seguindo o convite do Senhor, o mesmo que nosso plano pastoral repete: “Vai e faz também tu do mesmo modo”.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/52, n.º 4438, 28 de novembro de 2017