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Archive for 26/04/2017

Via Sacra – Pendilhe 2017

A via-sacra, ou via crúcis (do latim Via Crucis, “caminho da cruz”) é o trajeto que Jesus seguiu, carregando a cruz, desde o Pretório ao Calvário. É um exercício muito usual no tempo da Quaresma que teve origem nas Cruzadas, quando os fiéis de então percorriam, na Terra Santa, a Via Dolorosa – rua pela qual se pensa ter passado Jesus carregando o madeiro. Os cristãos, querendo reproduzir, no Ocidente, a peregrinação feita em Jerusalém, começaram a definir estações ou passos em que poderiam meditar e que assinalavam os pontos marcantes da Paixão de Cristo, chegando eventualmente à estrutura que conhecemos atualmente, de catorze estações.

Na paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Pendilhe, a via-sacra é uma tradição bastante enraizada na vivência anual da Quaresma. Assim, no passado dia 14 de abril, Sexta-Feira Santa, o Grupo Cultural Católico Pendilhense organizou a via-crúcis das celebrações da Semana Santa da aldeia de Pendilhe. Com o tema “Doa a tua vida como Maria aos pés da cruz”, os fiéis da comunidade paroquial puderam seguir, refletir e meditar os passos da Paixão. Assim, nesta caminhada que se estende por cerca de 5km e cujas etapas são assinaladas por cruzes de pedra (antigamente cruzes temporárias de madeira repostas a cada ano), os presentes tiveram a oportunidade de viver mais intensamente o tempo de Quaresma, preparando, assim, o dia de Páscoa.

Esta foi, também, uma das primeiras iniciativas em que o GCCP tomou parte. Este grupo cultural de inspiração católica conta com uma história que remonta a mais de 30 anos, promovendo e tomando parte, desde a sua origem, de diversos eventos, atividades e iniciativas na aldeia de Pendilhe. No entanto, nos últimos anos esteve inativo. Assim, esta via-sacra assinalou, também, um dos primeiros “marcos” de um novo período da história do GCCP, como grupo que procura uma participação ativa na vida da paróquia e da aldeia em geral.

Ilídio M. C. Ferreira

in Voz de Lamego, ano 87/24, n.º 4409, 25 de abril de 2017

CAMINHADA QUARESMA-PÁSCOA | 3.º Domingo de Páscoa

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As aparições do Ressuscitado continuam a acontecer. Desta vez é aos discípulos que iam a caminho de Emaús, e que entre si discutiam o que tinha acontecido em Jerusalém. A sua viagem e a sua conversa são intercetadas por um estranho, que aparenta desconhecer o que se passou na última festa Páscoa judaica, em Jerusalém.

É ao partir do pão que este ‘estranho’ revela a sua verdadeira identidade. E a partir de tantas revelações do Ressuscitado que os discípulos começam a perder o medo de sair para a rua e anunciar publicamente a sua alegria por Cristo estar de novo vivo, e agora vivo para sempre.

Assim, a proposta para este domingo da Páscoa é que se distribua pão partido, que nos remete para a fração do pão feita por Jesus Cristo e para a Eucaristia.

3.º DOMINGO DA PÁSCOA

Preparação:

– Comprar pão, ou pedir a alguém que coza, para depois ser partido em pequeninos pedaços e embrulhado em película aderente, ou outro material que o conserve algum tempo;

– Colar em cada pedaço de pão uma das seguintes frases:

“Reconheram-n’O ao partir do pão!”

ou

“E tu? Reconhece-l’O ao partir do pão?”

Momentos da Eucaristia:

– Fim da leitura do Evangelho

– Ofertório

Gesto:

– Depois da leitura do Evangelho, colocar na cruz a flor com a palavra: PÃO

– No momento do ofertório, distribuir pelas pessoas o pedaço de pão, embrulhado, com a mensagem colada.

Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 87/24, n.º 4409, 25 de abril de 2017

SANTIDADE e AMBIÇÃO | Editorial Voz de Lamego | 25 de abril

À medida que se aproxima o dia 13 de maio, maior o volume de notícias, de reflexões, de eventos que nos conduzem a Fátima, unidos à Peregrinação do Papa Francisco, mas simultaneamente ao Centenário das Aparições de Fátima e, agora de forma muito especial, à Canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta, anunciada pelo Papa a 20 de abril. O Jornal Diocesano está atento ao acontecimento, pelas notícias e pelas reflexões que apresenta.

No Editorial, o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, ajuda-nos a refletir sobre a canonização dos Pastorinhos, a santidade como caminho para todos os cristãos…

SANTIDADE e AMBIÇÃO

A notícia, por muitos esperada, chegou e causou alegria: os beatos Francisco e Jacinta serão canonizados no próximo dia 13 de Maio, em Fátima, pelo Papa Francisco, aquando da celebração do centenário das aparições.

O facto deve motivar os baptizados, mais uma vez, a olharem a santidade como realidade a que todos são chamados, tal como o recordou o último Concílio (LG 40) e o sublinha o Catecismo (CIC 2013). Afinal, a santidade é algo de essencial naqueles que querem ser testemunhas de Deus hoje e os santos são os que, pelo exemplo e pela união a Cristo, são modelos para os outros. Mas, apesar da pregação, a santidade continua a aparecer como um fenómeno estranho da nossa realidade quotidiana. E é pena!

A Igreja sempre ensinou que os santos eram homens e mulheres comuns, de todas as condições, raças, línguas e nações. E as contínuas beatificações e canonizações mostram que a santidade não é um fenómeno antigo, mas uma realidade contemporânea e corrente na vida eclesial. No entanto, temos medo de ser santos!

Na nossa espontânea concepção, um santo é um religioso austero, privilegiado pela graça, rodeado de fenómenos sobrenaturais e sofrendo suplícios para honrar a Deus; um extraterrestre que não sabe divertir-se, descontrair e viver a vida; um sobredotado de moral e de ascese… uma personagem distante, fora do tempo, do espaço e da vida.

É triste pensar que os santos são admiráveis, mas não imitáveis! Pensar assim é contentar-se com a mediocridade, perder a ambição de ser mais e adiar opções fundamentais.

O que a Igreja proclama através do culto aos santos não é a glorificação desta ou daquela pessoa com um objectivo político. O que a Igreja proclama é a Glória de Deus. Com efeito, se não houvesse santos seria uma derrota para o projecto de Deus.

in Voz de Lamego, ano 87/24, n.º 4409, 25 de abril de 2017