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Archive for 25/10/2017

Assembleia Geral dos Jovens da Diocese de Lamego

No passado dia 21 de Outubro, realizou-se no Seminário Maior de Lamego a tão esperada Assembleia Geral dos Jovens da Diocese de Lamego que teve como objetivo principal analisar as respostas dadas pelos jovens da nossa diocese ao inquérito preparatório do Sínodo dos Bispos 2018 promovendo uma reflexão conjunta e em pequenos grupos sobre “Os jovens de hoje” e a “Pastoral juvenil numa diocese/paróquia do interior”.

Iniciamos o dia com um acolhimento e a breve apresentação de todos, seguindo-se a oração da manhã. Depois, para melhor compreendermos o 1º tema, tivemos o privilégio de ter como oradora a Diretora do Agrupamento de Escolas de Satão, Prof. Helena Castro. Escutamos e discutimos que, numa sociedade onde quase tudo é tecnológico, imediato e superficial, torna- se mais complicado para os jovens de hoje aceitar e saber lidar com os obstáculos e o sofrimento, desencadeando a frustração e a tomada de novos rumos, longe da “verdadeira felicidade” e do amor, gerando um “vazio disfarçado”. Concordamos que nos dias que correm, cada vez reina mais o individualismo/egocentrismo e que andamos sempre “à volta de nós mesmos”, não deixando muitas vezes espaço para os outros, para Deus e não partilhando com o mundo aquilo que de melhor há em nós. Surgiram então os desafios aos jovens cristãos: o de conhecermos bem a nossa fé para poder transmiti-la, o de sermos ativos mas sempre simples e humildes, de usarmos os valores que seguimos para, dentro de qualquer assunto, conseguirmos atuar da melhor forma, porque só assim somos capazes de construir o Reino de Deus, respeitando as diversas opiniões e partilhando a nossa experiência com outros.

Após uma manhã produtiva e um almoço aconchegante, deparamo-nos com o 2º tema que nos foi muito bem explicado pelo Sr. Padre Tó Jó que é o Diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações e Juventude de Viseu. Com ele, entendemos que, com as novas gerações, torna-se urgente haver um maior acompanhamento individualizado dos jovens, na diocese, paróquia, grupos, para melhor conhecer os seus quotidianos, inquietações e problemas, pois só assim haverá mais proximidade e entreajuda; assim como é importante a presença e incentivo dos pais na vida cristã dos seus filhos, não esquecendo os Animadores dos grupos que precisam cada vez mais de quem os anime, para continuarem o seu trabalho de cativar os jovens que cada vez mais se afastam. Compreendemos que temos de ser jovens com uma presença solidária e todos ligados entre grupos e movimentos para melhor aprendermos uns com os outros, devemos evitar a “síndrome do teleférico”, como nos dizia o Pe. Tó Jó, pois não devemos estar só de passagem, de “monte em monte”, mas procurar viver ativamente a essência da nossa vocação na nossa paróquia e diocese.

Ao longo de todo o dia, tivemos uma dinâmica onde pudemos preencher alguns ramos com folhas onde deixamos escrita a nossa opinião sobre os defeitos e qualidades dos jovens de hoje, quais as maiores dificuldades com que se depara a pastoral juvenil numa diocese/paróquia no interior e as grandes oportunidades a aproveitar, o que completou toda a restante reflexão obtida. Esta foi uma atividade necessária e enriquecedora, uma vez que nos levou a refletir que há muito por fazer e vários aspetos melhorar. Regressamos a casa com a esperança de que o Sínodo dos Bispos 2018 seja uma “alavanca” que nos desinstale e nos capacite para tomarmos as rédeas da História.

Inês Gonçalves, Almacave Jovem, in Voz de Lamego, ano 87/47, n.º 4433, 24 de outubro 2017

CONTINUAR A REFORMA | Editorial Voz de Lamego | 24 de outubro

CONTINUAR A REFORMA

No último dia deste mês assinalam-se os 500 anos das famosas “95 teses” do monge Martinho Lutero, as tais que, habitualmente, são apresentadas como causa para a Reforma que se seguiu.

Contudo, tal afixação, na porta da igreja do castelo de Vitemberga, não tinha como objectivo a desestabilização social que se seguiu nem indiciava, da parte do autor, qualquer vontade de ruptura eclesial. O propósito era convidar para uma disputa académica, comum naquele tempo. O professor universitário de Sagrada Escritura queria contribuir para a renovação da Igreja, a começar pelas cúpulas romanas, bem como afrontar a acomodação e denunciar certas práticas.

Nessa altura, e como noutros momentos da história da Igreja, Lutero começou por querer imitar o protagonismo de tantos que, pelo ensino proferido e pelo testemunho vivido, motivaram mudanças na vivência da radicalidade evangélica.

Desenvolvimentos posteriores e circunstâncias diversas levaram a que tal vontade se diluísse e fosse orientada para outras direcções, a que o próprio autor não conseguiu resistir. A ruptura impôs-se, com as consequências que todos conhecemos.

Ao assinalarmos tal data, duas notas.

Em primeiro lugar, o convite para alguma leitura que permita conhecer melhor o que se passou e favoreça a compreensão da realidade. Por aqui passa, também, a disponibilidade para participar no diálogo ecuménico e na oração pela unidade dos cristãos.

Depois, e bem longe de enaltecer as divisões que se seguiram, importa sublinhar a disponibilidade inicial de Lutero para denunciar determinadas práticas, participar no debate e apelar à conversão.

O confronto vivido no diálogo e preocupado com a verdade ajuda à clarificação de posturas e ensinamentos, corrigindo desvios ou aprofundando caminhos. Porque a fé e a sua vivência inscrevem-se no tempo e não são imunes ao desenrolar histórico da sociedade. Uma missão reformadora que continua.

 

Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 87/47, n.º 4433, 24 de outubro 2017