UM REPARO: ORÇAMENTO
As notícias sobre as alterações climáticas repetem-se, tal como os apelos para cuidar da Terra, a casa comum. Mas há ainda os alertas sobre a diminuição dos recursos naturais.
Esta semana foi notícia o anúncio de que se teriam esgotado, no dia 2 de Agosto, “os recursos disponíveis para 2017”. Tal como numa família, em que o orçamento que deveria dar para um mês acaba na terceira semana! Quanto tempo aguentará a viver do crédito?
A notícia não é nova, já que assim acontece há mais de 40 anos. O facto relevante está no contínuo antecipar da data; cada vez se esgotam mais cedo os recursos necessários para cada ano.
O estudo baseia-se em dados como os da emissão de gases causadores do efeito estufa, os recursos consumidos pela pesca, pecuária e agricultura, bem como as construções e o uso de água.
As consequências estão à mostra e com tendência para se agravarem: escassez de água, desertificação, erosão do solo, queda da produtividade agrícola e das reservas de peixe, desmatamento, desaparecimento de espécies. Isto é, a natureza não é uma jazida da qual possamos extrair recursos indefinidamente.
A tentativa de fazer face à situação já motivou cimeiras mundiais, tal como a última, em Paris (2015), antecedida por um texto papal sobre o tema (Laudato Si).
Apesar dos sinais, alguns líderes mundiais teimam em adiar medidas que dificultem tal degradação. Mas a verdade é que as próximas gerações vão enfrentar maiores dificuldades.
Os ambientalistas propõem medidas como a extensão dos tempos de vida dos bens e equipamentos, ultrapassando a prática do “usar e deitar fora”. Também falam de uma “economia circular”, procurando a utilização e reutilização de recursos, bem como um maior investimento na mobilidade, diminuindo o número de carros.
Mesmo que pouco, cada um pode ajudar a melhorar o “orçamento natural anual”.
JD, in Voz de Lamego, ano 87/39, n.º 4424, 8 de agosto 2017