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Centenário das Aparições | Viver a Mensagem (2)
A exemplo do aqui abordado na semana passada, continuamos a olhar para a “mensagem de Fátima” e a elencar algumas realidades ali encontradas. Tal como então se disse, conhecer tais apelos e dar resposta a tais convites muito contribuirá para o crescimento e santificação pessoais, aproveitando os outros o testemunho que lhes é dado. Porque, às vezes, corre-se o risco de fixar a atenção em “segredos” ou manifestações exteriores e deixar passar esses “apelos do Céu”.
No texto anterior falou-se do “apelo à conversão”, da “penitência” e da “oração”, prometendo continuar hoje.
Amor aos outros. O nosso Deus é Pai e convida-nos a comportamentos fraternos. O amor pelos outros e, em particular, pelos pecadores é apelo sempre presente, revelando a misericórdia divina e convidando a atitudes misericordiosas de uns para com os outros. Em Fátima encontramos o apelo para colaborar na edificação do próximo, tomando consciência da dimensão social do pecado.
Os cinco primeiros sábados. A Senhora de Fátima propõe um itinerário de revisão de vida, de conversão pessoal, de purificação interior, fornecendo ritmo à caminhada. O sábado prepara para o Dia do Senhor (domingo), bem como para a vivência plena da Eucaristia. A devoção ao Sagrado Coração de Maria, a quem se consagrou o mundo, é outro dos convites feitos.
Reparação dos corações de Jesus e de Maria. O pecado não eleva o seu autor, afecta a Igreja, a criação, afasta de Deus e faz sofrer Jesus e Maria. Ao contrário, reparar o erro e comprometer-se numa via diferente alegrará todos, incluindo o Senhor que nos ama e Maria, a quem invocamos como mãe. Assim, o cumprimento da vontade de Deus liberta e realiza o homem, mas alegra o coração de quem nos ama.
Amor à Eucaristia. Diz-nos a Igreja que a Eucaristia é cume e fonte de toda a vida cristã. Daí que não seja de admirar o sonoro apelo ao amor à Eucaristia, celebrada e adorada, presente na mensagem e bem testemunhado pelos pastorinhos. Nos nossos dias, no santuário de Fátima, são bem acessíveis as celebrações eucarísticas, bem como o espaço onde a adoração é contínua. E amar a Eucaristia é amar a Igreja e todos os seus membros. Neste particular, o amor ao Santo Padre é eloquente.
Resumindo, a “mensagem de Fátima” não acrescenta nada ao Evangelho, mas, quando bem entendida e assumida, “presta-nos uma preciosa ajuda para a vivência da fé cristã, na fidelidade a Deus, ao Evangelho e à tradição fiel da Igreja”.
E, para terminar, nunca é demais recordar a intervenção de Maria no episódio bíblico das bodas de Caná (Jo 2, 1-11), quando a sua solicitude materna a leva a interceder pelos noivos e a orientar os serventes. E se as situações da vida nos levam a invocar a sua intercessão, a exemplo dos aflitos noivos, também a nós ela dirige as palavras que então proferiu aos seus serventes: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2, 5).
JD, in Voz de Lamego, ano 87/16, n.º 4401, 28 de fevereiro de 2017