Um reparo: ajudas
O incêndio que vitimou mais de sessenta pessoas e destruiu casas e outros bens de muitas famílias, em Pedrógão Grande, foi há um mês.
Desde a primeira hora se movimentaram indivíduos, grupos e instituições para socorrer os sobreviventes com bens de primeira necessidade. Como habitualmente acontece nestas situações, a partilha foi grande e a generosidade da população devolveu esperança e dignidade às vítimas.
Os apelos sucederam-se e as iniciativas juntaram quantias avultadas que, quando devidamente aplicadas, poderão minimizar as perdas sofridas. Os responsáveis políticos, desde cedo, prometeram ajudas e comprometeram-se a ser céleres na atribuição de verbas e no solucionar das dificuldades. Quantas vezes a diminuição dos procedimentos burocráticos já seria uma grande ajuda!
Apesar da actualidade jornalística ter retirado do alinhamento noticioso os rostos, as vozes e as imagens desta região queimada, lá vão aparecendo algumas reportagens onde os locais se queixam de pouco ou nada ter sido feito desde então. E surgem relatos de vítimas de incêndios passados testemunhando o esquecimento a que foram votadas logo que os holofotes se viraram para outros lados. Talvez possamos, daqui a um ano, ser informados do que ali foi, entretanto, feito. E só assim se poderá concluir sobre a dimensão da ajuda prestada e da celeridade prometida.
Em ambiente de dor e desespero, muitos foram aqueles que ajudaram. Mas merece ser sublinhada a acção da Cáritas (nacional e diocesana de Coimbra) que, de forma célere e eficiente, protagonizou ajudas desde as primeiras horas. Sem beneficiar de grandes coberturas mediáticas, a verdade é que esta instituição eclesial e os seus voluntários, imitados por tantos anónimos e instituições, estiveram junto das populações para cumprir a sua missão.
O bem não faz barulho e promove-se a si mesmo.
in Voz de Lamego, ano 87/36, n.º 4421, 18 de julho 2017