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UM REPARO: APOIOS
A chuva, ainda que pouca para as necessidades, foi suficiente para a descida da temperatura e para controlar a vaga de incêndios que assolou o país e deixou rastos de morte e destruição. No rescaldo da tragédia, o Presidente da República passou e, entre um abraço e outro, pediu a atenção do Governo para a situação, bem como celeridade na atribuição dos apoios. O Governo também passou e, pela voz de vários responsáveis, deixou palavras de estímulo e promessas de medidas e de verbas.
Entretanto, o tempo vai passando, o frio aproxima-se e muitos dos que tudo perderam ainda não foram contactados para eventuais ajudas. Enquanto isso, a atenção mediática volta-se para a discussão do orçamento, para uma das regiões de Espanha e uma ou outra notícia.
Por causa da pouca celeridade no reconhecer da situação de muitas vítimas e na atribuição dos prometidos apoios, Jerónimo de Sousa desafiava, ontem, os responsáveis governamentais a adoptarem o mesmo ritmo acelerado com que foram em auxílio de certos bancos e banqueiros. E não deixa de ser oportuno tal desafio. Se para uns há milhões, para as vítimas dos recentes incêndios não deveriam faltar os tostões.
Ainda bem que alguns políticos passam pelos locais, arrastando consigo grupos de jornalistas que dão visibilidade à paisagem destruída e voz às vítimas. Mas é necessário que pressionem os responsáveis após a passagem e incomodem os governantes.
As instituições locais vão ajudando, a partilha de bens minimiza a dor, as paróquias fazem peditórios, mas determinadas obras precisam de outros apoios.
Há famílias desesperadas, pequenas empresas que desapareceram, explorações agrícolas destruídas, animais sem alimento… à espera de respostas e de apoios para recomeçar ou continuar.
Os dias correm e só promessas não chegam para manter viva a esperança.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/49, n.º 4435, 7 de novembro de 2017