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PRESENÇA E FIDELIDADE | Editorial Voz de Lamego | 1 de agosto
PRESENÇA E FIDELIDADE
No dia em que o calendário litúrgico recorda os pais de Nossa Senhora, as famílias louvaram e celebraram a vida dos Avós.
Mas 26 de julho recorda, também, o dia em que dois terroristas entraram numa igreja francesa e degolaram um sacerdote (quase 90 anos) que presidia à Eucaristia para uma assembleia diminuta e idosa. Foi há um ano.
Nos últimos anos não têm faltado imagens e sons para descrever o terror semeado pelos terroristas. O Padre Hamel foi uma vítima entre muitas. Quantas vidas aniquiladas e famílias desfeitas, sonhos e vidas interrompidos, perseguições e dores infligidas, património destruído e silêncio imposto?
E se aqui se recorda o facto é, sobretudo, para louvar a sua fidelidade. E aproveitar para lembrar tantos padres idosos que, pelo mundo e na nossa diocese, querem permanecer fiéis ao Senhor da Messe. Apesar da idade, continuam a celebrar, mesmo que seja para um pequeno grupo de gente idosa que teima em continuar nas suas terras e junto das suas memórias.
Como acontece a tantos avós, também os padres mais velhos sentem o distanciamento e sofrem com a ingratidão de alguns paroquianos que rapidamente esquecem as graças e o testemunho recebidos.
Por isso, uma palavra de louvor aos netos que recordam e agradecem, todos os dias, o carinho e os ensinamentos dos seus avós. Mas também para os paroquianos que não esquecem quem muito se empenhou pela edificação da comunidade: celebrando, ensinando, testemunhando, caminhando… e que, diante das forças que vão faltando, continuam a admirar e a agradecer a fidelidade dos seus párocos.
Aos mais críticos fica o convite para não desperdiçarem a oportunidade participar nas Missas que eles celebram e, em vez de maldizer os tempos que correm e a ausência do sagrado, darem, pela participação na oração da Igreja, um sentido ao tempo que passa.
Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 87/38, n.º 4423, 1 de agosto 2017